"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna".
João 6, 68
Domingo,
dia 20 de Agosto de 2017
20.º
Domingo do Tempo Comum
Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça
porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a
manifestar-se.
Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para
amarem o seu nome e serem seus servidores, se guardarem o sábado sem o
profanarem, se forem fiéis à minha aliança,
hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha
casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no
meu altar porque a minha casa será chamada ‘casa de oração para todos os
povos’».
Livro de Salmos 67(66),2-3.5.6.8.
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua
bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.
Alegrem-se e exultem as nações
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a Terra.
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem. Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu amor aos confins da Terra.
Carta aos Romanos 11,13-15.29-32.
Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for
Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério,
a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles.
Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a
sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos?
Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.
Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia,
devido à desobediência dos judeus.
Assim também eles desobedecem agora, de modo que, devido à misericórdia
obtida por vós, também eles agora alcancem misericórdia.
Efetivamente Deus encerrou a todos na desobediência para usar de misericórdia para com todos.
Evangelho segundo São Mateus 15,21-28.
Naquele tempo, Jesus Cristo retirou-Se para os lados de Tiro e
Sidónia.
Então uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar:
«Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente
atormentada por um demónio».
Mas Jesus Cristo não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se
e pediram-Lhe: «Atende-a porque ela vem a gritar atrás de nós».
Jesus Cristo respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de
Israel».
Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor».
Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos
cachorrinhos». (neste caso, o pão= a Vida porque a Vida é limitada em cada um
de nós)
Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das
migalhas que caem da mesa de seus donos».
Então Jesus Cristo respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como
desejas». E a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Beda, o Venerável (c.
673-735), monge beneditino, doutor da Igreja
Homilia sobre os Evangelhos, I, 22: CCL 122, 156-160, PL 94, 102-105
«Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas».
O Evangelho
mostra-nos a grande fé, a paciência, a perseverança e a humildade da cananeia.
[...] Esta mulher era dotada de uma paciência verdadeiramente fora do comum.
Ao seu primeiro pedido, o Senhor não responde uma palavra. Apesar disso,
longe de cessar de rezar, ela implora-Lhe com redobrada insistência o socorro
da sua bondade. [...] Vendo o ardor da nossa fé e a tenacidade da nossa
perseverança na oração, o Senhor acabará por ter piedade de nós e
conceder-nos-á o que desejamos.
A filha da cananeia era «atormentada por um demónio». Uma vez expulso o
nefasto desassossego dos nossos pensamentos e desfeitos os nós dos nossos
pecados, recuperaremos a serenidade de espírito, bem como a possibilidade de
agirmos correctamente. [...] Se, a exemplo da cananeia, perseverarmos na oração com firmeza inabalável,
ser-nos-á concedida a graça do nosso Criador; ela corrigirá todos os nossos
erros, santificará tudo o que é impuro, pacificará toda a agitação. Porque o
Senhor é fiel e justo, Ele nos perdoará os nossos pecados e nos purificará de
toda a mancha se gritarmos por Ele com a voz vigilante do nosso
coração.
Segunda-feira,
dia 21 de Agosto de 2017
Segunda-feira da 20.ª
semana do Tempo Comum
Naqueles dias, os filhos de Israel procederam mal aos olhos do
Senhor e prestaram culto aos ídolos.
Abandonaram o Senhor, Deus dos seus pais, que os tinha feito sair da terra
do Egipto e seguiram divindades dos povos vizinhos; adoraram-nos e
provocaram a indignação do Senhor.
Abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e a Astarté.
A ira do Senhor inflamou-se contra os israelitas. O Senhor deixou-os à
mercê de salteadores que os saquearam, entregou-os nas mãos dos inimigos
que os rodeavam e a quem nunca mais puderam resistir.
Em todas as suas expedições, a mão do Senhor estava contra eles, como o
Senhor tinha dito e jurado. E assim se viram na maior aflição.
Então o Senhor suscitava juízes
que livravam os israelitas das mãos dos salteadores.
