domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cristianismo 47

= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Mais uma vez, no caminho de preparação para a mais importante festa do calendário cristão, a Igreja nos propõe um tempo de preparação – de penitência e de escuta da palavra, de acolhimento do plano de Deus e de atenção aos irmãos.

Neste ano de 2012, os textos que nos serão apresentados ao longo destas cinco semanas, mostram-nos um percurso claro e definido: Deus quer oferecer-nos um mundo onde a felicidade é possível (1º domingo) e a sua Palavra ensina-nos o caminho (2º domingo), Palavra que nos chama à conversão e à renovação (3º domingo). Aceitar esta Palavra implica, pois mudar de vida. Fiquemos, contudo certos do amor de Deus, gratuito e incondicional (4º domingo). Quanto a nós, temos de estar atentos ao seu plano de salvação e ir ao encontro dos outros, no amor e no serviço (5º domingo).

A “nova evangelização” a que a Igreja nos convida a todos nesta Quaresma impele-nos a não guardarmos este segredo do amor misericordioso de Deus e a partilhá-lo à nossa volta.

Com os votos de uma Santa Quaresma, saúda-vos com amizade

a equipa do Evangelho Quotidiano para a língua portuguesa

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Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

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A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos www.capuchinhos.org

Domingo, dia 19 de Fevereiro de 2012


7º Domingo do Tempo Comum - Ano B



Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado,
pois vou realizar algo de novo que já está a aparecer: não o notais? Vou abrir um caminho no deserto e fazer correr rios na estepe.
o povo que Eu formei para mim e assim hão-de proclamar os meus louvores.»
«Mas tu, Jacob, não era a mim que invocavas, não era por mim que te esforçavas, Israel.
Não me compravas canela com dinheiro nem me satisfazias com a gordura das tuas vítimas; antes, me atormentavas com os teus pecados e me cansavas com as tuas iniquidades.
Eu, porém é que apagava as tuas faltas, por mim, não me lembrava dos teus pecados.
Livro de Salmos 41(40),2-3.4-5.13-14.

Feliz daquele que cuida do pobre;
no dia da desgraça, o Senhor o salvará.
O Senhor o guardará e lhe dará vida e felicidade na Terra;
não o abandonará à mercê dos seus inimigos.-
O Senhor o assistirá no leito do sofrimento;
quando estiver de cama, o restabelecerá da doença.
Eu disse: "Senhor, tem compaixão de mim;
cura-me, embora tenha pecado contra ti!"-
Tu me ajudarás porque vivo com sinceridade
e me farás viver sempre na tua presença.
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
desde agora e para sempre. Ámen!

2ª Carta aos Coríntios 1,18-22.

Irmãos: Deus é testemunha fiel de que a nossa palavra dirigida a vós não é «sim» e «não.»
Pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, aquele que foi por nós anunciado entre vós, por mim, por Silvano e por Timóteo, não foi um «sim» e um «não», mas unicamente um «sim.»
Nele todas as promessas de Deus se tornaram «sim» e é por isso que, graças a Ele, nós podemos dizer o «ámen» para glória de Deus.
Aquele que nos confirma juntamente convosco em Jesus Cristo e nos dá a unção é Deus,
Ele que nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito.
Evangelho segundo S. Marcos 2,1-12.

Quando Jesus Cristo entrou de novo em Cafarnaúm e se soube que estava em casa,
Juntou-se tanta gente que nem mesmo à volta da porta havia lugar e anunciava-lhes a Palavra.
Vieram então trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens.
Como não podiam aproximar-se por causa da multidão, descobriram o tecto no sítio onde Ele estava, fizeram uma abertura e desceram o catre em que jazia o paralítico.
Vendo Jesus Cristo a fé daqueles homens, disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados.»
Ora estavam lá sentados alguns doutores da Lei que discorriam em seus corações:
«Porque fala este assim? Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?»
Jesus Cristo percebeu logo em seu íntimo que eles assim discorriam e disse-lhes: «Porque discorreis assim em vossos corações?
Que é mais fácil? Dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer: 'Levanta-te, pega no teu catre e anda’?
Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra poder para perdoar os pecados,
Eu te ordeno, disse ao paralítico: levanta-te, pega no teu catre e vai para tua casa.»
Ele levantou-se e, pegando logo no catre, saiu à vista de todos, de modo que todos se maravilhavam e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim!»

