sexta-feira, 30 de março de 2012

Cristianismo 51


=CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Mais uma vez, no caminho de preparação para a mais importante festa do calendário cristão, a Igreja nos propõe um tempo de preparação – de penitência e de escuta da palavra, de acolhimento do plano de Deus e de atenção aos irmãos.

Neste ano de 2012, os textos que nos serão apresentados ao longo destas cinco semanas, mostram-nos um percurso claro e definido: Deus quer oferecer-nos um mundo onde a felicidade é possível (1º domingo) e a sua Palavra ensina-nos o caminho (2º domingo), Palavra que nos chama à conversão e à renovação (3º domingo). Aceitar esta Palavra implica, pois mudar de vida. Fiquemos, contudo certos do amor de Deus, gratuito e incondicional (4º domingo). Quanto a nós, temos de estar atentos ao seu plano de salvação e ir ao encontro dos outros, no amor e no serviço (5º domingo).

A “nova evangelização” a que a Igreja nos convida a todos nesta Quaresma impele-nos a não guardarmos este segredo do amor misericordioso de Deus e a partilhá-lo à nossa volta.

Com os votos de uma Santa Quaresma, saúda-vos com amizade

a equipa do Evangelho Quotidiano para a língua portuguesa

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Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Sexta-feira, dia 16 de Março de 2012


Sexta-feira da 3ª semana da Quaresma



Assim fala o Senhor: «Volta, Israel, ao Senhor teu Deus porque caíste por causa dos teus pecados.
Tomai convosco palavras de arrependimento e voltai ao SENHOR, dizendo-lhe: «Perdoa todos os nossos pecados e acolhe favoravelmente o sacrifício que oferecemos, a homenagem dos nossos lábios.
A Assíria não nos salvará; não montaremos a cavalo e nunca mais chamaremos nosso Deus a uma obra das nossas mãos, pois só junto de ti o órfão encontra compaixão.»
Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração porque a minha cólera se afastou deles.
Serei para Israel como o orvalho: florescerá como um lírio e deitará raízes como um cedro do Líbano.
Os seus ramos estender-se-ão ao longe, a sua opulência será como a da oliveira, o seu perfume como o odor do Líbano.
Regressarão os que habitavam à sua sombra; renascerão como o trigo, darão rebentos como a videira e a sua fama será como a do vinho do Líbano. Efraim, que tenho Eu ainda a ver com os ídolos? Sou Eu quem responde e olha por ele. Eu sou como um cipreste sempre verdejante; é de mim que procede o teu fruto.
Quem é sábio para compreender estas coisas, inteligente para as conhecer? Porque os caminhos do SENHOR são rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores tropeçarão neles.
Livro de Salmos 81(80),6c-8a.8bc-9.10-11ab.14.17.

Ouço uma língua desconhecida que diz:
"Aliviei os seus ombros do fardo,
as suas mãos livraram-se de carregar o cesto.
Na angústia chamaste por mim e Eu salvei-te.-
Respondi-te escondido no trovão,
pus-te à prova junto das águas de Meriba.-
Ouve, meu povo, a minha advertência;
oxalá, Israel, me prestes ouvidos:
'Não terás contigo um deus estrangeiro,
nem te prostrarás diante de um deus estranho.
Eu sou o Senhor, teu Deus,
que te tirou da terra do Egipto.-
Se o meu povo me tivesse escutado!
Se Israel tivesse seguido os meus caminhos!
Alimentaria o meu povo com a flor do trigo
e saciá-lo-ia com o mel silvestre."
Evangelho segundo S. Marcos 12,28b-34.

Naquele tempo, aproximou-se de Jesus Cristo um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus Cristo lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
Jesus Cristo respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor;
amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.
O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.»
O escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e não existe outro além dele
e amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios
Vendo que ele respondera com sabedoria, Jesus Cristo disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E ninguém mais ousava interrogá-lo.

Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), bispo e doutor da Igreja 6º Discurso para a novena de Natal

«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»

Os grandes da Terra ufanam-se de possuir reinos e riquezas. Jesus Cristo tem a Sua felicidade em reinar nos nossos corações; é este o império que Ele almeja e que decidiu conquistar pela Sua morte na cruz: «Ele recebeu o poder sobre os seus ombros» (Is 9,5). Por estas palavras, vários intérpretes [...] entendem a cruz que o nosso divino Redentor carregou aos ombros. «Este Rei do Céu, observa Cornélio a Lapídio, é um senhor bem diferente do demónio: este carrega os ombros dos seus escravos com pesados fardos. Jesus Cristo, pelo contrário, toma sobre Si mesmo todo o peso do Seu império; abraça a cruz e quer morrer nela para reinar no nosso coração.» E Tertuliano diz que enquanto os monarcas da Terra «trazem o ceptro na mão e a coroa na cabeça como emblemas do seu poder, Jesus Cristo levou a cruz aos ombros e a cruz foi o trono aonde Ele subiu para fundar o Seu reino de amor». […]

Apressemo-nos, pois a consagrar todo o amor do nosso coração a esse Deus que, para o obter, sacrificou o Seu sangue, a Sua vida, a Si próprio. «Se conhecesses o dom de Deus, diz Jesus Cristo à samaritana, e Quem é Aquele que te diz 'Dá-me de beber'» (Jo 4,10). Isto é: se conhecesses a grandeza da graça que recebes de Deus. [...] Oh, se a alma compreendesse que graça extraordinária Deus lhe faz quando lhe pede o seu amor nestes termos: «Amarás o Senhor teu Deus». Não ficaria um súbdito que ouvisse o seu príncipe dizer-lhe: «Ama-me» cativado por este convite? E não conseguirá Deus conquistar o nosso coração quando nos pede com tanta bondade: «Meu filho, dá-me o teu coração»? (Pr 23,26) Mas Deus não quer apenas metade deste coração; quere-o todo, sem reservas; este é o Seu preceito: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração».

Sábado, dia 17 de Março de 2012

Sábado da 3ª semana da Quaresma



«Vinde, voltemos para o Senhor; Ele feriu-nos, Ele nos curará; Ele fez a ferida, Ele fará o penso.
Dar-nos-á de novo a vida em dois dias, ao terceiro dia nos levantará e viveremos na sua presença.
Conheçamos, esforcemo-nos por conhecer o SENHOR; iminente como a aurora, está a sua vinda; Ele virá para nós como a chuva, como a chuva da Primavera que irriga a terra.»
Que posso fazer por ti, ó Efraim? Que posso fazer por ti, ó Judá? O vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho matutino que logo se dissipa.
Por isso os castiguei duramente pelos profetas e os matei pelas palavras da minha boca e o meu julgamento resplandece como a luz.
Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.
Livro de Salmos 51(50),3-4.18-19.20-21ab.

Tem compaixão de mim,
ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia,
apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.-
Não te comprazes nos sacrifícios
nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus
é o espírito contrito;
ó Deus, não desprezes
um coração contrito e arrependido.-
Pela tua bondade,
trata bem a Sião;
reconstrói os muros de Jerusalém.
Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos, os holocaustos e as ofertas;
então serão oferecidos vítimas
sobre o vosso altar...
Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.

Naquele tempo, Jesus Cristo disse também a seguinte parábola a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais:
«Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus, agradeço-te por não ser como o resto dos homens que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.'
O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim que sou pecador.'
Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.»

