quarta-feira, 29 de março de 2017

Cristianismo 200 até 25-03-2017


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68

Domingo, dia 19 de Março de 2017

3.º Domingo da Quaresma

Santo do dia : S. José, esposo da Virgem Maria

Livro de Êxodo 17,3-7.
Naqueles dias, o povo israelita, atormentado pela sede, começou a altercar com Moisés, dizendo: «Porque nos tiraste do Egipto? Para nos deixares morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos?».
Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que hei-de fazer a este povo? Pouco falta para me apedrejarem».
O Senhor respondeu a Moisés: «Passa para a frente do povo e leva contigo alguns anciãos de Israel. Toma na mão a vara com que fustigaste o Rio e põe-te a caminho.
Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Baterás no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber». Moisés assim fez à vista dos anciãos de Israel.
E chamou àquele lugar Massa e Meriba, por causa da altercação dos filhos de Israel e por terem tentado o Senhor, ao dizerem: «O Senhor está ou não no meio de nós?».
Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.
Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso salvador.
Vamos à sua presença e agradeçamos, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou.
Pois Ele é o nosso Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as minhas obras.

Carta aos Romanos 5,1-2.5-8.
Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo,
pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus.
Ora a esperança não engana porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Quando ainda éramos fracos, Jesus Cristo morreu pelos ímpios (= ateus, desumanos) no tempo determinado.
Dificilmente alguém morre por um justo; por um homem bom, talvez alguém tivesse a coragem de morrer.
Mas Deus prova assim o seu amor para connosco: Jesus Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores.
Evangelho segundo S. João 4,5-42.
Naquele tempo, chegou Jesus Cristo a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José,
onde estava o poço de Jacob. Jesus Cristo, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia.
Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus Cristo: «Dá-Me de beber».
Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos.
Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?». De facto, os judeus não se dão com os samaritanos.
Disse-lhe Jesus Cristo: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva».
Respondeu-Lhe a mulher: «Senhor, Tu nem sequer tens um balde e o poço é fundo: donde Te vem a água viva?
Serás Tu maior do que o nosso pai Jacob que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, com os seus filhos e os seus rebanhos?».
Disse-Lhe Jesus Cristo: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede.
Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna».
«Senhor, – suplicou a mulher – dá-me dessa água para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir aqui buscá-la».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Vai chamar o teu marido e volta aqui».
Respondeu-lhe a mulher: «Não tenho marido». Jesus Cristo replicou: «Disseste bem que não tens marido,
pois tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu marido. Neste ponto falaste verdade».
Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és profeta.
Os nossos antepassados adoraram neste monte e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Mulher, acredita em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos porque a salvação vem dos Judeus.
Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja.
Deus é espírito e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade».
Disse-Lhe a mulher: «Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier, há-de anunciar-nos todas as coisas».
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «Sou Eu que estou a falar contigo».
Nisto, chegaram os discípulos e ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela mulher, mas nenhum deles Lhe perguntou: «Que pretendes?» ou então: «Porque falas com ela?».
A mulher deixou a bilha, correu à cidade e falou a todos:
«Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será Ele o Messias?».
Eles saíram da cidade e vieram ter com Jesus Cristo.
Entretanto, os discípulos insistiam com Ele, dizendo: «Mestre, come».
Mas Ele respondeu-lhes: «Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis».
Os discípulos perguntavam uns aos outros: «Porventura alguém Lhe trouxe de comer?».
Disse-lhes Jesus Cristo: «O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra.
Não dizeis vós que dentro de quatro meses chegará o tempo da colheita? Pois bem, Eu digo-vos: Erguei os olhos e vede os campos que já estão loiros para a ceifa.
Já o ceifeiro recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna e, deste modo, se alegra o semeador juntamente com o ceifeiro.
Nisto se verifica o ditado: ‘Um é o que semeia e outro o que ceifa’.
Eu mandei-vos ceifar o que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós aproveitais-vos do seu trabalho».
Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus Cristo, por causa da palavra da mulher que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz».
Por isso os samaritanos, quando vieram ao encontro de Jesus Cristo, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias.
Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram
e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».


Tradução litúrgica da Bíblia

(Acredito que este episódio se passou realmente. Os discípulos tiveram oportunidade depois de se informar junto da mulher. Na verdade, junto dos poços há sempre árvore(s) por causa da água. Apesar de estar bastante calor, Jesus Cristo deve ter aproveitado a sombra para descansar e recuperar forças. Quando havia pouco para comer, Ele dava preferência aos seus discípulos. Acreditava que a sua força anímica o ajudaria a aguentar mais do que os discípulos, mas tudo tem limites. Ele estava realmente cansado e sem energia para continuar até à cidade, senão não os faria voltar atrás; ele respeitava-os muito. Depois Ele acreditou que aquele cansaço e falta de energia deveria ser um sinal de Deus e do Pai; afinal aquela terra era de Jacob, do seu filho José, dos seus descendentes e, portanto, aquele poço. Era um sinal! E apareceu aquela mulher, numa altura pouco provável, mas descuidou-se e ficou sem água para fazer o almoço e com uma história de vida muito singular - cinco maridos – os pais devem-na ter casado bem cedo para ganharem algum dinheiro e ela foi ganhando a esperteza da luta pela sobrevivência e foi conseguindo. Nesta altura, já devia de ser de certa idade, talvez à volta dos cinquenta porque os seus conterrâneos lhe deram crédito, também já devia ter algum estatuto social. Tudo convergia para um bom tempo de catequese e de conversão de muitos. Jesus Cristo estava contente porque tinha atendido os sinais. Os discípulos chegaram a tempo de se encontrar com ela para depois se informarem e transmitirem este episódio. A vida é assim: ou agarramos as boas oportunidades que nos surgem ou perdemos.)   

Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o evangelho de S. João, n.º 15, 6-7
Ele deu tudo por ti
Jesus Cristo, cansado do caminho, sentou-Se à beira do poço. Era cerca da hora sexta. Aí começam os mistérios. Não é sem razão que Jesus Cristo está cansado, Ele que é a força de Deus. [...] Foi por ti que Jesus Cristo Se cansou no caminho. Encontramos um Jesus Cristo que é a própria força; encontramos um Jesus que é fraco; um Jesus forte e fraco. Forte porque «no princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus». [...] Queres ver a força de Deus? «Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada foi feito» (Jo 1,1-2) e tudo fez sem esforço. Quem há mais forte do que Aquele que fez todo o universo sem esforço? Queres conhecer a sua fraqueza? «O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14).
A força de Jesus Cristo criou-te; a fraqueza de Jesus Cristo recriou-te. A força de Cristo deu existência ao que não era; a fraqueza de Cristo fez com que aquilo que era não perecesse. Ele criou-nos pela sua força e recuperou-nos pela sua fraqueza. É através da sua fraqueza que alimenta os que estão fracos como a galinha alimenta os pintainhos: «Quantas vezes», diz Ele a Jerusalém, «quis reunir os teus filhos como a galinha recolhe os pintainhos debaixo das asas e tu não o quiseste?» (Lc 13,34)
Esta é a imagem da fraqueza de Jesus Cristo cansado do caminho. O seu caminho é a carne que tomou para nós. Que outro caminho havia de tomar Aquele que está presente em toda a parte? Aonde vai e de onde vem, senão a habitar entre nós, pois para isso incarnou? Com efeito, Ele dignou-Se vir até nós para Se manifestar na forma de servidor e o caminho que escolheu foi o de tomar a nossa carne. Daí que a «fadiga do caminho» mais não seja do que a fraqueza da carne. Jesus é fraco na sua carne, mas tu não deves deixar-te enfraquecer. Permanece forte na sua fraqueza, pois «o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens» ( 1Cor 1,25). A fraqueza de Jesus Cristo é a nossa força.

Segunda-feira, dia 20 de Março de 2017

S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - Solenidade

Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servidor David: Assim fala o Senhor:
Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com os teus pais, estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti e consolidarei a sua realeza.
Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o seu trono real.
Serei para ele um Pai e ele será para Mim um filho.
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de Mim. O teu trono será firme para sempre».
Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes: «A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.

Concluí uma aliança com o meu eleito,
fiz um juramento a David, meu servidor:
Conservarei a tua descendência para sempre,
estabelecerei o teu trono por todas as gerações.

Ele Me invocará: «Vós sois meu pai,
meu Deus, meu Salvador».
Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor,
a minha aliança com ele será irrevogável.

Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.
Irmãos: Não foi por meio da Lei, mas pela justiça da fé, que se fez a Abraão ou à sua descendência a promessa de que receberia o mundo como herança.
Portanto a herança vem pela fé, para que seja dom gratuito de Deus e a promessa seja válida para toda a descendência, não só para a descendência segundo a Lei, mas também para a descendência segundo a fé de Abraão. Ele é o pai de todos nós,
como está escrito: «Fiz de ti o pai de muitos povos». Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Esperando contra toda a esperança, Abraão acreditou, tornando-se pai de muitos povos, como lhe tinha sido dito: «Assim será a tua descendência».
Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça».
Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.
Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Quando despertou do sono, José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor.


Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Redemptoris Custos, n.º 4
«Quando despertou do sono, José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor»
Ao iniciar a sua peregrinação, a fé de Maria encontra-se com a fé de José. Se Isabel disse da Mãe do Redentor: «Feliz daquela que acreditou», esta bem-aventurança pode, em certo sentido, ser referida também a José porque, de modo análogo, ele respondeu afirmativamente à Palavra de Deus, quando esta lhe foi transmitida naquele momento decisivo. A bem da verdade, José não respondeu ao «anúncio» do anjo como Maria; mas «fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor» e recebeu a sua esposa. Isto que ele fez é puríssima «obediência da fé» (cf Rom 1,5; 16,26; 2Cor 10,5-6).
Pode-se dizer que aquilo que José fez o uniu, de uma maneira absolutamente especial, à fé de Maria: ele aceitou como verdade proveniente de Deus o que ela já tinha aceitado na anunciação. O Concílio ensina: «A Deus que revela é devida a "obediência da fé" [...]; pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus, prestando-Lhe "o obséquio pleno da inteligência e da vontade" e dando voluntário assentimento à sua revelação.» A frase acabada de citar, que diz respeito à própria essência da fé, aplica-se perfeitamente a José de Nazaré.
Ele tornou-se, portanto, um depositário singular do mistério «escondido desde todos os séculos em Deus» (cf Ef 3,9), como se tornara Maria, naquele momento decisivo que é chamado pelo Apóstolo «plenitude dos tempos», quando «Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher [...] para resgatar os que se encontravam sob o jugo da lei e para que recebêssemos a adopção de filhos» (Gal 4,4-5).
Deste mistério divino, juntamente com Maria, José é o primeiro depositário. [...] Tendo diante dos olhos os textos de ambos os evangelistas, S. Mateus e S. Lucas, pode-se também dizer que José foi o primeiro a participar na mesma fé da Mãe de Jesus e que, procedendo deste modo, dá apoio à sua esposa na fé na anunciação divina. Ele foi o primeiro a ser posto por Deus no caminho da «peregrinação da fé» de Maria. [...] A caminhada própria de José, a sua peregrinação da fé terminaria antes. [...] E, contudo, a caminhada da fé de José seguiu a mesma direcção.

Terça-feira, dia 21 de Março de 2017

Terça-feira da 3.ª semana da Quaresma

Santo do dia : S. Nicolau de Flue, eremita, confessor, +1487, S. Bento (Trânsito)

Livro de Daniel 3,25.34-43.
Naqueles dias, levantando-se no meio da fornalha ardente, Azarias fez a seguinte oração:
«Por amor do vosso nome, Senhor, não nos abandoneis para sempre e não anuleis a vossa aliança.
Não nos retireis a vossa misericórdia, por amor de Abraão vosso amigo, de Isaac vosso servidor e de Israel vosso santo,
aos quais prometestes multiplicar a sua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar.
Mas agora, Senhor, tornámo-nos o mais pequeno de todos os povos e somos hoje humilhados em toda a terra, por causa dos nossos pecados.
Não temos chefe nem guia nem profeta, nem holocausto nem sacrifício, nem oblação nem incenso, nem lugar onde apresentar-Vos as primícias para alcançar misericórdia (a troca, o negócio; deve-se dar porque se ama, porque sentimo-nos bem ao dar).
Mas de coração arrependido e espírito humilhado sejamos por Vós recebidos como se viéssemos com um holocausto de touros e carneiros
e milhares de gordos cordeiros. Seja hoje este nosso sacrifício agradável na vossa presença porque jamais serão confundidos aqueles que em Vós esperam
E agora Vos seguimos de todo o coração, Vos adoramos e buscamos a vossa presença.
Não nos deixeis ficar envergonhados, mas tratai-nos segundo a vossa bondade e segundo a abundância da vossa misericórdia.
Livrai-nos pelo vosso admirável poder e dai glória, Senhor, ao vosso nome».
Livro de Salmos 25(24),4bc-5ab.6-7bc.8-9.
Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me
porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.

Evangelho segundo S. Mateus 18,21-35.
Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus Cristo e perguntou-Lhe: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?».
Jesus Cristo respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos (moeda da época).
Não tendo com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido, com a esposa, os filhos e tudo quanto possuía, para assim pagar a dívida.
Então o servidor prostrou-se a seus pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’.
Cheio de compaixão, o senhor daquele servidor deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida. ( um servo não tem dívidas ao seu senhor; nem a vida lhe pertence…)
Ao sair, o servidor encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’.
Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’.
Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender até que pagasse tudo quanto devia.
Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram muito tristes e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido.
Então o senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servidor mau, perdoei-te, porque me pediste.
Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’.
E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração».


Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossul
Discursos espirituais, 1.ª série, n.º 58
«Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?»
A compaixão, por um lado, e o juízo de simples equidade, por outro, se coexistem na mesma alma, são como um homem que adora Deus e os ídolos na mesma casa. A compaixão é o contrário do juízo de simples justiça. O juízo estritamente equitativo implica a igual repartição por todos de uma medida semelhante: dá a cada um o que ele merece, não mais; não se inclina nem para um lado nem para o outro, não discerne na retribuição. Mas a compaixão é suscitada pela graça, inclina-se sobre todos com a mesma afeição, evita a simples retribuição àqueles que são dignos de castigo e cumula para lá de qualquer medida os que são dignos do bem.
A compaixão está, pois, do lado da justiça, enquanto o juízo apenas equitativo está do lado do mal. […] Assim como um grão de areia não pesa tanto como muito ouro, assim também a justiça equitativa de Deus não pesa tanto como a sua compaixão. Qual punhado de areia caindo no grande oceano, assim são as faltas de todas as criaturas em comparação com a providência e a piedade de Deus. E da mesma forma que uma nascente que corre com abundância não pode ser bloqueada por um punhado de pó, também a compaixão do Criador não pode ser vencida pela malícia das criaturas. Aquele que guarda ressentimento quando reza é como um homem que semeia no mar e espera colher.

Quarta-feira, dia 22 de Março de 2017

Quarta-feira da 3.ª semana da Quaresma

Santo do dia : S. Zacarias, papa, +752, S. Saturnino, bispo e mártir, séc. III

Livro de Deuteronómio 4,1.5-9.
Moisés falou ao povo, dizendo: «Agora escuta, Israel, as leis e os preceitos que vos dou a conhecer e ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra que vos dá o Senhor, Deus de vossos pais.
Ensinei-vos estas leis e preceitos, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenara, a fim de os praticardes na terra de que ides tomar posse.
Observai-os e ponde-os em prática: eles serão a vossa sabedoria e a vossa prudência aos olhos dos povos que, ao ouvirem falar de todas estas leis, dirão: ‘Que povo tão sábio e tão prudente é esta grande nação!’.
Qual é, na verdade, a grande nação que tem a divindade tão perto de si como está perto de nós o Senhor, nosso Deus, sempre que O invocamos?
E qual é a grande nação que tem mandamentos e decretos tão justos como esta lei que hoje vos apresento?».
Mas tende cuidado; prestai atenção para não esquecer tudo quanto viram os vossos olhos nem o deixeis fugir do pensamento em nenhum dia da vossa vida. Ensinai-o aos vossos filhos e aos filhos dos vossos filhos».
Livro de Salmos 147,12-13.15-16.19-20.
Glorifica, Jerusalém, o Senhor,
louva, Sião, o teu Deus.
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos.

Envia à Terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem.
Faz cair a neve como a lã,
espalha a geada como cinza.

Revelou a sua palavra a Jacob,
suas leis e preceitos a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
a nenhum outro manifestou os seus juízos.

Evangelho segundo S. Mateus 5,17-19.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar.
Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a Terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequeno que seja e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Catecismo da Igreja Católica
§§ 1961-1967
«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar.»
Deus, nosso Criador e nosso Redentor, escolheu Israel como seu povo e revelou-lhe a sua Lei, preparando assim a vinda de Jesus Cristo. [...] A Lei antiga é o primeiro estádio da lei revelada. As suas prescrições morais estão compendiadas nos dez mandamentos. Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial. O Decálogo é uma luz oferecida à consciência de todo o homem, para lhe manifestar o apelo e os caminhos de Deus e o proteger contra o mal: Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não liam nos seus corações» (Santo Agostinho).
Segundo a tradição cristã, a Lei santa, espiritual e boa, é ainda imperfeita (Rom 7,12s). Como um pedagogo (Gal 3,24), mostra o que se deve fazer; mas, por si, não dá a força, a graça do Espírito para ser cumprida. Por causa do pecado, que não pode anular, não deixa de ser uma lei de escravidão. [...] A Lei antiga é uma preparação para o Evangelho.
A lei nova ou lei evangélica é a perfeição, na Terra, da Lei divina, natural e revelada. É obra de Jesus Cristo e tem a sua expressão, de modo particular, no sermão da montanha. É também obra do Espírito Santo e, por Ele, torna-se a lei interior da caridade: «Estabelecerei com a casa de Israel uma aliança nova [...]. Hei-de imprimir as minhas leis no seu espírito e gravá-las no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo» (Heb 8,8-10).
A lei nova é a graça do Espírito Santo, dada aos fiéis pela fé em Jesus Cristo.  «Cumpre», apura, ultrapassa e leva à perfeição a Lei antiga. Nas bem-aventuranças (Mt 5,3s), cumpre as promessas divinas, elevando-as e ordenando-as ao «Reino dos céus». Esta lei dirige-se àqueles que estão dispostos a acolher com fé esta esperança nova: os pobres, os humildes, os aflitos, os corações puros, os perseguidos por causa de Jesus Cristo, traçando assim os surpreendentes caminhos do Reino.

