"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida
eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 12 de Novembro de 2017
32.º
Domingo do Tempo Comum
A Sabedoria é luminosa
e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam
e faz-se encontrar aos que a procuram.
Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam.
Quem a busca desde a aurora não se fatigará porque há-de encontrá-la já
sentada à sua porta.
Meditar sobre ela é prudência
consumada e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados.
Procura por toda a parte os que são dignos
dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência e vem ao seu encontro
em todos os seus pensamentos.
Livro de Salmos 63(62),2.3-4.5-6.7-8.
Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro
como terra árida, sequiosa, sem água.
Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores.
Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Quando no leito Vos recordo,
passo a noite a pensar em Vós.
Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.
1.ª Carta aos Tessalonicenses 4,13-18.
Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos
defuntos para não vos contristardes como os outros que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus Cristo morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus
levará com Jesus Cristo os que em Jesus tiverem morrido.
Eis o que temos para vos dizer, segundo uma palavra do Senhor: Nós, os vivos,
os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem
morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor
descerá do Céu e os mortos em Jesus Cristo ressuscitarão primeiro.
Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados
juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos
ares e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Evangelho segundo São Mateus 25,1-13.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos a seguinte
parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a dez jovens que, tomando as
suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo,
enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’.
Então as jovens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite que as nossas
lâmpadas estão a apagar-se’.
Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós. Ide
antes comprá-lo aos vendedores’.
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas
entraram com ele para o banquete nupcial e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor, senhor,
abre-nos a porta’.
Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’.
Portanto, vigiai porque não sabeis o dia nem a hora».
(Nesta parábola podemos fazer a seguinte interpretação:
Lâmpadas = Vida. Umas levavam a que tinham; outras levavam
também uma reserva que foram ganhando.
Almotolias
= reservas
Hora
= a hora do falecimento ninguém sabe quando. As que tinham Vida = aura
entraram; as outras ficaram de fora como todos os que gastaram a sua Vida
estupidamente e nunca ganharam Vida.
O
esposo = Jesus Cristo é o responsável pelo mundo dos seres humanos.)
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo
de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 93
«No meio da noite»
As dez jovens
quiseram, todas elas, ir ao encontro do esposo. Que significa ir ao encontro
do esposo? É ir com o coração, é viver na expectativa da sua chegada. Mas ele
tardava a vir e elas adormeceram. [...] Que significa isto? Há um sono a que
ninguém pode escapar. Recordai aquelas palavras do apóstolo Paulo: «Não
queremos, irmão, que ignoreis o que diz respeito aos que dormem» (1Tes 4,12),
isto é, aos que morreram. [...] Elas adormeceram todas. Pensais que a virgem
prudente pode escapar à morte? Não, sejam elas prudentes ou insensatas, todas
têm de passar pelo sono da morte. [...]
«No meio da noite ouviu-se um brado». Que quer isto dizer? Que é quando
ninguém pensa, quando ninguém espera... Ele virá quando menos pensarmos
nisso. Porque vem Ele assim? Porque «não vos compete conhecer o tempo ou a
hora que o Pai fixou na sua autoridade» (At 1,7). «O dia do Senhor», diz o
apóstolo Paulo, «virá como um ladrão em plena noite» (1Tes 5,3). Vigiai,
pois, durante a noite para não serdes surpreendidos pelo ladrão. Porque, que
queirais quer não, o sono da morte virá necessariamente. [...]
E, no entanto, isso só acontecerá quando se ouvir um grito no meio da noite.
Que grito é este? É aquele de que o apóstolo Paulo diz: «Num instante, num
piscar de olhos, ao som da última trombeta. Porque a trombeta soará e os
mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados» (1Cor
15,52). Após aquele grito que ressoou no meio da noite: «Aí vem o esposo»,
que acontecerá? «Levantaram-se todas».
