"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna".
João 6, 68
Domingo,
dia 19 de Novembro de 2017
33.º
Domingo do Tempo Comum
Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas.
Nela confia o coração do marido e
jamais lhe falta coisa alguma.
Ela dá-lhe bem-estar e não
desventura em todos dias da sua vida.
Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente.
Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso.
Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente.
A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que adora o Senhor é que será louvada.
Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras
a louvem às portas da cidade.
Livro de Salmos 128(127),1-2.3.4-5.
Feliz de ti, que adoras
o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que adora o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.
1.ª Carta aos Tessalonicenses 5,1-6.
Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva,
pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão
nocturno.
E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre
eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe e não poderão
escapar.
Mas vós, irmãos, não andais nas trevas,
de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão
porque todos vós sois filhos da luz
e filhos do dia: nós não somos da
noite nem das trevas.
Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
Evangelho segundo São Mateus 25,14-30.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos a seguinte
parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e
confiou-lhes os seus bens.
A um entregou cinco talentos (moeda da época), a outro dois e a outro um,
conforme a capacidade de cada qual;
e depois partiu.
O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco.
Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois.
Mas o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro
do seu senhor.
Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com
eles.
O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco,
dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu
ganhei’.
Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque
foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei
as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’.
Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor,
confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’.
Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Vem tomar parte na
alegria do teu senhor’.
Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia
que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada
lançaste.
Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te
pertence’.
O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau
e preguiçoso, sabias que ceifo
onde não semeei e recolho onde nada lancei;
devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar,
recebido com juro o que era meu.
Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez.
Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á
mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco
que tem lhe será tirado.
Quanto ao servo inútil, lançai-o às
trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».
Talento = dinheiro/ capacidades (quando as capacidades vão sendo
utilizadas são recebidas mais de acordo com as necessidades; quando não são
utilizadas perdem-se)
Trabalho = obra feita (é avaliada a obra feita e distribuídas capacidades
de acordo com as obras)
Sem trabalho = inútil (não utilizou as poucas capacidades que
tinha, não produziu obra, perdeu-as e foi lançado às trevas, fora do universo
de Deus)
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c. 345-407),
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, n.° 78, 2-3
A parábola dos Talentos
Um dos servos
diz: «Senhor, confiaste-me cinco talentos»; outro diz que lhe couberam dois a
guardar. Reconhecem que receberam dele o meio de fazer o bem; dão-lhe
testemunho de grande reconhecimento e prestam-lhe contas dos bens confiados. Que
lhes responde o seu Senhor? «Muito bem, servo bom e fiel (porque o próprio da
bondade é ver o seu próximo); porque foste fiel nas pequenas coisas,
confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do Senhor.» Assim
designa Jesus Cristo a beatitude completa.
Mas o que apenas tinha recebido um talento foi enterrá-lo. «Quanto a este
servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de
dentes.» Repara, não é só o ladrão, o homem que procura enriquecer sem olhar
a meios, aquele que faz o mal, que é castigado no fim; é também aquele que
não faz o bem […]. Que são estes talentos, com efeito? São o poder de cada
um, a autoridade de que se dispõe, a fortuna que se possui, o conselho que se
pode dar e toda esta sorte de coisas. Que ninguém venha, portanto, dizer: só
tenho um talento, nada posso fazer. Porque tu, mesmo com um único talento,
podes agir de maneira louvável.
Segunda-feira,
dia 20 de Novembro de 2017
Segunda-feira da 33.ª
semana do Tempo Comum
Naqueles dias, da descendência de Alexandre da Macedónia,
brotou aquela raiz de pecado, Antíoco Epífânio, filho do rei Antíoco, que,
depois de ter estado como refém em Roma, começou a reinar no ano cento e
trinta e sete do império grego.
Nesses dias, apareceram em Israel homens infiéis à Lei, que seduziram
muitas pessoas, dizendo: «Vamos fazer uma aliança com os povos que nos
rodeiam, pois desde que nos separámos deles sucederam-nos muitas
desgraças».
Estas palavras agradaram a muita gente
e alguns de entre o povo apressaram-se a ir ter com o rei que lhes deu
autorização para seguirem os costumes dos gentios.
Construíram um ginásio em Jerusalém, segundo os usos pagãos;
disfarçaram os sinais da circuncisão e afastaram-se da santa aliança;
coligaram-se com os estrangeiros e tornaram-se escravos do mal.