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo Sermão 48 para o 11º domingo depois da Trindade

«Dois homens subiram ao templo para orar»

Estes dois homens subiram ao Templo. O Templo é o amoroso fundo interior da nossa alma, no qual a Santíssima Trindade vive tão cheia de amor, trabalha tão nobremente, no qual depositou tão generosamente todo o Seu tesouro, onde Se compraz e Se alegra no gozo da Sua nobre imagem e semelhança (cf. Gn 1,26). Ninguém pode exprimir de maneira perfeita a nobreza e a alta dignidade desse Templo; é nele que temos de entrar para orar. E para que a oração seja bem feita, tem de haver dois homens a subir [...], o homem exterior e o homem interior. A oração que faz o homem exterior de pouco ou nada serve sem o homem interior. Para avançar realmente no caminho da oração verdadeira e bem feita, nada é de maior ajuda e maior utilidade que o precioso corpo eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] Meus queridos filhos, deveis sentir-vos extraordinariamente reconhecidos por essa grande graça vos ser agora dada mais frequentemente que antes e deveis preferi-la a qualquer outro auxílio. […]

Portanto um dos dois homens era um fariseu e o Evangelho diz-nos o que lhe aconteceu. O outro era um publicano que se mantinha afastado e sem ousar levantar os olhos para o céu, dizia: «Ó Deus tem piedade de mim que sou pecador»; para este, a oração terminou de modo feliz. Na verdade, gostaria de agir como ele e ter sempre em consideração a minha pequenez. Seria absolutamente a via mais nobre e útil que poderíamos seguir. Esse caminho traz Deus ao homem (e à mulher) sem cessar e sem intermediários, pois onde Deus chega com a Sua misericórdia, chega com todo o Seu ser, chega Ele mesmo.

Ora acontece que os sentimentos desse publicano entram na alma de algumas pessoas que então, conscientes dos seus pecados, querem fugir de Deus e do Santíssimo Sacramento, dizendo que não ousam aproximar-se dele. Não, meus queridos filhos, deveis, pelo contrário, ir com muito mais vontade à comunhão para serdes perdoados das vossas faltas e dizerdes: «Vem, Senhor, vem depressa antes que a minha alma morra em pecado; é necessário que venhas rapidamente antes que ela morra de todo» (cf Jo 4,49).

Domingo, dia 18 de Março de 2012

4º Domingo da Quaresma - Ano B



Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém.
O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada.
Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas a tal ponto que deixou de haver remédio perante a indignação do Senhor contra o seu povo.
Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém. Lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os objectos preciosos.
O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada e foram escravos deles e de seus filhos até que se estabeleceu o reino dos persas.

Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação até que se completaram setenta anos».

No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação:
«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da Terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo, ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele».

Livro de Salmos 137(136),1-2.3.4-5.6.

Junto aos rios da Babilónia
nos sentámos a chorar,
recordando-nos de Sião.
Nos salgueiros das suas margens,
pendurámos as nossas harpas.
Os que nos levaram para ali cativos
pediam-nos um cântico
e os nossos opressores, uma canção de alegria:
«Cantai-nos um cântico de Sião.»-
Como poderíamos nós
cantar um cântico do Senhor,
estando numa terra estranha?
Se me esquecer de ti, Jerusalém,
fique ressequida a minha mão direita!
Pegue-se-me a língua ao palato
se eu não me lembrar de ti,
se não fizer de Jerusalém
a minha suprema alegria!
Carta aos Efésios 2,4-10.

Irmãos: Deus que é rico em misericórdia pelo amor imenso com que nos amou,
precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Jesus Cristo – é pela graça que vós estais salvos –
com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Jesus Cristo.
Pela bondade que tem para connosco em Cristo Jesus, quis assim mostrar nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça.
Porque é pela graça que estais salvos, por meio da e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não vem das obras para que ninguém se glorie.
Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus para vivermos na prática das boas obras que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos.
Evangelho segundo S. João 3,14-21.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo a Nicodemos: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto
a fim de que todo o que nele crê, tenha a vida eterna.
Tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna.
De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado por não crer no Filho Unigénito de Deus.
E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo e os homens preferiram as trevas à Luz porque as suas obras eram más.
De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.»

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI] Sermões para a Quaresma de 1981

«Assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que n'Ele crê, tenha a vida eterna»

«Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-Se, identificado como homem, rebaixou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus O elevou acima de tudo e Lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome» (Fl 2,5-9). [...] Este texto, de uma riqueza extraordinária, faz claramente alusão à primeira queda [...]. Jesus Cristo trilha os passos de Adão. Contrariamente a Adão, Ele é verdadeiramente «como Deus» (cf. Gn 3,5). Mas ser como Deus, ser igual a Deus, é «ser Filho» e, portanto, relação total: «o Filho, por Si mesmo, não pode fazer nada» (Jo 5,19). Por isso, Aquele que é verdadeiramente igual a Deus não Se agarra à Sua própria autonomia, ao carácter ilimitado do Seu poder e do Seu querer porque percorre o caminho inverso, torna-Se o dependente-mor, torna-Se o servo. Porque não segue o caminho do poder, mas o do amor, pode humilhar-Se até à mentira de Adão, até à morte e, então aí, erigir a verdade, dar a vida.

Assim Jesus Cristo torna-Se o novo Adão por Quem a vida toma um novo rumo [...] A Cruz, lugar da Sua obediência, torna-se a verdadeira árvore da vida. Jesus Cristo torna-Se a imagem oposta à serpente, tal como diz João no seu evangelho. Dessa árvore não vem a palavra da tentação, mas a palavra do amor salvador, a palavra da obediência, pela qual o próprio Deus Se faz obediente e nos oferece assim a Sua obediência como campo da liberdade. A cruz é a árvore da vida que de novo se torna acessível. Na Paixão, Jesus Cristo afastou, por assim dizer, a espada flamejante (Gn 3, 24), atravessou o fogo e levantou a cruz como verdadeiro eixo do mundo sobre o qual o mundo se reergue. Por isso a eucaristia, enquanto presença da cruz, é a árvore da vida que está sempre no meio de nós e nos convida a receber os frutos da vida verdadeira.

Segunda-feira, dia 19 de Março de 2012

S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - solenidade


Festa da Igreja : S. José, esposo da Virgem Maria, Solenidade (ofício próprio)
Livro de 2º Samuel 7,4-5a.12-14a.16.

Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar?
Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino.
Ele construirá um templo ao meu nome e Eu firmarei para sempre o seu trono régio.
Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites como fazem os homens,
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre".»
Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.

Hei-de cantar para sempre o amor do Senhor;
a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade.
Proclamarei que o teu amor é para sempre
e que a tua fidelidade é eterna como o céu.
"Fiz uma aliança com o meu eleito,
jurei a David, meu servo:
'Estabelecerei a tua descendência para sempre
e o teu trono há-de manter-se eternamente'."
Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai,
és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'
Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor
e a minha aliança com ele há-de manter-se firme.
Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.

Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão e à sua descendência foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.

Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós,
conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Foi com uma esperança para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.
Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.
Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.

Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.
José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.
Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»
Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa.

