quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cristianismo 42

= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Amigos

Após quatro semanas de preparação e duas de celebração do Natal, eis-nos de novo no «tempo comum». Nele ficaremos até ao início da Quaresma, a 22 de fevereiro.

É o tempo da caminhada, da paciência… Os textos dos domingos falam-nos dos começos da vida pública de Jesus, da vocação dos discípulos e das primeiras curas. É-nos pedido que olhemos para esse Jesus e decidamos que resposta lhe dar, que atitude tomar diante desse homem que entra nas nossas vidas com uma simplicidade respeitosa e fascinante.

Compreenderemos que o apelo à conversão que ouvimos durante o Advento se dirige verdadeiramente a cada um de nós e nos toca no mais profundo do nosso coração. É preciso responder e caminhar. Como nos dizia Guerric d’Igny num comentário que nos foi recentemente proposto, «mesmo se estiverdes muito avançados no caminho [do Senhor], fica sempre algo a preparar para que, a partir do ponto a que chegastes, possais ir sempre mais além».

Caminhemos, pois uns com os outros. E se, no nosso caminhar, encontrarmos gente parada à beira da estrada, não hesitemos em desafiá-los a vir connosco. “Vinde e vede”, disse Jesus Cristo a João e André.

Uma forma de lhes mostrar o caminho pode ser propor-lhe o Evangelho como leitura quotidiana…. Muitos dos nossos amigos estão à distância de um clic!

Contamos, como sempre, com o vosso entusiasmo evangelizador, com a vossa crítica e com a vossa oração.

Com amizade

A equipa EAQ em língua portuguesa.

Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.

Criado em 2001, EVANGELIZO - queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários, bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.

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Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.

Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos www.capuchinhos.org

Terça-feira, dia 17 de Janeiro de 2012

Terça-feira da 2ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : Santo Antão, abade, +356 Livro de 1º Samuel 16,1-13.

Naqueles dias, o Senhor disse a Samuel: «Até quando chorarás Saul, tendo-o Eu rejeitado para que não reine em Israel? Enche o teu chifre de óleo e vai. Quero enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os seus filhos.» Samuel respondeu: «Como hei-de ir? Se Saul souber, irá tirar-me a vida.»
O Senhor disse: «Levarás contigo um novilho e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor.
Convidarás Jessé para o sacrifício e Eu te revelarei o que deverás fazer. Darás por mim a unção àquele que Eu te indicar.»
Fez Samuel como o Senhor ordenara. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade saíram-lhe ao encontro inquietos e disseram: «É de paz a tua vinda?» Ele respondeu: «Sim. Venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos e acompanhai-me para o sacrifício.» Ele mesmo purificou Jessé e os filhos e convidou-os para o sacrifício.
Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido do Senhor.»
Mas o Senhor disse a Samuel: «Que te não impressione o seu belo aspecto, nem a sua alta estatura, pois Eu rejeitei-o. O que o homem vê não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração
Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel que disse: «Não é este o que o Senhor escolheu.»
Jessé trouxe-lhe também Chamá e Samuel disse: «Ainda não é este o que o Senhor escolheu.»
Jessé apresentou-lhe assim os seus sete filhos, mas Samuel disse: «O Senhor não escolheu nenhum deles.»
E acrescentou: «Estão aqui todos os teus filhos?» Jessé respondeu: «Resta ainda o mais novo que anda a apascentar as ovelhas.» Samuel ordenou a Jessé: «Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa antes de ele ter chegado.»
Jessé mandou então buscá-lo. David era louro, de belos olhos e de aparência formosa. O Senhor disse: «Ei-lo, unge-o: é esse.»
Samuel tomou o chifre de óleo e ungiu-o na presença dos seus irmãos. E a partir daquele dia, o espírito do Senhor apoderou-se de David. E Samuel voltou para Ramá.
Livro de Salmos 89(88),20.21-22.27-28.

Falastes outrora aos vossos fiéis,
numa voisão lhes dissestes:
"Impus o meu diadema a um herói;
escolhi um eleito de entre o povo.-
Encontrei a David, meu servo,
e ungi-o com óleo santo.
Estarei sempre a seu lado
e com a minha força o sustentarei.»-
Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai,
és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'
E Eu farei dele o primogénito,
o maior entre os reis da Terra.
Evangelho segundo S. Marcos 2,23-28.

Ora num dia de sábado, indo Jesus Cristo através das searas, os discípulos puseram-se a colher espigas pelo caminho.
Os fariseus diziam-lhe: «Repara! Porque fazem eles ao sábado o que não é permitido?»
Ele disse: «Nunca lestes o que fez David quando teve necessidade e sentiu fome; ele e os que estavam com ele?
Como entrou na casa de Deus, ao tempo do Sumo Sacerdote Abiatar e comeu os pães da oferenda que apenas aos sacerdotes era permitido comer e também os deu aos que estavam com ele?»
E disse-lhes: «
O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado
.
O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»
Leão XIII
, papa de 1878 a 1903 Encíclica «Rerum novarum», 23, 24

«Recorda-te de santificar o sábado»

