"Senhor, a quem
iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 20 de Março de 2016
DOMINGO DE RAMOS E DA
PAIXÃO DO SENHOR - Ano C
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo para que eu
saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele
desperta os meus ouvidos para eu escutar como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a
barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e por isso não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido.
Livro de Salmos
22(21),8-9.17-18a.19-20.23-24.
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve se é seu amigo».
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós que amais o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
Carta aos Filipenses
2,6-11.
Cristo Jesus que era de condição divina, não Se valeu da sua proximidade
com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se
semelhante aos homens. Aparecendo como homem,
humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes
para que ao nome de Jesus Cristo todos se ajoelhem no céu, na Terra e nos
abismos
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus e
Pai.
Evangelho segundo S.
Lucas 22,14-71.23,1-56.
Quando chegou a hora, Jesus Cristo sentou-Se à mesa com os seus
Apóstolos
e disse-lhes: «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes
de padecer;
pois digo-vos que não tornarei a comê-la até que se realize plenamente no
reino de Deus».
Então, tomando um cálice, deu graças e disse: «Tomai e reparti entre vós,
pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira até que venha o
reino de Deus».
Depois tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: «Isto é o
meu Corpo entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim».
No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova
aliança no meu Sangue, derramado por vós.
Entretanto está comigo à mesa a mão daquele que Me vai entregar.
O Filho (do homem) vai partir como está determinado. Mas ai daquele por quem
Ele vai ser entregue!».
Começaram então a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer semelhante
coisa.
Levantou-se também entre eles uma questão: qual deles se devia considerar o
maior?
Disse-lhes Jesus Cristo: «Os reis das nações exercem domínio sobre elas e os
que têm sobre elas autoridade são chamados benfeitores.
Vós não deveis proceder desse modo. O maior entre vós seja como o menor e
aquele que manda seja como quem serve.
Pois quem é o maior: o que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à
mesa? Ora Eu estou no meio de vós como aquele que serve.
Vós estivestes sempre comigo nas minhas provações.
E Eu preparo para vós um reino como meu Pai o preparou para Mim:
comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino e sentar-vos-eis em tronos, a
julgar as doze tribos de Israel.
Simão, Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo.
Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez
convertido, fortalece os teus irmãos».
Pedro respondeu-Lhe: «Senhor, eu estou pronto a ir contigo até para a prisão
e para a morte».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Eu te digo, Pedro: Não cantará hoje o galo sem que
tu, por três vezes, negues conhecer-Me».
Depois acrescentou: «Quando vos enviei sem bolsa nem alforge nem sandálias,
faltou-vos alguma coisa?». Eles responderam que não lhes faltara nada.
Disse-lhes Jesus Cristo: «Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue nela bem como
no alforge e quem não tiver espada venda a capa e compre uma.
Porque Eu vos digo que se deve cumprir em Mim o que está escrito: ‘Foi
contado entre os malfeitores’. Na verdade, o que Me diz respeito está a
chegar ao fim».
Eles disseram: «Senhor, estão aqui duas espadas». Mas Jesus Cristo respondeu:
«Basta».(porque eles não tinham compreendido as suas palavras; precisariam
das espadas quando Ele já não estivesse com eles)
Então saiu e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras e os discípulos
acompanharam-n’O.
Quando chegou ao local, disse-lhes: «Orai para não entrardes em tentação».
Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-Se de joelhos,
começou a orar, dizendo:
«Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia não se faça a minha
vontade, mas a tua».
Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu, para O confortar.
Entrando em angústia, orava mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como
grossas gotas de sangue que caíam na terra.
Depois de ter orado, levantou-Se e foi ter com os discípulos que encontrou a
dormir, por causa da tristeza. (porque tinham sido tomados pelas trevas que
os pôs a dormir)
Disse-lhes Jesus Cristo: «Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai para
não entrardes em tentação».
Ainda Ele estava a falar quando apareceu uma multidão de gente. O chamado
Judas, um dos Doze, vinha à sua frente e aproximou-se de Jesus Cristo para O
beijar.
Disse-lhe Jesus Cristo: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do
homem?».
Ao verem o que ia suceder, os que estavam com Jesus Cristo perguntaram-Lhe:
«Senhor, vamos feri-los à espada?».
E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
Mas Jesus Cristo interveio, dizendo: «Basta! Deixai-os». E tocando na orelha
do homem, curou-o.
Disse então Jesus Cristo aos que tinham vindo ao seu encontro, príncipes dos
sacerdotes, oficiais do templo e anciãos: «Vós saístes com espadas e varapaus
como se viésseis ao encontro de um salteador.
Eu estava todos os dias convosco no templo e não Me deitastes as mãos. Mas
esta é a vossa hora e o poder das trevas.
Apoderaram-se então de Jesus Cristo, levaram-n’O e introduziram-n’O em casa
do sumo sacerdote. Pedro seguia-os de longe.
Acenderam uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se em volta dela e Pedro
foi sentar-se no meio deles.
Ao vê-lo sentado ao lume, uma criada, fitando os olhos nele, disse: «Este
homem também andava com Jesus».
Mas Pedro negou: «Não O conheço, mulher».
Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: «Tu também és um deles». Mas Pedro
disse: «Homem, não sou».
«Esse homem, com certeza, também andava com Jesus, pois até é galileu». Pedro
respondeu:
«Homem, não sei o que dizes». Nesse instante __ ainda ele falava __ um galo
cantou.
O Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro. Então Pedro lembrou-se da
palavra do Senhor quando lhe disse: ‘Antes de o galo cantar, Me negarás três
vezes’.
E saindo para fora, chorou amargamente.
Entretanto os homens que guardavam Jesus Cristo troçavam d’Ele e
maltratavam-n’O.
Cobrindo-Lhe o rosto, perguntavam-Lhe: «Adivinha, profeta: Quem Te bateu?».