Segunda-feira,
dia 13 de Novembro de 2017
Segunda-feira da 32.ª
semana do Tempo Comum
Amai a justiça, vós que governais a Terra, pensai correctamente
no Senhor e procurai-O com simplicidade de coração.
Porque Ele deixa-Se encontrar pelos que não O tentam e revela-Se aos que
n’Ele confiam.
Os pensamentos tortuosos afastam de Deus e o Omnipotente, posto à prova,
confunde os insensatos.
A Sabedoria não entra na alma maliciosa nem habita num corpo sujeito ao
pecado.
Porque o Espírito sagrado, nosso educador, foge da hipocrisia, afasta-se
dos pensamentos insensatos e retira-se quando chega a iniquidade
(não-equidade).
A Sabedoria é um espírito amigo dos homens, mas não deixa sem castigo as
palavras do blasfemo. Porque Deus é testemunha dos seus íntimos
sentimentos, observa o seu coração segundo a verdade e ouve as suas
palavras.
O Espírito do Senhor enche o universo; ele que abrange todas as coisas,
sabe tudo o que se diz.
Livro de Salmos 139(138),1-3.4-6.7-8.9-10.
Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser:
sabeis quando me sento e quando me levanto.
De longe penetrais o meu pensamento,
Vós me vedes quando caminho e quando descanso,
Vós observais todos os meus passos.
Ainda a palavra me não chegou à língua
e já, Senhor, a conheceis perfeitamente.
Por todos os lados me envolveis
e sobre mim pondes a vossa mão.
Prodigiosa ciência que não posso compreender,
tão sublime que a não posso alcançar!
Onde poderei ocultar-me ao vosso espírito?
Onde evitarei a vossa presença?
Se subir ao céu, Vós lá estais;
se descer aos abismos, ali Vos encontrais.
Se voar nas asas da aurora,
se habitar nos confins do oceano,
mesmo ali a vossa mão me guiará
e a vossa direita me sustentará.
Evangelho segundo São Lucas 17,1-6.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «É
inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os provoca.
Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o
atirassem ao mar, do que ser ocasião de pecado para um só destes
pequeninos.
Tende cuidado. Se teu irmão cometer uma ofensa, repreende-o e, se ele se
arrepender, perdoa-lhe.
Se te ofender sete vezes num dia e sete vezes vier ter contigo e te disser:
‘Estou arrependido’, tu lhe perdoarás».
Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a
esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’ e ela vos
obedeceria».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Beato Charles de Foucauld
(1858-1916), eremita e missionário no Saara
Carta de 15/07/1916
«Perdoa-lhe»
O amor não
consiste em sentirmos que amamos, mas em querermos amar. Quando queremos
amar, amamos; quando queremos amar acima de tudo, amamos acima de tudo. Se
acontecer sucumbirmos a uma tentação, é porque o amor é demasiado fraco,
não é porque ele não exista. Temos de chorar, como São Pedro, de nos
arrepender, como São Pedro, [...] mas, também como ele, de dizer três
vezes: «Amo-Te, amo-Te, amo-Te, Tu sabes que, apesar das minhas
fragilidades e dos meus pecados, eu Te amo» (Jo 21,15s).
Quanto ao amor que Jesus Cristo tem por nós, provou-o à abundância, para
que nele acreditemos mesmo sem o sentirmos. Sentir que O amamos e que Ele
nos ama seria o céu; mas o céu, salvo em raros momentos e com algumas excepções,
não é cá em baixo.
Lembremos sempre uns aos outros esta dupla história: a das graças que Deus
nos deu pessoalmente desde o nascimento e a das nossas infidelidades; aí
acharemos [...] motivos infinitos para nos perdermos, com ilimitada
confiança, no seu amor. Ele ama-nos porque é bom, não porque nós sejamos
bons; não é verdade que as mães amam os filhos desencaminhados? E muitas
razões havemos de encontrar para nos enterrarmos na humildade e na falta de
confiança em nós próprios. Procuremos resgatar uma parte dos nossos pecados
através do amor ao próximo, do bem que fazemos ao próximo. A
caridade para com o próximo, os esforços para fazer bem aos outros são um
excelente remédio para as tentações: é passar da simples defesa ao
contra-ataque.
