=CRISTIANISMO=
«Senhor,
a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68
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A
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Domingo, dia 23 de Setembro de 201225º Domingo do Tempo Comum - Ano B
Festa
da Igreja : Vigésimo
Quinto do Tempo Comum (semana I do saltério)
Santo do dia : São Pio de Petrelcina (Padre Pio), presbítero, +1968 Livro de Sabedoria 2,12.17-20.
Disseram
os ímpios: «Armemos laços ao justo porque nos incomoda
e se opõe à nossa forma de actuar. Censura-nos as
transgressões da Lei, acusa-nos de sermos infiéis à nossa
educação.
Vejamos, pois se as suas palavras são verdadeiras e que lhe acontecerá no fim da vida porque, se o justo é filho de Deus, Deus há-de ampará-lo e tirá-lo das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas para avaliar da sua paciência e comprovar a sua resistência. Condenemo-lo a uma morte infame, pois, segundo ele diz, Deus o protegerá.» Livro de Salmos 54(53),3-4.5.6.8.
O
Senhor sustenta a minha vida.
Ó meu Deus, salva-me, pelo teu nome; pelo teu poder, faz-me justiça! Ouve, ó Deus, a minha oração, presta atenção às palavras da minha boca! Os soberbos levantam-se contra mim e os tiranos procuram tirar-me a vida sem fazerem nenhum caso de Deus. Mas Deus é o meu auxílio, o Senhor é quem conserva a minha vida. De bom grado, eu te oferecerei sacrifícios e louvarei o teu nome, Senhor. Carta de S. Tiago 3,16-18.4,1-3.
Caríssimos:
Onde há inveja e espírito faccioso também há
perturbação e todo o género de obras más,
mas a sabedoria que vem do alto é, em primeiro lugar, pura; depois, é pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia e é com a paz que uma colheita de justiça é semeada pelos obreiros da paz. De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões que se servem dos vossos membros para fazer a guerra? Cobiçais e nada tendes. Então matais! Roeis-vos de inveja e nada podeis conseguir? Então lutais e guerreais-vos! Não tendes porque não pedis. Pedis e não recebeis porque pedis mal para satisfazer os vossos prazeres. (Deus e os do Bem só atendem o bem; quem pede mal ao seu semelhante não pode ser atendido por eles. Quando os pedidos de mal sobre os outros são atendidos, só são atendidos pelos seres celestes do mal que, ao atenderem um pedido de mal para alguém, imediatamente tomam conta daquele(a) que atenderam e como são do mal só têm mal para lhe dar e é “pior a emenda do que o soneto”, pois pode-lhes acontecer ainda pior do que o mal que pediram. O mal não tem bem para dar.) Evangelho segundo S. Marcos 9,30-37.
Naquele
tempo, Jesus Cristo e os seus discípulos atravessaram a Galileia,
mas Ele não queria que ninguém o soubesse
porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.» Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar. Chegaram a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus Cristo perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?» Ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos.» E tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes: «Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.» São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo Sermão 58; PL 57, 363
«Quem receber um destes
meninos em Meu nome é a Mim que recebe»
Todos nós, cristãos, somos o
corpo de Jesus Cristo e Seus membros, afirma o apóstolo Paulo
(1Co 12,27). Aquando da ressurreição de Jesus Cristo, todos os
Seus membros ressuscitaram com Ele; passando dos infernos para a
Terra, Ele fez-nos passar da morte para a vida. O
termo «páscoa» em hebraico significa passagem ou partida. Ora
este mistério é o da passagem do mal ao bem. E que
passagem! Do pecado para a justiça, do vício para a virtude, da
velhice para a infância. Refiro-me à infância que está ligada
à simplicidade e não à idade. Pois também as virtudes têm a
sua idade própria. Ontem a decrepitude do pecado conduzia-nos ao
declínio. Mas a ressurreição de Jesus Cristo faz-nos renascer
na inocência das crianças. A simplicidade cristã torna sua a
infância.