Mas eles nem sequer escutavam os juízes: prostituíam-se no culto de divindades
e prostravam-se diante deles. Depressa se desviaram do caminho que seus
pais tinham seguido, na obediência aos mandamentos do Senhor. Mas eles não
os imitavam.
Quando o Senhor lhes suscitava um juiz, o Senhor estava com o juiz (porque era o juiz que sofria
pelas suas culpas e perdia a sua Vida. Cada qual tem de responder pelas
suas acções e pensamentos e mais ninguém.). Salvava-os das mãos dos
inimigos durante o tempo em que o juiz vivia porque o Senhor compadecia-Se
quando eles gemiam por causa dos seus opressores e tiranos.
Mas quando o juiz morria, voltavam a corromper-se mais do que os seus pais
(porque não havia conversão), seguindo divindades, prestando-lhes culto e
prostrando-se diante deles, sem abandonarem as suas más acções nem o seu
comportamento perverso.
Livro de Salmos 106(105),34-35.36-37.39-40.43ab.44.
Não exterminaram os povos,
como o Senhor lhes tinha mandado,
Andaram com os pagãos
e imitaram os seus costumes.
Prestaram culto aos seus ídolos,
que foram para eles uma armadilha.
Imolaram aos demónios
seus filhos e suas filhas.
Contaminaram-se com as suas próprias obras,
prostituíram-se com seus crimes.
Por isso se inflamou a ira do Senhor contra o seu povo
e Ele abominou a sua herança.
Muitas vezes Deus os libertou,
mas eles mostraram-se rebeldes nos seus caprichos
e mergulharam sempre mais na sua maldade.
Contudo, Ele reparou na sua aflição
e ouviu os seus lamentos.
Evangelho segundo São Mateus 19,16-22.
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus Cristo um jovem que Lhe
perguntou: «Mestre, que hei-de fazer de bom para ter a vida eterna?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Porque Me interrogas sobre o que é bom? Bom é
um só. Mas se queres entrar na Vida, guarda os mandamentos».
Ele perguntou: «Que mandamentos?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Não matarás, não cometerás adultério; não
furtarás; não levantarás falso testemunho;
honra pai e mãe; ama o teu próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe o jovem: «Tudo isso tenho eu guardado. Que me falta ainda?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Se
queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres e terás
um tesouro nos Céus. Depois vem e segue-Me».
Ao ouvir estas palavras, o jovem retirou-se entristecido porque tinha
muitos bens.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santa Clara (1193-1252), monja
franciscana
Carta a Inês de Praga, 3-14
A única coisa necessária
Agradeço ao Autor
da graça, Àquele de quem provém todo o bem e toda a perfeição, por te ter
ornado com tantas virtudes e dotado de tantas perfeições, por te teres
tornado imitadora atenta e perfeita do Pai que é perfeito, a ponto de os
seus olhos não conseguirem discernir em ti imperfeição alguma. Ei-la, esta
perfeição que, no palácio dos céus, selará a tua união com o próprio Rei,
que tem a sua sede na glória, num trono estrelado e esta perfeição consistiu, no teu caso,
em desprezar as grandezas de um reino terreno; em julgar indigna, por
comparação, a proposta de casamento com o imperador; em praticar a
santíssima pobreza e, com o impulso do teu amor e da tua humildade, seguir
as pegadas daquele para cujas núpcias mereceste ser convidada.
Sei que estás adornada de virtudes, mas não quero importunar-te
sobrecarregando-te com louvores supérfluos, ainda que, para ti, nada seja
supérfluo se puderes retirar disso alguma consolação. Ora, uma vez que uma
só coisa é necessária (cf Lc 10,42), limitar-me-ei a ela, exortando-te, por
amor Àquele a quem te ofereceste como hóstia santa e agradável: lembra-te
da tua vocação e, qual segunda Raquel, tem sempre na memória os princípios
de base que te fazem agir: guarda
cuidadosamente aquilo que adquiriste; faz bem aquilo que fazes; nunca recues; pelo contrário, apressa-te
e corre com passo ligeiro, sem tropeçares nas pedras do caminho, sem sequer
levantares a poeira que te mancharia os pés; avança confiante, alegre e jubilosa. Mas segue com precaução
pelo caminho da felicidade, sem te fiares nem te entregares a quem queira
desviar-te da tua vocação, entravar-te o caminho e impedir-te de seres fiel
ao Altíssimo no estado de perfeição para o qual o Espírito do Senhor te
chamou.