E dirigiam-Lhe muitos outros insultos.
Ao romper do dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, os príncipes dos
sacerdotes e os escribas. Levaram-n’O ao seu tribunal
e disseram-Lhe: «Diz-nos se Tu és o Messias». Jesus Cristo respondeu-lhes:
«Se Eu vos disser, não acreditareis
e se fizer alguma pergunta, não respondereis.
Mas o Filho do homem sentar-Se-á doravante à direita do poder de Deus».
Disseram todos: «Tu és então o Filho de Deus?» Jesus Cristo respondeu-lhes:
«Vós mesmos dizeis que Eu sou».
Então exclamaram: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Nós próprios o
ouvimos da sua boca».
Levantaram-se todos e levaram Jesus Cristo a Pilatos.
Começaram a acusá-l’O, dizendo: «Encontrámos este homem a sublevar o nosso
povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o
Messias-Rei».
Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?» Jesus Cristo respondeu-lhe:
«Tu o dizes».
Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nada
de culpável neste homem».
Mas eles insistiam: «Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a
Galileia, onde começou, até aqui».
Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu;
e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, enviou-O a Herodes que também
estava nesses dias em Jerusalém.
Ao ver Jesus Cristo, Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que
O queria ver, pelo que ouvia dizer d’Ele, e esperava que fizesse algum
milagre na sua presença.
Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu.
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam, acusavam-n’O com
insistência.
Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O
cobrir com um manto magnífico e remeteu-O a Pilatos.
Herodes e Pilatos, que eram inimigos, ficaram amigos nesse dia.
Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os chefes e o povo e
disse-lhes:
«Trouxestes este homem à minha presença como agitador do povo. Interroguei-O
diante de vós e não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais.
Herodes também não, uma vez que no-l’O mandou de novo. Como vedes, não
praticou nada que mereça a morte.
Vou, portanto soltá-l’O, depois de O mandar castigar».
Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso por ocasião da festa.
E todos se puseram a gritar: «Mata Esse e solta-nos Barrabás».
Barrabás tinha sido metido na cadeia por causa de uma insurreição
desencadeada na cidade e por assassínio.
De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, querendo libertar Jesus Cristo.
Mas eles gritavam: «Crucifica-O! Crucifica-O!».
Pilatos falou-lhes pela terceira vez: «Mas que mal fez este homem? Não
encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. Por isso vou soltá-l’O, depois de O
mandar castigar».
Mas eles continuavam a gritar, pedindo que fosse crucificado e os seus
clamores aumentavam de violência.
Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam:
soltou aquele que fora metido na cadeia por insurreição e assassínio, como
eles reclamavam, e entregou-lhes Jesus Cristo para o que eles queriam.
Quando O conduziam, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do
campo, e puseram-lhe a cruz às costas para a levar atrás de Jesus Cristo.
(Jesus Cristo curou tantos com a sua própria vida, adquirindo os seus males;
outro estava a transportar a sua cruz)
Seguia-O grande multidão de povo e mulheres que batiam no peito e se
lamentavam, chorando por Ele.
Mas Jesus Cristo voltou-Se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não
choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos;
pois dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não
geraram e os peitos que não amamentaram’.
Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’ e às colinas: ‘Cobri-nos’.
Porque, se tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?». (= se
tratam assim quem lhes tem feito tanto bem; que não farão aos que o seguiam…)
Levavam ainda dois malfeitores para serem executados com Jesus Cristo.
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos
malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Jesus Cristo dizia: «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem». Depois
deitaram sortes para repartirem entre si as vestes de Jesus Cristo.
O povo permanecia ali a observar. Por sua vez, os chefes zombavam e diziam:
«Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito».
Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre,
diziam: «Se és o Rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo».
Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos Judeus».
Entretanto um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O,
dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que
sofres o mesmo suplício?
Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções.
Mas Ele nada praticou de condenável».
E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres com a tua realeza».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no
Paraíso».
Era já quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a Terra até às três
horas da tarde
porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo rasgou-se ao meio.
E Jesus Cristo exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito». Dito isto, expirou.
Vendo o que sucedera, o centurião deu glória a Deus, dizendo: «Realmente este
homem era justo».
E toda a multidão que tinha assistido àquele espetáculo, ao ver o que se
passava, regressava batendo no peito.
Todos os conhecidos de Jesus Cristo, bem como as mulheres que O acompanhavam
desde a Galileia, mantinham-se à distância, observando estas coisas.
Havia um homem chamado José, da cidade de Arimateia, que era pessoa recta e
justa e esperava o reino de Deus. Era membro do Sinédrio,
mas não tinha concordado com a decisão e o proceder dos outros.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus Cristo.
E depois de o ter descido da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num
sepulcro escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado.
Era o dia da Preparação e começavam a aparecer as luzes do sábado.
Entretanto as mulheres que tinham vindo com Jesus Cristo da Galileia
acompanharam José e observaram o sepulcro e a maneira como fora depositado o
corpo de Jesus Cristo.
No regresso, prepararam aromas e perfumes. E no sábado guardaram o descanso,
conforme o preceito.
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo André de Creta (660-740),
monge, bispo
Homilia para o Domingo de Ramos
«Eis o teu rei que vem a ti» (Zac 9,9; Mt 21,5)
Vinde, subamos
juntos ao Monte das Oliveiras; vamos ao encontro de Jesus Cristo. Ele vem
hoje de Betânia e avança de livre vontade para a sua santa e bem-aventurada
Paixão, a fim de levar a termo o mistério da nossa salvação. Vem, pois a
caminho de Jerusalém, Aquele que desceu do Céu por nós, quando jazíamos nas
profundezas, a fim de nos elevar com Ele, como dizem as Escrituras «acima de
todas as potestades e de todos os seres que nos dominam, seja qual for o seu
nome» (Ef 1,21). Mas vem sem ostentação e sem fausto porque, como diz o
profeta, «Ele não protestará, não gritará, não fará ouvir a sua voz» (Is
42,2). Será manso e humilde, fará a sua entrada sem alarde.