Quinta-feira, dia 23 de Março de 2017

Quinta-feira da 3.ª da Quaresma

Assim fala o Senhor: «Foi isto que ordenei ao meu povo: ‘Escutai a minha voz e Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo. Segui sempre o caminho que vou indicar-vos e sereis felizes’.
Mas eles não ouviram nem prestaram atenção: seguiram as más inclinações do seu coração obstinado, voltaram-Me as costas, em vez de caminharem para Mim.
Desde o dia em que os seus pais saíram da terra do Egipto até hoje, enviei-lhes todos os profetas, meus servidores, dia após dia, incansavelmente.
Mas eles não Me ouviram nem Me prestaram atenção: endureceram a sua cerviz, fizeram pior do que seus pais.
Se lhes disseres tudo isto, não te escutarão; se chamares por eles, não te responderão.
Por isso lhes dirás: Esta é a nação que não ouviu a voz do Senhor seu Deus e não quis aceitar os seus ensinamentos. Perdeu-se a fidelidade, foi eliminada da sua boca».
Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.
Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso salvador.
Vamos à sua presença e agradeçamos, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou.
Pois Ele é o nosso Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as minhas obras.
Evangelho segundo S. Lucas 11,14-23.
Naquele tempo, Jesus Cristo estava a expulsar um demónio que era mudo. Logo que o demónio saiu, o mudo falou e a multidão ficou admirada.
Mas alguns dos presentes disseram: «É por Belzebu, príncipe dos demónios, que Ele expulsa os demónios».
Outros, para O experimentarem, pediam-Lhe um sinal do céu.
Mas Jesus Cristo, que conhecia os seus pensamentos, disse: «Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas e cairá casa sobre casa.
Se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios.
Ora se Eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio, os seus bens estão em segurança.
Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos.
Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Catecismo da Igreja Católica
§§ 547-550
«O Reino de Deus chegou até vós»
Jesus Cristo acompanha as suas palavras com numerosos «milagres, prodígios e sinais» (At 2,22), os quais manifestam que o Reino está presente nele e comprovam que Ele é o Messias anunciado. Os sinais realizados por Jesus Cristo testemunham que o Pai O enviou e convidam a crer  nele. Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que pedem. Assim os milagres fortificam a fé naquele que faz as obras de seu Pai: testemunham que Ele é o Filho (de Deus). Mas também podem ser «ocasião de queda» (Mt 11,6). Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus Cristo é rejeitado por alguns; chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos demónios.
Ao libertar certos homens dos seus males terrenos – da fome, da injustiça, da doença e da morte – Jesus Cristo realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões - a do pecado (= do egoísmo) - que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas.
A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12,28). Os exorcismos de Jesus Cristo libertam os homens do poder dos demónios e antecipam a grande vitória de Jesus Cristo sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12,31). É pela cruz de Jesus Cristo que o Reino de Deus vai ser definitivamente estabelecido: «Regnavit a ligno Deus – Deus reinou desde o madeiro» (V. Fortunato).

Sexta-feira, dia 24 de Março de 2017

Sexta-feira da 3.ª semana da Quaresma

Assim fala o Senhor: «Israel, converte-te ao Senhor, teu Deus, porque foram os teus pecados que te fizeram cair.
Vinde com palavras de súplica, voltai para o Senhor e dizei-Lhe: “Perdoai todas as nossas faltas e aceitai o dom que Vos oferecemos, a homenagem dos nossos lábios.
Não é a Assíria que nos pode salvar; não montaremos mais a cavalo nem chamaremos ‘Nosso Deus’ à obra das nossas mãos porque só em Vós o órfão encontra piedade”.
Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei generosamente, pois a minha ira afastou-se deles.
Serei como orvalho para Israel que florirá como o lírio e lançará raízes como o cedro do Líbano.
Os seus ramos estender-se-ão ao longe, a sua opulência será como a da oliveira e a sua fragrância como a do Líbano.
Voltarão a sentar-se à minha sombra, farão reviver o trigo; florescerão como a vinha, criarão fama como o vinho do Líbano.
Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Sou Eu que o atendo e olho por ele. Sou como o cipreste verdejante: graças a Mim darás muito fruto».
Quem for sábio entenderá estas palavras, quem for inteligente poderá compreendê-las. Porque são rectos os caminhos do Senhor: por eles caminham os justos e neles tropeçam os pecadores.
Livro de Salmos 81(80),6c-8a.8bc-9.10-11ab.14.17.
Oiço uma língua desconhecida:
«Aliviei os teus ombros do fardo e soltei as tuas mãos dos cestos;
gritaste na angústia e Eu te libertei.
Do meio do trovão te respondi;

pus-te à prova junto das águas de Meriba.
Escuta, meu povo, a minha advertência,
assim, Israel, Me prestes ouvidos:
«Não terás contigo um deus alheio

nem adorarás divindades estranhas.
Eu, o Senhor, sou o teu Deus,
que te fiz sair da terra do Egipto».
Oh se o meu povo Me escutasse,

se Israel seguisse os meus caminhos,
Alimentaria o meu povo com a flor da farinha
e saciá-lo-ia com o mel dos rochedos.


Evangelho segundo S. Marcos 12,28b-34.
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus Cristo um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».
Jesus Cristo respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’.
O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior do que estes».
Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele.
Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios».
Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus Cristo disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São Cesário de Arles (470-543), monge, bispo
Sermão 22; SC 243
Amor de Deus, amor do próximo
Escreve o apóstolo Paulo: «O objectivo desta recomendação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera» (1Tim 1,5). [...] De facto, irmãos caríssimos, não há coisa mais doce do que o amor, que a caridade. Aqueles que não o conhecem, provem e vejam. E o que têm eles de provar para saborearem a doçura da caridade? «Provai e vede como o Senhor é bom» (Sl 33,9) porque «Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele» (1Jo 4,16). [...]
Se tiveres amor, possuirás Deus e, se possuíres Deus, que te faltará? Que possui o rico, se não tiver amor? Que falta ao pobre, se tiver amor? Pensas talvez que é rico aquele que tem o cofre cheio de ouro? [...] Não tens razão porque verdadeiramente rico é aquele em quem Deus Se digna habitar. Que poderás tu ignorar acerca das Escrituras a partir do momento em que o amor, quer dizer, Deus, começou a possuir-te? Que boa acção estarás impedido de fazer se fores digno de guardar no teu coração a fonte de todos os benefícios? Que adversário temerás, se mereceres ter Deus em ti como rei? [...]
Mantende, pois, irmãos bem-amados, o elo suave e salutar da caridade (cf Col 3,14). Antes de mais, contudo, mantende o verdadeiro amor que não é aquele que se promete com palavras sem se observar no coração (1Jo 3,18), mas aquele que se exprime em palavras porque permanece sempre no nosso coração. [...] Pois a raiz de todos os bens é a caridade, assim como «a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro» (1Tim 6,10).

Sábado, dia 25 de Março de 2017

Anunciação do senhor, solenidade

Santo do dia : S. Tarásio, patriarca de Constantinopla, séc. VIII

Livro de Isaías 7,10-14.8,10b.
Naqueles dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem:
«Pede um sinal ao Senhor teu Deus, quer nas profundezas do abismo quer lá em cima nas alturas».
Acaz respondeu: «Não pedirei, não porei o Senhor à prova».
Então Isaías disse: «Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a molestar os homens, para quererdes também molestar o meu Deus?
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel
porque Deus está connosco».
Livro de Salmos 40(39),7-8a.8b-9.10.11.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».

«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração».

Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade».

