domingo, 17 de junho de 2018

Cristianismo 264 até 16-06-2018



Domingo, 10 de Junho de 2018
10º Domingo do Tempo Comum


Livro de Génesis 3,9-15.
Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?».
Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me».
Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?».
Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi».
O Senhor Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?». E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida.
Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta há-de atingir-te na cabeça e tu a atingirás no calcanhar».
Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4ab.4c-6.7-8.
Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor,
Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos atentos
à voz da minha súplica.
Se tiverdes em conta as nossas faltas,
Senhor, quem poderá salvar-se?
Mas em Vós está o perdão
para Vos servirmos com reverência.
Eu confio no Senhor,
a minha alma espera na sua palavra.
Eu confio no Senhor,
a minha alma confia na sua palavra.
A minha alma espera pelo Senhor,
mais do que as sentinelas pela aurora.
Porque no Senhor está a misericórdia
e com Ele abundante redenção.
Ele há-de libertar Israel
de todas as suas faltas.

2.ª Carta aos Coríntios 4,13-18.5,1.
Irmãos: Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei». Com este mesmo espírito de fé, também nós acreditamos e por isso falamos,
Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus Cristo também nos há-de ressuscitar com Jesus Cristo e nos levará convosco para junto d’Ele.
Tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais abundante multiplique as acções de graças de um maior número de cristãos para glória de Deus.
Por isso, não desanimamos. Ainda que em nós o homem exterior se vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia.
Porque a ligeira aflição de um momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória.
Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras ao passo que as invisíveis são eternas.
Bem sabemos que, se esta tenda que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens.

Evangelho segundo São Marcos 3,20-35.
Naquele tempo, Jesus Cristo chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente que eles nem sequer podiam comer.
Ao saberem disto, os parentes de Jesus Cristo puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si».
Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu» e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios».
Mas Jesus Cristo chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás?
Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se.
E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar.
Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido.
Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa.
Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido;
mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado para sempre».
Referia-Se aos que diziam: «Está possesso de um espírito impuro».
Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos que, ficando fora, O mandaram chamar.
A multidão estava sentada em volta d’Ele quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura».
Mas Jesus Cristo respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?».
E olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos.
Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».

Tradução litúrgica da Bíblia

São João Paulo II (1920-2005)
Papa
Encíclica «Dominum et vivificantem», § 46 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev.)
O pecado contra o Espírito Santo
Por que razão é a blasfémia contra o Espírito Santo imperdoável? Em que sentido devemos entender esta blasfémia? São Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado «imperdoável por sua própria natureza porque exclui aqueles elementos, graças aos quais é concedida a remissão dos pecados». De acordo com esta exegese, a blasfémia não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste antes na recusa em aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo que age em virtude do sacrifício da Cruz. Se o homem rejeita deixar-se «convencer quanto ao pecado», convicção que provém do Espírito Santo (Jo 16,8) e tem carácter salvífico, rejeita simultaneamente a «vinda» do Consolador (Jo 16,7), aquela «vinda» que se efectuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do sangue de Jesus Cristo: o sangue que «purifica a consciência das obras mortas» (Heb 9,14).
Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o sangue (1Jo 5,8) permanece nas «obras mortas», no pecado. E a blasfémia contra o Espírito Santo consiste exactamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus Cristo diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta «não-remissão» está ligada, como à sua causa, à «não-penitência», isto é, à recusa radical a converter-se. [...]
A blasfémia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — seja ele qual for — e recusa por isso mesmo a redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível, da sua parte, a própria conversão e também consequentemente a remissão dos pecados que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual porque a blasfémia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou.