Terça-feira,
dia 22 de Agosto de 2017
Terça-feira da 20.a
semana do Tempo Comum
Festa da Igreja : Nossa
Senhora Rainha
Calendário da Igreja disponível este dia
Livro de Juízes 6,11-24a.
Naqueles dias, o Anjo do Senhor veio sentar-se debaixo do
carvalho de Ofra que pertencia a Joás, da família de Abiezer. Seu filho
Gedeão estava a malhar trigo no lagar para o esconder dos madianitas.
O Anjo do Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: «O Senhor está contigo,
valente guerreiro».
Gedeão respondeu-lhe: «Perdão, meu senhor. Se o Senhor está connosco,
porque nos têm sucedido todas estas desgraças? Onde estão todos esses
prodígios que os nossos pais nos contaram, dizendo: ‘O Senhor
libertou-nos da terra do Egipto’? Mas agora o Senhor abandonou-nos e
entregou-nos nas mãos de Madiã».
Então o Senhor voltou-Se para ele e disse-lhe: «Vai com essa tua força
salvar Israel das mãos de Madiã. Não sou Eu que te envio?».
Gedeão respondeu: «Perdão, meu Senhor. Como poderei salvar Israel? A
minha família é a mais humilde de Manassés e eu sou o último da casa de
meu pai».
O Senhor disse-lhe: «Eu estarei contigo e tu vencerás Madiã como se ele
fosse um só homem».
Disse Gedeão: «Se encontrei graça a vossos olhos, dai-me um sinal de que
sois Vós que me falais.
Não Vos afasteis daqui até que eu volte para junto de Vós, trazendo a
minha oferta, para a colocar na vossa presença». O Senhor respondeu:
«Ficarei até que voltes».
Gedeão entrou em casa, preparou um cabrito e com uma medida de farinha
fez pães ázimos. Colocou a carne num cesto, deitou o molho num tacho,
levou tudo para debaixo do carvalho e ofereceu-Lho.
Disse-lhe o Anjo do Senhor: «Toma a carne e os pães ázimos, coloca-os
sobre essa pedra e derrama o molho sobre eles». Gedeão assim fez.
O Anjo do Senhor estendeu a ponta da vara que tinha na mão e tocou na
carne e nos pães ázimos. Saiu então fogo da rocha e consumiu a carne e os
pães. E o Anjo do Senhor desapareceu da sua vista.
Gedeão reconheceu que era o Anjo do Senhor e disse: «Ai de mim, Senhor
Deus! Eu vi face a face o Anjo do Senhor».
Mas o Senhor respondeu-lhe: «A paz esteja contigo. Não tenhas medo porque
não morrerás».
Gedeão ergueu ali um altar ao Senhor e chamou-lhe «O Senhor é a paz».
Livro de Salmos 85(84),9.11-12.13-14.
Escutemos o que diz o Senhor:
Deus fala de paz
ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
Encontraram-se a misericórdia
e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra,
e a justiça descerá do Céu.
O Senhor dará ainda o que é bom
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente,
e a paz seguirá os seus passos.
Evangelho segundo São Mateus 19,23-30.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Em
verdade vos digo: Um rico dificilmente entrará no reino dos Céus.
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no reino de Deus».
Ao ouvirem estas palavras, os discípulos ficaram muito admirados e
disseram: «Quem poderá então salvar-se?».
Jesus Cristo olhou para eles e respondeu: «Aos homens isso é impossível,
mas a Deus tudo é possível».
Então Pedro tomou a palavra e disse-Lhe: «Nós deixámos tudo para Te
seguir. Que recompensa teremos?».
Jesus Cristo respondeu: «Em verdade vos digo: No mundo renovado, quando o
Filho (do homem) vier sentar-Se no seu trono de glória, também vós que Me
seguistes vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de
Israel.
