segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Cristianismo 234 até 18-11-2017


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


Domingo, dia 12 de Novembro de 2017

32.º Domingo do Tempo Comum

A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável; deixa-se ver facilmente àqueles que a amam
e faz-se encontrar aos que a procuram. Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam.
Quem a busca desde a aurora não se fatigará porque há-de encontrá-la já sentada à sua porta.
Meditar sobre ela é prudência consumada e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados.
Procura por toda a parte os que são dignos dela: aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.

Livro de Salmos 63(62),2.3-4.5-6.7-8.
Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro
como terra árida, sequiosa, sem água.

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores.

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.

Quando no leito Vos recordo,
passo a noite a pensar em Vós.
Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.

1.ª Carta aos Tessalonicenses 4,13-18.
Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos para não vos contristardes como os outros que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus Cristo morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus Cristo os que em Jesus tiverem morrido.
Eis o que temos para vos dizer, segundo uma palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Jesus Cristo ressuscitarão primeiro.
Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

Evangelho segundo São Mateus 25,1-13.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a dez jovens que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo,
enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite ouviu-se um brado: ‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’.
Então as jovens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’.
Mas as prudentes responderam: ‘Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores’.
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’.
Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’.
Portanto, vigiai porque não sabeis o dia nem a hora».
(Nesta parábola podemos fazer a seguinte interpretação:
Lâmpadas = Vida. Umas levavam a que tinham; outras levavam também uma reserva que foram ganhando.   
Almotolias = reservas
Hora = a hora do falecimento ninguém sabe quando. As que tinham Vida = aura entraram; as outras ficaram de fora como todos os que gastaram a sua Vida estupidamente e nunca ganharam Vida.
O esposo = Jesus Cristo é o responsável pelo mundo dos seres humanos.)

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 93
«No meio da noite»
As dez jovens quiseram, todas elas, ir ao encontro do esposo. Que significa ir ao encontro do esposo? É ir com o coração, é viver na expectativa da sua chegada. Mas ele tardava a vir e elas adormeceram. [...] Que significa isto? Há um sono a que ninguém pode escapar. Recordai aquelas palavras do apóstolo Paulo: «Não queremos, irmão, que ignoreis o que diz respeito aos que dormem» (1Tes 4,12), isto é, aos que morreram. [...] Elas adormeceram todas. Pensais que a virgem prudente pode escapar à morte? Não, sejam elas prudentes ou insensatas, todas têm de passar pelo sono da morte. [...]
«No meio da noite ouviu-se um brado». Que quer isto dizer? Que é quando ninguém pensa, quando ninguém espera... Ele virá quando menos pensarmos nisso. Porque vem Ele assim? Porque «não vos compete conhecer o tempo ou a hora que o Pai fixou na sua autoridade» (At 1,7). «O dia do Senhor», diz o apóstolo Paulo, «virá como um ladrão em plena noite» (1Tes 5,3). Vigiai, pois, durante a noite para não serdes surpreendidos pelo ladrão. Porque, que queirais quer não, o sono da morte virá necessariamente. [...]
E, no entanto, isso só acontecerá quando se ouvir um grito no meio da noite. Que grito é este? É aquele de que o apóstolo Paulo diz: «Num instante, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Porque a trombeta soará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados» (1Cor 15,52). Após aquele grito que ressoou no meio da noite: «Aí vem o esposo», que acontecerá? «Levantaram-se todas».


Segunda-feira, dia 13 de Novembro de 2017

Segunda-feira da 32.ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : Santo Estanislau Kostka, religioso, +1568, São Diogo de Alcalá, religioso, +1463

Livro de Sabedoria 1,1-7.
Amai a justiça, vós que governais a Terra, pensai correctamente no Senhor e procurai-O com simplicidade de coração.
Porque Ele deixa-Se encontrar pelos que não O tentam e revela-Se aos que n’Ele confiam.
Os pensamentos tortuosos afastam de Deus e o Omnipotente, posto à prova, confunde os insensatos.
A Sabedoria não entra na alma maliciosa nem habita num corpo sujeito ao pecado.
Porque o Espírito sagrado, nosso educador, foge da hipocrisia, afasta-se dos pensamentos insensatos e retira-se quando chega a iniquidade (não-equidade).
A Sabedoria é um espírito amigo dos homens, mas não deixa sem castigo as palavras do blasfemo. Porque Deus é testemunha dos seus íntimos sentimentos, observa o seu coração segundo a verdade e ouve as suas palavras.
O Espírito do Senhor enche o universo; ele que abrange todas as coisas, sabe tudo o que se diz.