Segunda-Feira, 11 de Junho de 2018
São Barnabé, apóstolo - memória


Livro dos Actos dos Apóstolos 11,21b-26.13,1-3.
Naqueles dias, foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor.
A notícia chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém e mandaram Barnabé a Antioquia.
Quando este chegou e viu a acção da graça de Deus, encheu-se de alegria e exortou a todos a que se conservassem fiéis ao Senhor, de coração sincero;
era realmente um homem bom e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão aderiu ao Senhor.
Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo
e, tendo-o encontrado, trouxe-o para Antioquia. Passaram juntos nesta Igreja um ano inteiro e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, se deu aos discípulos o nome de «cristãos».
Na Igreja de Antioquia havia profetas e doutores: Barnabé, Simeão, chamado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaen, irmão colaço do tetrarca Herodes e Saulo.
Estando eles a celebrar o culto e a jejuar, disse-lhes o Espírito Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que os chamei».
Então depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir.

Livro de Salmos 98(97),1.2-3ab.3c-4.5-6.
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
Os confins da Terra puderam ver
a salvação do nosso Deus
Aclamai o Senhor, Terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.

Evangelho segundo São Mateus 10,7-13.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus Apóstolos: «Ide e proclamai que está próximo o reino dos Céus.
Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».
Não adquirais ouro, prata ou cobre, para guardardes nas vossas bolsas;
nem alforge para o caminho nem duas túnicas nem sandálias nem cajado porque o trabalhador merece o seu sustento.
Quando entrardes em alguma cidade ou aldeia, procurai saber de alguém que seja digno e ficai em sua casa até partirdes daquele lugar.
Ao entrardes na casa, saudai-a
e se for digna, desça a vossa paz sobre ela; mas se não for digna, volte para vós a vossa paz.

Tradução litúrgica da Bíblia

São Gregório Magno (c. 540-604)
Papa, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho, n.° 30; PL 76, 1220

São Barnabé, apóstolo que proclama que o Reino dos Céus está próximo
«Como posso amar alguém que não conheço?» […] Se não podemos ver a Deus, temos, no entanto, outros meios para erguer os olhos do nosso espírito até Ele. Se não nos é possível vê-l'O em pessoa, podemos, já aqui, vê-l'O nos seus servidores. Ao observar como eles fazem maravilhas, ficamos certos de que Deus habita neles. […] Nenhum de nós pode olhar directamente para o sol, fixando-o no momento em que se levanta em todo o seu brilho porque os nossos olhos, ao fixarem-se nos seus raios, ficam encandeados. Mas olhamos para as montanhas iluminadas pelo sol e percebemos que ele se levantou. Do mesmo modo, dado que não podemos ver o Sol de justiça (Mal 3,20), olhemos para as montanhas que a sua claridade ilumina, isto é, os santos apóstolos que brilham pelas suas virtudes, que resplandecem pelos seus milagres. […] Com efeito, a força de Deus em si mesma é o sol no céu; a força de Deus espalhada pelos homens é o sol na Terra […].
A condição para não tropeçarmos no nosso caminho na Terra é amarmos a Deus e ao nosso próximo com todo o nosso coração (Mt 22,37ss) […]. Foi por isso que o Espírito foi dado aos discípulos por duas vezes: primeiro, pelo Senhor que veio à Terra, depois pelo Senhor já no Céu (Jo 20,22; At 2,2). Foi-nos dado na Terra para amarmos o próximo; no Céu, para amarmos a Deus […]. Compreendemos assim estas palavras de São João: «Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê» (1Jo 4,20). Assim, pois, meus irmãos, acarinhemos o nosso próximo, amemos quem está perto de nós, para sermos capazes de amar Aquele que está acima de nós […] e de fruir, em Deus, de uma alegria perfeita com esse próximo.