A criança não sente rancor,
não conhece a fraude, não ousa bater. Assim sendo, esta criança,
que é o cristão, não se exalta se for insultada, não se
defende se for despojada, não devolve os golpes se lhe baterem.
(porque temos quem tem a função de nos defender já que esse
conhece todas as causas e consequências e nós somos facilmente
induzidos em erro e julgamos mal; não é essa a nossa função;
não praticamos nenhum mal, pois essa é a condição de estar no
Bem) O Senhor exige mesmo que ela reze pelos seus inimigos, que
entregue a túnica e o casaco aos ladrões e que ofereça a outra
face aos que a esbofeteiam (Mt 5,39ss).
A infância de Jesus Cristo
ultrapassa a infância dos homens. [...] Esta deve a sua inocência
à fraqueza, aquela à virtude e ela é ainda digna de mais
elogios: o seu ódio ao mal emana da vontade e não da impotência.
Segunda-feira, dia 24 de Setembro de 2012Segunda-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Santo do dia
: Nossa
Senhora das Mercês,
S.
Vicente Maria Strambi, bispo, +1824,
Beata
Rita Amada de Jesus, religiosa, fundadora, +1913
Livro de Provérbios 3,27-34.
Meu
filho: Não negues um benefício a quem dele precisa, se
estiver nas tuas mãos poder concedê-lo.
Não digas ao teu próximo: «Vai e volta depois, amanhã te darei» quando o puderes logo atender. Não maquines o mal contra teu próximo quando ele deposita confiança em ti. Não litigues contra ninguém, sem motivo quando não te fez mal algum. Não invejes o homem violento, nem adoptes o seu procedimento porque o Senhor abomina o homem perverso, mas reserva para os rectos a sua intimidade (o Seu Reino). A maldição do Senhor cai sobre a casa do ímpio, mas Ele abençoa a morada dos justos. Ele escarnece dos escarnecedores, mas concede a sua graça aos humildes. Livro de Salmos 15(14),2-3ab.3cd-4ab.5.
O
justo habitará, Senhor, no vosso santuário.
Aquele que leva uma vida sem mancha, pratica a justiça e diz a verdade com todo o coração; aquele cuja língua não levanta calúnias O que não faz mal ao seu próximo nem causa prejuízo a ninguém; aquele que despreza o que é desprezível, mas estima os que adoram o Senhor; Aquele que não falta ao juramento, mesmo em seu prejuízo; aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Quem assim proceder não há-de sucumbir para sempre (ser destruído – os nossos corpos celestes). Evangelho segundo S. Lucas 8,16-18.
Naquele
tempo, disse Jesus Cristo à multidão: «Ninguém acende uma
candeia para a cobrir com um vaso ou para a esconder debaixo da
cama; mas coloca-a no candelabro para que vejam a luz aqueles que
entram
porque não há coisa oculta que não venha a manifestar-se nem escondida que não se saiba e venha à luz. Vede, pois como ouvis porque àquele que tiver (vida = aura = o Pai), ser-lhe-á dado (mais vida); mas àquele que não tiver, ser-lhe-á tirado mesmo o que julga possuir.» Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade «No Greater Love»
«Prestai
atenção ao modo como escutais»
Escuta em silêncio. Quando o
teu coração transborda com um milhão de coisas, não consegues
ouvir a voz de Deus. Mas assim que te pões à escuta da voz de
Deus no teu coração pacificado, ele enche-se de Deus. Isso
requer muitos sacrifícios, mas se temos realmente o desejo de
rezar, se queremos rezar, temos de dar este passo. Trata-se apenas
do primeiro passo, mas se não o dermos com determinação, nunca
alcançaremos a última etapa, a presença de Deus.
É por isso que a aprendizagem
deve ser feita desde o início: escutar a voz de Deus no nosso
coração e Deus põe-Se a falar no silêncio do coração.