Livro de Salmos 139(138),1-3.4-6.7-8.9-10.
Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser:
sabeis quando me sento e quando me levanto.
De longe penetrais o meu pensamento,
Vós me vedes quando caminho e quando descanso,
Vós observais todos os meus passos.
Ainda a palavra me não chegou à língua
e já, Senhor, a conheceis perfeitamente.
Por todos os lados me envolveis
e sobre mim pondes a vossa mão.
Prodigiosa ciência que não posso compreender,
tão sublime que a não posso alcançar!
Onde poderei ocultar-me ao vosso espírito?

Onde evitarei a vossa presença?
Se subir ao céu, Vós lá estais;
se descer aos abismos, ali Vos encontrais.
Se voar nas asas da aurora,
se habitar nos confins do oceano,
mesmo ali a vossa mão me guiará
e a vossa direita me sustentará.

Evangelho segundo São Lucas 17,1-6.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os provoca.
Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o atirassem ao mar, do que ser ocasião de pecado para um só destes pequeninos.
Tende cuidado. Se teu irmão cometer uma ofensa, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Se te ofender sete vezes num dia e sete vezes vier ter contigo e te disser: ‘Estou arrependido’, tu lhe perdoarás».
Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’ e ela vos obedeceria».

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Carta de 15/07/1916
«Perdoa-lhe»
O amor não consiste em sentirmos que amamos, mas em querermos amar. Quando queremos amar, amamos; quando queremos amar acima de tudo, amamos acima de tudo. Se acontecer sucumbirmos a uma tentação, é porque o amor é demasiado fraco, não é porque ele não exista. Temos de chorar, como São Pedro, de nos arrepender, como São Pedro, [...] mas, também como ele, de dizer três vezes: «Amo-Te, amo-Te, amo-Te, Tu sabes que, apesar das minhas fragilidades e dos meus pecados, eu Te amo» (Jo 21,15s).
Quanto ao amor que Jesus Cristo tem por nós, provou-o à abundância, para que nele acreditemos mesmo sem o sentirmos. Sentir que O amamos e que Ele nos ama seria o céu; mas o céu, salvo em raros momentos e com algumas excepções, não é cá em baixo.
Lembremos sempre uns aos outros esta dupla história: a das graças que Deus nos deu pessoalmente desde o nascimento e a das nossas infidelidades; aí acharemos [...] motivos infinitos para nos perdermos, com ilimitada confiança, no seu amor. Ele ama-nos porque é bom, não porque nós sejamos bons; não é verdade que as mães amam os filhos desencaminhados? E muitas razões havemos de encontrar para nos enterrarmos na humildade e na falta de confiança em nós próprios. Procuremos resgatar uma parte dos nossos pecados através do amor ao próximo, do bem que fazemos ao próximo. A caridade para com o próximo, os esforços para fazer bem aos outros são um excelente remédio para as tentações: é passar da simples defesa ao contra-ataque.


Terça-feira, dia 14 de Novembro de 2017

Terça-feira da 32.ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : São José Pignatelli, presbítero, +1811

Livro de Sabedoria 2,23-24.3,1-9.
Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza.
Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.
Mas as almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento os atingirá.
Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; a sua saída deste mundo foi considerada uma desgraça
e a sua partida do meio de nós um aniquilamento. Mas eles estão em paz.
Aos olhos dos homens eles sofreram um castigo, mas a sua esperança estava cheia de imortalidade.
Depois de leve pena, terão grandes benefícios porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de Si.
Experimentou-os como ouro no crisol e aceitou-os como sacrifício de holocausto.
No tempo da recompensa hão-de resplandecer, correndo como centelhas através da palha.
Hão-de governar as nações e dominar os povos e o Senhor reinará sobre eles eternamente.
Os que n’Ele confiam compreenderão a verdade e os que Lhe são fiéis permanecerão com Ele no amor, pois a graça e a fidelidade são para os seus santos e a sua vinda será benéfica para os seus eleitos.