O rei Antíoco ordenou por escrito que em todo o seu reino formassem todos
um só povo
e cada qual renunciasse aos próprios costumes.
Todas as nações aceitaram as ordens do rei e também muitos homens de Israel
adoptaram o seu culto, ofereceram sacrifícios aos ídolos e profanaram o
sábado.
No dia quinze do nono mês do ano cento e quarenta e cinco, o rei mandou
construir sobre o altar dos holocaustos a «abominação da desolação» e
também nas cidades circunvizinhas de Judá se ergueram altares.
Queimaram incenso às portas das casas e nas praças,
rasgavam e deitavam ao fogo os livros da Lei que encontravam
e todo aquele que tivesse em seu poder o livro da aliança ou se mostrasse
fiel à Lei, era condenado à morte em virtude do decreto real.
No entanto, muitos em Israel permaneceram firmes e irredutíveis no seu
propósito de não comerem alimentos impuros.
Antes quiseram a morte do que mancharem-se com esses alimentos e profanarem
a santa aliança e, de facto, morreram.
Foi realmente grande a ira que se abateu sobre Israel.
Livro de Salmos 119(118),53.61.134.150.155.158.
Fico indignado à vista dos ímpios (= ateus)
que desertam da vossa lei.
Cercaram-me os laços dos ímpios,
mas não esqueci a vossa lei.
Livrai-me da violência dos homens
para que eu guarde os vossos preceitos.
Aproximam-se os meus iníquos perseguidores,
que estão longe da vossa lei.
Longe dos ímpios está a salvação
porque não observam os vossos preceitos.
Ao ver os pecadores, sinto-me triste,
porque não guardam a vossa promessa.
Evangelho segundo São Lucas 18,35-43.
Naquele tempo, quando Jesus Cristo Se aproximava de Jericó,
estava um cego a pedir esmola, sentado à beira do caminho.
Quando ele ouviu passar a multidão, perguntou o que era aquilo.
Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que passava.
Então ele começou a gritar: «Jesus, filho de David, tem piedade de mim».
Os que vinham à frente repreendiam-no, para que se calasse, mas ele gritava
ainda mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus Cristo parou e mandou que Lho trouxessem. Quando ele se aproximou,
perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?». Ele respondeu-Lhe: «Senhor, que eu veja».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Vê. A tua fé te salvou».
No mesmo instante ele recuperou a vista e seguiu Jesus Cristo, glorificando
a Deus. Ao ver o sucedido, todo o povo deu louvores a Deus.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Odes de Salomão (texto cristão
hebraico do início do século II)
n.º 21
«Seguiu Jesus Cristo, glorificando a Deus.»
Ergui os
braços aos céus
para a graça do Senhor.
Ele libertou-me das correntes,
atirando-as para longe de mim;
o meu protector elevou-me
pela sua graça e a sua salvação.
Despi-me das trevas
e vesti-me de luz.
Vi que o meu corpo não sentia
dificuldades, dor ou angústia.
O pensamento do Senhor socorreu-me muito,
assim como a sua comunhão incorruptível.
A sua luz exaltou-me,
caminhei na sua presença,
e aproximar-me-ei dele,
louvando-O e glorificando-O.
O meu coração transbordou,
invadiu-me a boca e jorrou-me nos lábios.
A exultação do Senhor e o seu louvor
alegram o meu rosto.
Aleluia!
Terça-feira,
dia 21 de Novembro de 2017
Terça-feira da 33.ª
semana do Tempo Comum
Naqueles dias, Eleazar, um dos principais doutores da Lei,
homem de idade avançada e de aspecto muito distinto, era forçado a abrir
a boca para comer carne de porco.
Mas ele, preferindo a morte gloriosa à vida desonrada, caminhou
espontaneamente para o instrumento de suplício,
depois de ter cuspido fora a carne, como devem proceder os que têm a
coragem de repelir o que não é lícito comer, nem sequer por amor à
própria vida.
Então os encarregados dessa iníqua refeição ritual, que conheciam aquele
homem de velha data, chamaram-no à parte e tentaram persuadi-lo a trazer
carne da que lhe fosse lícito servir-se, preparada por ele próprio e
assim fingisse comer a carne prescrita pelo rei, isto é, proveniente do
sacrifício.
Procedendo assim, escaparia à morte, aproveitando a benevolência com que
o tratavam em consideração da amizade entre eles.