Depois, da plenitude do coração sobe ao que a boca deve dizer.
Aí opera-se a fusão. No silêncio do coração, Deus fala e tu
só tens de escutar. Depois, da plenitude do teu coração que se
encontra repleto de Deus, repleto de amor, repleto de compaixão,
repleto de fé, a tua boca falará.
Lembra-te, antes de falares, que
é necessário escutar e só então, das profundezas
de um coração aberto, podes falar e Deus ouvir-te-á.
Terça-feira,
dia 25 de Setembro de 2012
Terça-feira da 25ª semana do Tempo Comum
O
coração do rei é como água corrente nas mãos do Senhor, Ele o
dirigirá para onde quiser.
Os caminhos do homem parecem-lhe sempre rectos, mas é o Senhor quem pesa os corações. A prática da justiça e da equidade é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios. Olhares altivos, coração soberbo: a lâmpada dos ímpios é o pecado. Os projectos do homem diligente têm êxito, mas quem se precipita cai certamente na ruína. Os tesouros adquiridos pela mentira são vaidade passageira e laço de morte. A alma do ímpio deseja o mal; não terá compaixão do seu próximo. Com o castigo do insolente, o ingénuo ficará mais sábio; quando se adverte o sábio, ele adquire mais saber. O justo está atento à família do ímpio e precipita os maus na desventura. Aquele que se faz surdo ao clamor do pobre, também um dia clamará e não será ouvido. Livro de Salmos 119(118),1.27.30.34.35.44.
Conduzi-me, Senhor, pelo caminho
dos vossos mandamentos.
Felizes os que seguem o caminho da rectidão e vivem segundo a lei do Senhor. Fazei-me compreender o caminho dos vossos preceitos para meditar nas vossas maravilhas. Escolhi o caminho da verdade e decidi-me pelos vossos juízos. Dai-me entendimento para guardar a vossa lei e para a cumprir de todo o coração. Conduz-me pela senda dos teus mandamentos porque neles estão as minhas delícias. Quero cumprir fielmente a vossa lei, agora e para sempre. Evangelho segundo S. Lucas 8,19-21.
Naquele
tempo, vieram ter com Jesus Cristo sua mãe e seus irmãos, mas
não podiam aproximar-se por causa da multidão.
Anunciaram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te.» Mas Ele respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.» Papa Bento XVI Discurso de 26/02/2009 ao clero da diocese de Roma
«Minha
mãe e Meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a
põem em prática»
Realmente Maria é a mulher da
escuta: vemo-lo no encontro com o Anjo (Lc 1,26ss) e vemo-lo de
novo em todas as cenas da sua vida desde as bodas de Caná até à
cruz e até ao dia do Pentecostes. [...] Já no momento da
Anunciação, podemos captar a atitude de escuta: uma escuta
verdadeira, uma escuta que é interiorizada, que não se limita a
dizer sim mas que assimila a Palavra, que toma a Palavra, à qual
se segue a verdadeira obediência porque a Palavra foi
interiorizada, isto é, tornou-se Palavra em mim e para mim. [...]
Assim a Palavra torna-se incarnação.
Vemos o mesmo no Magnificat.
Sabemos que é um tecido feito de palavras do Antigo Testamento.
Vemos que Maria é realmente uma mulher da escuta que conhecia a
Escritura no seu coração. Não conhecia apenas alguns textos,
mas identificava-se a tal ponto com a Palavra que as palavras do
Antigo Testamento se tornaram, sintetizadas, um cântico no seu
coração e nos seus lábios. Vemos que a sua vida estava
realmente imbuída da Palavra; tinha entrado na Palavra, tinha-a
assimilado e a Palavra tinha-se tornado vida nela,
transformando-se depois de novo em Palavra de louvor e de anúncio
da grandeza de Deus.
Nossa Senhora é palavra de
escuta, palavra silenciosa, mas também palavra de louvor, de
anúncio porque, na escuta, a Palavra se torna de novo carne e
assim torna-se presença da grandeza de Deus.