Livro de Salmos 34(33),2-3.16-17.18-19.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os ouvidos atentos aos seus rogos.
A presença do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da Terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.

Evangelho segundo São Lucas 17,7-10.
Naquele tempo, disse o Senhor: «Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele volta do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’». (servo/escravo ≠ servidor/homem livre; porquê inúteis? Porque apenas obedecem e Deus dá-nos o livre arbítrio para sermos capazes de decidir por nós mesmos. Quem não sabe decidir não conseguirá viver com Jesus Cristo porque não chegará lá e cairá nas mentiras do Maligno; só quem sabe decidir faz a escolha correcta para a Vida na altura do falecimento. Servos inúteis porque nunca conseguirão entrar na Vida; serão sempre levados pelo engano)

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«A simple path»
«Somos inúteis servos»
Não vos inquieteis à procura da causa dos grandes problemas da humanidade; contentai-vos em fazer o que puderdes pela sua resolução, ajudando aqueles que precisam. Há quem me diga que, praticando a caridade com os outros, libertamos o Estado das suas responsabilidades para com os pobres e os necessitados. É coisa que não me preocupa porque, em geral, os Estados não dão amor. Por mim, faço tudo o que posso; o resto não me compete.
Deus foi tão bom connosco! Trabalhar no amor é sempre uma maneira de nos aproximarmos dele. Reparai no que Jesus Cristo fez durante a sua vida na Terra: passou fazendo o bem (At 10,38). Eu recordo às minhas irmãs que Ele passou os três anos da sua vida pública a cuidar dos doentes, dos leprosos, das crianças e de muitos outros. É exactamente isso que nós fazemos, pregando o Evangelho com as obras.
Consideramos que servir os outros é um privilégio e procuramos fazê-lo, a cada instante, com todo o nosso coração. Sabemos perfeitamente que os nossos actos são uma gota de água no oceano, mas sem eles faltaria essa gota.


Quarta-feira, dia 15 de Novembro de 2017

Quarta-feira da 32.ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : Santo Alberto Magno, bispo, Doutor da Igreja, +1280

Livro de Sabedoria 6,2-11.
Escutai, ó reis, e procurai compreender; aprendei governantes de toda a Terra. Prestai atenção, vós que reinais sobre as multidões e vos gloriais do número dos vossos povos!
Do Senhor recebestes o poder e do Altíssimo a soberania; Ele examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções.
Sendo ministros do seu reino, não governastes com rectidão, não cumpristes a lei nem seguistes a vontade de Deus.
Ele virá sobre vós, terrível e repentino porque julga severamente os que dominam.
Ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão examinados com rigor.
O Senhor de todos não teme ninguém nem Se impressiona com a grandeza. Ele criou o pequeno e o grande e a sua providência é igual para todos;
mas aos poderosos reserva um exame severo.
É a vós, soberanos, que se dirigem as minhas palavras, a fim de aprenderdes a Sabedoria e não cairdes em falta.
Porque os que santamente tiverem guardado as leis santas serão declarados santos e os que nelas se tiverem instruído encontrarão segura defesa.
Procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis instruídos.

Livro de Salmos 82(81),3-4.6-7.
Defendei o órfão e o desprotegido,
fazei justiça ao humilde e ao pobre.
Salvai o oprimido e o indigente,
libertai-o das mãos dos ímpios.

O Senhor disse: «Vós sois deuses,
todos vós sois filhos do Altíssimo.
Mas, como homens, morrereis,
como os príncipes, todos vós sucumbireis».