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 50; PL 52, 339

«Quem pode perdoar pecados senão Deus?»

«Filho, os teus pecados estão perdoados.» Com estas palavras queria Jesus Cristo ser reconhecido como Filho de Deus, enquanto Se escondia ainda, porém dos olhos humanos sob o aspecto de um homem. Por causa das manifestações do Seu poder e dos milagres que realizava, comparavam-n'O aos profetas e, no entanto, era graças a Ele e ao Seu poder que também estes tinham realizado milagres. Não está no poder do homem perdoar os pecados; isto é a marca própria de Deus. Começava Jesus Cristo assim a revelar a Sua natureza divina ao coração dos homens – o que faz que os fariseus fiquem loucos de raiva. Retorquem: «Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão Deus?»
Tu, fariseu, crês que sabes, mas não passas de um ignorante! Crês que veneras a Deus, mas não O reconheces! Crês que dás testemunho, mas desferes golpes! Se é Deus Quem perdoa os pecados porque não admites a natureza divina de Jesus Cristo? Porque pôde conceder o perdão de um só pecado é, pois Ele Quem aniquila o pecado do mundo inteiro: «Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Para que possas compreender a Sua natureza divina, escuta-O – pois Ele penetrou no âmago do teu ser. Olha-O: Ele alcançou os teus mais profundos pensamentos. Compreende então Aquele que põe a nu as intenções secretas do teu coração.

Segunda-feira, dia 20 de Fevereiro de 2012

Segunda-feira da 7ª semana do Tempo Comum



Caríssimos: Existe alguém entre vós que seja sábio e entendido? Mostre então pelo seu bom procedimento que as suas obras estão repassadas da mansidão própria da sabedoria.
Mas, se tendes no vosso coração uma inveja amarga e um espírito dado a contendas, não vos vanglorieis nem falseeis a verdade.
Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é a terrena, a da natureza corrompida, a diabólica.
Pois, onde há inveja e espírito faccioso também há perturbação e todo o género de obras más.
Mas a sabedoria que vem do alto é, em primeiro lugar, pura; depois, é pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia
e é com a paz que uma colheita de justiça é semeada pelos obreiros da paz.

Livro de Salmos 19(18),8.9.10.15.

A lei do Senhor é perfeita,
reconforta o espírito;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria ao homem simples.-
Os mandamentos do Senhor são rectos,
alegram o coração;
os preceitos do Senhor são claros,
iluminam os olhos.-
A fé no Senhor é pura,
permanece para sempre.
As sentenças do Senhor são verdadeiras,
todas elas são justas.-
Aceita com bondade as palavras da minha boca
e estejam na tua presença
os murmúrios do meu coração,
ó Senhor, meu refúgio e meu libertador.
Evangelho segundo S. Marcos 9,14-29.