Quarta-feira,
dia 26 de Setembro de 2012
Quarta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Toda
a palavra de Deus é provada ao fogo, é um escudo para aqueles
que confiam nele.
Nada acrescentes às suas palavras para que não te repreenda e sejas achado mentiroso. Peço-te duas coisas, não mas negues antes da minha morte: Afasta de mim a falsidade e a mentira, não me dês pobreza nem riqueza, concede-me o pão que me é necessário, para que, saciado, não te renegue e não diga: «Quem é o Senhor?» Ou, empobrecido, não roube e não profane o nome do meu Deus. Livro de Salmos 119(118),29.72.89.101.104.163.
A
vossa palavra, Senhor, é luz dos meus caminhos.
Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a graça de cumprir a vossa lei. Para mim vale mais a lei da vossa boca do que milhões em ouro e prata. A vossa palavra permanece para sempre mais estável do que os céus. Desviei os meus pés de todo o mau caminho a fim de guardar a vossa palavra. Com os vosso preceitos me tornei prudente, por isso detesto os caminhos da mentira. Odeio e detesto a mentira porque estou afeiçoado à vossa lei. Evangelho segundo S. Lucas 9,1-6.
Naquele
tempo, Jesus Cristo chamou os doze Apóstolos e deu-lhes poder e
autoridade sobre todos os demónios e para curarem todas as
doenças.
Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas (para não porem as suas vidas em risco pela cobiça que os outros possam ter do que têm consigo). Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés para servir de testemunho contra eles.» Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte. São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja 4ª homilia sobre a 1ª epístola aos Coríntios
«A
Tua majestade suprema é proclamada pela boca das crianças, dos
pequeninos» (Sl 8,3)
O que é tido como loucura de
Deus, é mais sábio do que os homens e o que é tido como
fraqueza de Deus é mais forte do que os homens (1Cor 1,25). Sim,
a cruz é uma loucura e uma fraqueza, mas só aparentemente. [...]
A doutrina da cruz conquistou os espíritos de todo o mundo por
meio de pregadores ignorantes. Esta doutrina abriu uma escola onde
não se tratava de questões banais, mas de Deus e da verdadeira
fé, da vida segundo o Evangelho e do julgamento futuro. Assim a
cruz transformou em filósofos pessoas simples e iletradas. É por
isso que a loucura da cruz é mais sábia que a sabedoria dos
homens. […]
Como é que é mais forte?
Porque se propagou pelo mundo inteiro, porque submeteu os homens
ao seu poder e resistiu aos inumeráveis adversários que
gostariam de ver desaparecer o nome do Crucificado. Pelo
contrário, esse nome desabrochou e propagou-se. [...] Os seus
inimigos pereceram, desapareceram; os vivos que combatiam um morto
foram reduzidos à impotência. [...] Com efeito, os filósofos,
os oradores, os reis, em suma, a Terra inteira não foi capaz de
imaginar o que os publicanos e os pecadores conseguiram fazer pela
graça de Deus. [...] Era pensando nisso que o apóstolo Paulo
dizia: «o que é tido como fraqueza de Deus é mais forte do que
os homens». De outro modo, como teriam aqueles doze pescadores
pobres e ignorantes imaginado semelhante empreendimento?
Quinta-feira,
dia 27 de Setembro de 2012
Quinta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Ilusão
das ilusões - disse Cohélet - ilusão das ilusões: tudo é
ilusão.
Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol? Uma geração passa, outra vem e a Terra permanece sempre. O Sol nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar. O vento vai em direcção ao sul, depois ruma ao norte e gira, torna a girar e passa e recomeça as suas idas e vindas. Todos os rios correm para o mar e o mar não se enche. Para onde sempre correram, continuam os rios a correr. Todas as palavras estão gastas, o homem não consegue já dizê-las. A vista não se sacia com o que vê nem o ouvido se contenta com o que ouve. Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há-de voltar a fazer-se e nada há de novo debaixo do Sol! Se de alguma coisa alguém diz: «Eis aí algo de novo!», ela já existia nas eras que nos precederam. Não há memória das coisas antigas e também não haverá memória do que há-de suceder depois; nem ficará disso memória entre aqueles que hão-de vir mais tarde. Livro de Salmos 90(89),3-4.5-6.12-13.14.17.