E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou
terras por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança
a vida eterna.
Muitos dos primeiros serão os últimos (porque a boca diz uma coisa e o
coração outra; não se converteram) e muitos dos últimos serão os
primeiros (porque conheceram mais e converteram-se)».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório Magno (c.
540-604), Papa, doutor da Igreja
Homilia 5 sobre o Evangelho; PL 76, 1093
«Nós deixámos tudo para Te seguir».
Ouvistes,
meus irmãos, que Pedro e André abandonaram as redes para seguirem o
Redentor ao primeiro apelo da sua voz (Mt 4,20). [...]
Talvez algum de vós diga baixinho: «O que abandonaram aqueles dois
pescadores para obedecer ao apelo do Senhor, eles que não tinham quase
nada?» Nesta matéria, porém, temos de considerar mais as disposições do coração do que os bens que se
possuem. Deixa muito aquele que nada retém para si; deixa muito aquele
que abandona tudo, mesmo que esse tudo seja pouco. Nós, pelo contrário,
conservamos com paixão aquilo que possuímos e buscamos com o desejo
aquilo que não temos. Sim, Pedro e André deixaram muito, pois um e outro
abandonaram até o desejo de possuir. Abandonaram muito porque,
renunciando aos seus bens, renunciaram também às suas ambições. Seguindo
o Senhor, renunciaram a tudo o que poderiam ter desejado se O não
tivessem seguido.
Quarta-feira,
dia 23 de Agosto de 2017
Quarta-feira da
20.ª semana do Tempo Comum
Naqueles dias,
todos os chefes de Siquém e todo o Bet-Milo se reuniram junto do
carvalho da estela que está em Siquém e proclamaram rei Abimelec.
Quando deram a notícia a Joatão, ele foi colocar-se no cimo do monte
Garizim e levantou a voz, dizendo: «Escutai-me, chefes de Siquém e Deus
também vos escutará.
Certo dia, as árvores resolveram escolher um rei. Disseram à oliveira:
‘Reina sobre nós’.
A oliveira respondeu-lhes: ‘Terei de renunciar ao meu azeite, que dá
honra aos deuses e aos homens, para me baloiçar por cima das árvores?’.
Então as árvores disseram à figueira: ‘Vem tu reinar sobre nós’.
Mas a figueira respondeu-lhes: ‘Terei de renunciar à doçura do meu
saboroso fruto, para ir baloiçar-me por cima das árvores?’.
E as árvores disseram à videira: ‘Vem tu reinar sobre nós’.
Mas a videira respondeu-lhes: ‘Terei de renunciar ao meu vinho novo,
que alegra os deuses e os homens, para ir baloiçar-me por cima das
árvores?’.
Então todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Vem tu reinar sobre
nós’.
E o espinheiro respondeu às árvores: ‘Se é de boa fé que me quereis ungir como vosso rei, vinde acolher-vos à
minha sombra. Se não, sairá fogo do espinheiro e devorará os cedros do
Líbano’».
Livro de Salmos 21(20),2-3.4-5.6-7.
Senhor, o rei
alegra-se com o vosso poder
e exulta de contente com o vosso auxílio.
Satisfizestes os anseios do seu coração,
não rejeitastes o pedido de seus lábios.
Vós o cumulastes de bênçãos preciosas,
cingistes sua fronte com uma coroa de ouro fino.
Pediu-vos a vida e Vós lha concedestes,
uma vida longa para muitos anos.
Graças à vossa protecção, é grande a sua glória,
Vós o revestistes de esplendor e majestade.
Para sempre o abençoastes
e enchestes de alegria na vossa presença.
Evangelho segundo São Mateus 20,1-16a.
Naquele tempo,
disse Jesus Cristo aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino
dos Céus pode comparar-se a um proprietário que saiu muito cedo a
contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha.
Saiu a meia manhã, viu outros que estavam na praça ociosos
e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for
justo’.
E eles foram. Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas
da tarde e fez o mesmo.
Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e
disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’.
Eles responderam-lhe: ‘Ninguém nos contratou’. Ele disse-lhes: ‘Ide vós
também para a minha vinha’.
Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores
e paga-lhes o salário, a começar pelos últimos e a acabar nos
primeiros’.
Vieram os do entardecer e receberam um denário cada um.
Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais, mas
receberam também um denário cada um.
Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário,
dizendo:
‘Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a
nós, que suportámos o peso do dia e o calor’.
Mas o proprietário respondeu a um deles: ‘Amigo, em nada te prejudico. Não foi um denário que ajustaste
comigo?
Leva o que é teu e segue o teu caminho. Eu quero dar a este último
tanto como a ti. (a Vida e o bem e o seu Universo)
Não me será permitido fazer o que quero do que é meu? Ou serão maus os
teus olhos porque eu sou bom?’.
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório Magno (c.
540-604), Papa, doutor da Igreja
Homilias sobre o evangelho, n.º 19
«Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?»
Podemos repartir
estas diferentes horas do dia pelas idades da vida de cada homem. A
madrugada é a infância da
nossa inteligência. A terceira hora poderá corresponder à adolescência, pois o sol começa
já, por assim dizer, a tomar altura; é quando os ardores da juventude começam a aquecer. A
sexta hora é a da maturidade:
o sol como que estabelece nesse momento o seu ponto de equilíbrio, pois
o homem está na plenitude da sua força. A nona hora designa a velhice, quando o sol desce de
alguma forma do alto do céu porque os ardores da idade madura arrefecem
nesse tempo. Enfim, a décima primeira hora é aquela idade a que
chamamos a velhice avançada.
[…] Dado que uns são conduzidos a uma vida honesta logo na infância,
outros durante a adolescência, aqueloutros na idade madura, aqueles na
velhice, outros ainda em idade muito avançada, é como se fossem
chamados para a vinha em diferentes horas do dia.
Examinai bem, portanto, a vossa maneira de viver, irmãos, e vede se
começastes a agir como os trabalhadores de Deus. Reflecti bem e
considerai se trabalhais na vinha do Senhor […]. Aquele que até à sua
última idade negligenciou viver para Deus é como o trabalhador que
ficou sem nada fazer até à décima primeira hora […]. «Porque ficais
aqui todo o dia sem trabalhar?» É como se dissesse com toda a clareza:
«Se não quisestes viver para Deus durante a juventude e a idade madura,
arrependei-vos ao menos na idade derradeira. […] Vinde, ainda assim,
para os caminhos da vida» […].
Não foi à décima primeira hora que veio o bom ladrão? (Lc 23,39s). Não
foi por causa da idade avançada, mas por causa do suplício que ele
chegou no ocaso da sua vida. Confessou Deus na cruz e deu o último
suspiro quase no preciso momento em que o Senhor dava a sua sentença, E
o Senhor do Reino, que antes de Pedro admitiu o bom ladrão nas delícias
do paraíso, distribuiu bem o salário ao começar pelo último.
Quinta-feira, dia 24 de Agosto de 2017
São
Bartolomeu, Apóstolo – Festa
O Anjo falou-me,
dizendo: «Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro».
Transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me
a cidade santa de Jerusalém que descia do Céu, da presença de Deus,
resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma
pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino.
Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze
Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos dos
filhos de Israel:
três portas a nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e
três portas a poente.
A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes e neles
doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro.
Livro de Salmos 145(144),10-11.12-13ab.17-18.
Vos agradeçam,
Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.
Para darem a conhecer aos homens o
vosso poder,
a glória e o esplendor do vosso
reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as
suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.
Evangelho segundo São João 1,45-51.
Naquele tempo,
Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de quem
está escrito na Lei de Moisés e nos Profetas. É Jesus de Nazaré,
filho de José».
Disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe
respondeu-lhe: «Vem ver».
Jesus Cristo viu Natanael que vinha ao seu encontro e disse: «Eis um
verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?» Jesus Cristo respondeu-lhe:
«Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da
figueira».
Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu és o Filho (de Deus), Tu és o Rei de
Israel!».