Terça-feira,
dia 14 de Novembro de 2017
Terça-feira da 32.ª
semana do Tempo Comum
Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da
sua própria natureza.
Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo e
experimentam-na aqueles que lhe pertencem.
Mas as almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento os
atingirá.
Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; a sua saída deste mundo foi
considerada uma desgraça
e a sua partida do meio de nós um aniquilamento. Mas eles estão em paz.
Aos olhos dos homens eles sofreram um castigo, mas a sua esperança estava
cheia de imortalidade.
Depois de leve pena, terão grandes benefícios porque Deus os pôs à prova
e os achou dignos de Si.
Experimentou-os como ouro no crisol e aceitou-os como sacrifício de
holocausto.
No tempo da recompensa hão-de resplandecer, correndo como centelhas
através da palha.
Hão-de governar as nações e dominar os povos e o Senhor reinará sobre
eles eternamente.
Os que n’Ele confiam compreenderão a verdade e os que Lhe são fiéis
permanecerão com Ele no amor, pois a graça e a fidelidade são para os
seus santos e a sua vinda será benéfica para os seus eleitos.
Livro de Salmos 34(33),2-3.16-17.18-19.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A presença do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da Terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
Evangelho segundo São Lucas 17,7-10.
Naquele tempo, disse o Senhor: «Quem de vós, tendo um servo a
lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele volta do campo: ‘Vem
depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até
que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado,
dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’». (servo/escravo
≠ servidor/homem livre; porquê inúteis? Porque apenas obedecem e Deus
dá-nos o livre arbítrio para
sermos capazes de decidir por nós mesmos. Quem não sabe decidir não
conseguirá viver com Jesus Cristo porque não chegará lá e cairá nas
mentiras do Maligno; só quem sabe decidir faz a escolha correcta para a
Vida na altura do falecimento. Servos inúteis porque nunca conseguirão entrar
na Vida; serão sempre levados pelo engano)
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santa Teresa de Calcutá
(1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«A simple path»
«Somos inúteis servos»
Não vos
inquieteis à procura da causa dos grandes problemas da humanidade;
contentai-vos em fazer o que puderdes pela sua resolução, ajudando
aqueles que precisam. Há quem me diga que, praticando a caridade com os
outros, libertamos o Estado das suas responsabilidades para com os pobres
e os necessitados. É coisa que não me preocupa porque, em geral, os
Estados não dão amor. Por mim, faço tudo o que posso; o resto não me
compete.
Deus foi tão bom connosco! Trabalhar no amor é sempre uma maneira de nos
aproximarmos dele. Reparai no que Jesus Cristo fez durante a sua vida na Terra:
passou fazendo o bem (At
10,38). Eu recordo às minhas irmãs que Ele passou os três anos da sua
vida pública a cuidar dos doentes, dos leprosos, das crianças e de muitos
outros. É exactamente isso que nós fazemos, pregando o Evangelho com as obras.
Consideramos que servir os outros é um privilégio e procuramos fazê-lo, a
cada instante, com todo o nosso coração. Sabemos perfeitamente que os
nossos actos são uma gota de água no oceano, mas sem eles faltaria essa
gota.
Quarta-feira,
dia 15 de Novembro de 2017
Quarta-feira da
32.ª semana do Tempo Comum
Escutai, ó reis, e
procurai compreender; aprendei governantes de toda a Terra. Prestai
atenção, vós que reinais sobre as multidões e vos gloriais do número
dos vossos povos!
Do Senhor recebestes o poder e do Altíssimo a soberania; Ele examinará
as vossas obras e sondará as vossas intenções.