Naquele tempo, Jesus Cristo desceu do monte, com Pedro, Tiago e João. Ao chegarem junto dos outros discípulos, viram em torno deles uma grande multidão e uns doutores da Lei a discutirem com eles.
Assim que viu Jesus Cristo, toda a multidão ficou surpreendida e acorreu a saudá-lo.
Ele perguntou: «Que estais a discutir uns com os outros?»
Alguém de entre a multidão disse-lhe: «Mestre, trouxe-te o meu filho que tem um espírito mudo.
Quando se apodera dele, atira-o ao chão e ele põe-se a espumar, a ranger os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram.»
Disse Jesus Cristo: «Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei-de suportar? Trazei-mo cá.» (Ficou zangado com os discípulos por terem pouca fé.)
E levaram-lho. Ao ver Jesus Cristo, logo o espírito sacudiu violentamente o jovem e este, caindo por terra, começou a estrebuchar, deitando espuma pela boca.
Jesus Cristo perguntou ao pai: «Há quanto tempo lhe sucede isto?» Respondeu: «Desde a infância;
e muitas vezes o tem lançado ao fogo e à água para o matar. Mas, se podes alguma coisa, socorre-nos, tem compaixão de nós.»
«Se podes...! Tudo é possível a quem crê», disse-lhe Jesus Cristo.
Imediatamente o pai do jovem disse em altos brados: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»
Vendo, Jesus Cristo que acorria muita gente, ameaçou o espírito maligno, dizendo: «Espírito mudo e surdo, ordeno-te: sai do jovem e não voltes a entrar nele.»
Dando um grande grito e sacudindo-o violentamente, saiu. O jovem ficou como morto a ponto de a maioria dizer que tinha morrido.
Mas tomando-o pela mão, Jesus Cristo levantou-o e ele pôs-se de pé.
Quando Jesus Cristo entrou em casa, os discípulos perguntaram-lhe em particular: «Porque é que nós não pudemos expulsá-lo?»
Respondeu: «Esta casta de espíritos só pode ser expulsa à força de oração.»

Catecismo da Igreja Católica §§ 160-165

«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»

Para ser humana, «a resposta da fé, dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária. Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra vontade. Efectivamente o acto de fé é voluntário por sua própria natureza. [...] Isto foi evidente, no mais alto grau, em Jesus Cristo» (II Concílio do Vaticano, Dignitatis Humanae). De facto, Jesus Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu alguém. [...] Para obter a salvação é necessário acreditar em Jesus Cristo e n'Aquele que O enviou para nos salvar (Mc 16,16; Jo 3,36; 6,40). [...]
A fé é um dom gratuito de Deus ao homem. Mas nós podemos perder este dom inestimável. [...] Para viver, crescer e perseverar até ao fim na fé, temos de a alimentar com a Palavra de Deus; temos de pedir ao Senhor que no-la aumente (Mc 9,24; Lc 17,5; 22,32); ela deve «agir pela caridade» (Gl 5,6; Tg 2,14-26), ser sustentada pela esperança (Rm 15,13) e permanecer enraizada na fé da Igreja.

A fé faz com que saboreemos, como que de antemão, a alegria e a luz da visão beatífica, termo da nossa caminhada nesta Terra. Então veremos Deus «face a face» (1Cor 13,12), «tal como Ele é» (1Jo 3,2). A fé, portanto é já o princípio da vida eterna. [...] Por enquanto, porém «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2Cor 5,7). [...] Luminosa por parte d'Aquele em quem ela crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade e pode ser posta à prova. O mundo em que vivemos parece muitas vezes bem afastado daquilo que a fé nos diz: as experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa-Nova. [...] É então que nos devemos voltar para as testemunhas da fé: Abraão que acreditou, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4,18); a Virgem Maria, [...] na «peregrinação da fé» (II Concílio do Vaticano, Lumen Gentium) e tantas outras testemunhas da fé: «envoltos em tamanha nuvem de testemunhas, devemos desembaraçar-nos de todo o fardo e do pecado que nos cerca e correr com constância o risco que nos é proposto, fixando os olhos no guia da nossa fé, Jesus Cristo, O qual a leva à perfeição» (Hb 12,1-2).

Terça-feira, dia 21 de Fevereiro de 2012

Terça-feira da 7ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Pedro Damião, bispo, Doutor da Igreja, +1072 Carta de S. Tiago 4,1-10.