Carta aos Hebreus 10,4-10.
Irmãos: É impossível que o sangue de touros e cabritos perdoe os pecados.
Por isso, ao entrar no mundo, Jesus Cristo disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-Me um corpo.
Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado.
Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui; no livro sagrado está escrito a meu respeito: Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’».
Primeiro disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado». E, no entanto, eles são oferecidos segundo a Lei.
Depois acrescenta: «Eis-Me aqui: Eu venho para fazer a tua vontade». Assim aboliu o primeiro culto para estabelecer o segundo.
É em virtude dessa vontade que nós fomos santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita de uma vez para sempre.
Evangelho segundo S. Lucas 1,26-38.
Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santa Clara (1193-1252), monja franciscana
3.ª carta a Inês de Praga, 18-26
Morada de Deus
Agarra-te a esta doce Mãe que trouxe ao mundo o Filho que os céus não tinham capacidade para conter; mas Ela conteve-O no pequeno claustro do seu ventre e trouxe-O no seu seio virginal.
Quem deixaria de se afastar com horror do inimigo do género humano e de todas as suas ciladas? Ele agita diante dos nossos olhos o prestígio de glórias efémeras e enganosas, esforçando-se por reduzir a nada aquilo que é maior do que o céu. Porque a alma de um fiel, que é a mais digna de todas as criaturas, torna-se evidentemente, pela graça de Deus, maior do que o céu: pois só ela se torna morada desse Criador que os céus imensos e todas as outras criaturas não são capazes de conter. Para tal, basta que possua aquilo que os ímpios recusam: a caridade. Dá testemunho disso mesmo Aquele que é a própria verdade: «Quem Me tiver amor será amado por meu Pai e Eu o amarei [...] e Nós viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 14,21.23).
Assim, pois, como a gloriosa Virgem das virgens O trouxe materialmente no seu seio, assim também tu O podes trazer sempre, de forma espiritual no teu corpo casto e virginal, se seguires as suas pegadas, em especial a sua humildade e a sua pobreza; poderás conter em ti o céu que te contém, a ti e a todo o universo; possuí-Lo-ás de forma bem mais real e mais concreta do que poderias possuir os bens perecíveis deste mundo.
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sábado, 18 de março de 2017

Cristianismo 199 até 18-03-2017


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68

Domingo, dia 12 de Março de 2017

2.º Domingo da Quaresma

Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar.
Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma bênção.
Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar; por ti serão abençoadas todas as nações da Terra».
Abrão partiu, como o Senhor lhe tinha ordenado.
Livro de Salmos 33(32),4-5.18-19.20.22.
A palavra do Senhor é recta, da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão: a Terra está cheia da bondade do Senhor.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O adoram, para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas ( e pessoas celestes, pessoas espirituais, pessoas naturais) e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor: Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade porque em Vós esperamos, Senhor.


2ª Carta a Timóteo 1,8b-10.
Caríssimo: Sofre comigo pelo Evangelho, apoiado na força de Deus.
Ele salvou-nos e chamou-nos à santidade, não em virtude das nossas obras, mas do seu próprio desígnio e da sua graça. Esta graça que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade,
manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho.
Evangelho segundo S. Mateus 17,1-9.
Naquele tempo, Jesus Cristo tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte
e transfigurou-Se (= mostrou a identidade celeste que era o Filho) diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus Cristo: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito.
Então Jesus Cristo aproximou-Se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus Cristo deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja
Sermão sobre a Transfiguração (atribuído) 1, 3-4
«Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado»
Ele levou-os para a montanha para lhes mostrar a glória da sua divindade e lhes dar a conhecer que era o Redentor de Israel, como lhes tinha anunciado pelos seus profetas. […] Eles tinham-no visto comer e beber, fatigar-Se e repousar, estar abatido e dormir, sentir pavor até suar gotas de sangue, tudo coisas que não pareciam estar em harmonia com a sua natureza divina e não convir senão à sua humanidade. Por isso os levou à montanha, para que o Pai Lhe chamasse seu Filho e lhes mostrasse que Ele era verdadeiramente seu filho.
Levou-os à montanha e mostrou-lhes a sua realeza antes de sofrer, o seu poder antes de morrer, a sua glória antes de ser ultrajado e a sua honra antes de sofrer a ignomínia. Assim, quando foi preso e crucificado, os seus apóstolos compreenderam que não o foi por fraqueza, mas voluntariamente e de bom grado, para a salvação do mundo.
Levou-os à montanha e mostrou-lhes, antes da sua ressurreição, a glória da sua divindade. Assim, quando ressuscitou de entre os mortos na glória da sua divindade, os discípulos reconheceram que não tinha recebido a glória como recompensa das suas dores, como se disso necessitasse, mas que ela Lhe pertencia desde muito antes dos séculos, com o Pai e junto do Pai, como Ele próprio diz ao aproximar-Se a sua paixão voluntária: «Pai, manifesta a minha glória junto de Ti, aquela glória que Eu tinha junto de Ti antes de o mundo existir» (Jo 17,5).

Segunda-feira, dia 13 de Março de 2017

Segunda-feira da 2.ª semana da Quaresma

Senhor, Deus grande, que sois fiel à aliança e à misericórdia para com os que Vos amam e observam os vossos mandamentos!
Nós pecámos, cometemos injustiças e iniquidades (= não-equidades), fomos rebeldes, afastando-nos dos vossos mandamentos e preceitos.
Não escutámos os profetas, vossos servidores, que em vosso nome falavam aos nossos reis, aos nossos chefes e antepassados e a todo o povo da nação.
Em Vós, Senhor, está a justiça; em nós recai a vergonha que sentimos no rosto, como sucede neste dia aos homens de Judá, aos habitantes de Jerusalém e a todo o Israel, aos que estão perto e aos que estão longe, em todos os países para onde os dispersastes por causa das infidelidades que contra Vós cometeram.
Sobre nós, Senhor, recai a vergonha que sentimos no rosto, sobre os nossos reis, chefes e antepassados porque pecámos contra Vós.
No Senhor, nosso Deus, está a misericórdia e o perdão porque nos revoltámos contra Ele
e não escutámos a voz do Senhor, nosso Deus, seguindo as leis que nos dava por meio dos profetas, seu servidores.
Livro de Salmos 79(78),8.9.11.13.
Não recordeis, Senhor, contra nós
as culpas dos nossos pais.
Corra ao nosso encontro a vossa misericórdia
porque somos tão miseráveis.

Ajudai-nos, ó Deus, nosso salvador,
para glória do vosso nome.
Salvai-nos e perdoai os nossos pecados,
para glória do vosso nome.

Chegue à vossa presença, Senhor,
o gemido dos cativos;
pela omnipotência do vosso braço,
libertai os condenados à morte.