Sendo ministros do seu reino, não governastes com rectidão, não
cumpristes a lei nem seguistes a vontade de Deus.
Ele virá sobre vós, terrível e repentino porque julga severamente os
que dominam.
Ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão
examinados com rigor.
O Senhor de todos não teme ninguém nem Se impressiona com a grandeza.
Ele criou o pequeno e o grande e a sua providência é igual para todos;
mas aos poderosos reserva um exame severo.
É a vós, soberanos, que se dirigem as minhas palavras, a fim de
aprenderdes a Sabedoria e
não cairdes em falta.
Porque os que santamente tiverem guardado as leis santas serão declarados
santos e os que nelas se tiverem instruído encontrarão segura defesa.
Procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis
instruídos.
Livro de Salmos 82(81),3-4.6-7.
Defendei o órfão e
o desprotegido,
fazei justiça ao humilde e ao pobre.
Salvai o oprimido e o indigente,
libertai-o das mãos dos ímpios.
O Senhor disse: «Vós sois deuses,
todos vós sois filhos do Altíssimo.
Mas, como homens, morrereis,
como os príncipes, todos vós sucumbireis».
Evangelho segundo São Lucas 17,11-19.
Naquele tempo, indo
Jesus Cristo a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a
Galileia.
Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos.
Conservando-se a distância,
disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós».
Ao vê-los, Jesus Cristo disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E
sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra.
Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta
voz,
e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus Cristo para Lhe
agradecer. Era um samaritano.
Jesus Cristo, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram
curados? Onde estão os outros nove?
Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este
estrangeiro?». (os outros nove consideravam-se demasiado espertos e
superiores)
E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te
salvou».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Vida de São Francisco de Assis,
chamada «Colectânea de Perugia» (c. 1311)
§43
«Dar glória a Deus»
Dois anos
antes da sua morte, o bem-aventurado Francisco estava já muito doente,
sofrendo especialmente dos olhos. [...] Esteve mais de cinquenta
dias sem poder suportar a luz do sol durante o dia nem a claridade do
lume durante a noite. Permanecia na obscuridade dentro de casa, na sua
cela. [...] Certa noite, reflectindo acerca das tribulações que sofria,
teve pena de si mesmo e disse: «Senhor, socorre-me nas minhas
enfermidades, para que eu tenha força para suportá-las com paciência!»
E de repente, ouviu em espírito uma voz: «Diz-me, irmão: se, como
compensação dos teus sofrimentos e tribulações, te dessem um tesouro
imenso e precioso, [...] não te alegrarias? [...] Compraz-te e vive na
alegria, no meio das tuas enfermidades e tribulações: a partir de agora,
vive em paz como se participasses já do meu Reino».
No dia seguinte, disse aos seus companheiros [...]: «Deus deu-me uma
tal graça e bênção que, na sua misericórdia, Se dignou assegurar-me, a
mim, seu indigno servidor que ainda vivo cá em baixo, que participarei
do seu Reino. Assim, para sua glória, para minha consolação e
edificação do próximo, quero compor um novo louvor ao Senhor pelas suas
criaturas. Todos os dias estas atendem às nossas necessidades, sem elas
não poderíamos viver e por elas o género humano ofende muito o Criador.
E todos os dias nós ignoramos tão grande bem, não louvando como
deveríamos o Criador e dispensador de todos estes dons». [...]
A esse louvor ao Senhor, que começa por: «Altíssimo, omnipotente e bom
Senhor», chamou-lhe Cântico do
irmão Sol. Com efeito, essa é a mais bela das criaturas que
podemos, mais que qualquer outra, comparar a Deus. E ele dizia: «Ao
nascer do Sol, todo o homem deveria louvar a Deus por ter criado esse
astro que durante o dia dá aos olhos a sua luz; à tardinha, quando cai
a noite, todo o homem deveria louvar a Deus por esta outra criatura, o
nosso irmão fogo que, nas trevas, permite que os nossos olhos
vejam claro. Somos todos como cegos e é por estas duas criaturas que
Deus nos dá a luz. Por isso, por estas criaturas e pelas outras que nos
servem diariamente, devemos louvar muito particularmente o seu glorioso
Criador».