Terça-Feira, 12 de Junho de 2018
Terça-feira da 10.ª semana do Tempo Comum


1.º Livro de Reis 17,7-16.
Naqueles dias, secou a torrente, junto da qual se tinha refugiado o profeta Elias porque não tinha chovido na região.
Então o Senhor dirigiu a palavra a Elias, dizendo:
«Levanta-te, vai a Sarepta de Sidónia e fica lá porque Eu ordenei a uma viúva que te dê alimento».
Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, encontrou uma viúva a apanhar lenha. Chamou-a e disse-lhe: «Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber».
Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse: «Por favor, traz-me também um pedaço de pão».
Mas ela respondeu: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte».
Elias disse-lhe: «Não temas; volta e faz como disseste. Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui. Depois farás pão para ti e teu filho.
Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: "Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra"».
A mulher foi e fez como Elias lhe mandara e comeram ele, ela e seu filho.
Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou nem se esvaziou a almotolia do azeite, como o Senhor prometera pela boca de Elias.

Livro de Salmos 4,2-3.4-5.7-8.
Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça.
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-Vos de mim e ouvi a minha súplica.
Até quando, ó homens, sereis duros de coração?
Porque amais a vaidade e procurais a mentira?
Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos,
o Senhor me atende quando O invoco.
Tremei e não pequeis,
no silêncio dos vossos leitos falai ao vosso coração.
Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?».
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa presença.
Dais ao meu coração uma alegria maior
do que a deles na abundância de trigo e vinho.

Evangelho segundo São Mateus 5,13-16.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte
nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa.
Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.

Tradução litúrgica da Bíblia

Homilia atribuída a São Máximo de Turim (?-c. 420)
bispo
(Kephas, vol. 1)

«Vós sois o sal da terra. [...] Vós sois a luz do mundo»
O Senhor disse aos seus apóstolos: «Vós sois a luz do mundo». Como são justas as comparações que o Senhor emprega para designar os nossos pais na fé! Chama-lhes «sal», a eles que nos ensinam a sabedoria de Deus, e «luz», a eles que afastam dos nossos corações a cegueira e as trevas da incredulidade. Mas é justo que os apóstolos recebam o nome de luz, pois eles anunciam, na obscuridade do mundo, a claridade do Céu e o esplendor da eternidade. Não se tornou Pedro uma luz para o mundo inteiro e para todos os fiéis quando disse ao Senhor: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16)? Que maior claridade poderia o género humano receber do que ficar a saber por Pedro que o Filho de Deus vivo era o criador da sua luz?
E São Paulo não é uma luz menor para o mundo: quando a Terra estava cega pelas trevas da maldade, ele subiu ao Céu (2Cor 12,2) e, no seu regresso, revelou os mistérios do esplendor eterno. Foi por isso que não pôde nem esconder-se, qual cidade fundada no alto de uma montanha, nem deixar que o escondessem, pois Cristo, pela luz da sua majestade, tinha-o incendiado como candeia cheia do óleo do Espírito Santo. Por isso, bem-amados, se, renunciando às ilusões deste mundo, queremos procurar o sabor da sabedoria de Deus, provemos o sal dos apóstolos.

Quarta-Feira, 13 de Junho de 2018
Santo António de Lisboa, presbítero e doutor - Festa

, São Fandila de Córdova

Livro de Eclesiástico 39,8-14.
Aquele que medita na lei do Altíssimo, se for do agrado do Senhor omnipotente, será cheio do espírito de inteligência.
Então ele derramará, como chuva, as suas palavras de sabedoria e na sua oração louvará o Senhor.
Adquirirá a rectidão do julgamento e da ciência e reflectirá nos mistérios de Deus.
Fará brilhar a instrução que recebeu e a sua glória estará na Lei da Aliança do Senhor.
Muitos louvarão a sua inteligência que jamais será esquecida.
Não desaparecerá a sua memória e o seu nome viverá de geração em geração.
As nações proclamarão a sua sabedoria e a assembleia celebrará os seus louvores.

Livro de Salmos 19(18),8-11.
A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.
O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.
São mais preciosos do que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces do que o mel,
o puro mel dos favos.

Evangelho segundo São Mateus 5, 13-19.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte
nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa.
Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar.
Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a Terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus».