Mas ele optou por uma nobre decisão, digna da sua idade, do prestígio da
sua velhice, dos seus cabelos tão ilustremente embranquecidos, do seu
excelente modo de proceder desde a infância e, o que é mais, da santa Lei
estabelecida por Deus. Com toda a coerência, respondeu prontamente:
«Prefiro que me envieis para a morada dos mortos.
Na nossa idade não é conveniente fingir; aliás muitos jovens ficariam
persuadidos de que Eleazar, aos noventa anos, se tinha passado para os
costumes pagãos
e com esta dissimulação, por causa do pouco tempo de vida que me resta,
viriam a transviar-se também por minha culpa e eu ficaria com a minha
velhice manchada e desonrada.
Além disso, ainda que eu me furtasse de momento à tortura dos homens, não
fugiria, contudo, nem vivo nem morto, às mãos do Omnipotente.
Por isso, renunciando agora corajosamente a esta vida, mostrar-me-ei
digno da minha velhice
e deixarei aos jovens o nobre exemplo de morrer com beleza, espontânea e
gloriosamente, pelas veneráveis e santas leis». Dito isto, Eleazar
dirigiu-se logo para o instrumento de suplício.
Aqueles que o conduziam mudaram em aversão a benevolência que pouco antes
mostraram para com ele, por causa das palavras que acabava de dizer e que
eles consideravam uma loucura.
Prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre suspiros: «Para o Senhor,
que possui a santa ciência, é bem claro que, podendo escapar à morte,
estou a sofrer cruéis tormentos no meu corpo; mas na alma suporto-os com
alegria porque temo o Senhor».
Foi assim que Eleazar perdeu a vida, deixando, com a sua morte, não só
aos jovens, mas também à maioria do seu povo, um exemplo de coragem e um
memorial de virtude.
Livro de Salmos 3,2-3.4-5.6-7.
Senhor, são tantos os meus inimigos,
tão numerosos os que se levantam contra mim!
Muitos são os que dizem a meu respeito:
«Deus não o vai salvar».
Vós, porém, Senhor, sois o meu protector,
a minha glória e Aquele que me sustenta.
Em altos brados clamei ao Senhor,
Ele respondeu-me da sua montanha sagrada.
Deito-me e adormeço e me levanto:
sempre o Senhor me ampara.
Não temo a multidão,
que de todos os lados me cerca.
Evangelho segundo São Lucas 19,1-10.
Naquele tempo, Jesus Cristo entrou em Jericó e começou a
atravessar a cidade.
Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu que era chefe de publicanos.
Procurava ver quem era Jesus Cristo, mas, devido à multidão, não podia
vê-l’O porque era de pequena estatura.
Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus Cristo
que havia de passar por ali.
Quando Jesus Cristo chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe:
«Zaqueu, desce depressa que Eu hoje devo ficar em tua casa».
Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus Cristo com alegria.
Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa de um
pecador».
Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos
pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém,
restituirei quatro vezes mais».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Hoje entrou a salvação nesta casa porque Zaqueu
também é filho de Abraão.
Com efeito, o Filho (do homem) veio procurar e salvar o que estava
perdido».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274),
franciscano, doutor da Igreja
Exercícios espirituais da alma, cap. 2
Deus, anfitrião da nossa alma
Escuta, ó
alma, qual é a tua dignidade. Tão grande é a tua simplicidade que nada
pode habitar a morada do teu espírito, nada pode aí morar excepto a
pureza e a simplicidade da eterna Trindade. Escuta as palavras do teu
Esposo: «Se alguém Me ama guardará
a minha Palavra; Meu Pai amá-lo-á e viremos a ele e faremos nele morada»
(Jo 14,23) e noutra passagem: «Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em
tua casa.» Apenas Deus que te criou pode, com efeito, descer ao teu
espírito, pois, segundo o testemunho de Santo Agostinho, pretende ser
mais íntimo a ti do que tu próprio.
Regozija-te, pois, ó alma feliz, por poderes ser a anfitriã de tal
visitante. «Ó alma feliz que cada dia purificas o teu coração para
receber o Deus que te acolhe, este Deus cujo anfitrião não tem
necessidade de coisa alguma, uma vez que possui em si mesmo o Autor de
todo o bem.»
Que feliz é a alma (e pessoa celeste, pessoa espiritual, pessoa natural) em
quem Deus encontra o seu repouso, pois pode dizer: Aquele que me criou
repousa debaixo do meu tecto. Ele não poderá, pois, recusar o repouso do
céu àquela que Lhe ofereceu o repouso nesta vida.