Senhor,
tendes sido o nosso refúgio através das gerações.
Vós podeis reduzir o homem ao pó, dizendo apenas: "Voltai ao pó, seres humanos!" Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite Vós os arrebatais como um sonho ou como a erva que de manhã verdeja, como a erva que de manhã brota vicejante, mas à tarde está murcha e seca. Ensinai-nos a contar assim os nossos dias para podermos chegar ao coração da sabedoria. Voltai, Senhor! Até quando... Tem compaixão dos teus servos. Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Venham sobre nós as graças do Senhor, nosso Deus! Confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos. Evangelho segundo S. Lucas 9,7-9.
Naquele
tempo, o tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que Jesus Cristo
fazia e andava perplexo, pois alguns diziam que João ressuscitara
dos mortos; outros
que Elias aparecera e outros que um dos antigos profetas ressuscitara. Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar, mas quem é este de quem oiço dizer semelhantes coisas?» E procurava vê-lo. Santo Isaac, o Sírio (século VII), monge em Nínive, perto de Mossul Discursos espirituais, 1ª série, n° 20
Herodes
procurava ver Jesus
Como podiam os seres criados
contemplar a Deus? A visão de Deus é tão terrível que o
próprio Moisés afirma que teme e treme. Com efeito, quando a
glória de Deus apareceu no monte Sinai (Ex 20), a montanha
fumegava e tremia de medo sob o efeito da revelação e os animais
que se aproximavam das suas encostas morriam. Os filhos de Israel
prepararam-se: obedecendo à ordem de Moisés, purificaram-se
durante três dias a fim de serem dignos de ouvir a voz de Deus e
de ver a Sua revelação. Ora quando chegou o momento, não
conseguiram assumir a visão da Sua luz nem receber a força da
Sua voz de trovão.
Mas agora que Ele espalhou a Sua
graça pelo mundo com a Sua vinda, não foi através de um tremor
de terra, nem através do fogo, nem anunciando-Se com uma voz
tonitruante que apareceu, mas antes como o orvalho sobre o velo
(Jz 6,37), como uma gota que cai docemente no solo. Foi sob outra
forma que Ele veio até nós. Com efeito, cobriu a Sua grandeza
com o véu da carne e fez desta um tesouro; viveu entre nós nessa
carne que a Sua vontade havia formado no seio da Virgem Maria, a
Mãe de Deus, para que, ao vê-Lo semelhante a nós e a viver
entre nós, não ficássemos atormentados pelo medo ao
contemplá-Lo. Foi por isso que aqueles que se cobriram com as
vestes nas quais o Criador apareceu, com esse corpo de que Ele se
revestiu, se revestiram do próprio Jesus Cristo (Gl 3,27). Porque
desejaram ter no seu homem interior (Ep 3,16) a mesma humildade
com que Jesus Cristo Se revelou na Sua criação e nela viveu,
como Se revela agora aos Seus servos. Em lugar das vestes de honra
e glórias exteriores, eles adornaram-se com essa humildade.
Sexta-feira,
dia 28 de Setembro de 2012
Sexta-feira da 25ª semana do Tempo Comum
Santo do dia
: S.
Venceslau, rei da Boémia, mártir, +935,
S.
Lourenço Ruiz e companheiros, mártires, ++1633-37
Livro de Eclesiastes 3,1-11.