Tradução litúrgica da Bíblia

Catecismo da Igreja Católica
§§ 577-581

O cumprimento da Lei
Jesus Cristo fez uma solene advertência no início do Sermão da Montanha, ao apresentar a Lei dada por Deus no Monte Sinai, aquando da primeira Aliança, à luz da graça da Nova Aliança: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição» (Mt 5,17-19). [...]
Jesus, o Messias de Israel e, portanto, o maior no Reino dos céus, fazia questão de cumprir a Lei, executando-a integralmente até nos mais pequenos preceitos, segundo as suas próprias palavras. Foi mesmo o único a poder fazê-lo perfeitamente. [...] O cumprimento perfeito da Lei só podia ser obra do divino Legislador, nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em Jesus Cristo, a Lei já não aparece gravada em tábuas de pedra, mas «no íntimo do coração» (Jer 31,33) do Servidor, o qual, proclamando «fielmente o direito» (Is 42,3), se tornou «a aliança do povo» (Is 42,6). Jesus Cristo cumpriu a Lei até ao ponto de tomar sobre Si «a maldição da Lei» (Gal 3,13) em que incorrem «aqueles que não praticam todos os preceitos da Lei» [Gal 3,10) porque «a morte de Jesus Cristo foi para remir as faltas cometidas durante a primeira Aliança» (Heb 9,15).
Jesus Cristo [...] «ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas» (Mt 7,28-29). N'Ele, era a própria Palavra de Deus que Se fizera ouvir no Monte Sinai para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia ouvir sobre a Montanha das Bem-Aventuranças (Mt 5,1). Esta Palavra de Deus não aboliu a Lei, mas cumpriu-a, ao fornecer, de modo divino, a sua interpretação última: «Ouvistes que foi dito aos antigos [...] Eu, porém, digo-vos» (Mt 5,33-34). Com esta mesma autoridade divina, desaprova certas «tradições humanas» (Mc 7,8) dos fariseus que «anulam a Palavra de Deus» (Mc 7,13).

Quinta-Feira, 14 de Junho de 2018
Quinta-feira da 10.ª semana do Tempo Comum


1.º Livro de Reis 18,41-46.
Naqueles dias, o profeta Elias disse ao rei Acab: «Sobe, come e bebe porque já ouço o ruído da chuva».
Enquanto Acab subiu para comer e beber, Elias foi ao cimo do monte Carmelo, prostrou-se em terra e pôs a cabeça entre os joelhos.
Depois disse ao seu servo: «Sobe e olha em direcção ao mar». O servo subiu, olhou e disse: «Não há nada». Elias ordenou-lhe: «Volta sete vezes».
À sétima vez, o servo exclamou: «Do lado do mar vem subindo uma nuvenzinha, tão pequena como a palma da mão». Elias ordenou-lhe: «Vai dizer a Acab: "Manda atrelar os cavalos e desce para que a chuva te não detenha"».
Num instante o céu se cobriu de nuvens, soprou o vento e caiu uma forte chuvada. Acab subiu para o carro e seguiu para Jezrael.
A mão do Senhor veio sobre Elias; ele prendeu as vestes à cintura e correu diante de Acab, até à entrada de Jezrael.

Livro de Salmos 65(64),10abcd.10e-11.12-13.
Cuidaste da terra e tornaste-a fértil, cumulando-a de riquezas. Enches, a transbordar, os rios caudalosos e fazes
Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.
Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.

Evangelho segundo São Mateus 5,20-26.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus.
Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás; quem matar será submetido a julgamento".
Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo.
Portanto, se fores apresentar a tua oferta ao altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,
deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta.
Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda e sejas metido na prisão.
Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo».