Vamos, corramos para Aquele que Se apressa para a sua Paixão; imitemos
aqueles que correram à sua frente. Não para estender sobre o caminho, como
eles fizeram, ramos de oliveira, vestes ou palmas. Nós próprios é que nos
devemos inclinar diante dele, tanto quanto pudermos, por humildade de coração
e rectidão de espírito, a fim de acolhermos o Verbo que vem (Jo 1,9), a fim de
que Deus encontre lugar em nós, Ele que nada pode conter.
Porque Ele Se alegra por Se mostrar assim, em toda a sua mansidão, Ele que é
manso, «Ele que se eleva acima do sol posto» (Is 14,14), quer dizer, acima da
nossa condição degradada. Pois veio para ser o nosso companheiro, para nos
elevar e reconduzir a Si pela palavra que nos une a Deus.
Segunda-feira,
dia 21 de Março de 2016
2.ª-FEIRA DA SEMANA
SANTA
Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu
eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito para
que leve a justiça às nações.
Não gritará nem levantará a voz nem se fará ouvir nas praças;
não quebrará a cana fendida nem apagará a torcida que ainda fumega:
proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá,
enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas
longínquas esperam.
Assim fala o Senhor Deus que criou e estendeu os céus, consolidou a terra e
o que ela produz, dá vida ao povo que a habita e respiração aos que sobre
ela caminham:
Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão,
formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações
para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da
prisão os que habitam nas trevas».
Livro de Salmos
27(26),1.2.3.13-14.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
Quando os malvados me assaltaram
para devorar a minha carne,
foram eles, meus inimigos e adversários,
que vacilaram e caíram.
Se um exército me vier cercar,
o meu coração não temerá.
Se contra mim travarem batalha,
mesmo assim terei confiança.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.
Evangelho segundo S. João 12,1-11.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus Cristo foi a Betânia, onde
vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que
estavam à mesa com Jesus Cristo.
Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu
os pés de Jesus Cristo e enxugou-Lhos com os cabelos e a casa encheu-se com
o perfume do bálsamo.
Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que havia de
entregar Jesus Cristo (porque era o administrador do dinheiro da
comunidade):
«Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos
pobres?»
Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão e,
tendo a bolsa comum, tirava o que nela se lançava.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume
para o dia da minha sepultura.
Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis».
Soube então grande número de judeus que Jesus Cristo Se encontrava ali e
vieram, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro que Ele
tinha ressuscitado dos mortos.
Entretanto os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro
porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam (do judaísmo) e
acreditavam em Jesus Cristo.
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cromácio de Aquileia
(?-407), bispo
Sermão 11
«Ela praticou uma boa obra para comigo» (Mt 26,10)
Hoje o
Evangelho conta-nos que, estando o Senhor à mesa com Lázaro, que Ele tinha
ressuscitado dos mortos, «Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro,
de alto preço e ungiu os pés de Jesus Cristo». [...] Esta Maria, lê-se no
Evangelho, agradou muito a Jesus Cristo pela grandeza extraordinária da sua
fé. Na passagem anterior, chorando a morte de seu irmão, fez com que o
Senhor também chorasse, conduzindo à ternura o Autor da ternura. E estando
prestes a ressuscitar Lázaro da morte, o Senhor chora com Maria, para
mostrar a sua própria ternura e os méritos dela. [...] As lágrimas do
Senhor mostram-nos o mistério da carne assumida; a ressurreição de Lázaro ilumina
a força da sua divindade. [...]
Vede a devoção e a fé desta santa mulher. Os outros estavam à mesa com o
Senhor; ela unge-Lhe os pés. Os outros conversavam com o Senhor; ela, no
silêncio da sua fé, enxuga-Lhe os pés com os cabelos. Os outros apareciam
para as honras; ela, para o serviço. Mas o serviço de Maria teve mais valor
aos olhos de Jesus Cristo do que o lugar de honra dos convivas. Aliás,
[...] o Senhor disse a seu respeito: «Em verdade vos digo: Em qualquer
parte do mundo onde este Evangelho for anunciado, há-de também narrar-se,
em sua memória, o que ela acaba de fazer» (Mt 26,13).
Qual foi então o serviço prestado por esta santa mulher, para que seja
difundido no mundo inteiro, e seja proclamado cada dia? Vede a sua
humildade. Ela não começou por ungir a cabeça do Senhor, mas os pés. [...]
Começou pelos pés, para merecer chegar à cabeça porque humilhando-se seria
exaltada, como está escrito, «e quem se exaltar será humilhado»(Mt 23,12).
Ela humilhou-se para ser exaltada.
Terça-feira,
dia 22 de Março de 2016
3.ª-FEIRA DA
SEMANA SANTA
Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai
atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome
desde o seio de minha mãe.
Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão.
Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava.
E disse-me: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha
glória».
E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas
forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no Senhor
Deus.
E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para
fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob e
reconduzir os sobreviventes de Israel. Eu tenho merecimento aos olhos do
Senhor e Deus é a minha força.
Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo para restaurares as
tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Farei de ti a
luz das nações para que a minha salvação chegue até aos confins da
terra».
Livro de Salmos
71(70),1-2.3-4a.5-6ab.15.17.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector.
A minha boca proclama a Vossa justiça
todos os dias, a Vossa salvação que é incontável.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
Evangelho segundo S. João 13,21-33.36-38.
Naquele tempo, estando Jesus Cristo à mesa com os discípulos,
sentiu-Se intimamente perturbado e declarou: «Em verdade, em verdade vos
digo: Um de vós Me entregará».
Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem de quem falava.
Um dos discípulos, o predilecto de Jesus Cristo, estava à mesa, mesmo a
seu lado.