Ele próprio o fazia de todo o coração, estivesse doente ou são e
incitava os outros a cantarem a glória do Senhor. Já doente, entoava
muitas vezes este cântico e pedia aos seus companheiros que o
prosseguissem; esquecia, deste modo, considerando a glória do Senhor, a
violência das suas dores e dos seus males. Procedeu assim até ao dia da
sua morte.
Quinta-feira, dia 16 de Novembro de 2017
Quinta-feira
da 32.ª semana do Tempo Comum
Santo do dia :
Santa
Gertrudes, Magna, monja, +1303, Santa
Margarida, rainha da Escócia, +1093, São
José Moscati, médico, +1927
Livro de Sabedoria 7,22-30.8,1.
Na Sabedoria há
um espírito inteligente, santo, único, multiforme, subtil, veloz,
perspicaz, sem mancha; um espírito lúcido, inalterável, amigo do bem;
penetrante,
irreprimível, benfazejo, amigo dos homens; firme, seguro, sereno; ele
tudo pode, tudo abrange e penetra todos os espíritos, os mais
inteligentes, mais puros e mais subtis.
A Sabedoria é mais ágil do
que todo o movimento, atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza.
Ela é um sopro do poder de Deus, emanação pura da glória do
Omnipotente; por isso nenhuma impureza a pode atingir.
Ela é o esplendor da luz eterna, espelho puríssimo da actividade de
Deus, imagem da sua bondade.
Sendo única, ela tudo pode e, imutável em si mesma, tudo renova. Ela
comunica-se de geração em geração pelas almas santas e forma os
amigos de Deus e os profetas,
pois Deus só ama quem habita com a Sabedoria.
Ela é mais formosa do que o sol e supera todas as constelações.
Comparada com a luz, aparece mais excelente porque à luz sucede a
noite, mas a maldade nada pode contra a Sabedoria.
pois a luz dá lugar à noite, mas sobre a sabedoria não prevalece o
mal.
Estende o seu vigor de um extremo ao outro da Terra e tudo governa
com harmonia.
Livro de Salmos 119(118),89.90.91.130.135.175.
Senhor, a vossa
palavra permanece para sempre
imutável como os céus.
A vossa fidelidade mantém-se de geração em geração,
como a terra que formastes e permanece.
Pela vossa vontade perduram as coisas até este dia
porque todas elas Vos estão sujeitas.
A manifestação das vossas palavras ilumina
e dá inteligência aos simples.
Fazei brilhar a vossa presença sobre o vosso servidor
e dai-me a conhecer os vossos decretos.
Viva a minha alma para Vos louvar
e os vossos juízos venham em meu auxílio.
Evangelho segundo São Lucas 17,20-25.
Naquele tempo, os
fariseus perguntaram a Jesus Cristo quando viria o reino de Deus e
Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem de maneira
visível
nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’ porque o reino de Deus está no meio de vós».
Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver
um dia do Filho (do homem) e não o vereis.
Hão-de dizer-vos: ‘Está ali’ ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os
sigais.
Pois assim como o relâmpago que faísca de um lado do horizonte e
brilha até ao lado oposto assim será o Filho (do homem) no seu dia.
Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Cassiano (c.
360-435), fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n.º 1
O Reino de Deus no meio de nós e dentro de nós
A meu
ver, seria indigno afastarmo-nos da contemplação de Jesus Cristo nem
que fosse um momento. Quando a nossa vida começar a desviar-se deste
objectivo divino, voltemos para ele os olhos do nosso coração e
remetamos novamente para ele o olhar do nosso espírito. Tudo repousa
no santuário profundo da alma; quando o demónio é dele expulso e o
mal deixa de reinar, o reino de Deus estabelece-se em nós. Mas «o
reino de Deus», escreve o evangelista, «não vem de maneira visível;
[...] porque o reino de Deus está no meio de vós».