E nós, vosso povo,
ovelhas do vosso rebanho,
louvar-Vos-emos para sempre
e de geração em geração cantaremos a vossa glória.
(neste salmo, não encontro um acto de contrição, uma conversão, mas sim e em abundância, ordens a Deus. A Deus não se dá ordens; ele sabe melhor do que ninguém o que fazer ou não fazer. Parece-me a atitude mais correcta!)
Evangelho segundo S. Lucas 6,36-38.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados.
Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Youssef Bousnaya (c. 869-979), monge sírio
Vida e doutrina de Rabban Youssef Bousnaya, por Jean Bar Kaldoum
«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso».
A misericórdia é a imagem de Deus e o homem misericordioso é, em verdade, uma imagem de Deus que habita na Terra. Tal como Deus é misericordioso para com todos, sem fazer distinções, também o homem misericordioso distribui os seus dons por todos de igual forma.
Meu filho, sê misericordioso e distribui os teus dons por todos, para que possas elevar-te ao grau da divindade […]. Não te deixes seduzir por este pensamento que poderás achar atraente: mais vale ser misericordioso para com o que tem fé que para com quem nos é estranho. Não é essa a misericórdia perfeita que imita o Deus que distribui os seus dons por todos, sem inveja, «que igualmente faz o Sol levantar-se sobre os bons e os maus e a chuva cair sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45). […]
«Deus é amor» (1Jo 4,8); a sua essência é amor e o seu amor é a sua própria essência. Por esse amor, o nosso Criador foi levado a produzir a nossa criação. O homem que possui a caridade é verdadeiramente Deus no meio dos homens.

Terça-feira, dia 14 de Março de 2017

Terça-feira da 2.ª semana da Quaresma

Escutai a palavra do Senhor, chefes de Sodoma; dai ouvidos ao ensinamento do nosso Deus, povo de Gomorra:
Lavai-vos, purificai-vos, afastai dos meus olhos a malícia das vossas acções, deixai de praticar o mal
e aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva».
Vinde então para discutirmos as nossas razões — diz o Senhor - ainda que os vossos pecados sejam como o escarlate, ficarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã.
Se fordes dóceis e obedientes, comereis os bens da terra.
Mas se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados pela espada». Assim falou a boca do Senhor.
Livro de Salmos 50(49),8-9.16bc-17.21.23.
Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo:
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.
Não aceito os novilhos da tua casa
nem os cabritos do teu rebanho
.

Como falas tanto na minha Lei
e trazes na boca a minha aliança,
tu que detestas os meus ensinamentos
e desprezas as minhas palavras?

Fizeste isto e Eu calei-me; pensaste que Eu era como tu.
Hei-de acusar-te e lançar-te tudo em rosto.
Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor,
a quem segue o caminho recto darei a salvação.

Evangelho segundo S. Mateus 23,1-12.
Naquele tempo, Jesus Cristo falou à multidão e aos discípulos, dizendo:
«Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.
Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras porque eles dizem e não fazem.
Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover.
Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas;
gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas,
das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’.
Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’ porque um só é o vosso Mestre (Jesus Cristo) e vós sois todos irmãos.
Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’ porque um só é o vosso pai, o Pai celeste.
Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’ porque um só é o vosso doutor (médico).
Aquele que for o maior entre vós será o vosso servidor.
Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São Pascácio Radbert (?-c. 849), monge beneditino
Comentário sobre o evangelho de Mateus, 10, 23
«Um só é o vosso doutor, o Messias».
Se alguém desejar um alto cargo na Igreja (cf 1Tim 3,1), deseje a obra que ele permite realizar e não a honra que lhe está associada: deseje ajudar e servir todos os homens, mais do que ser ajudado e servido por todos. Porque o desejo de ser servido provém do orgulho, como o dos fariseus, e o desejo de servir nasce da sabedoria e dos ensinamentos de Jesus Cristo. Aqueles que procuram as honras por si mesmas são os que se elevam e aqueles que se alegram por levar a sua ajuda e servir são os que se abaixam para que o Senhor os eleve.
Jesus Cristo não refere aqui aquele que o Senhor eleva, mas diz: «Quem se exalta será humilhado» e sê-lo-á naturalmente pelo Senhor. Também não refere aquele que o Senhor humilha, mas diz: «Quem se humilha será exaltado», uma vez mais pelo Senhor. [...] É por isso que Jesus Cristo, logo após ter reservado para Si, de modo particular, o título de doutor, imediatamente invoca a regra de sabedoria em virtude da qual «quem quiser ser grande deve ser o servidor de todos» (Mc 10,43). [...] Regra que já tinha exprimido noutros termos: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29).
Deste modo, quem quiser ser seu discípulo não deve tardar em aprender esta sabedoria de Jesus Cristo porque «todo o discípulo perfeito será como o seu mestre» (Lc 6,40). Pelo contrário, quem se tiver recusado a aprender a sabedoria ensinada pelo Mestre, longe de se tornar mestre, não será sequer discípulo.

Quarta-feira, dia 15 de Março de 2017

Quarta-feira da 2.ª semana da Quaresma

Os inimigos de Jeremias disseram entre si: «Vamos fazer uma conspiração contra Jeremias, pois não nos faltará a instrução de um sacerdote nem o conselho de um sábio nem o oráculo de um profeta. Vamos feri-lo com a difamação, sem fazermos caso do que ele disser».
«Ajudai-me, Senhor, escutai a voz dos meus adversários.
Porventura assim se paga o bem com o mal? Eles abrem uma cova para me tirar a vida. Lembrai-Vos de que me apresentei diante de Vós para Vos falar em seu favor, para deles afastar a vossa ira».
Livro de Salmos 31(30),5-6.14.15-16.
Livrai-me da armadilha que me prepararam
porque Vós sois o meu refúgio.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.

Porque eu ouvia os gritos da multidão:
«Terror por toda a parte!»,
quando se coligaram contra mim
e decidiram tirar-me a vida.