Simão Pedro fez-lhe sinal e disse: «Pergunta-Lhe a quem Se refere».
Ele inclinou-Se sobre o peito de Jesus Cristo e perguntou-Lhe: «Quem é,
Senhor?»
Jesus Cristo respondeu: «É aquele a quem vou dar este bocado de pão
molhado». E molhando o pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão.
Naquele momento, depois de engolir o pão, Satanás entrou nele. Disse-lhe
Jesus Cristo: «O que tens a fazer, fá-lo depressa».
Mas nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque lhe disse tal coisa.
Como Judas era quem tinha a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus Cristo
lhe tinha dito: «Vai comprar o que precisamos para a festa» ou então, que
desse alguma esmola aos pobres.
Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite.
Depois de ele sair, Jesus Cristo disse: «Agora foi glorificado o Filho do
homem e Deus foi glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo e
glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Haveis de
procurar-Me e, assim como disse aos judeus, também agora vos digo: não
podeis ir para onde Eu vou»
Perguntou-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?». Jesus Cristo respondeu:
«Para onde Eu vou, não podes tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás
depois».
Disse-Lhe Pedro: «Senhor, por que motivo não posso seguir-Te agora? Eu
darei a vida por Ti».
Disse-Lhe Jesus Cristo: «Darás a vida por Mim? Em verdade, em verdade te
digo: Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Máximo de Turim (?-c.
420), bispo
Sermão 76
«Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes»
Voltando-Se,
o Senhor fixa o olhar em Pedro. E Pedro, tomando consciência do que acaba
de dizer, arrepende-se e chora [...]: funde-se em lágrimas e permanece
mudo [...] (Lc 22,61-61). Sim, as lágrimas são orações mudas; merecem o
perdão sem o reclamar; obtêm misericórdia sem defender a sua causa. [...]
As palavras podem não conseguir exprimir uma oração, as lágrimas
exprimem-na sempre; as lágrimas exprimem sempre o que sentimos, ao passo
que as palavras podem ser impotentes para o fazer. Foi por isso que Pedro
não recorreu às palavras, pois estas tinham-no levado as trair, a pecar,
a renegar a sua fé. Prefere confessar o seu pecado com lágrimas, ele que
com palavras tinha renegado. [...]
Imitemo-lo, contudo no que diz quando o Senhor lhe pergunta três vezes:
«Simão, amas-Me?» (Jo 21,17) Por três vezes ele responde: «Senhor, tu
sabes que Te amo.» O Senhor diz-lhe então: «Apascenta as minhas ovelhas»
e diz-lho três vezes. Esta palavra compensa o seu desvario precedente;
aquele que tinha três vezes renegado o Senhor, três vezes O
confessa; por três vezes se tinha tornado culpado, por três vezes
obtém a graça pelo seu amor. Vede, pois que benefício tirou Pedro das
suas lágrimas! [...] Antes de derramar lágrimas, era um traidor; tendo derramado
lágrimas, foi escolhido como pastor: aquele que se tinha portado mal
recebeu o encargo de conduzir os outros.
Quarta-feira,
dia 23 de Março de 2016
4.ª-FEIRA DA
SEMANA SANTA
O Senhor deu-me a
graça de falar como um discípulo para que eu saiba dizer uma palavra de
alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus
ouvidos para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me
arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e
cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e por isso não fiquei
envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei
desiludido.
O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um
processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se
apresente!
O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?
Livro de Salmos
69(68),8-10.21bcd-22.31.33-34.
Por Vós tenho
suportado afrontas,
cobrindo-se meu rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para a minha família.
Devorou-me o zelo da vossa casa
e recaíram sobre mim os insultos contra Vós.
O insulto despedaçou-me o coração
e eu desfaleço.
Esperei por compaixão e não apareceu
nem encontrei quem me consolasse.
Misturaram-me fel na comida
e deram-me vinagre a beber.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei.
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.
Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25.
Naquele tempo, um
dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos
sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?»
Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
A partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus Cristo e
perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a
Páscoa?»
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O
Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu
quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’».
Os discípulos fizeram como Jesus Cristo lhes tinha mandado e prepararam
a Páscoa.
Ao cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós
Me entregará».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei
eu, Senhor?»
Jesus Cristo respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que
vai entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai
daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para
esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu,
Mestre?» Respondeu Jesus Cristo: «Tu o disseste».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beata Teresa de Calcutá
(1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«Jesus, a Palavra a proferir», cap. 8
«Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai
entregar-Me.»
Vede de
que compaixão Jesus Cristo dá provas para com Judas, o homem que
recebeu tanto amor e, contudo traiu o próprio Mestre; esse Mestre que
manteve um silêncio sagrado sem o atraiçoar perante os companheiros.
Com efeito, Jesus Cristo poderia muito bem ter falado abertamente,
revelando aos outros as intenções ocultas e os actos de Judas; mas não
o fez. Preferiu dar provas de misericórdia e de caridade: em vez de o
condenar, chamou-lhe amigo (Mt 26,50). Se Judas tivesse olhado para
Jesus Cristo de frente, como fez Pedro (Lc 22,61), teria sido amigo da
misericórdia de Deus. Jesus Cristo foi sempre misericordioso.
Quinta-feira, dia 24 de Março de 2016
5.ª-FEIRA DA
SEMANA SANTA. Missa vespertina da Ceia do Senhor
Naqueles dias, o
Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto:
«Este mês será para vós o princípio dos meses; fareis dele o primeiro
mês do ano.
Falai a toda a comunidade de Israel e dizei-lhe: No dia dez deste
mês, procure cada qual um cordeiro por família, uma rês por cada
casa.
Se a família for pequena demais para comer um cordeiro, junte-se ao
vizinho mais próximo, segundo o número de pessoas, tendo em conta o
que cada um pode comer.