De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões que se servem dos vossos membros para fazer a guerra?
Cobiçais e nada tendes? Então matais! Roeis-vos de inveja e nada podeis conseguir? Então lutais e guerreais-vos! Não tendes porque não pedis.
Pedis e não recebeis porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres. (Quem pede o bem, alcança sempre o seu pedido do Universo do Bem.)
Almas adúlteras! Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Portanto, quem quiser ser amigo deste mundo, torna-se inimigo de Deus!
Ou pensais que a Escritura diz em vão: O Espírito que habita em nós ama-nos com ciúme?
No entanto, a graça que Ele dá, é mais abundante pelo que diz: Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes.
Submetei-vos, portanto a Deus; resisti ao diabo e ele fugirá de vós.
Aproximai-vos de Deus e Ele aproximar-se-á de vós. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vossos corações, ó gente de alma dividida.
Reconhecei a vossa miséria, lamentai-vos e chorai; que o vosso riso se converta em pranto e a vossa alegria em tristeza.
Humilhai-vos na presença do Senhor e Ele vos exaltará.
Livro de Salmos 55(54),7-8.9-10a.10b-11a.23.

Eu exclamo: "Quem me dera ter asas como a pomba
para poder voar e encontrar abrigo!"
Sim, fugiria para bem longe
e viveria no deserto.-
Iria apressar-me em busca de refúgio
contra o furacão e a tempestade.
Confunde-os, Senhor,
e divide as suas línguas,
pois na cidade só vejo violência e discórdia.-
Pois na cidade só vejo violência e discórdia
Dia e noite rondam à volta das muralhas
e dentro delas reina o crime e a intriga.
Confia ao Senhor os teus cuidados

e Ele será o teu sustentáculo;
não permitirá que o justo
sucumba para sempre."
Evangelho segundo S. Marcos 9,30-37.

Naquele tempo, Jesus Cristo e os seus discípulos atravessaram a Galileia, mas Ele não queria que ninguém o soubesse
porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas três dias depois de ser morto, ressuscitará.»
Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar.
Chegaram a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus Cristo perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?»
Ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior.
Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos.» (porque é aquele que se presta a servir todos. O Bem é o Universo do serviço aos outros; do Amor-Comunhão.)
E tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes:
«Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.» (isto é, quem receber alguém do Bem, recebe Jesus Cristo e quem recebe Jesus Cristo, recebe Deus. Como também quem fizer mal a uma criança ou a alguém do Bem; é a Jesus Cristo que o faz e a Deus porque Eles nos habitam.)

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]
Der Gott Jesu Christi (O Deus de Jesus Cristo)

«Quem receber um destes meninos em Meu nome é a Mim que recebe»

É preciso lembrarmo-nos de que o título de nobreza teológica mais importante de Jesus Cristo é «Filho». Em que medida esta designação estava já linguisticamente prefigurada pela maneira como o próprio Jesus Cristo Se apresentou? [...] Não restam dúvidas de que ela é a tentativa de resumir, numa palavra, a impressão geral causada pela Sua vida; a orientação da Sua vida, a Sua raiz e o Seu ponto culminante tinham por nome «Abba» — Paizinho. Ele sabia que nunca estava só e, até ao Seu último grito na cruz, esteve inteiramente virado para o Outro, para Aquele a Quem chamava Pai. Foi isto que tornou possível que por fim o Seu verdadeiro título de nobreza não fosse, nem «Rei», nem «Senhor», nem outros atributos de poder, mas uma palavra que também poderíamos traduzir por «Filho».

Podemos, portanto dizer que, se a infância ocupa um lugar tão predominante na pregação de Jesus Cristo, é porque tem estreita ligação com o Seu mistério mais pessoal, a Sua filiação. A Sua mais alta dignidade que nos leva à Sua divindade não é, em última análise, um poder que Ele próprio possua; consiste no facto de estar voltado para o Outro — para Deus Pai. […]

O homem quer tornar-se filho de Deus (Cf Gn 3,5) e é nisso que se deve tornar. Mas sempre que, como no diálogo eterno com a serpente do Paraíso, tenta lá chegar, livrando-se da tutela de Deus e da Sua criação, não se apoiando senão em si próprio, sempre que, numa palavra, se torna adulto, totalmente emancipado e rejeita completamente a infância como estado de vida, desemboca no nada porque se opõe à sua própria verdade que é a dependência. Só conservando o que nele há de mais essencial à infância e à existência como filho, vivida antes de mais por Jesus Cristo, é que entra com o Filho na divindade.