Tradução litúrgica da Bíblia

São João Crisóstomo (c. 345-407)
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre a 1.ª carta aos Coríntios, n.º 27

«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão»
A Igreja não existe para estarmos divididos, mas para que as nossas divisões acabem; é esse o sentido da assembleia. Assim, pois, se vimos à eucaristia, não pratiquemos nenhuma acção que contradiga a eucaristia, não façamos sofrer o nosso irmão. Se vindes agradecer pelos bens recebidos, não vos separeis do vosso próximo.
Jesus Cristo oferece o seu corpo a todos sem distinção quando diz «Tomei e comei dele todos» e vós fazeis selecção dos que admitis à vossa mesa? [...] Estais a fazer memória de Jesus Cristo e desdenhais o pobre? [...] Se tomais parte neste banquete divino, deveis ser compassivos. Bebestes o sangue de Jesus Cristo e não reconheceis o vosso irmão? Ainda que o não tenhais reconhecido até agora, deveis reconhecê-lo a esta mesa. Temos de estar todos na Igreja como numa casa comum, pois formamos um só corpo, temos um mesmo baptismo, uma só mesa, uma mesma fonte e um só Pai (cf Ef 4,5; 1Cor 10,17).

Sexta-Feira, 15 de Junho de 2018
Sexta-feira da 10.ª semana do Tempo Comum


1.º Livro de Reis 19,9a.11-16.
Naqueles dias, o profeta Elias chegou ao monte de Deus, o Horeb e passou a noite numa gruta. O Senhor dirigiu-lhe a palavra,
dizendo: «Sai e permanece no monte à espera do Senhor». Então o Senhor passou. Diante d’Ele, uma forte rajada de vento fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, sentiu-se um terramoto; mas o Senhor não estava no terramoto.
Depois do terramoto, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se uma ligeira brisa.
Quando a ouviu, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou à entrada da gruta. Ouviu então uma voz que lhe dizia: «Que fazes tu aqui, Elias?».
Ele respondeu: «Ardo em zelo por Vós, Senhor, Deus do Universo, porque os filhos de Israel abandonaram a vossa aliança, derrubaram os vossos altares e mataram à espada os vossos profetas. Fiquei eu só, mas procuram tirar-me a vida».
Disse-lhe o Senhor: «Vai pelo caminho do deserto e regressa a Damasco. Chegando lá, ungirás Hazael como rei de Aram;
depois, Jeú, filho de Namsi, como rei de Israel e Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meola, como profeta em teu lugar».

Livro de Salmos 27(26),7-8ab.8c-9abc.13-14.
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de mim e atendei-me.
Diz-me o coração: «Procurai a sua presença».
A vossa presença, Senhor, eu procuro.
Não escondais de mim a vossa presença
nem afasteis com ira o vosso servidor.
Não me rejeiteis nem me abandoneis,
meu Deus e meu Salvador.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.

Evangelho segundo São Mateus 5,27-32.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não cometerás adultério".
Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos já cometeu adultério com ela no seu coração.
Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é melhor perder-se um só dos teus olhos do que todo o corpo ser lançado na geena.
E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um só dos teus membros do que todo o corpo ser lançado na geena.
Também foi dito: "Quem repudiar sua mulher dê-lhe certidão de repúdio".
Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegítima, expõe-na ao adultério. E quem se casar com uma repudiada comete adultério. (A Bíblia também diz que o nosso corpo que vemos é templo de Deus e de muitos seres para nos mantermos capazes. Tudo o que se faz de mal a qualquer parte do nosso corpo fazemos também aos seres que nos habitam para podermos actuar e isso é crime.)