Evangelho segundo São Lucas 17,11-19.
Naquele tempo, indo Jesus Cristo a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia.
Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância,
disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós».
Ao vê-los, Jesus Cristo disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra.
Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz,
e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus Cristo para Lhe agradecer. Era um samaritano.
Jesus Cristo, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove?
Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». (os outros nove consideravam-se demasiado espertos e superiores)
E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Vida de São Francisco de Assis, chamada «Colectânea de Perugia» (c. 1311)
§43
«Dar glória a Deus»
Dois anos antes da sua morte, o bem-aventurado Francisco estava já muito doente, sofrendo especialmente dos olhos. [...] Esteve mais de cinquenta dias sem poder suportar a luz do sol durante o dia nem a claridade do lume durante a noite. Permanecia na obscuridade dentro de casa, na sua cela. [...] Certa noite, reflectindo acerca das tribulações que sofria, teve pena de si mesmo e disse: «Senhor, socorre-me nas minhas enfermidades, para que eu tenha força para suportá-las com paciência!» E de repente, ouviu em espírito uma voz: «Diz-me, irmão: se, como compensação dos teus sofrimentos e tribulações, te dessem um tesouro imenso e precioso, [...] não te alegrarias? [...] Compraz-te e vive na alegria, no meio das tuas enfermidades e tribulações: a partir de agora, vive em paz como se participasses já do meu Reino».
No dia seguinte, disse aos seus companheiros [...]: «Deus deu-me uma tal graça e bênção que, na sua misericórdia, Se dignou assegurar-me, a mim, seu indigno servidor que ainda vivo cá em baixo, que participarei do seu Reino. Assim, para sua glória, para minha consolação e edificação do próximo, quero compor um novo louvor ao Senhor pelas suas criaturas. Todos os dias estas atendem às nossas necessidades, sem elas não poderíamos viver e por elas o género humano ofende muito o Criador. E todos os dias nós ignoramos tão grande bem, não louvando como deveríamos o Criador e dispensador de todos estes dons». [...]
A esse louvor ao Senhor, que começa por: «Altíssimo, omnipotente e bom Senhor», chamou-lhe Cântico do irmão Sol. Com efeito, essa é a mais bela das criaturas que podemos, mais que qualquer outra, comparar a Deus. E ele dizia: «Ao nascer do Sol, todo o homem deveria louvar a Deus por ter criado esse astro que durante o dia dá aos olhos a sua luz; à tardinha, quando cai a noite, todo o homem deveria louvar a Deus por esta outra criatura, o nosso irmão fogo que, nas trevas, permite que os nossos olhos vejam claro. Somos todos como cegos e é por estas duas criaturas que Deus nos dá a luz. Por isso, por estas criaturas e pelas outras que nos servem diariamente, devemos louvar muito particularmente o seu glorioso Criador».
Ele próprio o fazia de todo o coração, estivesse doente ou são e incitava os outros a cantarem a glória do Senhor. Já doente, entoava muitas vezes este cântico e pedia aos seus companheiros que o prosseguissem; esquecia, deste modo, considerando a glória do Senhor, a violência das suas dores e dos seus males. Procedeu assim até ao dia da sua morte.


Quinta-feira, dia 16 de Novembro de 2017

Quinta-feira da 32.ª semana do Tempo Comum

Na Sabedoria há um espírito inteligente, santo, único, multiforme, subtil, veloz, perspicaz, sem mancha; um espírito lúcido, inalterável, amigo do bem; penetrante,
irreprimível, benfazejo, amigo dos homens; firme, seguro, sereno; ele tudo pode, tudo abrange e penetra todos os espíritos, os mais inteligentes, mais puros e mais subtis.
A Sabedoria é mais ágil do que todo o movimento, atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza.
Ela é um sopro do poder de Deus, emanação pura da glória do Omnipotente; por isso nenhuma impureza a pode atingir.
Ela é o esplendor da luz eterna, espelho puríssimo da actividade de Deus, imagem da sua bondade.
Sendo única, ela tudo pode e, imutável em si mesma, tudo renova. Ela comunica-se de geração em geração pelas almas santas e forma os amigos de Deus e os profetas,
pois Deus só ama quem habita com a Sabedoria.
Ela é mais formosa do que o sol e supera todas as constelações. Comparada com a luz, aparece mais excelente porque à luz sucede a noite, mas a maldade nada pode contra a Sabedoria.
pois a luz dá lugar à noite, mas sobre a sabedoria não prevalece o mal.
Estende o seu vigor de um extremo ao outro da Terra e tudo governa com harmonia.

Livro de Salmos 119(118),89.90.91.130.135.175.
Senhor, a vossa palavra permanece para sempre
imutável como os céus.
A vossa fidelidade mantém-se de geração em geração,
como a terra que formastes e permanece.

Pela vossa vontade perduram as coisas até este dia
porque todas elas Vos estão sujeitas.
A manifestação das vossas palavras ilumina
e dá inteligência aos simples.