Quarta-feira, dia 22 de Fevereiro de 2012

QUARTA-FEIRA DE CINZAS



Diz agora o Senhor: «Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos.
Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia.
Quem sabe? Talvez Ele mude de ideia e volte atrás, deixando ao passar, alguma bênção para oferenda e libação ao Senhor vosso Deus!
Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada.
Reuni o povo, purificai a assembleia, juntai os anciãos, congregai os pequeninos e os meninos de peito. Saia o esposo dos seus aposentos e a esposa do seu tálamo nupcial.
Entre o pórtico e o altar chorem os sacerdotes e digam os ministros do Senhor: «Tem piedade do teu povo, Senhor, não transformes em ignomínia a tua herança para que ela não se torne o escárnio dos povos! Porque diriam: ‘Onde está o seu Deus?’»
O Senhor encheu-se de zelo pelo seu país e teve compaixão do seu povo.
Livro de Salmos 51(50),3-4.5-6a.12-13.14.17.

Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.-
Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.-
Reconheço as minhas culpas
e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Contra ti pequei, só contra ti,
fiz o mal diante dos teus olhos.-
Cria em mim, ó Deus, um coração puro;
renova e dá firmeza ao meu espírito.
Não me afastes da tua presença
nem me prives do teu santo espírito!-
Dá-me de novo a alegria da tua salvação
e sustenta-me com um espírito generoso.
Abre, Senhor, os meus lábios
para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.
2ª Carta aos Coríntios 5,20-21.6,1-2.

Irmãos: É em nome de Jesus Cristo, portanto que exercemos as funções de embaixadores e é Deus quem, por nosso intermédio, vos exorta. Em nome de Jesus Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus.
Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus.
E como seus colaboradores, exortamo-vos a não receber em vão a graça de Deus.
Pois Ele diz: No tempo favorável, ouvi-te e, no dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação.
Evangelho segundo S. Mateus 6,1-6.16-18.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens para vos tornardes notados por eles; de outro modo, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está no Céu.
Quando, pois deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita
a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai que vê o oculto, há-de premiar-te
«Quando orardes, não sejais como os hipócritas que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele que vê o oculto, há-de recompensar-te.
«E quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio como os hipócritas que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto
para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai que vê no oculto, há-de recompensar-te.»

São Gregório Magno (c. 540-604), papa e doutor da Igreja Homilias sobre os evangelhos, nº 16, 5

Quarenta dias para crescer no amor de Deus e do próximo

Iniciamos hoje os santos quarenta dias da quaresma e convém-nos examinar atentamente por que razão esta abstinência é observada durante quarenta dias. Moisés, para receber a Lei pela segunda vez, jejuou quarenta dias (Gn 34,28). Elias, no deserto, absteve-se de comer durante quarenta dias (1Rs 19,8). O Criador dos homens, ao vir para o meio dos homens, não tomou qualquer alimento durante quarenta dias (Mt 4,2). Esforcemo-nos também nós, tanto quanto nos for possível, por refrear o nosso corpo pela abstinência neste tempo anual dos santos quarenta dias [...] a fim de nos tornarmos, segundo a palavra de Paulo, «uma hóstia viva» (Rom 12,1). O homem é, ao mesmo tempo, uma oferenda viva e imolada (cf Ap 5,6) quando, sem deixar esta vida, faz morrer nele os desejos deste mundo.

Foi a satisfação da carne que nos levou ao pecado (Gn 3,6) que a carne mortificada nos leve ao perdão. O autor da nossa morte, Adão, transgrediu os preceitos de vida comendo o fruto proibido da árvore. É, por conseguinte necessário que nós, que fomos privados das alegrias do Paraíso pelo alimento, nos esforcemos por reconquistá-las pela abstinência.