Jesus Cristo respondeu: «Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da
figueira’, acreditas. Verás coisas maiores do que estas».
E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: Vereis o Céu aberto
e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho (do homem)».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Pedro Damião
(1007-1072), eremita, bispo, doutor da Igreja
Sermão 42, 2.º para São Bartolomeu: PL 144, 726, 728 C-D
«Assim como a chuva e a neve descem do céu, [...] o
mesmo sucede com a palavra que sai da minha boca» (Is 55,10-11)
Os
apóstolos são as pérolas que João afirma, no Apocalipse, ter
contemplado, as pérolas que são as portas da Jerusalém celeste (Ap
21,21). [...] Com efeito, quando irradiam a luz divina por meio de
sinais e de milagres, os apóstolos abrem o acesso da glória celeste
de Jerusalém aos povos convertidos à fé cristã. E os que, graças a
eles, são salvos entram na vida, qual viajante que entra por uma
porta. [...] É também acerca deles que o profeta pergunta: «Quem são
estes, que voam como as nuvens?» (Is 60,8), nuvens que se condensam
em água quando regam a terra do nosso coração com a chuva dos seus
ensinamentos, a fim de a tornarem fértil e portadora dos gérmenes das
boas obras.
Bartolomeu, cuja festa celebramos hoje, significa precisamente, em
aramaico, «filho daquele que traz a água». Ele é o filho deste Deus
que eleva o espírito dos seus pregadores à contemplação das verdades
do alto, a fim de que eles possam difundir, com eficácia e
abundância, a chuva da palavra de Deus nos nossos corações. Assim
eles bebem a água da fonte, para depois no-la darem a beber a nós.
Sexta-feira, dia 25 de Agosto de 2017
Sexta-feira
da 20.ª semana do Tempo Comum
Santo do dia
: Beato
Miguel de Carvalho, presbítero, mártir, +1624, São
José de Calasanz, presbítero, educador, +1648, São
Luís (IX), rei de França, +1270
Livro de Rute 1,1.3-6.14b-16.22.
No tempo em que
os juízes governavam, houve uma fome no país. Certo homem deixou
Belém de Judá e emigrou para os campos de Moab, com a mulher e dois
filhos.
Elimelec, marido de Noémi, faleceu e ela ficou só com os seus dois
filhos.
Ambos casaram com esposas moabitas, uma chamada Orpa e a outra
Rute. Permaneceram lá cerca de dez anos.
Entretanto os filhos também morreram e Noémi ficou só, sem os dois
filhos e sem o marido.
Resolveu então voltar dos campos de Moab, juntamente com as noras,
por ter sabido, nos campos de Moab, que o Senhor tinha abençoado o
seu povo, dando-lhe pão.
Orpa despediu-se da sogra e voltou para o seu povo; mas Rute ficou
com Noémi.
Disse-lhe Noémi: «Olha que a tua cunhada voltou para o seu povo e
para o seu deus. Vai também com ela».
Rute respondeu-lhe: «Não insistas comigo, para que te deixe e me
afaste de ti, pois irei para onde fores e viverei onde viveres. O
teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus».
Foi assim que Noémi regressou dos campos de Moab, trazendo consigo
sua nora Rute, a moabita. Chegaram a Belém no início da ceifa da
cevada.
Livro de Salmos 146(145),5-6.7.8-9a.9bc-10.
Feliz o que tem
por auxílio o Deus de Jacob,
o que põe a sua confiança no Senhor, seu Deus,
que fez o céu e a Terra,
o mar e quanto neles existe.
O Senhor faz justiça aos
oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos
cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
Evangelho segundo São Mateus 22,34-40.
Naquele tempo,
os fariseus, ouvindo dizer que Jesus Cristo tinha feito calar os
saduceus, reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus Cristo, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento
da Lei?».
Jesus Cristo respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu
coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’.
Este é o maior e o primeiro
mandamento.