São Claude la Colombière (1641-1682), jesuíta 1º Panegírico de São José

«Não temas receber Maria, tua esposa»

Sabemos muito pouco da vida de S. José. O Evangelho não relata mais do que dois ou três factos e um autor antigo observou que não se encontra nele nenhuma palavra sua. Talvez que [...] o Espírito Santo quisesse com isso assinalar o silêncio e a humildade de São José, o seu amor pela solidão e a vida escondida. Seja como for, perdemos muito com isso. Se o Senhor tivesse permitido que soubéssemos detalhes da vida deste grande santo, com certeza que se teriam encontrado belos exemplos, belas regras, sobretudo para quem vive no estado de casado. […]

Toda a vida de São José se pode dividir em duas partes: a primeira é a que precedeu o seu casamento; a segunda é a que se lhe segue. Não sabemos absolutamente nada da primeira e da segunda sabemos muito pouco. Afirmo, no entanto, que ambas foram muito santas: a primeira porque foi coroada por casamento tão vantajoso; a segunda foi ainda mais santa porque toda ela se passou neste casamento. […]

Que proveito deve São José ter tirado dos muitos anos de diálogo que manteve quase continuamente com a Santa Virgem! [...] Não tenho qualquer dúvida de que o próprio silêncio de Maria foi extremamente edificante e de que só olhar para ela era suficiente para ele se sentir levado a amar Deus e a desprezar tudo o resto. Mas quais não seriam os discursos de uma alma onde o Santo Espírito habitava, onde Deus tinha derramado uma plenitude de graças, que Lhe tinha mais amor que todos os serafins juntos! Que fogo não sairia desta boca quando ela se abria para exprimir os sentimentos do seu coração! Que frialdades, que gelos este fogo não teria dissipado! E que efeito não teria ele tido em José que já tinha uma tão grande disposição a ser inflamado! [...] Este grande fogo, capaz de abrasar toda a Terra, teve só o coração de José para acalorar e consumir durante muitos anos. [...] Se Ela acreditou que o coração de São José era uma parte do seu, que cuidados não terá tido em o inflamar do amor de Deus!

Terça-feira, dia 20 de Março de 2012

Terça-feira da 4ª semana da Quaresma



Naqueles dias, o anjo reconduziu-me à entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea em direcção ao oriente porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo a sul do altar.
Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito.
O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos.
Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris.
Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar.
E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" E levou-me até à beira da torrente. Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores em cada uma das margens.
Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres.
Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move, viverá. O peixe será muito abundante porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."
Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.

Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo mesmo que a terra trema,
mesmo que as montanhas se afundem no mar.-
Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
a mais santa entre as moradas do Altíssimo.-
Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.-
O Senhor do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que Ele realizou na Terra.
Evangelho segundo S. João 5,1-16.

Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus Cristo subiu a Jerusalém.
Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos.
JesusCristo, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?»
Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.»
E no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora aquele dia era de sábado.
Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.»
Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.»
Perguntaram-lhe então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?»
Mas o que tinha sido curado não sabia quem era porque Jesus Cristo se tinha afastado da multidão ali reunida.
Mais tarde, Jesus Crsto encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior
O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus Cristo quem o tinha curado.
E foi por isto, por Jesus Cristo realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.

São Máximo de Turim (? - c. 420), bispo Sermão da Quaresma

«Queres ficar são?»: a Quaresma conduz os catecúmenos às águas do baptismo

Caríssimos irmãos, o número quarenta possui um valor simbólico ligado ao mistério da nossa salvação. Com efeito, assim que a maldade dos homens invadiu, nos primeiros tempos, a superfície da Terra, Deus fez cair do céu a chuva durante quarenta dias e inundou a terra inteira com as águas do dilúvio (Gn 7). A partir dessa altura, estava lançada simbolicamente a história da nossa salvação: as águas da chuva caíram durante quarenta dias para purificar o mundo. Agora durante os quarenta dias da Quaresma, é oferecida aos homens a misericórdia para que se purifiquem […]

Assim o dilúvio é figura do baptismo; o que então se verificou ainda hoje se cumpre [...] e, quando o pecado do mundo desapareceu no fundo do abismo, a santidade pôde elevar-se até ao céu. Assim ainda hoje acontece na Igreja de Jesus Cristo: [...] levada pelas águas do baptismo, também ela se ergue até ao céu; são submersas as superstições e as idolatrias e sobre a terra se espalha a fé, resplandecente como a arca do Salvador. [...] É verdade que somos pecadores e que o mundo será um dia destruído; só escaparão à ruína aqueles que a arca albergar no seu interior. Esta arca é a Igreja [...] e nós vo-lo anunciamos: o mundo não escapará ao naufrágio. Por isso vos exortamos, irmãos, a todos vós, a que tomeis refúgio nesse santuário.

Quarta-feira, dia 21 de Março de 2012

Quarta-feira da 4ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Nicolau de Flue, eremita, confessor, +1487, Trânsito de S. Bento Livro de Isaías 49,8-15.

Assim fala o Senhor: «Eu respondi-te no tempo da graça e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como aliança do povo para restaurares o país e repartires as heranças devastadas,
para dizeres aos prisioneiros: ‘Saí da prisão!’ E aos que estão nas trevas: ‘Vinde à luz!’ Ao longo dos caminhos encontrarão que comer e em todas as dunas arranjarão alimento.
Não padecerão fome nem sede e não os molestará o vento quente nem o sol porque o que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá em direcção às fontes.
Transformarei os meus montes em caminhos planos e as minhas estradas serão alteadas.
Vede como eles chegam de longe! Uns vêm do Norte e do Poente e outros, da terra de Siene.»
Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó Terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o SENHOR consola o seu povo e se compadece dos desamparados.
Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.»
Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Livro de Salmos 145(144),8-9.13cd-14.17-18.

O Senhor é clemente e compassivo,
é paciente e cheio de bondade.
o Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as suas obras.-
O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.-
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e misericordioso em todas as suas obras.
O Senhor está perto de todos os que O invocam,
dos que O invocam sinceramente.
Evangelho segundo S. João 5,17-30.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Meu Pai trabalha intensamente e Eu também trabalho em todo o tempo.»
Perante isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

Jesus Cristo tomou, pois a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho.
De facto, o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz e há-de mostrar-lhe obras maiores do que estas de modo que ficareis assombrados.
Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver também o Filho faz viver aqueles que quer.
O Pai, aliás não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento
para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida.
Em verdade, em verdade vos digo: chega a hora e é já em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão,
pois assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo;
e deu-lhe o poder de fazer o julgamento porque Ele é Filho do Homem.
Não vos assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz
e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação.
Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço assim é que julgo e o meu julgamento é justo porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou.»

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 53; PL 52, 375; CCL 241, 498

«Os que estão nos túmulos hão-de ouvir a Sua voz»: «Lázaro, vem cá para fora!» (Jo 11,43)

O Senhor tinha ressuscitado a filha de Jairo mas, numa altura em que o cadáver ainda estava quente, a morte ainda só tinha feito metade da sua obra (cf. Mt 9,18ss). [...] Ressuscitou também o filho único duma mãe, mas detendo a padiola antes de esta chegar à tumba [...], antes que esse morto entrasse completamente na lei da morte (cf. Lc 7,11s). Mas o que se passa com Lázaro é único [...]: Lázaro, em quem todo o poder da morte já se tinha concretizado e em quem resplandeceu igualmente a imagem completa da ressurreição. [...] Com efeito, Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia porque era o Senhor; Lázaro, que era servo, foi chamado à vida ao quarto dia. […]

O Senhor dizia e repetia aos Seus discípulos: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei que O vão condenar à morte. Hão-de entregá-Lo aos pagãos que O vão escarnecer, açoitar e crucificar» (Mt 20,18ss). E dizendo isto, via-os indecisos, tristes, inconsoláveis. Ele sabia que eles tinham de ficar subjugados ao peso da Paixão até que nada das suas vidas subsistisse, nada da sua fé, nada da sua luz pessoal, mas que, pelo contrário, os seus corações ficariam obscurecidos pela noite quase total da falta de fé. Foi por isso que fez com que a morte de Lázaro se prolongasse por quatro dias. [...] Daí que o Senhor tenha dito aos Seus discípulos: «Lázaro morreu e Eu, por amor de vós, estou contente por não ter estado lá» (Jo 11,14-15) [...] «para assim poderdes crer». A morte de Lázaro foi, portanto necessária para que, com Lázaro, a fé dos Seus discípulos também se elevasse da tumba.