És demasiado ambiciosa, ó minha alma, se a presença deste visitante não
te basta. Fica a saber que Ele é tão generoso que te enriquecerá com os
seus dons. Não seria indigno de tal monarca deixar a sua anfitriã na
indigência? Ornamenta, pois, a tua câmara nupcial e recebe Jesus Cristo,
teu Rei, cuja presença deleitará e alegrará toda a família.
Ó palavra verdadeiramente surpreendente e muito admirável! O Rei cujo
esplendor é admirado pelo sol e pela lua, cuja majestade é reverenciada
pelo céu e pela Terra, cuja sabedoria ilumina as legiões dos espíritos
celestes e cuja misericórdia sacia a assembleia de todos os
bem-aventurados, é este Rei que te pede hospitalidade. Ele deseja e cobiça
a tua morada mais do que o seu palácio celeste, pois compraz-Se em
habitar com os filhos dos homens.
Quarta-feira,
dia 22 de Novembro de 2017
Quarta-feira da
33.ª semana do Tempo Comum
Naqueles dias,
foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe e o rei da Síria quis
obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer
carne de porco proibida pela lei judaica.
Eminentemente admirável e digna de memória foi a mãe que, vendo morrer
num só dia os seus sete filhos, tudo suportou com firme serenidade,
pela esperança que tinha no Senhor.
Exortava cada um deles na sua língua pátria e, cheia de nobres
sentimentos, juntava uma coragem varonil à ternura de mulher. Ela
dizia-lhes:
«Não sei como aparecestes no meu seio porque não fui eu que vos dei o
espírito e a vida nem fui eu que ordenei os elementos de cada um de
vós.
Por isso, o Criador do mundo, que é o autor do nascimento e origem de
todas as coisas, vos restituirá, pela sua misericórdia, o espírito e a
vida porque vos desprezais agora a vós mesmos por amor das suas leis».
Então o rei Antíoco julgou-se insultado e suspeitou que aquelas
palavras o ultrajavam. Como o filho mais novo ainda estava vivo, não só
começou a exortá-lo com palavras, mas também lhe prometeu com juramento
que o tornaria rico e feliz, se ele abandonasse as tradições dos seus
antepassados. Faria dele seu amigo, confiando-lhe altas funções.
Como o jovem não lhe deu a menor atenção, o rei chamou a mãe à sua
presença e exortou-a a aconselhar o jovem para lhe salvar a vida.
Depois de muita insistência do rei, ela consentiu em persuadir o filho.
Inclinou-se para ele e, ludibriando o tirano, assim lhe falou na língua
pátria: «Filho, tem compaixão de mim que te trouxe nove meses no meu
seio, te amamentei durante três anos, te criei e eduquei até esta
idade, provendo sempre ao teu sustento.
Peço-te, meu filho, olha para o Céu e para a terra, contempla tudo o
que neles existe e reconhece que Deus os criou do nada, assim como a
todo o género humano.
Não temas este carrasco, mas sê digno dos teus irmãos e aceita a morte,
para que eu te possa encontrar com eles no dia da misericórdia divina».
Apenas ela acabou de falar, o jovem exclamou: «Por que esperais? Eu não
obedeço às ordens do rei. Obedeço aos mandamentos da Lei que foi dada
por Moisés aos nossos antepassados.
E tu, inventor de todos os males contra os hebreus, não escaparás às
mãos de Deus».
Livro de Salmos 17(16),1.5-6.8b.15.
Ouvi, Senhor, uma
causa justa,
atendei a minha súplica.
Escutai a minha oração,
feita com sinceridade.
Firmai os meus passos nas vossas veredas,
para que não vacilem os meus pés.
Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me,
ouvi e escutai as minhas palavras.
Protegei-me à sombra das vossas asas,
Senhor, mereça eu estar na vossa presença
e, ao despertar, saciar-me com na vossa casa.
Evangelho segundo São Lucas 19,11-28.
Naquele tempo,
disse Jesus Cristo uma parábola porque estava perto de Jerusalém e eles
pensavam que o reino de Deus ia manifestar-se imediatamente.
Então Jesus Cristo disse: «Um homem nobre foi para uma região distante,
a fim de ser coroado rei e depois voltar.
Antes, porém, chamou dez dos seus servos e entregou-lhes dez minas (dinheiro
da época), dizendo: ‘Fazei-as render até que eu volte’.