Fazei brilhar a vossa presença sobre o vosso servidor
e dai-me a conhecer os vossos decretos.
Viva a minha alma para Vos louvar
e os vossos juízos venham em meu auxílio.

Evangelho segundo São Lucas 17,20-25.
Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus Cristo quando viria o reino de Deus e Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem de maneira visível
nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’ porque o reino de Deus está no meio de vós».
Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver um dia do Filho (do homem) e não o vereis.
Hão-de dizer-vos: ‘Está ali’ ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os sigais.
Pois assim como o relâmpago que faísca de um lado do horizonte e brilha até ao lado oposto assim será o Filho (do homem) no seu dia.
Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São João Cassiano (c. 360-435), fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n.º 1
O Reino de Deus no meio de nós e dentro de nós
A meu ver, seria indigno afastarmo-nos da contemplação de Jesus Cristo nem que fosse um momento. Quando a nossa vida começar a desviar-se deste objectivo divino, voltemos para ele os olhos do nosso coração e remetamos novamente para ele o olhar do nosso espírito. Tudo repousa no santuário profundo da alma; quando o demónio é dele expulso e o mal deixa de reinar, o reino de Deus estabelece-se em nós. Mas «o reino de Deus», escreve o evangelista, «não vem de maneira visível; [...] porque o reino de Deus está no meio de vós».
Ora em nós não pode haver senão ignorância ou conhecimento da verdade, amor do vício ou da virtude, pelos quais entregamos o reinado do nosso coração ao demónio ou a Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo, por sua vez, descreve assim a natureza deste reino: «o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,17). Assim, pois, se o reino de Deus está dentro de nós e consiste em justiça, paz e alegria, quem permanece nestas virtudes está sem dúvida no reino de Deus. [...] Elevemos o olhar da nossa alma para este reino que é alegria sem fim.


Sexta-feira, dia 17 de Novembro de 2017

Sexta-feira da 32.ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : Santa Isabel, rainha da Hungria, +1231

Livro de Sabedoria 13,1-9.
Todos os homens que vivem na ignorância de Deus são verdadeiramente insensatos porque, pelos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele que é, nem reconheceram o Artífice, pela consideração das suas obras.
Mas foi o fogo, o vento, o ar ligeiro, o ciclo dos astros, a água impetuosa ou os luzeiros do céu que eles tomaram como deuses e senhores do mundo.
Se, fascinados pela beleza das coisas, as tomaram por deuses, reconheçam quanto é mais excelente o seu Senhor, pois foi o Autor da beleza que as criou.
Se o que os impressionou foi a sua força e energia, compreendam quanto é mais poderoso Aquele que as fez.
Porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor.
Contudo, esses homens incorrem apenas em ligeira censura porque talvez se extraviem, buscando a Deus e desejando encontrá-l’O:
ocupados na investigação das suas obras, deixam-se seduzir pelas aparências, pois são belas as coisas que vêm.
Mas nem esses têm desculpa:
se conseguiram obter tanta ciência que podem examinar o mundo, como não encontraram mais depressa o Senhor do mundo?

Livro de Salmos 19(18),2-3.4-5.
Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.

Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.

Evangelho segundo São Lucas 17,26-37.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Como sucedeu nos dias de Noé assim será também nos dias do Filho (do homem):
Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio que os fez perecer a todos.
Do mesmo modo sucedeu nos dias de Lot: Comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam.
Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus mandou do céu uma chuva de fogo e enxofre que os fez perecer a todos.
Assim será no dia em que Se manifestar o Filho (do homem).
Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver coisas em casa não desça para as tirar e quem estiver no campo não volte atrás.
Lembrai-vos da mulher de Lot.
Quem procurar salvar a vida há-de perdê-la e quem a perder há-de salvá-la.
Eu vos digo que, nessa noite, estarão dois num leito: um será tomado e o outro deixado;
estarão duas mulheres a moer juntamente: uma será tomada e a outra deixada.
Dois homens estarão no campo: um será tomado e outro será deixado».
Então os discípulos perguntaram a Jesus Cristo: «Senhor, onde será isto?». Ele respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres».

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa
Diário, § 1230
«Quem perder a sua vida há de salvá-la»
Ó dia eterno, dia desejado,  
Espero-te com nostalgia e impaciência
E em breve o amor rasgará os véus,
E Tu serás a minha salvação.