«Por não ter estado lá». E haveria algum lugar onde Jesus Cristo não estivesse? [...] Jesus Cristo Filho de Deus estava lá, meus irmãos, mas Jesus Cristo homem não estava. Quando Lázaro morreu, Jesus Cristo Filho de Deus estava lá, mas agora, Jesus Cristo vinha para junto do morto, uma vez que Jesus Cristo Senhor ia entrar na morte: «É na morte, no túmulo, nos infernos, é aí que todo o poder da morte tem de ser abatido por Mim e pela Minha morte».

Quinta-feira, dia 22 de Março de 2012

Quinta-feira da 4ª da Quaresma



Naqueles dias, O Senhor falou a Moisés dizendo: «Vai, desce porque o teu povo, aquele que tiraste do Egipto, está pervertido.
Desviaram-se bem depressa do caminho que lhes prescrevi. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.»
O Senhor prosseguiu: «Vejo bem que este povo é um povo de cerviz dura.
Agora deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-los-ei. Mas farei de ti uma grande nação.»
Moisés implorou ao Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: «Porquê, Senhor, a tua cólera se inflamará contra o teu povo que fizeste sair do Egipto com tão grande poder e com mão tão poderosa?
Não é conveniente que se possa dizer no Egipto: ‘Foi com má intenção que Ele os fez sair, foi para os matar nas montanhas e suprimi-los da face da Terra!’ Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo.
Recorda-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo: tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e concederei à vossa posteridade esta terra de que falei e eles hão-de recebê-la como herança eterna.»
E o Senhor arrependeu-se das ameaças que proferira contra o seu pov
Livro de Salmos 106(105),19-20.21-22.23.

Fizeram um bezerro de ouro no Horeb
e adoraram um ídolo de metal fundido.
Trocaram assim o seu Deus glorioso
pela figura de um animal que come feno.
Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto,
maravilhas na terra de Cam,
feitos gloriosos no Mar dos Juncos.
Deus decidiu aniquilá-los.
Moisés, porém, seu escolhido,
intercedeu junto dele,
para acalmar a sua ira destruidora.
Evangelho segundo S. João 5,31-47.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Se Eu testemunhasse a favor de mim próprio, o meu testemunho não teria valor;
há outro que testemunha em favor de mim e Eu sei que o seu testemunho, favorável a mim, é verdadeiro.
Vós enviastes mensageiros a João e ele deu testemunho da verdade.
Não é, porém de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para vos salvardes.
João era uma lâmpada ardente e luminosa e vós, por um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz.
Mas tenho a meu favor um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai me confiou para levar a cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou.
E o Pai que me enviou mantém o seu testemunho a meu favor. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu rosto,
nem a sua palavra permanece em vós, visto não crerdes neste que Ele enviou.
Investigai as Escrituras, dado que julgais ter nelas a vida eterna: são elas que dão testemunho a meu favor.
Vós, porém não quereis vir a mim para terdes a vida!
Eu não ando à procura de receber glória dos homens;
a vós já vos conheço e sei que não há em vós o amor de Deus.
Eu vim em nome de meu Pai e vós não me recebeis; se outro viesse em seu próprio nome, a esse já o receberíeis.
Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros e não procurais a glória que vem do Deus único?
Não penseis que Eu vos vou acusar diante do Pai; há quem vos acuse: é Moisés, em quem continuais a pôr a vossa esperança.
De facto, se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em mim porque ele escreveu a meu respeito.
Mas, se vós não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?»

São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e doutor da Igreja Comentário sobre o Evangelho de João, III, 3

«Se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em Mim, porque ele escreveu a Meu respeito»

Moisés disse: «O Senhor, teu Deus, suscitará em teu favor um profeta saído das tuas fileiras, um dos teus irmãos, como eu: é a ele que escutarás» (Dt 18,15). O próprio Moisés explica [...] o que acabou de anunciar: «Foi o que pediste ao Senhor teu Deus no monte Horeb, no dia da Assembleia, quando Lhe disseste: 'Não quero mais ouvir a voz do Senhor, meu Deus, nem tornar a ver mais este fogo intenso, pois tenho medo de morrer'» (v. 16).

Moisés afirma veementemente que lhe foi então atribuído um papel de mediador, uma vez que a assembleia dos judeus ainda estava incapaz de contemplar as realidades que a excediam: uma visão de Deus extraordinária e aterradora para os olhos, sons de trompeta estranhos e intoleráveis para os ouvidos (Ex 19,16). O povo tinha, portanto a prudência de renunciar ao que excedia as suas forças e a mediação de Moisés auxiliava a fraqueza dos homens da sua geração: ele estava encarregado de transmitir os mandamentos divinos ao povo reunido.

Mas se procurares descobrir sob este símbolo a realidade prefigurada, compreenderás que ela visa Jesus Cristo, «Mediador entre Deus e os homens» (1Tim 2,5): é Ele que, com a Sua voz humana, voz recebida quando nasceu para nós de uma mulher, transmite aos corações dóceis a vontade sublime de Deus Pai, que é Ele o único a conhecer enquanto Filho de Deus e Sabedoria de Deus, «perscrutando tudo, mesmo as profundezas de Deus» (1Cor 2,10). Não podíamos atingir com os nossos olhos de carne a glória inexprimível, pura e nua, d'Aquele que está para lá de tudo – «o homem não pode ver o Meu rosto, disse Deus, e ficar vivo» (Ex 33,20). Por isso, o Verbo, o Filho único de Deus, devia amoldar-Se à nossa fraqueza revestindo um corpo humano [...] segundo o desígnio redentor para nos revelar a vontade de Deus Pai, como Ele próprio disse: «tudo o que ouvi de Meu Pai vo-lo dei a conhecer» (Jo 15,15) e ainda: «não falei por Mim mesmo; o Pai, que Me enviou, foi Quem determinou o que devo dizer e anunciar» (Jo 12,49).

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quarta-feira, 21 de março de 2012

Cristianismo 50


= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Mais uma vez, no caminho de preparação para a mais importante festa do calendário cristão, a Igreja nos propõe um tempo de preparação – de penitência e de escuta da palavra, de acolhimento do plano de Deus e de atenção aos irmãos.

Neste ano de 2012, os textos que nos serão apresentados ao longo destas cinco semanas, mostram-nos um percurso claro e definido: Deus quer oferecer-nos um mundo onde a felicidade é possível (1º domingo) e a sua Palavra ensina-nos o caminho (2º domingo), Palavra que nos chama à conversão e à renovação (3º domingo). Aceitar esta Palavra implica, pois mudar de vida. Fiquemos, contudo certos do amor de Deus, gratuito e incondicional (4º domingo). Quanto a nós, temos de estar atentos ao seu plano de salvação e ir ao encontro dos outros, no amor e no serviço (5º domingo).

A “nova evangelização” a que a Igreja nos convida a todos nesta Quaresma impele-nos a não guardarmos este segredo do amor misericordioso de Deus e a partilhá-lo à nossa volta.

Com os votos de uma Santa Quaresma, saúda-vos com amizade

a equipa do Evangelho Quotidiano para a língua portuguesa

Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.

Queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.

Se deseja fazer um donativo: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=helpus. Obrigado.

Criado em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da Igreja.

Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.

Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.

Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.

Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Sexta-feira, dia 09 de Março de 2012


Sexta-feira da 2ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Domingos Sávio, jovem religioso, +1857, Santa Francisca Romana, viúva, +1440 Livro de Génesis 37,3-4.12-13a.17b-28.