Ora em nós não pode haver senão ignorância ou conhecimento da
verdade, amor do vício ou da virtude, pelos quais entregamos o
reinado do nosso coração ao demónio ou a Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo, por sua vez, descreve assim a natureza deste reino:
«o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça,
paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,17). Assim, pois, se o reino
de Deus está dentro de nós e consiste em justiça, paz e
alegria, quem permanece
nestas virtudes está sem dúvida no reino de Deus. [...] Elevemos o
olhar da nossa alma para este reino que é alegria sem fim.
Sexta-feira, dia 17 de Novembro de 2017
Sexta-feira
da 32.ª semana do Tempo Comum
Todos os homens
que vivem na ignorância de Deus são verdadeiramente insensatos
porque, pelos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele
que é, nem reconheceram o Artífice, pela consideração das suas
obras.
Mas foi o fogo, o vento, o ar ligeiro, o ciclo dos astros, a água
impetuosa ou os luzeiros do céu que eles tomaram como deuses e
senhores do mundo.
Se, fascinados pela beleza das coisas, as tomaram por deuses,
reconheçam quanto é mais excelente o seu Senhor, pois foi o Autor
da beleza que as criou.
Se o que os impressionou foi a sua força e energia, compreendam
quanto é mais poderoso Aquele que as fez.
Porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia,
à contemplação do seu Autor.
Contudo, esses homens incorrem apenas em ligeira censura porque
talvez se extraviem, buscando a Deus e desejando encontrá-l’O:
ocupados na investigação das suas obras, deixam-se seduzir pelas
aparências, pois são belas as coisas que vêm.
Mas nem esses têm desculpa:
se conseguiram obter tanta ciência que podem examinar o mundo, como
não encontraram mais depressa o Senhor do mundo?
Livro de Salmos 19(18),2-3.4-5.
Os céus
proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.
Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.
Evangelho segundo São Lucas 17,26-37.
Naquele tempo,
disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Como sucedeu nos dias de
Noé assim será também nos dias do Filho (do homem):
Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que
Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio que os fez perecer a
todos.
Do mesmo modo sucedeu nos dias de Lot: Comiam e bebiam, compravam e
vendiam, plantavam e construíam.
Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus mandou do céu uma chuva
de fogo e enxofre que os fez perecer a todos.
Assim será no dia em que Se manifestar o Filho (do homem).
Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver coisas em casa não
desça para as tirar e quem estiver no campo não volte atrás.
Lembrai-vos da mulher de Lot.
Quem procurar salvar a vida há-de perdê-la e quem a perder há-de
salvá-la.
Eu vos digo que, nessa noite, estarão dois num leito: um será
tomado e o outro deixado;
estarão duas mulheres a moer juntamente: uma será tomada e a outra
deixada.
Dois homens estarão no campo: um será tomado e outro será deixado».
Então os discípulos perguntaram a Jesus Cristo: «Senhor, onde será
isto?». Ele respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo, aí se juntarão
os abutres».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santa Faustina Kowalska
(1905-1938), religiosa
Diário, § 1230
«Quem perder a sua vida há de
salvá-la»
Ó dia eterno, dia
desejado,
Espero-te com nostalgia e impaciência
E em breve o amor rasgará os véus,
E Tu serás a minha salvação.
Ó mais lindo dia, momento incomparável
Em que pela primeira vez o Senhor Deus contemplarei,
Esposo da minha alma e Senhor dos senhores
Em que o medo não dominará a minha alma.
Dia soleníssimo, dia luminoso
Em que a alma estará na presença de Deus
em seu poder, mergulhando inteira
no seu amor
E saberá que já passaram as misérias do exílio.