Tomareis um animal sem defeito, macho e de um ano de idade. Podeis
escolher um cordeiro ou um cabrito.
Deveis conservá-lo até ao dia catorze desse mês. Então toda a
assembleia da comunidade de Israel o imolará ao cair da tarde.
Recolherão depois o seu sangue que será espalhado nos dois umbrais e
na padieira da porta das casas em que o comerem.
E comerão a carne nessa mesma noite; comê-la-ão assada ao fogo, com
pães ázimos e ervas amargas.
Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, sandálias nos pés e
cajado na mão. Comereis a toda a pressa: é a Páscoa do Senhor.
Nessa mesma noite, passarei pela terra do Egipto e hei-de ferir de
morte, na terra do Egipto, todos os primogénitos, desde os homens até
aos animais. Assim exercerei a minha justiça contra os deuses do
Egipto, Eu, o Senhor.
O sangue será para vós um sinal, nas casas em que estiverdes: ao ver
o sangue, passarei adiante e não sereis atingidos pelo flagelo
exterminador quando Eu ferir a terra do Egipto.
Esse dia será para vós uma data memorável que haveis de celebrar com
uma festa em honra do Senhor. Festejá-lo-eis de geração em geração,
como instituição perpétua».
Livro de
Salmos 116(115),12-13.15-16bc.17-18.
Como agradecerei
ao Senhor
tudo quanto Ele me deu?
Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor.
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo,
1.ª Carta aos Coríntios 11,23-26.
Irmãos: Eu recebi
do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus Cristo, na noite
em que ia ser entregue, tomou o pão
e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por
vós. Fazei isto em memória de Mim».
Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é
a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o
em memória de Mim».
Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste
cálice, anunciareis a morte do Senhor até que Ele venha.
Evangelho
segundo S. João 13,1-15.
Antes da festa da
Páscoa, sabendo Jesus Cristo que chegara a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo,
amou-os até ao fim.
No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas
Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar,
Jesus Cristo, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade,
sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava,
levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha que pôs à
cintura.
Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura.
Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais
lavar-me os pés?».
Jesus Cristo respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender
agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde».
Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus Cristo
respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». (O Senhor
Jesus
Cristo mostrava-lhes que o universo de Deus é o do serviço. Numa
democracia, o presidente serve todos, zelando pelo bem de todos e
cumprindo o mandato que recebeu de todos pelo voto.) Simão Pedro
replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a
cabeça».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e
não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos».
Jesus Cristo bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que
acrescentou: «Nem todos estais limpos».
Depois de lhes lavar os pés, Jesus Cristo tomou o manto e pôs-Se de
novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz?
Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem porque o sou.
Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis
lavar os pés uns aos outros.
Dei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos
- www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato Guerric de Igny (c.
1080-1157), abade cisterciense
1º Sermão para os Ramos
Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até
ao fim.
Tende
entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é
de condição divina», igual a Deus por natureza uma vez que partilha
do seu poder, da sua eternidade e do seu próprio ser [...], cumpriu o
ofício de servo, rebaixando-Se e «tornando-Se obediente até à morte e
morte de cruz» (Fil 2,5-8). Poder-se-ia considerar de somenos que,
sendo o Filho, Ele tivesse servido o Pai como um servo; mas Ele foi
ainda mais longe e serviu o seu próprio servo [...]. Porque o homem
tinha sido criado para servir o seu criador e é de toda a justiça que
sirva Aquele que o criou, sem o qual não existiria. E não pode
conhecer maior felicidade que servi-Lo, uma vez que servi-Lo é
reinar. Mas o homem disse ao seu Criador: «Não servirei!» (Jr 2,20).
«Pois bem, servir-te-ei Eu!», respondeu o Criador ao homem. «Senta-te
à mesa; farei eu o serviço: lavar-te-ei os pés. Descansa; tomarei os
teus males sobre os meus ombros; carregarei com todas as tuas
fraquezas. [...] Se estiveres fatigado ou sobrecarregado,
levar-te-ei, a ti e à tua carga, a fim de ser o primeiro a cumprir a
minha lei: "Levai os fardos uns dos outros" (Gal 6,2).
[...] Se tiveres fome ou sede [...], eis-Me pronto a ser imolado,
para que possas comer a minha carne e beber o meu sangue. [...] Se te
levarem para o cativeiro ou te venderem, eis-Me aqui [...];
resgato-te pelo preço que derem por Mim. [...] Se estiveres doente,
se receares a morte, morrerei em vez de ti para que do meu sangue
faças remédio para a vida.» [...]
Ó meu Senhor, por que preço resgataste o meu serviço inútil! [...]
Com que arte plena de amor, de doçura e de benevolência recuperaste e
submeteste este servo rebelde, triunfando do mal pelo bem,
confundindo o meu orgulho com a tua humildade, cumulando o ingrato
com os teus benefícios! Eis o triunfo da tua sabedoria!
Sexta-feira, dia 25 de Março de 2016
Vede como vai
prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado.
Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão
desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência
de um ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações
e, diante dele, os reis ficarão calados porque hão-de ver o que
nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido.
agora fará com que muitos povos fiquem bem impressionados. Os reis
ficarão boquiabertos ao verem coisas inenarráveis e ao contemplarem
coisas inauditas.
Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do
Senhor?
O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz
numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso
olhar nem aspecto agradável que possa cativar-nos.
Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao
sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa
desprezível e sem valor para nós.
Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas
dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e
humilhado.
Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por
causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos
salva: pelas suas chagas fomos curados.
Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu
caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós.
Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como
cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a
tosquiam, ele não abriu a boca.
Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua
sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos
pecados do seu povo.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de
malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça nem se tivesse
encontrado mentira na sua boca.
Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se
oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência
duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas
mãos.
Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua
sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre
si as suas iniquidades.
Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos
despojos no meio dos poderosos porque ele próprio entregou a sua
vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as
culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.