Jacob preferia José aos seus outros filhos porque era o filho da sua velhice e mandara-lhe fazer uma túnica comprida.
Os irmãos, vendo que o pai o amava mais do que a todos eles, ganharam-lhe ódio e não podiam falar-lhe amigavelmente.
Um dia, os irmãos de José conduziram os rebanhos de seu pai para Siquém.
E Israel disse a José: «Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. Prepara-te, pois quero enviar-te para junto deles.» José respondeu: «Estou pronto.»
O homem disse-lhe: «Partiram daqui, pois ouvi-lhes dizer: ‘Vamos para Dotain.’» José seguiu os passos dos irmãos e encontrou-os em Dotain.
Eles viram-no de longe e antes que se aproximasse, fizeram planos para o matar.
Disseram uns aos outros: «Eis que se aproxima o homem dos sonhos.
Vamos, matemo-lo, atiremo-lo a qualquer cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos então como se realizarão os seus sonhos.» Rúben ouviu-os e quis salvá-lo das suas mãos. Então disse: «Não atentemos contra a sua vida.»
Rúben disse ainda: «Não derrameis sangue! Atirai-o à cisterna que está no deserto, mas não levanteis a mão contra ele.» O seu intento era livrá-lo das suas mãos para o fazer regressar ao seu pai.
Quando José chegou junto dos irmãos, estes despojaram-no da túnica comprida que usava
e agarrando-o, lançaram-no à cisterna. Esta estava vazia e sem água.
Depois sentaram-se para comer. Erguendo, porém os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Guilead. Os camelos estavam carregados de aroma, de bálsamo e láudano que levavam para o Egipto.
Judá disse aos irmãos: «Que vantagem tiramos da morte de nosso irmão, ocultando o seu sangue?
Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas e que a nossa mão não caia sobre ele porque é nosso irmão e da nossa família.» E os irmãos consentiram.
Passaram por ali alguns negociantes madianitas que conseguiram tirar José da cisterna e eles venderam-no aos ismaelitas por vinte moedas de prata. Estes levaram José para o Egipto.

Livro de Salmos 105(104),16-17.18-19.20-21.

Deujs fez cair a fome sobre a Terra
e privou-os do pão que dá o sustento.
Enviou diante deles um homem,
José, que foi vendido como escravo.
Apertaram-lhe os pés com grilhões
e puseram-lhe uma argola de ferro ao pescoço.-
até que se cumpriu a profecia
e a palavra do Senhor lhe deu razão.
Então o rei deu ordens para que o soltassem,
o soberano dos povos pô-lo em liberdade.
Nomeou-o mordomo da sua casa
e administrador de todos os seus bens.

Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Escutai outra parábola: Um chefe de família (Deus) plantou uma vinha (Igreja dos filhos de Deus), cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros (responsáveis pelas Igrejas) e ausentou-se para longe.
Quando chegou a época das vindimas (fim de cada tempo celeste), enviou os seus servos aos vinhateiros para receberem os frutos (os filhos de Deus que eles tinham conseguido) que lhe pertenciam.
Os vinhateiros (os responsáveis, pensando que lhes queriam tirar os bens materiais que tinham conseguido), porém apoderaram-se dos servos; bateram num, mataram outro e apedrejaram o terceiro.
Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que os primeiros, e trataram-nos da mesma forma.
Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho (Jesus Cristo), dizendo: 'Hão-de respeitar o meu filho.’
Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com a sua herança.’
E agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.
Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.»
Jesus Cristo disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos?
Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos.
Os sumos sacerdotes e os fariseus, ao ouvirem as suas parábolas, compreenderam que eram eles os visados.
Embora procurassem meio de o prender, temeram o povo que o considerava profeta.

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo Sermão para festa de São Cipriano; CC Sermão 11, p.38; PL 57, 687

Dar fruto

«A vinha do Senhor do universo, diz o profeta, é a casa de Israel» (Is 5,7). Ora tal casa somos nós [...] e como nós somos Israel, somos a vinha. Zelemos, pois por que não nos nasçam dos sarmentos em vez de uvas de doçura, uvas de ira (Ap 14, 19), para que não nos digam [...]: «Porque é que, esperando Eu que desse boas uvas, apenas produziu agraços?» (Is 5,4). Terra ingrata! Ela que deveria oferecer a seu dono frutos de doçura, trespassou-o com agudos espinhos. De igual forma os Seus inimigos que deveriam ter acolhido o Salvador com toda a devoção da sua fé, coroaram-n'O com os espinhos da Paixão. Para eles essa coroa significava ultraje e injúria, mas aos olhos do Senhor, era a coroa das virtudes. […]

Tende cautela, irmãos, para que não seja dito acerca dessa terra que vós sois: «Esperou que lhe desse boas uvas, mas ela só produziu agraços» (Is 5,2) [...]. Tenhamos cautela para que as nossas más acções não firam, quais espinhos, a cabeça do Senhor. Foram os espinhos do coração que feriram a palavra de Deus, como diz o Senhor no evangelho quando conta que o grão do semeador caiu entre os espinhos e que estes cresceram e sufocaram o que tinha sido semeado (Mt 13,7). [...] Velai, portanto para que a vossa vinha não dê espinhos em vez de uvas; para que a vossa vindima não produza vinagre em vez de vinho. Todo aquele que faz vindima sem dela dar aos pobres recolhe vinagre e não vinho e aquele que enceleira as suas colheitas de trigo sem delas distribuir aos indigentes, não é o fruto da esmola que põe de reserva, mas os cardos da avareza.

Sábado, dia 10 de Março de 2012

Sábado da 2ª semana da Quaresma


Santo do dia : Quarenta Mártires de Sebaste, +320, S. Macário de Jerusalém, patriarca, +335, S. João Ogilvie, presbítero, mártir, +1615, Santo Emiliano, pastor eremita, séc. VI Livro de Miqueias 7,14-15.18-20.

Apascenta com o cajado o teu povo, o rebanho da tua herança, os que habitam isolados nas florestas no meio dos prados. Sejam eles apascentados em Basan e Guilead como nos dias antigos.
Mostra-nos os teus prodígios como nos dias em que nos tiraste do Egipto.
Qual é o Deus que, como Tu, apaga a iniquidade e perdoa o pecado do resto da sua herança? Não se obstina na sua cólera porque prefere a bondade.
Uma vez mais, terá compaixão de nós, apagará as nossas iniquidades e lançará os nossos pecados ao fundo do mar.
Mostrarás a tua fidelidade a Jacob e a tua bondade a Abraão como juraste a nossos pais desde os tempos antigos.

Livro de Salmos 103(102),1-2.3-4.9-10.11-12.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.-
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.-
Não está sempre a repreender-nos
nem a sua ira dura para sempre.
Não nos tratou segundo os nossos pecados
nem nos castigou segundo as nossas culpas.-
Como é grande a distância dos céus à Terra
assim são grandes os seus favores para os que o adoram.
Como o Oriente dista do Ocidente
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.
Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.

Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se de Jesus Cristo para O ouvirem.
Mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.»
Jesus Cristo propôs-lhes então esta parábola:
Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.' E o pai repartiu os bens entre os dois.
Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo (=pródigo) quanto possuía numa vida desregrada.
Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações.
Então foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
E caindo em si, disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância e eu aqui a morrer de fome!
Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.'
E levantando-se, foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.
O filho disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.'
Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos
porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' E a festa principiou.
Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
Disse-lhe ele: 'O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo porque chegou são e salvo.'
Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse.
Respondendo ao pai, disse-lhe: 'Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos
e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.'
O pai respondeu-lhe: 'Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.'»

Bem-aventurado João Paulo II
Exortação apostólica «Reconciliação e penitência», §§ 5-6 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

«Um homem tinha dois filhos»

O homem — cada um dos homens — é este filho pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai para viver de modo independente a própria existência; caído na tentação; desiludido do nada que, como miragem, o tinha deslumbrado; sozinho, desonrado e explorado no momento em que tenta construir um mundo só para si; atormentado, mesmo no mais profundo da própria miséria, pelo desejo de voltar à comunhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus fica à espreita do regresso do filho, abraça-o à sua chegada e põe a mesa para o banquete do novo encontro com que se festeja a reconciliação.

Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão mais velho que se recusa a ocupar o seu lugar no banquete. Reprova ao irmão mais novo os seus extravios e ao pai o acolhimento que lhe dispensou, enquanto a ele, morigerado e trabalhador, fiel ao pai e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma festa com os amigos. Sinal de que não compreende a bondade do pai. Enquanto este irmão, demasiado seguro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento e desdenhoso, cheio de azedume e de raiva, não se converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o banquete ainda não era, no sentido pleno, a festa do encontro e do convívio recuperado.

O homem — cada um dos homens — é também este irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, endurece-lhe o coração, cega-o e leva-o a fechar-se aos outros e a Deus. […]

A parábola do filho pródigo é, antes de mais, a história inefável do grande amor de um Pai. [...] E ao evocar, na figura do irmão mais velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si, ela torna-se também a história da família humana. [...] Ela retrata a situação da família humana dividida pelos egoísmos, põe em evidência a dificuldade em secundar o desejo e a nostalgia de uma só família reconciliada e unida; apela para a necessidade de uma profunda transformação dos corações, pela redescoberta da misericórdia do Pai e pela vitória sobre a incompreensão e a hostilidade entre irmãos.

Domingo, dia 11 de Março de 2012

3º Domingo da Quaresma - Ano B



Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras, dizendo:
«Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão.
Não haverá para ti outros deuses na minha presença.
Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas.
Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás porque Eu, o Senhor, teu Deus, sou um Deus zeloso, que castigo o pecado dos pais nos filhos até à terceira e à quarta geração para aqueles que me odeiam,
mas que trato com bondade até à milésima geração aqueles que amam e guardam os meus mandamentos.
Não usarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão porque o Senhor não deixa impune aquele que usa o seu nome em vão.
Recorda-te do dia de sábado para o santificar.
Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu trabalho.
Mas o sétimo dia é o sábado consagrado ao Senhor, teu Deus. Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha, o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias o Senhor fez os céus e a Terra, o mar e tudo o que está neles, mas descansou no sétimo dia. Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e santificou-o.
Honra o teu pai e a tua mãe para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não responderás contra o teu próximo como testemunha mentirosa.
Não desejarás a casa do teu próximo. Não desejarás a mulher do teu próximo, o seu servo, a sua serva, o seu boi, o seu burro, e tudo o que é do teu próximo.»
Livro de Salmos 19(18),8.9.10.11.

A lei do Senhor é perfeita,
reconforta o espírito;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria ao homem simples.-
Os mandamentos do Senhor são rectos,
alegram o coração;
os preceitos do Senhor são claros,
iluminam os olhos.-
O amor do Senhor é puro,
permanece para sempre.
As sentenças do Senhor são verdadeiras,
todas elas são justas.-
São mais desejáveis que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.
1ª Carta aos Coríntios 1,22-25.

Irmãos: Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria,
nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios.
Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Jesus Cristo é poder e sabedoria de Deus.
Portanto, o que é tido como loucura de Deus, é mais sábio que os homens e o que é tido como fraqueza de Deus, é mais forte que os homens.
Evangelho segundo S. João 2,13-25.

Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus Cristo subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas nos seus postos.
Então fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas
e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.»
Os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devora.
Então os judeus intervieram e perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás de poderes fazer isto?»
Declarou-lhes Jesus Cristo, em resposta: «Destruí este templo e em três dias Eu o levantarei!»
Replicaram então os judeus: «Quarenta e seis anos levou este templo a construir e Tu vais levantá-lo em três dias?»
Ele, porém falava do templo que é o seu corpo.
Por isso, quando Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, os seus discípulos recordaram-se de que Ele o tinha dito e creram na Escritura e nas palavras que tinha proferido.
Enquanto Ele estava em Jerusalém, durante as festas da Páscoa, muitos creram nele ao verem os sinais miraculosos que realizava.
Mas Jesus Cristo não se fiava neles porque os conhecia a todos
e não precisava de que ninguém o elucidasse acerca das pessoas, pois sabia o que havia dentro delas.
Orígenes
(c.185-253), presbítero e teólogo Comentário ao Evangelho de São João, 10

«E em três dias o levantarei»

Como é grande e difícil de entender o mistério da nossa própria ressurreição! Anunciado por muitos textos da Sagrada Escritura, aparece sobretudo em Ezequiel, [...] que diz: «A mão do Senhor desceu sobre mim; então conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de ossos [...] completamente ressequidos. O Senhor disse-me: «Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?» Eu respondi: «Senhor Deus, só Tu o sabes.» Ele disse-me: «Profetiza sobre estes ossos e diz-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do Senhor»» (Ez 37, 1-4). […]

Que ossos serão esses, aos quais se diz «ouvi a palavra do Senhor» [...] senão o Corpo de Jesus Cristo que o próprio Senhor refere, dizendo: «todos os Meus ossos se desconjuntaram» (Sl 22/21, 15)? [...] Tal como teve lugar a Ressurreição do corpo perfeito e verdadeiro de Jesus Cristo, assim nós, os Seus membros [...], seremos um dia reunidos osso a osso, articulação a articulação. Ninguém, privado desta junção, poderá chegar ao estado de «homem adulto, à medida completa da plenitude de Jesus Cristo» (Ef 4, 13). Assim «todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo» (1Cor 12, 12).

Vem tudo isto a propósito do Templo, do qual o Senhor disse: «O zelo da Tua casa me devora» (Sl 69/68, 10); dos judeus que Lhe pediam um sinal; por último, da Sua própria resposta [...]: «Destruí este Templo e em três dias o levantarei». É necessário banir deste templo, que é o Corpo de Jesus Cristo, tudo aquilo que a razão recusa e é ocasião de negócio para que, no futuro, ele não venha a tornar-se morada de mercadores. É necessário igualmente [...] que, depois da sua destruição por aqueles que recusarem a Palavra de Deus, seja levantado ao terceiro dia [...]. Assim, graças à purificação levada a cabo por Jesus Cristo, tendo abandonado tudo o que era contrário à razão e todo o tipo de comércio por causa do zelo do Verbo, Palavra de Deus, presente neles, os Seus discípulos são destruídos para serem levantados por Jesus Cristo em três dias [...], uma vez que são precisos três dias inteiros para levar a cabo essa reconstrução. Por isso podemos afirmar, por um lado, que a Ressurreição teve lugar, mas, por outro, que ainda está para vir. Em verdade, «se estamos integrados n'Ele por uma morte idêntica à Sua, também o estaremos pela Sua Ressurreição» (Rm 6, 5) [...] e «assim, em Jesus Cristo, todos voltarão a receber a vida. Mas cada um na sua própria ordem: primeiro, Jesus Cristo; depois, aqueles que pertencem a Jesus Cristo, por ocasião da Sua vinda» (1Cor 15, 22-23).

Segunda-feira, dia 12 de Março de 2012

Segunda-feira da 3ª semana da Quaresma



Naqueles dias, Naaman, general dos exércitos do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante do seu amo e era muito estimado porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem robusto e valente, mas leproso.

Ora tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem donzela que ficou ao serviço da mulher de Naaman.
Ela disse à sua senhora: «Ah, se o meu amo fosse ter com o profeta que vive na Samaria, certamente ficava curado da lepra!»

Naaman foi contar ao seu soberano aquilo que dissera a jovem israelita. O rei da Síria respondeu-lhe: «Vai, que eu vou escrever uma carta ao rei de Israel.» Naaman partiu levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa.
Levou ao rei de Israel uma carta escrita nestes termos: «Juntamente com esta carta, aí te mando o meu servo Naaman para que o cures da sua lepra.»