Eu, porém confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos

e de quantos me perseguem.
Evangelho segundo S. Mateus 20,17-28.
Naquele tempo, enquanto Jesus Cristo subia para Jerusalém, chamou à parte os Doze e, durante o caminho, disse-lhes:
«Vamos subir a Jerusalém e o Filho do homem vai ser entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas que O condenarão à morte
e O entregarão aos gentios, para ser por eles escarnecido, açoitado e crucificado. Mas ao terceiro dia Ele ressuscitará».
Então a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus Cristo com os filhos e prostrou-se para Lhe fazer um pedido.
Jesus Cristo perguntou-lhe: «Que queres?». Ela disse-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu reino um à tua direita e outro à tua esquerda».
Jesus Cristo respondeu: «Não sabeis o que estais a pedir. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?». Eles disseram: «Podemos».
Então Jesus Cristo declarou-lhes: «Bebereis do meu cálice. Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem meu Pai o designou».
Os outros dez, que tinham escutado, indignaram-se com os dois irmãos.
Mas Jesus Cristo chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós. Quem entre vós quiser tornar-se grande seja vosso servidor
e quem entre vós quiser ser o primeiro seja vosso escravo.
Será como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção dos homens».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Beato Tito Brandsma (1881-1942), carmelita holandês, mártir
A Mística do sofrimento
«Vamos subir a Jerusalém»
Jesus Cristo declarou-Se cabeça do corpo místico, de que nós somos os membros. A vinha é Ele; os sarmentos somos nós (Jo 15,5). Ele estendeu-Se no lagar e começou a pisar as uvas; deu-nos assim o vinho para que, ao bebê-lo, pudéssemos viver a partir da sua vida e partilhar dos seus sofrimentos. «Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia e siga-Me. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Eu sou o Caminho. Dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também» (Lc 9,23; Jo 8,12; 14,6; 13,15). E como os próprios discípulos não compreendiam que o seu caminho deveria ser de sofrimento, Ele explicou-lho, dizendo: «Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» (Lc 24,26)
Então o coração dos discípulos ardeu (v. 32). A Palavra de Deus inflamou-os. E, quando o Espírito Santo desceu sobre eles como chama divina para os abrasar (At 2), ficaram cheios de alegria por terem sofrido desprezos e perseguições (At 5,41), pois assim assemelhavam-se Àquele que os tinha precedido no caminho do sofrimento. Os profetas já tinham anunciado este caminho de sofrimento de Jesus Cristo e os discípulos compreenderam, por fim, que Ele não o tinha evitado: da manjedoura ao suplício da cruz, a pobreza e a falta de compreensão tinham sido o seu quinhão. Ele tinha passado a sua vida a ensinar aos homens que o olhar de Deus sobre o sofrimento, a pobreza e a falta de compreensão dos homens é diferente da vã sabedoria deste mundo (cf 1Cor 1,20). [...] Na cruz está a salvação. Na cruz está a vitória. Deus assim quis. (Deus criou o paraíso e lá colocou o homem e a mulher e lhes deu o livre arbítrio. Deus não quis nem a cruz nem o sofrimento que lhe são alheios. Eles são o meio para nos resgatar das trevas. Parece-me.)

Quinta-feira, dia 16 de Março de 2017

Quinta-feira da 2.ª da Quaresma

Assim fala o Senhor: «Maldito o homem que confia no homem e põe na carne a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor.
Será como o cardo na estepe que nem percebe quando chega a felicidade; habitará na aridez do deserto, terra salobre e inóspita.
Bendito o homem que confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança.
É como a árvore plantada à beira da água que estende as raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de produzir os seus frutos.
O coração é o que há de mais astucioso e incorrigível. Quem o pode entender?
Posso Eu, que sou o Senhor: penetro os corações, sondo os mais íntimos sentimentos, para retribuir a cada um segundo o seu caminho, conforme o fruto das suas obras».
Livro de Salmos 1,1-2.3.4.6.
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na Lei do Senhor
e nela medita dia e noite.

É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo
e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido.

Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.

Evangelho segundo S. Lucas 16,19-31.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos fariseus: «Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias.
Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas.
Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas.
Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado.
Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua porque estou atormentado nestas chamas’.
Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado.
Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que se alguém quisesse passar daqui para junto de vós ou daí para junto de nós, não poderia fazê-lo’.
O rico insistiu: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna
– pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’.
Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’.
Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’.
Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’». (ordens, ordens e mais ordens. Está no lugar adequado.)
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Discursos sobre os salmos, 85,3; CCL 39, 1178
A verdadeira riqueza e a verdadeira pobreza
Meus irmãos, quando digo que Deus não inclina os seus ouvidos para o rico, não deduzais que Deus não atende os que possuem ouro e prata, criados e patrimónios. Se eles nasceram nessas condições e ocupam esse lugar na sociedade, que se lembrem desta palavra do apóstolo Paulo: «Recomendo aos ricos deste mundo que não sejam orgulhosos» (1Tim 6,17). Aqueles que não são orgulhosos são pobres diante de Deus que inclina os seus ouvidos para os pobres e os necessitados (Sl 85,1). Com efeito, eles sabem que a sua esperança não está no ouro nem na prata nem nas coisas de que gozam durante algum tempo. Basta que as riquezas não os levem à perdição e que, se elas nada podem para os salvar, ao menos não lhes sirvam de obstáculo. Quando um homem despreza tudo quanto alimenta o seu orgulho, é um pobre de Deus e Deus inclina-Se para ele porque conhece os tormentos do seu coração.
Não há dúvida, irmãos, de que o pobre Lázaro que permanecia, coberto de chagas, à porta do rico, foi levado pelos anjos ao seio de Abraão; é isto que lemos e nisto que acreditamos. Quanto ao rico, que se vestia de púrpura e de linho fino e festejava esplendidamente todos os dias, foi precipitado nos tormentos do inferno. Terá sido, realmente, o mérito da sua indigência que valeu ao pobre ter sido levado pelos anjos? E o rico terá sido entregue aos tormentos do inferno por causa da sua opulência? Não, mas ao pobre foi a humildade que o dignificou e ao rico foi o orgulho que o condenou.

Sexta-feira, dia 17 de Março de 2017

Sexta-feira da 2.ª semana da Quaresma

Santo do dia : S. Patrício, bispo, +461, Beata Bárbara Maix, religiosa, +1873

Livro de Génesis 37,3-4.12-13a.17b-28.
Jacob gostava mais de José do que dos seus outros filhos porque ele era o filho da sua velhice e mandou fazer-lhe uma túnica de mangas compridas.
Os irmãos, vendo que o pai o preferia a todos eles, começaram a odiá-lo e não eram capazes de lhe falar com bons modos.
Um dia, foram para Siquém apascentar os rebanhos do pai.
Jacob disse a José: «Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. Vem cá, pois quero mandar-te ir ter com eles».
José partiu à procura dos irmãos e encontrou-os em Dotain.
Eles viram-no de longe e, antes que chegasse perto, combinaram entre si a sua morte.
Disseram uns aos outros: «Aí vem o homem dos sonhos.
Vamos matá-lo e atirá-lo a uma cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos então em que vão dar os seus sonhos».
Mas Rúben ouviu isto e, querendo livrá-lo das suas mãos, disse: «Não lhe tiremos a vida». Para o livrar das suas mãos e entregá-lo ao pai,
Rúben disse aos irmãos: «Não derrameis sangue. Lançai-o nesta cisterna do deserto, mas não levanteis as mãos contra ele».
Quando José chegou junto dos irmãos, eles tiraram-lhe a túnica de mangas compridas que trazia,
pegaram nele e lançaram-no dentro da cisterna, uma cisterna vazia, sem água.
Depois sentaram-se para comer. Mas, erguendo os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Galaad. Traziam camelos carregados de goma de tragacanto, resina aromática e láudano que levavam para o Egipto.
Então Judá disse aos irmãos: «Que interesse haveria em matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue?
Vamos vendê-lo aos ismaelitas, mas não lhe ponhamos as mãos porque é nosso irmão, da mesma carne que nós». Os irmãos concordaram.
Passando por ali uns negociantes de Madiã, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas que o levaram para o Egipto.
Livro de Salmos 105(104),16-17.18-19.20-21.
Deus chamou a fome sobre aquela terra e privou-os do pão que dá o sustento.
Adiante deles enviara um homem: José vendido como escravo.
Apertaram-lhe os pés com grilhões, lançaram-lhe ao pescoço uma coleira de ferro
até que se cumpriu a profecia e a palavra do Senhor o mostrou inocente.
Então o rei mandou que o soltassem, o soberano dos povos deu-lhe a liberdade
e fê-lo senhor da sua casa e governador de todos os seus domínios.

Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos.
Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro apedrejaram-no.
Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros e eles trataram-nos do mesmo modo.
Por fim mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’.
Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a sua herança’.
Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e mataram-no.
Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’?
Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos».
Ao ouvirem as parábolas de Jesus Cristo, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que falava deles
e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do povo que O considerava profeta.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 30 sobre o Cântico dos Cânticos
O mistério da vinha de Deus
Irmãos, se na vinha do Senhor vemos a Igreja, não é pequena prerrogativa ter a Igreja alargado os seus limites a toda a Terra. [...]
Refiro-me à multidão dos primeiros crentes, de quem foi dito que tinham «um só coração e uma só alma» (At 4,32). [...] Porque a perseguição não a arrancou tão brutalmente do solo que ela não tenha podido voltar a ser plantada noutros locais e alugada a outros vinhateiros que, chegada a estação própria, a fizeram dar frutos. Ela não pereceu, mudou de solo. Melhor, ganhou em força e em difusão, como vinha bendita pelo Senhor. Levantai, portanto, irmãos, os vossos olhos e vereis que «as montanhas se cobriram com a sua sombra e os seus ramos ultrapassaram os altos cedros. As suas ramagens estenderam-se até ao mar e os seus rebentos até ao rio» (Sl 79,11-12).
Isto não surpreende: ela é o edifício de Deus, o seu terreno de cultivo (1Cor 3,9). É Ele que a torna fecunda, que a faz propagar-se, que a poda e a limpa, de modo a que ela produza mais fruto. Ele não deixará ao abandono a cepa que a sua mão direita plantou (Sl 79,15); não abandonará a vinha cujos ramos são os Apóstolos, cuja cepa é Jesus Cristo e de que Ele, o Pai, é o agricultor (Jo 15,1-5). Plantada na fé, ela mergulha as suas raízes na caridade; lavrada pela obediência, fertilizada pelas lágrimas do arrependimento, irrigada pela palavra dos pregadores, dela transborda um vinho que inspira a alegria e não a má conduta, um vinho cheio de doçura que alegra verdadeiramente o coração do homem (Sl 103,15). [...] Filha de Sião, consola-te a contemplar este grande mistério: não chores! Abre o teu coração para acolheres todas as nações da terra!

Sábado, dia 18 de Março de 2017

Sábado da 2ª semana da Quaresma

Apascentai o vosso povo com a vossa vara, o rebanho da vossa herança que vive isolado na selva, no meio de uma terra frutífera, para que volte a apascentar-se em Basã e Galaad, como nos dias de outrora.
Mostrai-nos prodígios, como nos dias em que saístes da terra do Egipto.
Qual é o deus semelhante a Vós que perdoa o pecado e absolve a culpa deste resto da vossa herança? Não guarda para sempre a sua ira porque prefere a misericórdia.
Ele voltará a ter piedade de nós, pisará aos pés as nossas faltas, lançará para o fundo do mar todos os nossos pecados.
Mostrai a Jacob a vossa fidelidade e a Abraão a vossa misericórdia, como jurastes aos nossos pais, desde os tempos antigos.
Livro de Salmos 103(102),1-2.3-4.9-10.11-12.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Ele perdoa todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida e coroa-te de graça e misericórdia.

Não está sempre a repreender
nem guarda ressentimento.
não nos tratou segundo os nossos pecados
nem nos castigou segundo as nossas culpas.
Como a distância da Terra aos céus,

assim é grande a sua misericórdia para os que O adoram.
Como o Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados;

Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus Cristo, para O ouvirem.
Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles».
Jesus Cristo disse-lhes então a seguinte parábola:
 «Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos.
Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta.
Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações.
Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância e eu aqui a morrer de fome!
Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos
porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa.
Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo porque ele chegou são e salvo’.
Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele.
Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos.
E agora, quando chegou esse teu filho que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’.
Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo André de Creta (660-740), monge, bispo
Grande cânone da liturgia ortodoxa para a quaresma, 1.ª ode
«E eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora»
Por onde começar a chorar o que fiz ao longo da vida?
Quais serão os primeiros acordes desse canto de luto?
Concede-me, ó Cristo, o perdão dos meus pecados. [...]

Tal como o oleiro amassando a argila,
Tu me deste, ó meu Criador, carne e ossos, espírito e vida.
Senhor que me criaste, meu juiz e meu Salvador,
Leva-me hoje de volta para Ti.

Ó meu Salvador, diante de Ti confesso as minhas faltas:
Caí sob os golpes do Inimigo.
Eis as chagas com que os meus pensamentos assassinos,
Quais salteadores, mutilaram a minha alma e o meu corpo (Lc 10,20s).

Pequei, ó Salvador, mas sei que amas o homem.
É a tua ternura que nos castiga
E a tua misericórdia é como o fogo.
Vês-me chorar e vens a mim
Tal como o pai acolhe o filho pródigo.

Desde a juventude, ó meu Salvador, desprezei os teus mandamentos.
Passei a vida em paixões e inconsciências.
Grito por ti: antes que chegue a morte,
Salva-me. [...]

Em coisas vãs dissipei o património da minha alma.
Não colhi os frutos do fervor e tenho fome.
E grito: Pai de ternura, vem a mim,
Guarda-me na tua misericórdia.

Aquele que os ladrões assaltaram (Lc 10,30s),
Sou eu, no desvario dos meus pensamentos.
Eles atacam-me e ferem-me.
Inclina-Te Tu sobre mim, ó Cristo Salvador, e cura-me.

O sacerdote viu-me e afastou-se.
O levita viu-me, nu e a sofrer e passou adiante.
Mas Tu, Jesus nascido de Maria,
Tu páras e socorres-me. [...]

Lanço-me a teus pés, Jesus,
Pequei contra o teu amor.
Liberta-me deste fardo pesado demais
E, na tua misericórdia, acolhe-me.

Não entres em juízo contra mim,
Não reveles as minhas acções,
Não perscrutes motivos e desejos.
Mas, na tua compaixão, ó Todo-Poderoso,
Fecha os olhos às minhas faltas e salva-me.

Eis o tempo do arrependimento. Venho a Ti.
Liberta-me do pesado fardo dos meus pecados
E, na tua ternura, dá-me lágrimas de arrependimento.
©


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