Ora os seus concidadãos detestavam-no e mandaram uma delegação atrás
dele para dizer: ‘Não queremos que ele reine sobre nós’.
Quando voltou, investido do poder real, mandou chamar à sua presença os
servos a quem entregara o dinheiro, para saber o que cada um tinha
lucrado.
Apresentou-se o primeiro e disse: ‘Senhor, a tua mina rendeu dez
minas’.
Ele respondeu-lhe: ‘Muito bem, servo bom! Porque foste fiel
no pouco, receberás o governo de dez cidades’.
Veio o segundo e disse-lhe: ‘Senhor, a tua mina rendeu cinco minas’.
A este respondeu igualmente: ‘Tu também ficarás à frente de cinco
cidades’.
Depois veio o outro e disse-lhe: ‘Senhor, aqui está a tua mina que eu
guardei num lenço,
pois tive medo de ti, que és homem severo: levantas o que não
depositaste e colhes o que não semeaste’.
Disse-lhe o rei: ‘Servo mau,
pela tua boca te julgo. Sabias que sou homem severo, que levanto o que
não depositei e colho o que não semeei.
Então porque não entregaste ao banco o meu dinheiro? No meu regresso
tê-lo-ia recuperado com juros’.
Depois disse aos presentes: ‘Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem dez’.
Eles responderam-lhe: ‘Senhor, ele já tem dez minas!’.
O rei respondeu: ‘Eu vos digo: A todo aquele que tem se dará mais, mas àquele que
não tem, até o que tem lhe será tirado.
Quanto a esses meus inimigos, que não me quiseram como rei, trazei-os
aqui e degolai-os na minha presença’».
Dito isto, Jesus Cristo seguiu, à frente do povo, para Jerusalém.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153),
monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermões diversos, n.º 42, «Os cinco negócios»
Um negócio precioso
O Verbo
do Pai, o Filho único de Deus, o Sol de justiça (Mal 3,20) é o grande
negociante que nos trouxe o preço da nossa redenção. Trata-se de um
negócio precioso que nunca apreciaremos suficientemente, aquele em que
um Rei, o filho do Rei supremo, se transforma na moeda de troca, em que
o ouro pagou pelo chumbo, em que o justo foi trocado pelo pecador.
Misericórdia verdadeiramente gratuita, amor perfeitamente
desinteressado, bondade surpreendente [...], negócio totalmente
desproporcionado, em que o Filho de Deus Se entrega pelo servo, o
Criador é morto por aquele que criou, o Senhor é condenado pelo
escravo.
Ó Jesus Cristo, são estas as tuas obras, Tu que desceste da
luminosidade do céu para as nossas trevas infernais, para iluminar a
nossa prisão obscura. Tu desceste da direita da majestade divina para o
meio da nossa miséria humana, para vires resgatar o género humano; Tu
desceste da glória do Pai para a morte na cruz, para triunfares da morte
e do seu autor. Tu és único, pois mais nenhum como Tu foi levado, pela
sua bondade, a resgatar-nos. [...]
Que todos os negociantes de Teman (Bar 3,23) se retirem desse local
[...]; não foram eles que escolheste, mas Israel, o teu bem-amado, Tu
que escondes estes mistérios aos sábios e aos prudentes e os revelas
aos teus servos pequenos e humildes (Lc 10, 21). [...] Senhor, de boa
vontade abraço este negócio porque me diz respeito! Recordar-me-ei de
tudo o que fizeste, pois queres que nisso me detenha. [...]
Aproveitarei, pois, este talento que me deixaste para o fazer render
até ao teu regresso e irei com grande alegria à tua presença. Deus
queira que oiça então estas doces palavras: «Coragem, servo fiel! Entra
na alegria do teu Senhor» (Mt 25,21).
Quinta-feira, dia 23 de Novembro de 2017
Quinta-feira
da 33.ª semana do Tempo Comum
Naqueles dias, os
enviados do rei Antíoco, encarregados de impor a apostasia, vieram à
cidade de Modin para organizar sacrifícios.
Muitos israelitas obedeceram-lhes, mas Matatias e seus filhos ficaram
reunidos à parte.
Os enviados do rei dirigiram-se a Matatias e disseram-lhe: «Tu és um
homem importante e ilustre nesta cidade e tens o apoio dos teus
filhos e dos teus irmãos.