Mas ninguém suponha que esta abstinência é suficiente. O Senhor disse pela boca do profeta: «O jejum que Eu aprecio é este, [...] repartir o teu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão» (Is 58,6-7). Eis o jejum que Deus aprova [...]: um jejum realizado no amor ao próximo e impregnado de bondade. Prodigaliza pois aos outros daquilo que retiras a ti próprio; assim a tua penitência corporal permitir-te-á cuidar do bem-estar físico do teu próximo em necessidade.

Quinta-feira, dia 23 de Fevereiro de 2012

Quinta-feira depois das Cinzas



Moisés falou de novo ao povo, dizendo: «Repara que coloco hoje diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.
Assim ordeno-te hoje que ames o Senhor, teu Deus, que andes nos seus caminhos, que guardes os seus mandamentos, preceitos e sentenças. Assim viverás, multiplicar-te-ás e o Senhor, teu Deus, te abençoará na Terra em que vais entrar para dela tomar posse.
Mas se o teu coração se desviar e não escutares, se te deixares arrastar e adorares deuses estranhos e os servires,
declaro-vos hoje que, sem dúvida, morrereis; os vossos dias não se prolongarão na Terra na qual ides entrar, passando o Jordão, para dela tomar posse.»
«Tomo hoje por testemunhas contra vós o céu e a Terra; ponho diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe a vida para viveres, tu e a tua descendência,
amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a Ele porque Ele é a tua vida e prolongará os teus dias para habitares na terra que o Senhor jurou que havia de dar a teus pais, Abraão, Isaac e Jacob.»

Livro de Salmos 1,1-2.3.4.6.

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios
nem se detém no caminho dos pecadores,
antes põe o seu enlevo na lei do Senhor
e nela medita dia e noite.-
É como a árvore plantada à beira da água corrente:
dá fruto na estação própria
e a sua folhagem não murcha;
em tudo o que faz é bem sucedido.-
Mas os ímpios não são assim!
São como a palha que o vento leva.
O Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.
Evangelho segundo S. Lucas 9,22-25.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me.
Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de salvá-la.
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, perdendo-se ou condenando-se a si mesmo?

Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), Papa Diário da alma, 1930, retiro em Rusciuk

Tome a sua cruz, dia após dia

O amor da cruz do meu Senhor atrai-me cada vez mais nestes dias. Ó Jesus Cristo bendito, que isto não seja um fogo inútil que se apague com a primeira chuva, mas um incêndio que arda sempre sem nunca se consumir. Nestes dias encontrei outra bela oração que corresponde perfeitamente à minha situação actual [...]: Ó Jesus Cristo, meu amor crucificado, adoro-Te em todas as Tuas penas. [...] Abraço de todo o coração, por Teu amor, todas as cruzes de corpo e de espírito que me sobrevierem. E faço profissão de pôr toda a minha glória, o meu tesouro e a minha alegria na Tua cruz, ou seja, nas humilhações e nos sofrimentos, dizendo com São Paulo: 'Quanto a mim, não me glorie a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo' (Gal 6, 14). Não quero para mim outro paraíso neste mundo que não seja a cruz do meu Senhor Jesus Cristo. [...] Tudo me convence de que o Senhor me quer todo para Si, pelo caminho real da cruz. Por este caminho e não por outro, desejo avançar. […]

Uma nota característica deste retiro espiritual tem sido uma grande paz e alegria interior que me encoraja a oferecer-me ao Senhor, em ordem a qualquer sacrifício que Ele queira pedir-me. Desejo que esta tranquilidade e esta alegria penetrem cada vez mais, por dentro e por fora, toda a minha pessoa e toda a minha vida. [...] Terei muito cuidado na guarda deste gozo interior e exterior. [...] Para mim, deve ser um convite perene a imagem de São Francisco de Sales que, entre outras, gosto de repetir: eu sou como um passarinho que canta num bosque de espinhos. Assim, pois poucas confidências sobre o que possa fazer-me sofrer. Muita discrição e indulgência no meu juízo acerca das pessoas e das situações; inclinação para orar especialmente por quem for para mim motivo de sofrimento e, em tudo, grande bondade e paciência sem limites, lembrando-me de que qualquer outro sentimento [...] não está de acordo com o espírito do Evangelho nem da perfeição evangélica. Prefiro ser considerado um pobre homem desde que, a qualquer preço, faça triunfar a caridade. Deixar-me-ei esmagar, mas quero ser paciente e bom até ao heroísmo.