Tradução litúrgica da Bíblia

Beato Paulo VI (1897-1978)
Papa de 1963 a 1978
Encíclica «Humanae vitae», 8-9

«Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27)
O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza quando se considera a sua fonte suprema, Deus, que é Amor. [...] O matrimónio não é, portanto, fruto do acaso ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador para realizar na humanidade o seu desígnio de amor. Mediante a doação pessoal recíproca, [...] os esposos tendem para a comunhão do seu ser, com vista a um aperfeiçoamento mútuo pessoal, para colaborarem com Deus na geração e educação de novas vidas. Depois, para os baptizados, o matrimónio revela a dignidade de sinal sacramental da graça, enquanto representa a união de Jesus Cristo com a Igreja (Ef 5,32).
A esta luz, aparecem-nos claramente as notas características do amor conjugal. [...] É, antes de mais, um amor plenamente humano, quer dizer, ao mesmo tempo espiritual e sensível. Não é, portanto, um simples ímpeto do instinto ou do sentimento; mas é também, e principalmente, um acto da vontade livre, destinado a manter-se e a crescer, mediante as alegrias e as dores da vida quotidiana, de tal modo que os esposos se tornem um só coração e uma só alma e alcancem a sua perfeição humana.
É, depois, um amor total, quer dizer, uma forma muito especial de amizade pessoal, em que os esposos generosamente compartilham todas as coisas, sem reservas indevidas e sem cálculos egoístas. Quem ama verdadeiramente o próprio consorte não o ama somente por aquilo que dele recebe, mas por ele mesmo, sentindo-se feliz por poder enriquecê-lo com o dom de si próprio.
É ainda um amor fiel e exclusivo até à morte. Assim o concebem, efetivamente o esposo e a esposa no dia em que assumem, livremente e com plena consciência, o compromisso do vínculo matrimonial. [...] É finalmente um amor fecundo, que não se esgota na comunhão entre os cônjuges, mas que está destinado a continuar-se, suscitando novas vidas.

Sábado, 16 de Junho de 2018
Sábado da 10.ª semana do Tempo Comum


1º Livro de Reis 19,19-21.
Naqueles dias, o profeta Elias pôs-se a caminho e encontrou Eliseu, filho de Safat, que andava a lavrar com doze juntas de bois e guiava a décima segunda. Elias passou junto dele e lançou sobre ele a sua capa.
Então Eliseu abandonou os bois, correu atrás de Elias e disse-lhe: «Deixa-me ir abraçar meu pai e minha mãe; depois irei contigo». Elias respondeu: «Vai e volta porque eu já fiz o que devia».
Eliseu afastou-se, tomou uma junta de bois e matou-a; com a madeira do arado assou a carne que deu a comer à sua gente. Depois levantou-se e seguiu Elias, ficando ao seu serviço.

Livro de Salmos 16(15),1-2a.5.7-8.9-10.
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.

Evangelho segundo São Mateus 5, 33-37.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: "Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o que juraste".
Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus
nem pela Terra, que é o escabelo dos seus pés nem por Jerusalém que é a cidade do grande Rei.
Também não jures pela tua cabeça porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo.
A vossa linguagem deve ser: "Sim, sim; não, não". O que passa disto vem do Maligno».

Tradução litúrgica da Bíblia

Doroteu de Gaza (c. 500-?)
monge na Palestina
«Instruções», n.° 1, 6-8; SC 92

A Lei Nova
A Lei diz: «Olho por olho, dente por dente» (Ex 21,24). Mas o Senhor exorta-nos, não somente a recebermos a bofetada daquele que nos bate, mas ainda a
apresentarmos-lhe humildemente a outra face (Mt 5,38-39). É que o objectivo da Lei era ensinar-nos a não fazer o que não queremos suportar; ela impedia-nos de fazer o mal pelo medo de o sofrer. Mas o que agora nos é pedido, repito-o, é que rejeitemos o ódio, o amor ao prazer, o gosto pela glória e as outras paixões.
Numa palavra, a intenção de Jesus Cristo, nosso mestre, é precisamente ensinar-nos como fomos levados a cometer todos esses pecados e como caímos em todos esses dias maus. Portanto, Ele começou por nos libertar pelo santo baptismo, concedendo-nos a remissão dos pecados; depois, deu-nos o poder de fazer o bem, se quisermos e de não voltarmos a ser conduzidos, como que à força, para o mal.=