Ao terminar de ler a carta, o rei de Israel rasgou as suas vestes e exclamou: «Sou eu, porventura, um deus que possa dar a morte ou a vida, de modo que me enviem alguém para eu o curar da lepra? Reparai e vede como ele busca pretextos contra mim.»
Mas Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei rasgara as suas vestes e mandou-lhe dizer: «Porque rasgaste as tuas vestes? Que ele venha ter comigo e saberá que há um profeta em Israel.»
Chegou, pois Naaman com o seu carro e os seus cavalos e parou à porta de Eliseu.
Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: «Vai, lava-te sete vezes no Jordão e a tua carne ficará limpa.»
Naaman, despeitado, retirou-se, dizendo: «Pensava que ele sairia a receber-me e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, colocaria a sua mão no lugar infectado e me curaria da lepra.
Porventura, os rios de Damasco, o Abaná e o Parpar, não são acaso melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia lavar neles e ficar limpo?» E virando costas, retirou-se indignado.
Mas os seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse mandado uma coisa difícil, não a deverias fazer? Quanto mais agora, ao dizer-te: ‘Lava-te e ficarás curado.’»
Naaman desceu ao Jordão e lavou-se sete vezes como lhe ordenara o homem de Deus e a sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo.

Voltou então ao homem de Deus com toda a sua comitiva; entrou, apresentou-se diante dele e disse: «Reconheço agora que não há outro Deus em toda a Terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo.»
Livro de Salmos 42(41),2.3.43(42),3.4.

Como suspira a corça pelas águas correntes
assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!
Quando poderei estar com Deus?
Envia a tua luz e a tua verdade
para que elas me guiem e conduzam
à tua montanha santa,
à tua morada.-
Eu irei ao altar de Deus,
ao Deus que é a alegria da minha vida.
Ao som da harpa te louvarei,
ó Deus, meu Deus.
Evangelho segundo S. Lucas 4,24-30.

Naquele tempo, Jesus Cristo veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.
Posso assegurar-vos também que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a Terra;
contudo Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon.
Havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.»
Ao ouvirem estas palavras, todos na sinagoga, se encheram de furor.
E erguendo-se, lançaram-no fora da cidade e levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava edificada a fim de o precipitarem dali abaixo.
Mas, passando pelo meio deles, Jesus Cristo seguiu o seu caminho.

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja Homilias sobre a conversão, n°3, sobre a esmola

Acolher Jesus Cristo

Os pobres no adro da igreja pedem esmola. Quanto dar? Cabe-vos a vós decidir; não fixarei montante a fim de vos evitar qualquer embaraço. Comprai na medida das vossas posses. Tendes uma moeda? Comprai o céu! Não que o céu seja barato, mas é a bondade do Senhor que o permite. Não tendes moedas? Dai-lhes um copo de água fresca (Mt 10,42). […]

Podemos comprar o céu e deixamos de o fazer! Por um pão que deis, recebereis o paraíso. Oferecei objectos de pouco valor e recebereis tesouros; oferecei as adversidades e obtereis a imortalidade; dai bens perecíveis e recebereis em troca bens imperecíveis. [...] Quando se trata dos bens perecíveis, revelais muita perspicácia; porque manifestais tal indiferença quando se trata da vida eterna? [...] De resto, podemos estabelecer um paralelo entre os vasos cheios de água que se encontram à porta das igrejas para purificar as mãos e os pobres que estão sentados fora do edifício para purificardes a vossa alma através deles. Lavastes as mãos na água: da mesma maneira, lavai a alma através da esmola. […]

Uma viúva, reduzida a uma pobreza extrema deu hospitalidade a Elias (1R 17,9ss): a sua indigência não a impediu de o acolher com grande alegria. Então em sinal de reconhecimento, recebeu numerosos prendas que simbolizavam o fruto do seu gesto. Este exemplo talvez vos faça desejar acolher um Elias. Mas porque pedis Elias? Proponho-vos o Senhor de Elias e não lhe ofereceis hospitalidade. [...] Eis o que Jesus Cristo, o Senhor da humanidade, nos diz: «Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40).

Terça-feira, dia 13 de Março de 2012

Terça-feira da 3ª semana da Quaresma



Naqueles dias, levantando-se no meio da fornalha ardente, Azarias fez esta prece:
Pelo teu nome, não nos abandones para sempre, não anules a aliança.
Não nos retires a tua misericórdia em atenção a Abraão, teu amigo, a Isaac, teu servo,
aos quais prometeste multiplicar a sua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar.
Senhor, estamos reduzidos a nada diante das nações, estamos hoje humilhados em face de toda a terra por causa dos nossos pecados.
Agora não há nem príncipe,nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem um local para te oferecer as primícias e encontrar misericórdia.
Que pela contrição de coração e humilhação de espírito, sejamos acolhidos, como se trouxéssemos holocaustos de carneiros e de touros e de milhares de cordeiros gordos.
Que este seja hoje diante de ti o nosso sacrifício; possa ele reconciliar-nos contigo, pois não têm que envergonhar-se aqueles que em ti confiam.
É de todo o coração que agora te seguimos, te veneramos e Te procuramos; não nos confundas.
Trata-nos com a tua doçura habitual e com todas as riquezas da tua misericórdia.
Livra-nos pelos teus prodígios e cobre de glória o teu nome, Senhor.
Livro de Salmos 25(24),4bc-5ab.6-7bc.8-9.

Mostra-me, Senhor, os teus caminhos
e ensina-me as tuas veredas.-
Dirige-me na tua verdade e ensina-me
porque Tu és o Deus, meu Salvador.-
Lembra-te, Senhor, da tua compaixão
e do teu amor, pois eles existem desde sempre.
Não recordes as minhas faltas e os pecados da minha juventude,
lembra-Te de mim segundo a tua clemência.-
O Senhor é bom e justo;
ensina o caminho aos pecadores,
guia os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer o seu caminho.
Evangelho segundo S. Mateus 18,21-35.

Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus Cristo e perguntou-Lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?»
Jesus Cristo respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens a fim de pagar a dívida.
O servo lançou-se então aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’
Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!’
O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei.’
Mas ele não concordou e mandou-o prender até que pagasse tudo quanto lhe devia.
Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor.
O senhor mandou-o então chamar e disse-lhe: 'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias porque assim mo suplicaste;
não devias também ter piedade do teu companheiro como eu tive de ti?’
E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração.»

São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra e doutor da Igreja
Sermão para a Sexta-Feira Santa, 25/03/1622

Perdoar ao nosso irmão de todo o nosso coração

A primeira palavra que Nosso Senhor pronunciou sobre a cruz foi uma oração por quem O crucificava, fazendo o que diz este texto de São Paulo «Nos dias da Sua vida terrena, apresentou orações e súplicas» (Heb 5,7). Certamente que aqueles que crucificaram o Nosso divino Salvador não O conheciam [...] porque se O tivessem conhecido não O teriam crucificado (1Co 2,8). Por conseguinte, Nosso Senhor, vendo a ignorância e a fraqueza daqueles que O torturavam, começou a desculpá-los e ofereceu por eles esse sacrifício ao Seu Pai Celeste porque a oração é um sacrifício [...]: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.» (Lc 23,34). Tão grande era a chama de amor que ardia no coração do nosso manso Salvador que na mais suprema das Suas dores, no momento onde a intensidade dos tormentos parecia impedi-Lo de rezar por Si, pela força do Seu amor, esquece-Se de Si próprio, mas não das Suas criaturas. […]

Com isso desejava que compreendêssemos que o amor que nos tem não pode ser enfraquecido por nenhum tipo de sofrimento e ensinar-nos qual o dever do nosso coração para com o nosso próximo. […]

Ora o Divino Senhor que Se empenhou em pedir perdão para os homens foi certamente ouvido e o Seu pedido atendido porque Seu divino Pai não podia recusar-Lhe nada que Ele Lhe pedisse.