Sexta-feira, dia 24 de Fevereiro de 2012

Sexta-feira depois das Cinzas


Santo do dia : S. Sérgio, mártir, +304, S. Lázaro, monge, séc. IX Livro de Isaías 58,1-9a.

Eis o que diz o Senhor Deus: «Grita em voz alta, sem te cansares. Levanta a tua voz como uma trombeta. Denuncia ao meu povo as suas faltas, aos descendentes de Jacob, os seus pecados.
Consultam-me dia após dia, mostram desejos de conhecer o meu caminho, como se fosse um povo que praticasse a justiça e não abandonasse a lei de Deus. Pedem-me sentenças justas, querem aproximar-se de Deus.
Dizem-me: «Para quê jejuar, se vós não fazeis caso? Para quê humilhar-nos, se não prestais atenção?» É porque no dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios e oprimis todos os vossos empregados.
Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade. Não jejueis como tendes feito até hoje, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto.
Acaso é esse o jejum que me agrada, no dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza? Podeis chamar a isto jejum e dia agradável ao SENHOR?
O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão,
repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão.
Então a tua luz surgirá como a aurora e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente e a glória do SENHOR atrás de ti.
Então invocarás o SENHOR e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!»
Livro de Salmos 51(50),3-4.5-6a.18-19.

Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.-
Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.-
Reconheço as minhas culpas
e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Contra ti pequei, só contra ti,
fiz o mal diante dos teus olhos.-
Não te comprazes nos sacrifícios
nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito;
ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.
Evangelho segundo S. Mateus 9,14-15.

Naquele tempo, os discípulos de João Baptista foram ter com Ele e perguntaram-Lhe: «Porque é que nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles? Porém, hão-de vir dias em que lhes será tirado o esposo e então hão-de jejuar.»

São Romano Melodista (? – c. 560), compositor de hinos Hino «Adão e Eva», 1-5

«Então hão-de jejuar»

Entrega-te, minha alma, ao arrependimento; une-te a Jesus Cristo pela razão e, gemendo, grita: Concede-me o perdão das minhas faltas para que de Ti receba, Tu só que és bom (Mc 10,18), a absolvição e a vida eterna. […]

Moisés e Elias, essas torres de fogo, foram grandes nas suas obras. [...] Foram os primeiros de entre os profetas a falar livremente a Deus e a comprazer-se em d'Ele se aproximar para Lhe rezar e falar face a face (Ex 34,6; 1Rs 19,13), facto admirável e incrível e, apesar disso, não deixaram de recorrer ao jejum que os unia a Deus (Ex 34,28; 1Rs 19,8). Assim tal como as obras, o jejum conduz à vida eterna.

Pelo jejum são os demónios afastados como pela espada porque lhe não suportam os benefícios: o que eles adoram são a folia e a embriaguez. Por isso, ao olharem o rosto do jejum, não podem tolerá-lo e fogem para bem longe como nos ensina o Senhor nosso Deus: «estes demónios podem ser expulsos pelo jejum e pela oração» (Mc 9,28 Vulg.). É por isso que o jejum nos traz a vida eterna. […]

O jejum devolve aos que o seguem a habitação paterna donde Adão foi expulso. [...] Foi o próprio Deus, o amigo dos homens (Sb 7,14 Vulg.) que confiou o homem ao jejum como a uma mãe extremosa ou a um mestre, tendo-o proibido de provar apenas duma árvore (Gn 2,17).

Tivesse o homem observado esse jejum e viveria para sempre com os anjos. Ao rejeitá-lo, causou para si a dor e a morte, a fereza dos espinhos e das silvas e a angústia duma vida dolorosa (Gn 3,17ss.) Ora se o jejum se revelou proveitoso no Paraíso, quanto mais o não será neste mundo para nos proporcionar a vida eterna!