Para
tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se
deseja debaixo do céu:
tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou, tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo para edificar, tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo para dançar, tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar, tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço, tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para atirar fora, tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar, tempo para amar e tempo para odiar, tempo para guerra e tempo para paz. Que proveito tira das suas fadigas aquele que trabalha? Eu vi a tarefa que Deus impôs aos filhos dos homens para que dela se ocupem. Todas as coisas que Deus fez, são boas a seu tempo. Até a eternidade colocou no coração deles sem que nenhum ser humano possa compreender a obra divina do princípio ao fim. Livro de Salmos 144(143),1a.2abc.3-4.
Bendito
seja o Senhor, rochedo do meu refúgio.
Bendito seja o Senhor, meu refúgio; meu amparo e fortaleza, meu baluarte e meu libertador meu escudo e o meu abrigo. Senhor, que é o homem para cuidares dele e o filho do homem, para nele pensares? O homem é semelhante ao sopro da brisa; os seus dias passam como uma sombra. Evangelho segundo S. Lucas 9,18-22.
Um
dia, Jesus Cristo orava sozinho, estando com Ele apenas os
discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que
Eu sou?»
Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.» Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.» Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.» Juliana de Norwich (1342-depois de 1416), mística inglesa Revelações do amor divino, cap. 27
«O
Filho do Homem tem de sofrer muito [...], tem de ser morto e, ao
terceiro dia, ressuscitar»
Na minha ignorância,
surpreendia-me que a profunda sabedoria de Deus não tivesse
impedido o início do pecado porque se o tivesse feito, pensava
eu, tudo estaria bem. [...] Jesus Cristo respondeu-me: «O pecado
é inelutável, mas tudo acabará em bem, tudo acabará em bem,
todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem»(porque o
Bem é o objectivo e objecto a alcançar para sair da Morte/mal).
Com esta pequena palavra
«pecado», Nosso Senhor apresentou-me ao espírito tudo o que não
é bom: o desprezo ignóbil e as provações extremas que sofreu
por nós ao longo da Sua vida e na Sua morte; todos os sofrimentos
e as dores, corporais e espirituais, de todas as Suas criaturas.
[...] Eu contemplei todos os sofrimentos que existiram ou
existirão e compreendi que a Paixão de Jesus Cristo era o maior,
o mais doloroso de todos e que a todos ultrapassa. [...] Mas não
vi o pecado (o egoísmo que combate a comunhão). Sei, pela fé,
que ele não tem substância nem qualquer espécie de ser; só o
poderemos reconhecer pelo sofrimento que causa. Percebi que este
sofrimento é temporário: ele purifica-nos, leva-nos a
conhecer-nos a nós mesmos e a gritar por misericórdia. A Paixão
de Nosso Senhor fortifica-nos contra o pecado e o sofrimento: esta
é a Sua santa vontade. No Seu terno amor por todos aqueles que
serão salvos, Nosso Senhor Jesus Cristo reconforta-os pronta e
suavemente como se lhes dissesse: «É verdade que o pecado é a
causa de todas estas dores, mas tudo acabará em bem: todas as
coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem». Ele disse-me
estas palavras com grande ternura, sem a mínima censura. […]
Nestas palavras vi um mistério
profundo e maravilhoso, oculto em Deus. Ele desvendará e
far-nos-á conhecer esse mistério plenamente no céu. Quando o
conhecermos, entenderemos por que razão permitiu a vinda do
pecado a este mundo. E ao ver isto, regozijar-nos-emos por toda a
eternidade.
Sábado,
dia 29 de Setembro de 2012
S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael, Arcanjos – Festa
Santo do dia
: S.
Miguel, arcanjo,
São
Gabriel, arcanjo,
São
Rafael, arcanjo
Livro de Daniel 7,9-10.13-14.
«Continuava eu a olhar até que
foram preparados uns tronos e um Ancião sentou-se. Branco como a
neve era o seu vestuário e os cabelos da cabeça eram como de lã
pura; o trono era feito de chamas, com rodas de fogo flamejante.