O segundo, porém, é
semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo António de Lisboa
(c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para os domingos e festas
Amar a Deus, ao próximo e a si mesmo
Ama-te
a ti mesmo tal como te criou Aquele que te amou. Despreza-te tal
como te fizeste a ti mesmo. Submete-te ao que está acima de ti;
despreza o que está abaixo de ti. Ama-te a ti mesmo como te amou
Aquele que Se entregou por ti. Depreza-te por teres desprezado o
que Deus fez e amou em ti. [...]
Queres ter Deus no teu espírito em todo o momento? Olha-te tal como
Deus te fez. Não andes à procura de outro tu, não te tornes outro,
diferente daquele que Deus te fez. Assim terás Deus no teu espírito
em todo o momento.
Sábado, dia 26 de Agosto de 2017
Sábado da
20.ª semana do Tempo Comum
Noémi tinha
um parente da parte do marido, homem importante pela sua fortuna.
Era da família de Elimelec e chamava-se Booz.
Um dia, Rute, a moabita, disse a Noémi: «Deixa-me ir ao campo
apanhar espigas, atrás de quem me acolher favoravelmente». Noémi
respondeu-lhe: «Vai, minha filha».
Ela saiu para ir apanhar espigas no campo, atrás dos ceifeiros e
foi ter por acaso a um campo que era de Booz, parente de
Elimelec.
Booz disse a Rute: «Escuta, minha filha, não vás apanhar espigas
noutro campo. Não te afastes daqui, fica com as minhas servas.
Repara bem no terreno em que estão a ceifar e vai atrás delas que
eu dei ordens aos meus servos para não te incomodarem. Se tiveres
sede, vai às bilhas beber da água que eles beberem».
Então Rute prostrou-se de rosto em terra e disse-lhe: «Porque
encontrei favor a teus olhos, de modo que te interessaste por mim
que sou uma estrangeira?».
Booz respondeu-lhe: «Eu estou informado de tudo o que tens feito
à tua sogra, depois da morte do teu marido. Deixaste pai e mãe e
a terra onde nasceste e vieste para um povo que não conhecias».
Depois desposou Rute, que se tornou sua mulher e conviveu com
ela. O Senhor deu-lhe a graça de conceber e ela deu à luz um
filho.
As mulheres disseram a Noémi: «Bendito seja o Senhor, que não te
recusou hoje quem assegurasse a tua descendência. O seu nome seja
celebrado em Israel!
Será a consolação da tua alma e o amparo da tua velhice, pois
nasceu da tua nora, que é tão tua amiga e vale mais para ti do
que sete filhos».
Noémi tomou o menino ao colo e foi ela que o criou.
As vizinhas deram nome ao menino, dizendo: «Nasceu um filho a
Noémi». E deram-lhe o nome de Obed. Obed foi o pai de Jessé, pai
de David.
Livro de Salmos 128(127),1-2.3.4.5.
Feliz de ti,
que adoras o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que adora o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.
Evangelho segundo São Mateus 23,1-12.
Naquele
tempo, Jesus Cristo falou à multidão e aos discípulos, dizendo:
«Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.
Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as
suas obras porque eles dizem e não fazem.
Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles
nem com o dedo os querem mover.
Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os
filactérios e ampliam as borlas;
gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos
nas sinagogas,
das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’.
Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’ porque um só é o
vosso Mestre (Jesus Cristo) e vós sois todos irmãos.
Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’ porque um só é o vosso
pai, o Pai celeste.
Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’ (médicos) porque um só é o
vosso doutor, o Messias.
Aquele que for o maior entre vós será o vosso servidor.
Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Isaac o Sírio (século
VII), monge perto de Mossul
Discurso 58
«Quem se humilha será exaltado»
Há
uma humildade que vem do medo de Deus e há uma humildade que vem
do próprio Deus. Há aquele que é humilde porque tem medo de Deus
e o que é humilde porque conhece a alegria. Um deles, o que se
humilhou porque teme a Deus, recebe a doçura no seu corpo, o equilíbrio
dos sentidos e um coração permanentemente controlado. O outro, o
que é humilde porque conhece a alegria, recebe uma grande
simplicidade e um coração dilatado que já nada pode prender.©
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