Sê também o primeiro a cumprir o decreto do rei, como já fizeram
todas as nações, os homens de Judá e os que ficaram em Jerusalém. Assim
tu e os teus filhos sereis contados entre os amigos do rei e
enriquecidos com prata, ouro e muitos presentes».
Matatias respondeu em alta voz: «Ainda que todos os povos do império
do rei lhe obedeçam, abandonando o culto dos seus pais e cumprindo as
vossas ordens,
eu, os meus filhos e os meus irmãos seguiremos a aliança dos nossos
pais.
Deus nos livre de abandonar a Lei e os seus preceitos.
Não acataremos as ordens do rei, desviando-nos do nosso culto, quer
para a direita quer para a esquerda».
Quando ele acabou de falar, aproximou-se um judeu à vista de todos,
para oferecer um sacrifício no altar de Modin, segundo o decreto
real.
À vista dele, Matatias inflamou-se de zelo, estremeceu-lhe o coração
e, num impulso de justa ira, lançou-se sobre ele e degolou-o sobre o
altar.
Em seguida matou o enviado do rei que obrigava a oferecer sacrifícios
e demoliu o altar.
Assim mostrou o seu zelo pela Lei, tal como fizera Fineias a Zambri,
filho de Salu.
Depois Matatias percorreu a cidade, dizendo em altas vozes: «Todo
aquele que sentir zelo pela Lei e quiser manter a aliança siga-me».
Então ele e os seus filhos fugiram para os montes, deixando tudo
quanto possuíam na cidade.
Muitos israelitas, que amavam a justiça e o direito, desceram ao
deserto e aí se estabeleceram.
Livro de Salmos 50(49),1-2.5-6.14-15.
Falou o Senhor,
Deus soberano,
e convocou a Terra, do Oriente ao Ocidente.
De Sião, cheia de beleza, Deus refulgiu,
o nosso Deus vem e não Se calará.
«Reuni os meus fiéis
que selaram a minha aliança com um sacrifício».
Os céus proclamam a sua justiça:
o próprio Deus vem julgar.
Oferece a Deus sacrifícios de louvor
e cumpre os votos feitos ao Altíssimo.
Invoca-Me no dia da tribulação:
Eu te livrarei e tu Me darás glória».
Evangelho segundo São Lucas 19,41-44.
Naquele tempo,
quando Jesus Cristo Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade,
chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o
que te pode dar a paz!
Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de
trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre
pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253),
presbítero, teólogo
Homilia 38 sobre Lucas
«Ao ver a cidade, [Jesus Cristo] chorou sobre ela»
Quando
se aproximou de Jerusalém e a viu, o nosso Senhor e Salvador chorou
sobre ela: «Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas
não. Está escondido a teus olhos. Dias virão para ti, em que os teus
inimigos te rodearão de trincheiras» [...]. Alguém poderá dizer: «O
sentido destas palavras é claro; com efeito, elas realizaram-se a
propósito de Jerusalém: o exército romano cercou-a e devastou-a até à
exterminação e virá o tempo em que dela não restará pedra sobre
pedra.»
Não o nego, Jerusalém foi destruída por causa da sua cegueira, mas
pergunto: aquele choro não diria respeito à nossa própria Jerusalém?
Porque nós somos a Jerusalém sobre a qual Jesus Cristo chorou, nós
que estamos convencidos de ter um olhar tão penetrante. Se, depois de
ter sido instruído nos mistérios da verdade, depois de ter recebido a
palavra do Evangelho e o ensinamento da Igreja [...], um de nós peca,
esse provocará lamentações e choros e não se chora sobre um pagão,
mas sobre aquele que, depois de ter feito parte de Jerusalém, dela
saíu.
Sobre a nossa Jerusalém derramam-se lágrimas porque, em razão dos
seus pecados, os inimigos vão rodeá-la, quero dizer, as forças
adversas, os espíritos maus elevarão à sua volta uma barricada,
sitiá-la-ão e «não deixarão [...] pedra sobre pedra». [...]. Eis,
pois a Jerusalém sobre a qual se derramam
lágrimas.
Sexta-feira, dia 24 de Novembro de 2017
Sexta-feira
da 33.ª semana do Tempo Comum
Naqueles dias,
disseram Judas Macabeu e os seus irmãos: «Agora que os nossos
inimigos foram desbaratados, subamos a purificar o templo e
celebrar a sua dedicação».
Reuniu-se todo o exército e subiram ao monte Sião.