Quarta-feira, dia 14 de Março de 2012

Quarta-feira da 3ª semana da Quaresma



Moisés falou ao povo, dizendo: «Agora, Israel, ouve as leis e os preceitos que eu hoje vos ensino. Ponde-os em prática para que vivais e chegueis a possuir a terra que o Senhor, Deus dos vossos pais, vos há-de dar.
Vede: ensinei-vos leis e preceitos como o Senhor, meu Deus, me ordenou; assim fareis na terra que ides possuir.
Observai-os e ponde-os em prática porque isso manifestará a vossa sabedoria e a vossa inteligência aos olhos dos povos que, ao terem conhecimento de todas estas leis, dirão: ‘Que povo sábio e inteligente é esta grande nação!’
Com efeito, que grande nação haverá que tenha um deus tão próximo de si como está próximo de nós o Senhor, nosso Deus, sempre que o invocamos?
E que grande nação haverá que possua leis e preceitos tão justos como esta lei que eu hoje vos apresento?
Toma, pois cuidado contigo! Guarda-te bem de esquecer os factos que os teus olhos viram; que eles nunca se afastem do teu coração em todos os dias da tua vida. Ensina-os aos teus filhos e aos filhos dos teus filhos.
Livro de Salmos 147,12-13.15-16.19-20.

Glorifica, Jerusalém, o Senhor;
louva, Sião, o teu Deus.
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos.
Ele manda as suas ordens à Terra
e a sua palavra corre velozmente.-
Faz cair a neve, branca como a lã,
espalha a geada como se fosse cinza;
Ele revela os seus planos a Jacob,
os seus preceitos e as suas sentenças a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
não lhes deu a conhecer os seus mandamentos.
Evangelho segundo S. Mateus 5,17-19.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição.
Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a Terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja Do espírito e da palavra, 28-30; PL 44, 217ss.

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição»

A graça que estava como que velada no Antigo Testamento, foi plenamente revelada no Evangelho de Jesus Cristo por uma disposição harmoniosa dos tempos, como Deus tem o costume de dispor harmoniosamente todas as coisas. [...] Mas no interior desta admirável harmonia, constatamos uma grande diferença entre as duas épocas. No Sinai, o povo não ousava aproximar-se do lugar onde o Senhor dava a Sua Lei; no Cenáculo, o Espírito Santo desce sobre aqueles que estão reunidos à espera de que a promessa se cumpra (Ex 19,23; Act 2,1). Inicialmente o dedo de Deus gravou as Suas leis em tábuas de pedra; agora é no coração dos homens que Ele a escreve (Ex 31,18; 2Co 3,3). Antigamente a Lei estava escrita no exterior e inspirava medo aos pecadores; agora é interiormente que lhes é dada a fim de os tornar justos. […]

Na verdade, como diz o Apóstolo Paulo, tudo o que está escrito em tábuas de pedra, «não cometerás adultério, não matarás, [...], não cobiçarás e outras coisas semelhantes, resumem-se num só mandamento: amarás o teu próximo como a ti mesmo. A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da Lei» (Rm 13,9ss; Lv 19,18). [...] Esta caridade foi «difundida em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5,5).

Quinta-feira, dia 15 de Março de 2012

Quinta-feira da 3ª da Quaresma



Assim fala o Senhor: «A única ordem que lhes dei foi esta: 'Ouvi a minha voz e Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar a fim de que sejais felizes.'
Eles, porém não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus corações empedernidos; viraram-me as costas em vez de se voltarem para mim.
Desde o dia em que os vossos pais deixaram o Egipto até hoje, Eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, dia após dia.
Eles, porém não me ouviram, não me prestaram atenção; endureceram a sua cerviz e agiram pior do que os seus pais.
Tudo isto lhes transmitirás, mas não te escutarão. Chamá-los-ás e não te responderão.
Então dir-lhes-ás: ‘Esta é a nação que não ouviu a voz do Senhor, seu Deus, não aceitou as suas advertências. A sua lealdade desapareceu, foi banida da sua boca.’
Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo da nossa salvação.
Vamos à sua presença com hinos de louvor,
saudemo-Lo com cânticos jubilosos.-
Vinde, prostremo-nos por terra,
ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.
Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas por Ele conduzidas.-
"Não endureçais os vossos corações
como em Meriba, como no dia de Massá, no deserto
quando os vossos pais Me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras.
Evangelho segundo S. Lucas 11,14-23.

Naquele tempo, Jesus Cristo estava a expulsar um demónio mudo. Quando o demónio saiu, o mudo falou e a multidão ficou admirada.
Mas alguns dentre eles disseram: «É por Belzebu, chefe dos demónios, que Ele expulsa os demónios.»
Outros, para o experimentarem, reclamavam um sinal do Céu.
Mas Jesus Cristo, que conhecia os seus pensamentos, disse-lhes: «Todo o reino, dividido contra si mesmo, será devastado e cairá casa sobre casa.
Se Satanás também está dividido contra si mesmo, como há-de manter-se o seu reino? Pois vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios.
Se é por Belzebu que Eu expulso os demónios, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
Mas se Eu expulso os demónios pela mão de Deus, então o Reino de Deus já chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os seus bens estão em segurança; (quando o corpo material de cada um tem a protecção de Jesus Cristo, está em segurança)
mas se aparece um mais forte e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. (quando tem uma protecção divina fraca, outros corpos celestes do mal podem expulsar essa protecção e tomar conta do corpo e aí é a sua destruição)
Quem não está comigo, está contra mim e quem não junta comigo, dispersa.»

Santo Amadeu de Lausanne (1108-1159), monge cisterciense, depois bispo 4ª Homilia mariana; SC 72

O dedo de Deus

«Que a Tua mão venha em meu auxílio»! (Sl 119,173) É ao Filho unigénito que chamamos a mão de Deus, Ele por quem Deus criou tudo. Esta mão interveio quando tomou a nossa carne, não somente não causando qualquer ferimento a Sua mãe, mas também, segundo o testemunho do profeta, tomando sobre Si as nossas doenças, carregando as nossas dores (Is 53,4).

Sim, verdadeiramente essa mão plena de curativos e de remédios curou todas as doenças. Afastou tudo o que conduzia à morte; ressuscitou mortos; derrubou as portas do inferno; prendeu o forte e despojou-o das suas armas; abriu o céu; derramou o Espírito de amor no coração dos Seus. Essa mão liberta os prisioneiros e dá vista aos cegos; levanta os caídos; ama os justos e protege os estrangeiros; alberga o órfão e a viúva. Arranca à tentação os que estão ameaçados de sucumbir a ela; restaura, pelo conforto que dá, os que sofrem; dá alegria aos aflitos; abriga à Sua sombra os atormentados; escreve para os que querem meditar sobre a Sua Lei; toca e abençoa o coração dos que rezam; firma-os no amor, através do Seu contacto; fá-los progredir e perseverar nas suas obras. Por fim, condu-los à pátria; recondu-los ao Pai.

Pois, se Se fez carne, foi para atrair o homem por um homem, unindo a Sua à nossa carne para, no Seu amor, reconduzir a ovelha perdida a Deus Pai todo-poderoso e invisível. Uma vez que essa ovelha, por ter abandonado a Deus, tinha caído na carne, era necessário que o mistério da Incarnação dessa mão a conduzisse para a erguer e para a levar ao Pai (cf. Lc 15,4ss).

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