Livro de
Salmos 31(30),2.6.12-13.15-16.17.25.
Em Vós, Senhor,
me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado.
Eu, porém confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o Senhor Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem.
Fazei brilhar sobre mim a vossa presença,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.
Carta aos
Hebreus 4,14-16.5,7-9.
Irmãos: Tendo
nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus Cristo, o Filho (de
Deus), permaneçamos firmes na profissão da nossa fé.
Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se
compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi
provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado.
Vamos, portanto cheios de confiança ao trono da graça, a fim de
alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com
grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e
foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser o Filho, aprendeu a obediência no sofrimento
e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe
obedecem causa de salvação eterna.
Evangelho
segundo S. João 18,1-40.19,1-42.
Naquele tempo,
Jesus Cristo saiu com os seus discípulos para o outro lado da
torrente do Cedron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus
discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local porque Jesus Cristo
Se reunira lá muitas vezes com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas
chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus Cristo tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-Se e
perguntou-lhes: «A quem buscais?».
Eles responderam-Lhe: «A Jesus, de Nazaré». Jesus Cristo disse-lhes:
«Sou Eu». Judas, que O ia entregar, também estava com eles.
Quando Jesus Cristo lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por
terra.
Jesus Cristo perguntou-lhes novamente: «A quem buscais?». Eles
responderam: «A Jesus, de Nazaré».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a
Mim que buscais, deixai que estes se retirem».
Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me
deste, não perdi nenhum».
Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um
servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo
chamava-se Malco.
Mas Jesus Cristo disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não
hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
Então a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus Cristo e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás que era o sumo
sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: «Convém que
morra um só homem pelo povo».
Entretanto Simão Pedro seguia Jesus Cristo com outro discípulo
(João Evangelista). Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote
e entrou com Jesus Cristo no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro
discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou
Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro: «Tu não és dos discípulos desse homem?».
Ele respondeu: «Não sou».
Estavam ali presentes os servos e os guardas que, por causa do
frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam. Pedro também se
encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto o sumo sacerdote interrogou Jesus Cristo acerca dos seus
discípulos e da sua doutrina.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Falei abertamente ao mundo. Sempre
ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem e
não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma
bofetada a Jesus Cristo e disse-Lhe: «É assim que respondes ao sumo
sacerdote?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas,
se falei bem, porque Me bates?».
Então Anás mandou Jesus Cristo manietado ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. Disseram-lhe então: «Tu
não és também um dos seus discípulos?». Ele negou, dizendo: «Não
sou».
Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem
Pedro cortara a orelha: «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
Pedro negou novamente e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus Cristo da residência de Caifás ao pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório para não se
contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: «Que acusação
trazeis contra este homem?».
Eles responderam-lhe: «Se não fosse malfeitor, não t’O
entregávamos».
Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós próprios e julgai-O segundo a
vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido dar a morte
a ninguém».
Assim se cumpriam as palavras que Jesus Cristo tinha dito, ao
indicar de que morte ia morrer.
Entretanto Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus Cristo
e perguntou-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «É por ti que o dizes ou foram outros
que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos
sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus Cristo respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não
fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus Cristo respondeu-lhe:
«É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de
dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a
minha voz».
Disse-Lhe Pilatos: «Que é a verdade?». Dito isto, saiu novamente
para fora e declarou aos judeus: «Não encontro neste homem culpa
nenhuma.
Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o rei dos judeus?».
Eles gritaram de novo: «Esse não. Antes Barrabás». Barrabás era um
salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus Cristo e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus Cristo num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: «Salve, rei dos judeus». E
davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse: «Eu vo-l’O trago aqui
fora para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».
Jesus Cristo saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de
púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis o homem».
Quando viram Jesus Cristo, os príncipes dos sacerdotes e os guardas
gritaram: «Crucifica-O! Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O
vós mesmos e crucificai-O que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
Responderam-lhe os judeus: «Nós temos uma lei e, segundo a nossa
lei, deve morrer porque Se fez Filho de Deus».
Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus Cristo: «Donde és
Tu?». Mas Jesus Cristo não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos: «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar e para Te crucificar?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Nenhum poder terias sobre Mim, se não
te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior
pecado».
A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus Cristo. Mas os
judeus gritavam: «Se O libertares, não és amigo de César: todo
aquele que se faz rei é contra César».
Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus Cristo para fora e
sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico
«Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos
judeus: «Eis o vosso rei!».
Mas eles gritaram: «À morte, à morte! Crucifica-O!». Disse-lhes
Pilatos: «Hei-de crucificar o vosso rei?». Replicaram-lhe os
príncipes dos sacerdotes: «Não temos outro rei senão César».
Entregou-lhes então Jesus Cristo para ser crucificado. E eles
apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz, Jesus Cristo saiu para o chamado Lugar do Calvário
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus Cristo
no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz;
nele estava escrito: «Jesus, de Nazaré, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro porque o lugar onde Jesus Cristo tinha
sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico,
grego e latim.
Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus: «Não
escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o rei dos
judeus’».
Pilatos retorquiu: «O que escrevi está escrito».
Quando crucificaram Jesus Cristo, os soldados tomaram as suas
vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e
ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida
de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros: «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será». Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram
entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus Cristo sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria de Magdala.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto, Jesus Cristo disse a sua
Mãe: «Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela
hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a
Escritura, Jesus Cristo disse: «Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma
esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus Cristo tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está
consumado». E inclinando a cabeça, expirou.
Por ser a Preparação e para que os corpos não ficassem na cruz
durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus
pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem
retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao
outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus Cristo, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as
pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu
sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. (é o
testemunho de João Evangelista)
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura que diz: «Nenhum osso
lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele
que trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus Cristo,
embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para
levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-lho. José veio então tirar
o corpo de Jesus Cristo.
Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao
encontro de Jesus Cristo. Trazia uma mistura de quase cem libras de
mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus Cristo e envolveram-no em ligaduras
juntamente com os perfumes, como é costume sepultar entre os
judeus.
No local em que Jesus Cristo tinha sido crucificado, havia um
jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora
sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro
ficava perto, depositaram Jesus Cristo.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Severino de Gabala (?-c.
408), bispo da Síria
6ª Homilia sobre a criação do mundo, 5-6
A cruz, árvore da vida
Havia
uma árvore no meio do paraíso e a serpente serviu-se dela para
enganar os nossos primeiros pais. Reparai nesta coisa espantosa:
para iludir o homem, a serpente vai recorrer a um sentimento
inerente à sua natureza. Com efeito, ao modelar o homem, o Senhor
tinha colocado nele, para além de um conhecimento geral do
universo, o desejo de Deus. Logo que o demónio descobriu esse
desejo ardente, disse ao homem: «Sereis como deuses (Gn 3,5). Agora
sois apenas homens e não podeis estar sempre com Deus; mas, se vos
tornardes como deuses, estareis sempre com ele». [...] Dessa forma,
foi o desejo de ser igual a Deus que seduziu a mulher [...]; ela
comeu e induziu o homem a fazer outro tanto. [...] Ora, após a
falta, «Adão ouviu a voz do Senhor que se passeava no paraíso ao
cair da tarde» (Gn 3,8). [...] Bendito seja o Deus dos santos por
ter visitado Adão ao cair da tarde! E por visitá-lo ainda agora, ao
cair da tarde, na cruz.
Porque foi precisamente na hora em que Adão acabava de comer que o
Senhor sofreu a sua paixão, nessas horas marcadas pelo pecado e
pelo julgamento, isto é, entre a sexta e a nona hora. Na hora
sexta, Adão comeu, de acordo com a lei da natureza; em seguida,
escondeu-se. E ao cair da tarde, Deus veio até ele.
Adão tinha desejado tornar-se Deus: tinha desejado uma coisa
impossível. Mas Jesus Cristo realizou esse desejo. «Quiseste
tornar-te», disse Ele, «o que não podias ser; mas Eu desejo
tornar-Me homem e posso sê-lo. Deus faz o contrário do que tu
fizeste ao deixares-te seduzir: tu desejaste o que estava acima de
ti e Eu tomo o que está abaixo de Mim. Tu desejaste ser igual a
Deus e Eu quero ser igual ao homem. [...] Tu desejaste tornar-te
Deus e não pudeste e Eu faço-Me homem para tornar possível o que
era impossível.» Sim, foi realmente para isso que Deus veio. Ele dá
testemunho disso aos seus apóstolos: «Desejei tanto comer esta
Páscoa convosco!» (Lc 22,15) [...] Deus desceu ao cair da tarde e
disse: «Adão, onde estás?» (Gn 3,9) [...] Aquele que veio para
sofrer é o mesmo que desceu ao Paraíso.
Sábado, dia 26 de Março de 2016
Sábado
Santo - VIGÍLIA PASCAL - Ano C
Naqueles
dias, disse o Senhor a Moisés: «Porque estás a bradar por Mim?
Diz aos filhos de Israel que se ponham em marcha.
E tu ergue a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o, para
que os filhos de Israel entrem nele a pé enxuto.
Entretanto vou permitir que se endureça o coração dos egípcios
que hão-de perseguir os filhos de Israel. Manifestarei então a
minha glória, triunfando do faraó, de todo o seu exército, dos
seus carros e dos seus cavaleiros.
Os egípcios reconhecerão que Eu sou o Senhor quando Eu manifestar
a minha glória, vencendo o faraó, os seus carros e os seus
cavaleiros».
O Anjo de Deus, que seguia à frente do acampamento de Israel,
deslocou-se para a retaguarda. A coluna de nuvem que os precedia
veio colocar-se atrás do acampamento
e postou-se entre o campo dos egípcios e o de Israel. A nuvem era
tenebrosa de um lado e do outro iluminava a noite de modo que,
durante a noite, não se aproximaram uns dos outros.
Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor fustigou o mar,
durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as
águas dividiram-se.
Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto as
águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Os egípcios foram atrás deles: todos os cavalos do Faraó, os seus
carros e cavaleiros seguiram-nos pelo mar dentro.
Na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem
para o acampamento dos egípcios e lançou nele a confusão.
Bloqueou as rodas dos carros que dificilmente se podiam mover.
Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas que o Senhor
combate por eles contra os egípcios».
O Senhor disse a Moisés: «Estende a mão sobre o mar e as águas
precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus carros e os
seus cavaleiros».
Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar
retomou o seu nível normal quando os egípcios fugiam na sua direcção.
E o Senhor precipitou-os no meio do mar.
As águas refluíram e submergiram os carros, os cavaleiros e todo
o exército do Faraó que tinham entrado no mar, atrás dos filhos
de Israel. Nem um só escapou.
Mas os filhos de Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto,
enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel
viu os egípcios mortos nas praias do mar.
Viu também o grande poder que o Senhor exercera contra os
egípcios e o povo temeu o Senhor, acreditou n’Ele e no seu servo
Moisés.
Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este hino em honra do
Senhor: «Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória,
precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro».
Livro de
Êxodo 15,1b-2.3-4.5-6.17-18.
«Cantarei ao
Senhor que é verdadeiramente grande:
cavalo e cavaleiro lançou no mar.
O Senhor é a minha força e a minha protecção:
foi Ele quem me salvou
Ele é o Senhor Deus: eu O exalto
Ele é o Deus de meu pai: eu O glorifico.
O Senhor é um guerreiro, Omnipotente é o seu nome;
precipitou no mar os carros do Faraó e o seu exército.