Corria um rio de fogo que jorrava da parte da frente dele. Mil milhares o serviam, dez mil miríades lhe assistiam. O tribunal reuniu-se em sessão e foram abertos os livros. Contemplando sempre a visão nocturna, vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem. Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram. Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais e o seu reino nunca será destruído.» Livro de Salmos 138(137),1-2a.2bc-3.4-5.
Na
presença dos anjos, eu Vos louvarei, Senhor.
Agradeço-Te, Senhor, de todo o coração porque ouviste as palavras da minha boca. Na presença dos anjos hei-de cantar-Te e adorar-Te voltado para o teu santo templo. Hei-de louvar o teu nome pela tua bondade e pela tua fidelidade porque foste mais além das tuas promessas. Quando te invoquei, atendeste-me e aumentaste as minhas forças. Todos os reis da Terra te louvarão, Senhor, ao ouvirem as palavras da tua boca. Celebrarão os caminhos do Senhor, pois grande é a sua glória. Evangelho segundo S. João 1,47-51.
Naquele
tempo, Jesus Cristo viu Natanael que vinha ao seu encontro e disse
dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há
fingimento.»
Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus Cristo: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» Retorquiu-lhe Jesus Cristo: «Tu crês por Eu te ter dito: 'Vi-te debaixo da figueira'? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.» (na Ressurreição e na Ascensão de Jesus Cristo) Beato João Paulo II (1920-2005), papa Audiência Geral de 23/7/1986, 1-2;5
«Travou-se
uma batalha no céu: Miguel e os seus anjos declararam guerra ao
Dragão» (Ap 12,7)
Na perfeição da sua natureza
espiritual e em virtude da sua inteligência, os anjos são
chamados desde o princípio a conhecer a Verdade e a amar o Bem
que conhecem muito mais plena e perfeitamente do que ao homem é
possível. Este amor mais não é do que o acto duma vontade livre
[...] que é sinónimo de uma possibilidade de escolha a favor ou
contra esse mesmo Bem, ou seja, o próprio Deus. Nunca é demais
repetir o que já dissemos a seu tempo a propósito do homem: ao
criar livres os homens, Deus quis que, no mundo, se
realizasse este amor verdadeiro que só é possível tendo
como base a liberdade; por isso quis que a criatura, formada à
imagem e semelhança do seu Criador (Gn 1,26), pudesse
assemelhar-se-Lhe da forma mais plena possível, a Ele que «é
amor» (1Jo 4,16). Ora ao criar esses espíritos puros como seres
livres, Deus, na Sua Providência, não podia também deixar de
prever a possibilidade do pecado. No entanto, precisamente porque
a Providência Divina é Sabedoria eterna capaz de amar, Deus
saberia tirar da história deste pecado [...] o bem definitivo de
todo o universo recémcriado.
Com efeito, como afirma
claramente a Revelação, o mundo dos espíritos puros está
dividido em bons e maus. [...] Como havemos de compreender tal
distinção? Os Padres da Igreja e os seus teólogos não hesitam
em falar de uma cegueira produzida por uma sobrevalorização da
perfeição do seu próprio ser, levada ao ponto de ofuscar a
supremacia de Deus que, ao contrário, supunha uma atitude de
submissão e de obediência. Tudo isso se encontra expresso de
maneira concisa nas palavras «Não servirei!» (Jr 2,20),
manifestação radical e irreversível da recusa em tomar parte na
edificação do Reino de Deus no mundo criado. Satanás, o
espírito rebelde, quer o seu próprio reino, não o de Deus,
assim se erguendo em adversário primeiro do Criador, opondo-se à
Sua Providência como antagonista da sabedoria cheia de amor de
Deus. Desta revolta e deste pecado de Satanás, tal como do do
homem, devemos tirar a seguinte conclusão, expressa nas sábias
palavras da experiência da Escritura, que afirma: «O orgulho é
causa de ruína» (Tb 4,13).
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sábado, 29 de setembro de 2012
Cristianismo 79
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