Sábado, dia 25 de Fevereiro de 2012

Sábado depois das Cinzas



Eis o que diz o Senhor:« Se tirares do meio de ti toda a opressão, os gestos que ameaçam e as palavras ofensivas,
se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na tua escuridão e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia.
O SENHOR te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas inesgotáveis.

Reconstruirás ruínas antigas, levantarás sobre antigas fundações. Serás chamado: «Reparador de brechas, restaurador de casas em ruínas.»
Se te abstiveres de trabalhar ao sábado, de te ocupares dos teus negócios no meu dia santo, se chamares ao sábado a tua delícia, consagrando-o à glória do SENHOR; se o solenizares, abstendo-te de viagens, de procurares os teus interesses e de tratares dos teus negócios,
então encontrarás a tua felicidade no SENHOR. Far-te-ei desfilar sobre as alturas da Terra, alimentar-te-ei com a herança do teu pai Jacob. É o próprio SENHOR quem o diz!
Livro de Salmos 86(85),1-2.3-4.5-6.

Inclina, Senhor, os teus ouvidos e responde-me
porque estou triste e necessitado.
Protege a minha vida porque Te sou fiel;
salva o teu servo que em Ti confia.-
Senhor, tem compaixão de mim
que a Ti clamo todo o dia.
Alegra o espírito do teu servo,
pois para Ti, Senhor, elevo a minha alma.-
Porque Tu, Senhor, és bom e indulgente,
cheio de misericórdia para quantos Te invocam.
Senhor, ouve a minha oração,
atende os gritos da minha súplica.
Evangelho segundo S. Lucas 5,27-32.

Naquele tempo, Jesus Cristo viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.»
E ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-o.
Levi ofereceu-lhe, em sua casa, um grande banquete e encontravam-se com eles à mesa grande número de cobradores de impostos e de outras pessoas.

Os fariseus e os doutores da Lei murmuravam, dizendo aos discípulos: «Porque comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?»

Jesus Cristo tomou a palavra e disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes.
Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores.»

São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja Catequeses baptismais, n°1

«E ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O»: a Quaresma conduz ao baptismo

Vós sois catecúmenos, sois aqueles que se preparam para o baptismo, discípulos da Nova Aliança e já participantes dos mistérios de Jesus Cristo pelo chamamento e também pela graça. Foi-vos dado «um coração novo e um espírito novo» (Ez 18,31) para alegria dos habitantes dos céus. Se efectivamente, de acordo com o Evangelho, a conversão de um só pecador provoca esta alegria (Lc 15,7), quanto mais a salvação de tantas almas não incitará ao júbilo dos habitantes dos céus?

Empreendestes uma boa e muito bela viagem: aplicai-vos a percorrer o caminho com fervor. O Filho Único de Deus está pronto a resgatar-vos: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos que Eu hei-de aliviar-vos» (Mt 11,28). Vós que soçobrais sob o pecado, presos pelas cadeias das vossas faltas, ouvi o que diz a voz de um profeta: «Lavai-vos, purificai-vos, tirai da frente dos meus olhos a malícia das vossas acções» (Is 1,16) para que o coro dos anjos vos apregoe: «Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado» (Sl 31,1) Vós que acabais precisamente de acender as lâmpadas da fé, que as vossas mãos diligentes guardem a chama de modo que Aquele que na nossa santíssima colina do Gólgota abriu pela fé o paraíso ao ladrão (Lc 23,43), vos conceda cantar o cântico nupcial.

Se alguém é escravo do pecado que se prepare, através da fé baptismal, para o novo nascimento que fará dele um homem livre, um dos filhos de adopção. Que abandone a lamentável escravidão dos seus pecados para adquirir a bem-aventurada escravidão do Senhor. [...] Adquiri pela fé «os primeiros dons do Espírito Santo» (2Co 5,5) a fim de poderdes ser recebidos na morada eterna; recebei o sacramento que vos marcará, tornando-vos íntimos do Mestre.
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