No dia vinte e cinco do nono mês, que é o mês de Quisleu, do ano
cento e quarenta e oito, levantaram-se de madrugada
e ofereceram um sacrifício, segundo as prescrições da Lei, sobre o
altar dos holocaustos que tinham construído.
O altar foi dedicado ao som de cânticos, de cítaras e de címbalos,
no mesmo mês e dia em que os gentios o tinham profanado.
Todo o povo se prostrou em adoração de rosto por terra e agradeceu
ao Céu por lhes ter dado tão feliz sucesso.
Celebraram a dedicação do altar durante oito dias e ofereceram
holocaustos com grande alegria, bem como sacrifícios de comunhão e
de acção de graças.
Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e escudos;
restauraram as entradas e as salas, onde colocaram as portas.
Foi grande a alegria do povo e assim foi afastado o opróbrio
causado pelos gentios.
Judas, com os seus irmãos e toda a assembleia de Israel, decidiu
que todos os anos se celebrasse com alegria e regozijo a festa da
dedicação do altar, durante oito dias, a partir do dia vinte e
cinco do mês de Quisleu.
Livro de 1.º Crónicas
29,10.11abc.11d-12a.12bcd.
Bendito sejais,
Senhor, para todo o sempre,
Deus do nosso pai, Israel.
A Vós, Senhor, a grandeza e o poder,
a honra, a majestade e a glória.
Tudo, no céu e na Terra, Vos pertence,
sois o Rei soberano de todas as coisas.
De Vós nos vem a riqueza e a glória,
sois Vós o Senhor de todo o universo.
Na vossa mão está o poder e a força,
em vossas mãos tudo se afirma e cresce.
Nós vos louvamos, Senhor, nosso Deus,
e celebramos o vosso nome glorioso.
Evangelho segundo São Lucas 19,45-48.
Naquele tempo,
Jesus Cristo entrou no templo e começou a expulsar os vendedores,
dizendo-lhes: «Está escrito: ‘A minha casa é casa de oração’ e vós
fizestes dela ‘um covil de ladrões’».
Jesus Cristo ensinava todos os dias no templo. Os príncipes dos
sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam dar-Lhe a
morte,
mas não encontravam o modo de o fazer porque todo o povo ficava
maravilhado quando O ouvia.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Missal Romano
Prefácio da Dedicação de uma igreja
«A minha casa será uma casa de
oração» (Is 56,7)
Senhor,
Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
agradecer-Vos sempre e em toda a parte,
por Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Nesta casa visível que nos destes a graça de construir,
incessantemente concedeis os vossos favores
à vossa família que, neste lugar, peregrina para Vós.
Aqui nos dais o sinal admirável da vossa comunhão connosco,
e nos fazeis participar no mistério da vossa aliança;
aqui edificais o vosso templo que somos nós,
e fazeis crescer a Igreja, presente em toda a Terra,
na unidade do Corpo do Senhor,
que um dia tornareis perfeita
na visão de paz da celeste cidade de Jerusalém.
Por isso, com os anjos e os santos,
nós Vos louvamos no templo da vossa glória,
e Vos bendizemos e glorificamos,
cantando a uma só voz:
Santo, santo, santo...
Sábado, dia 25 de Novembro de 2017
Sábado da
33.a semana do Tempo Comum
Naqueles
dias, o rei Antíoco atravessava as altas províncias do seu reino,
quando ouviu falar em Elimaida, cidade da Pérsia, notável pela
suas riquezas, pela sua prata e pelo seu ouro.
O templo que nela havia era muito rico e lá se encontravam
armaduras de ouro, couraças e armas que Alexandre, filho de
Filipe da Macedónia, o primeiro a reinar sobre os gregos, nele
tinha deixado.
Antíoco dirigiu-se para lá e tentou apoderar-se da cidade para a
saquear. Mas não conseguiu porque os habitantes da cidade tomaram
conhecimento da
notícia e opuseram-se-lhe à mão armada. Obrigado a fugir,
retirou-se dali com enorme desgosto e regressou a Babilónia.
Estava ainda na Pérsia quando lhe vieram anunciar que os
exércitos enviados contra a terra de Judá haviam sido
destroçados;
que Lísias avançara com um poderoso exército, mas tinha sido
posto em fuga pelos judeus, os quais se tinham fortalecido com as
armas, o equipamento e os consideráveis despojos tomados aos
exércitos vencidos.