Ó mais lindo dia, momento incomparável
Em que pela primeira vez o Senhor Deus contemplarei,
Esposo da minha alma e Senhor dos senhores
Em que o medo não dominará a minha alma.

Dia soleníssimo, dia luminoso
Em que a alma estará na presença de Deus
em seu poder, mergulhando inteira no seu amor
E saberá que já passaram as misérias do exílio.

Dia feliz, dia abençoado,
Em que o meu coração arderá num eterno amor
Pois já agora te pressinto, embora velado.
Na vida, na morte, Jesus sois meu encanto.

Dia com que toda a minha vida sonhei
Por Ti espero impaciente, ó Senhor Deus,
Pois que Tu és tudo o que eu desejo,
Tu és o Único no meu coração: tudo o resto nada vale.

Dia de delícias, de doçura infinita
Esposo meu e Deus de grande majestade
Sabereis que mais nada sacia um coração virginal
E sobre o teu doce coração reclino a cabeça.

Sábado, dia 18 de Novembro de 2017

Sábado da 32.a semana do Tempo Comum

Festa da Igreja : Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo
Santo do dia :
Beato Domingos Jorge, leigo, mártir, +1619

Livro de Sabedoria 18,14-16.19,6-9.
Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite estava no meio do seu curso,
a vossa palavra omnipotente, Senhor, veio do alto dos Céus, do seu trono real. Como implacável guerreiro, para o meio de uma terra de ruína, trazia, como espada afiada,
o vosso decreto irrevogável. Parou e encheu de morte o universo; tocava o céu e caminhava sobre a Terra.
Toda a criação, obedecendo às vossas ordens, tomava novas formas segundo a sua natureza, para guardar sãos e salvos os vossos filhos.
Viu-se a nuvem cobrir de sombra o acampamento, a terra enxuta surgir do que antes era água, o Mar Vermelho tornar-se um caminho livre e as ondas impetuosas uma planície verdejante.
Por ali passou um povo inteiro, protegido pela vossa mão, contemplando prodígios admiráveis.
Expandiram-se como cavalos na pradaria e saltavam como cordeiros, cantando a vossa glória, Senhor, seu libertador.

Livro de Salmos 105(104),2-3.36-37.42-43.
Cantai salmos e hinos ao Senhor,
proclamai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu nome santo,
exulte o coração dos que procuram o Senhor.

Feriu de morte todos os primogénitos do Egipto,
as primícias da sua raça
e fez sair o seu povo carregado de prata e ouro
e não havia enfermo nas suas tribos.

Não Se esqueceu da palavra sagrada
que dera a Abraão, seu servidor;
e fez sair o povo com alegria,
os seus eleitos com gritos de júbilo.

Evangelho segundo São Lucas 18,1-8.
Naquele tempo, Jesus Cristo disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar:
«Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens;
mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça para que não venha incomodar-me indefinidamente’».
E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos que por Ele clamam dia e noite e iria fazê-los esperar muito tempo?
Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho (do homem), encontrará fé sobre a Terra?»

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São João Clímaco (c. 575-c. 650), monge do Monte Sinai
«A Escada Santa»
Deus, único mestre de oração
A oração é, quanto à sua natureza, a conversa e a união da alma com Deus; quanto à sua eficácia, é a conservação do mundo e a sua reconciliação com Deus, um ponto elevado acima das tentações, uma muralha contra as tribulações, a extinção das guerras, a alegria futura, a actividade que não cessa, a fonte das graças, a dadora dos carismas, um progresso invisível, o alimento da alma, a iluminação do espírito, o machado que corta o desespero, a expulsão da tristeza, a redução da ira, o espelho do progresso, a manifestação da nossa medida, o teste ao estado da nossa alma, a revelação das coisas futuras, o anúncio seguro da glória.
Tem coragem e terás o próprio Deus como mestre de oração. É impossível aprender a ver por meio de palavras porque ver é um efeito da natureza. Assim também é impossível aprender a beleza da oração através dos ensinamentos de outros. A oração só se aprende na oração e o seu mestre é Deus que ensina ao homem a ciência [...], que concede o dom da oração àquele que ora, que abençoa os anos dos justos.
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