Os seus melhores combatentes afogaram-se no Mar Vermelho,
foram engolidos pelas ondas,
caíram como pedra no abismo.
A vossa mão direita, Senhor, revelou a sua força,
a vossa mão direita, Senhor, destroçou o inimigo.
Mas conduzistes com amor o povo que libertastes
e com o vosso poder o levastes à vossa morada santa,
à morada segura que fizestes, Senhor.
O Senhor reinará pelos séculos dos séculos.
Carta aos
Romanos 6,3-11.
Irmãos: Todos
nós que fomos baptizados em Jesus Cristo fomos baptizados na sua
morte.
Fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte para que,
assim como Jesus Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do
Pai, também nós vivamos uma vida nova.
Se, na verdade, estamos totalmente unidos a Jesus Cristo pela
semelhança da sua morte também o estaremos pela semelhança da sua
ressurreição.
Bem sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Jesus Cristo,
para que fosse destruído o corpo do pecado e não mais fôssemos
escravos dele.
Quem morreu, está livre do pecado.
Se morremos com Jesus Cristo, acreditamos que também com Ele
viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo já não
pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu, Jesus Cristo morreu para o pecado de
uma vez para sempre; mas a sua vida é uma vida para Deus.
Assim vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos
para Deus, em Cristo Jesus.
Evangelho
segundo S. Lucas 24,1-12.
No primeiro
dia da semana, ao romper da alva, as mulheres foram ao sepulcro,
levando os perfumes que haviam preparado.
Encontraram removida a pedra da porta do sepulcro
e, entrando não acharam o corpo do Senhor Jesus Cristo.
Estando elas perplexas com o caso, apareceram-lhes dois homens em
trajes resplandecentes (= homens celestes).
Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão,
eles disseram-lhes: «Porque buscais o que Vive entre os mortos?
Não está aqui; ressuscitou! Lembrai-vos de como vos falou quando
ainda estava na Galileia,
dizendo que o Filho (do Homem) havia de ser entregue às mãos dos
pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia.»
Recordaram-se então das suas palavras.
Voltando do sepulcro, foram contar tudo isto aos Onze e a todos
os restantes.
Eram elas Maria de Magdala, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também
as outras mulheres que estavam com elas diziam isto aos
Apóstolos;
mas as suas palavras pareceram-lhes um desvario e eles não
acreditaram nelas.
Pedro, no entanto, pôs-se a caminho e correu ao sepulcro.
Debruçando-se, apenas viu as ligaduras e voltou para casa,
admirado com o sucedido.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho
(354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
2ª homilia para a Noite Santa
A noite que nos liberta do sono da
morte
Vigiemos,
irmãos, porque até esta noite Jesus Cristo permaneceu no túmulo.
Foi durante esta noite que se deu a ressurreição da carne. Sobre
a cruz, ela foi alvo de irrisão; hoje, os céus e a Terra a
adoram. Esta noite faz já parte do nosso domingo. Era mesmo
preciso que Jesus Cristo ressuscitasse durante a noite, uma vez
que a sua ressurreição iluminou as nossas trevas. Tal como a
nossa fé, fortificada pela ressurreição de Jesus Cristo, afasta
todo o sono, assim esta noite, iluminada pelas nossas velas, se
enche de claridade. Ela faz-nos esperar, com a Igreja espalhada
por toda a Terra, que não sejamos surpreendidos a meio da noite
(Mc 13,33).
Em muitos países onde esta festa, tão solene para todos, reúne os
povos em nome de Jesus Cristo, o sol já se pôs, mas o dia ainda
não acabou; a claridade do céu deu lugar às luzes da Terra. [...]
Aquele que nos deu a glória do seu nome (Sl 28,2) iluminou também
esta noite. Aquele a quem dizemos «Tu iluminas as minhas trevas»
(Sl 18,29) derrama a sua claridade nos nossos corações. E assim
como os nossos olhos deslumbrados contemplam as velas acesas
assim o nosso espírito iluminado nos faz ver como esta noite é
luminosa - esta santa noite em que o Senhor começou na sua
própria carne a vida que não conhece o sono nem a morte! ©
-----------------------------------
Aí está, mais uma vez, a
Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor. A festa é
grande, a festa é nossa, dos cristãos!
Para refrescar memórias e
reavivar compromissos, aqui vos deixamos dois artigos do Catecismo da Igreja Católica:
638. «Nós vos anunciamos a Boa-Nova de
que a promessa feita aos nossos pais, a cumpriu Deus para nós,
seus filhos, ao ressuscitar Jesus Cristo» (Act 13,
32-33). A ressurreição de Jesus Cristo é a verdade
culminante da nossa fé, acreditada e vivida como verdade central
pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental
pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento,
pregada como parte essencial do mistério pascal, ao mesmo tempo
que a cruz: «Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. Pela Sua
morte venceu a morte e aos mortos deu a vida» (da liturgia
bizantina).
1816. O discípulo de Jesus Cristo não
somente deve guardar a fé e viver dela como ainda professá-la,
dar firme testemunho dela e propagá-la: «Todos devem estar
dispostos a confessar Jesus Cristo diante dos homens e a segui-Lo
no caminho da cruz, no meio das perseguições que nunca faltam à
Igreja» (Lumen Gentium, 42). O serviço e testemunho da
fé são requeridos para a salvação: «A todo aquele que me tiver
reconhecido diante dos homens também Eu o reconhecerei diante do
meu Pai que está nos céus. Mas àquele que me tiver negado diante
dos homens também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos
céus» (Mt 10, 32-33).
E com palavras tão
autorizadas vos deixamos, desejando um excelente e fecundo Tempo Pascal em que
possamos todos ser, aqui e agora, testemunhas da Esperança, na
certeza de que mais uma vez e sempre o Amor vencerá!
A equipa de Evangelho
Quotidiano em língua portuguesa.
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Bolos D. Rodrigo
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