Além disso, tinham demolido a abominação que ele, Antíoco, mandara
contruir sobre o altar de Jerusalém. Tinham rodeado de muralhas o
santuário, como antigamente e ainda Betsur, uma das cidades do
rei.
Ao ouvir estas notícias, o rei ficou perturbado e abatido. Caiu
de cama e adoeceu de tristeza porque os projectos não lhe tinham
corrido como desejava.
Ficou assim muitos dias, constantemente acabrunhado por intenso
desgosto, e convenceu-se de que ia morrer.
Então mandou chamar todos os amigos e disse-lhes: «O sono
afastou-se dos meus olhos e o meu coração está abatido pela
inquietação.
Disse comigo mesmo: A que estado de angústia cheguei, em que
forte agitação agora me encontro, eu que era feliz e estimado
quando era poderoso!
Mas agora me lembro do mal que fiz a Jerusalém, quando me
apoderei de todos os objectos de prata e ouro que lá se
encontravam e mandei exterminar sem motivo os habitantes de Judá.
Reconheço que por causa disto me aconteceram estas desgraças e
vou morrer de profunda angústia em terra estrangeira».
Livro de Salmos 9(9A),2-3.4.6.16b.19.
De todo o
coração, Senhor, Vos quero louvar
e contar todas as vossas maravilhas.
Quero alegrar-me e exultar em Vós,
quero cantar o vosso nome, ó Altíssimo.
Quando batiam em retirada os meus inimigos,
vacilavam e pereciam diante de Vós.
Ameaçastes os pagãos, destruístes os ímpios,
apagastes o seu nome para sempre.
Os pagãos caíram no fosso
que fizeram;
os seus pés ficaram presos na rede que esconderam.
Mas o pobre jamais será esquecido,
não será iludida a esperança dos humildes (crentes).
Evangelho segundo São Lucas 20,27-40.
Naquele
tempo, aproximaram-se de Jesus Cristo alguns saduceus – que negam
a ressurreição
– e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos
escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão que deixe esposa, mas sem
filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência
a seu irmão’.
Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos.
O segundo
e depois o terceiro desposaram a viúva e o mesmo sucedeu aos sete
que morreram e não deixaram filhos.
Por fim, morreu também a mulher.
De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os
sete a tiveram por mulher?».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se
em casamento.
Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na
ressurreição dos mortos nem se casam nem se dão em casamento.
Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos e, porque
nasceram da ressurreição, são filhos de Deus.
E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no
episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’.
Não é um Deus de mortos, mas de vivos porque para Ele todos estão
vivos».
Então alguns escribas tomaram a palavra e disseram: «Falaste bem,
Mestre».
E ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe qualquer pergunta.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Paciano de Barcelona
(?-c. 390), bispo
Sermão sobre o baptismo, 6; PL 13, 1093 (breviário)
Viver é Jesus Cristo
Assim,
irmãos caríssimos, nunca mais morreremos. Ainda que este nosso
corpo se dissolva, viveremos em Jesus Cristo, como Ele próprio
diz: «Aquele que acredita em Mim, ainda que morra, viverá» (Jo
11,25). Temos a certeza, fundada no testemunho do Senhor, de que
Abraão, Isaac e Jacob e todos os santos de Deus estão vivos. É o
próprio Senhor que diz a respeito deles: «para Ele todos estão
vivos porque [Deus ] não é um Deus de mortos, mas de vivos» e,
falando de si próprio, o próprio Apóstolo afirma: «para mim,
viver é Jesus Cristo e morrer, um lucro. [...] Tenho o desejo de
partir e estar com Jesus Cristo» (Fil 1,21-23). [...]
É esta a nossa fé, irmãos caríssimos. De resto, «se nós temos
esperança em Jesus Cristo apenas para esta vida, somos os mais
miseráveis de todos os homens» (1Cor 15,19). A nossa vida
terrena, como vós mesmos podeis observar, é semelhante à dos
animais, das feras e das aves. O que é próprio do homem, o que Jesus
Cristo nos deu pelo seu Espírito, é a vida eterna, desde que deixemos de pecar (= deixar de
ser egoístas e de agir pelas leis do egoísmo, das trevas). Porque
assim como a morte vem por causa do pecado assim nos livramos
dela por meio da santidade; portanto, a vida perde-se com o
pecado e salva-se com a santidade. «É que o salário do pecado é a
morte; ao passo que o dom gratuito que vem de Deus é a vida
eterna, em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rom 6,23).©
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