Dia feliz, dia abençoado,
Em que o meu coração arderá num eterno amor
Pois já agora te pressinto, embora velado.
Na vida, na morte, Jesus sois meu encanto.
Dia com que toda a minha vida sonhei
Por Ti espero impaciente, ó Senhor Deus,
Pois que Tu és tudo o que eu desejo,
Tu és o Único no meu coração: tudo o resto nada vale.
Dia de delícias, de doçura infinita
Esposo meu e Deus de grande majestade
Sabereis que mais nada sacia um coração virginal
E sobre o teu doce coração reclino a cabeça.
Sábado, dia 18 de Novembro de 2017
Sábado da
32.a semana do Tempo Comum
Quando um
silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite estava no
meio do seu curso,
a vossa palavra omnipotente, Senhor, veio do alto dos Céus, do
seu trono real. Como implacável guerreiro, para o meio de uma
terra de ruína, trazia, como espada afiada,
o vosso decreto irrevogável. Parou e encheu de morte o universo;
tocava o céu e caminhava sobre a Terra.
Toda a criação, obedecendo às vossas ordens, tomava novas formas
segundo a sua natureza, para guardar sãos e salvos os vossos
filhos.
Viu-se a nuvem cobrir de sombra o acampamento, a terra enxuta
surgir do que antes era água, o Mar Vermelho tornar-se um caminho
livre e as ondas impetuosas uma planície verdejante.
Por ali passou um povo inteiro, protegido pela vossa mão,
contemplando prodígios admiráveis.
Expandiram-se como cavalos na pradaria e saltavam como cordeiros,
cantando a vossa glória, Senhor, seu libertador.
Livro de Salmos 105(104),2-3.36-37.42-43.
Cantai salmos
e hinos ao Senhor,
proclamai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu nome santo,
exulte o coração dos que procuram o Senhor.
Feriu de morte todos os primogénitos do Egipto,
as primícias da sua raça
e fez sair o seu povo carregado de prata e ouro
e não havia enfermo nas suas tribos.
Não Se esqueceu da palavra sagrada
que dera a Abraão, seu servidor;
e fez sair o povo com alegria,
os seus eleitos com gritos de júbilo.
Evangelho segundo São Lucas 18,1-8.
Naquele
tempo, Jesus Cristo disse aos seus discípulos uma parábola sobre
a necessidade de orar sempre sem desanimar:
«Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem
respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia:
‘Faz-me justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse
consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens;
mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça para
que não venha incomodar-me indefinidamente’».
E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos que por Ele
clamam dia e noite e iria fazê-los esperar muito tempo?
Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar
o Filho (do homem), encontrará fé sobre a Terra?»
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Clímaco (c.
575-c. 650), monge do Monte Sinai
«A Escada Santa»
Deus, único mestre de oração
A oração é, quanto à sua
natureza, a conversa e a união da alma com Deus; quanto à sua
eficácia, é a conservação do mundo e a sua reconciliação com
Deus, um ponto elevado acima das tentações, uma muralha contra as
tribulações, a extinção das guerras, a alegria futura, a actividade
que não cessa, a fonte das graças, a dadora dos carismas, um
progresso invisível, o alimento da alma, a iluminação do
espírito, o machado que corta o desespero, a expulsão da
tristeza, a redução da ira, o espelho do progresso, a manifestação
da nossa medida, o teste ao estado da nossa alma, a revelação das
coisas futuras, o anúncio seguro da glória.
Tem coragem e terás o próprio Deus como mestre de oração. É
impossível aprender a ver por meio de palavras porque ver é um
efeito da natureza. Assim também é impossível aprender a beleza
da oração através dos ensinamentos de outros. A oração só se aprende na
oração e o seu mestre é Deus que ensina ao homem a ciência [...],
que concede o dom da oração àquele que ora, que abençoa os anos
dos justos. ©
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