A vida temporal, posto que boa e desejável, não é o fim para que fomos criados; mas é a via e o meio para aperfeiçoar, com o conhecimento da verdade e com a prática do bem, a vida do espírito. O espírito é que tem em si impressa a semelhança divina (Gn 1,26) e é nele que reside aquele principado em virtude do qual foi dado ao homem o direito de dominar as criaturas inferiores e de pôr ao seu serviço toda a terra e todo o mar (Gn 1,28) [...]. Nisto todos os homens são iguais e não há diferença alguma entre ricos e pobres, senhores e servos, monarcas e súbditos «porque é o mesmo o Senhor de todos» (Rm 10,12)

A ninguém é lícito violar impunemente a dignidade do homem, do qual Deus mesmo dispõe com grande reverência, nem pôr-lhe impedimentos a que ele siga o caminho daquele aperfeiçoamento que é ordenado à obtenção da vida eterna e celestial. […]

Daqui vem como consequência a necessidade do repouso festivo. Isto, porém não quer dizer que se deva permanecer num ócio estéril e muito menos significa uma inacção total como muitos desejam e que é a fonte de vícios e ocasião de dissipação; trata-se de um repouso consagrado à religião. [...] Eis a principal natureza e o fim do repouso festivo que Deus, com lei especial, prescreveu ao homem no Antigo Testamento, dizendo-lhe: «Recorda-te de santificar o sábado» (Ex 20,8) e que ensinou com o Seu exemplo quando, no sétimo dia, depois de ter criado o homem, repousou: «Repousou no sétimo dia de todas as obras que tinha feito» (Gn 2,2).

Quarta-feira, dia 18 de Janeiro de 2012

Quarta-feira da 2ª semana do Tempo Comum



Naqueles dias, David foi levado à presença do rei Saul e disse-lhe: «Ninguém desanime por causa de Golias! O teu servo irá lutar contra esse filisteu.»
Disse-lhe Saul: «Não poderás ir lutar contra esse filisteu. Não passas de uma criança e ele é um homem de guerra desde a sua mocidade.»
E acrescentou: «O Senhor que me livrou das garras do leão e do urso, há-de salvar-me igualmente das mãos desse filisteu.» Disse-lhe o rei: «Vai e que o Senhor esteja contigo.»
E tirou a armadura. Tomou o seu cajado e escolheu no regato cinco pedras lisas, pondo-as no alforge de pastor que lhe servia de bolsa. Depois com a funda na mão, avançou contra o filisteu.
Este, precedido do escudeiro, aproximou-se de David,
mediu-o com os olhos e vendo que era jovem, louro e de aspecto delicado, desprezou-o.
Disse-lhe: «Sou eu porventura um cão para vires contra mim de pau na mão?» E amaldiçoou David em nome dos seus deuses.
E acrescentou: «Vem que eu darei a tua carne às aves do céu e aos animais da terra!»
David respondeu: «Tu vens para mim de espada, lança e escudo; eu, porém vou a ti em nome do Senhor do universo, do Deus dos esquadrões de Israel a quem tu desafiaste.
O Senhor vai entregar-te hoje nas minhas mãos e eu vou matar-te, cortar-te a cabeça e dar os cadáveres do campo dos filisteus às aves do céu e aos animais da terra para que todo o mundo saiba que há um Deus em Israel.
E toda essa multidão de gente saberá que não é com a espada nem com a lança que o Senhor triunfa porque Ele é o árbitro da guerra e Ele vos entregará nas nossas mãos!»
Levantou-se o filisteu e avançou contra David. Este também correu para as linhas inimigas ao encontro do filisteu.
Meteu a mão no alforge, tomou uma pedra e arremessou-a com a funda, ferindo o filisteu na fronte. A pedra penetrou-lhe na cabeça e o gigante tombou com o rosto por terra.
Assim venceu David o filisteu, ferindo-o de morte com uma funda e uma pedra. E como não tinha espada na mão,
David correu para o filisteu e quando já estava junto dele, arrancou-lhe a espada da bainha e acabou de o matar, cortando-lhe a cabeça. Vendo morto o seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram.
Livro de Salmos 144(143),1.2.9-10.

Bendito seja o Senhor, meu rochedo,
que adestra as minhas mãos para a luta
e os meus dedos para o combate!
Ele é o meu auxílio e fortaleza,
o meu baluarte e o meu refúgio;
Ele é o meu escudo e o meu abrigo,
que subjuga os povos aos meus pés.-
Quero cantar-te, ó Deus, um cântico novo;
cantar-te-ei salmos com a harpa de dez cordas.
Tu, que concedes aos reis a vitória
e livras o teu servo David da espada mortal.
Evangelho segundo S. Marcos 3,1-6.

Jesus Cristo entrou novamente na sinagoga onde estava um homem que tinha uma das mãos paralisada.
Ora eles observavam-no para ver se iria curá-lo ao sábado a fim de o poderem acusar.
Jesus Cristo disse ao homem da mão paralisada: «Levanta-te e vem para o meio.»
E a eles perguntou: «É permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou matá-la?» Eles ficaram calados.
Então olhando-os com indignação e magoado com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão.» Estendeu-a e a mão ficou curada.
Assim que saíram, os fariseus reuniram-se com os partidários de Herodes para deliberar como haviam de matar Jesus Cristo.

Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina Exercícios, nº 7

«Observavam-No, [...] a fim de O poderem acusar»

Na hora da oração coloca-te na presença da paz e do amor [...]; oh paz de Deus, que ultrapassas toda a inteligência (Fl 4,7), doce e agradável, suave e preferível a tudo, em todo o lado onde penetras reina uma segurança imperturbável. Só tu tens o poder de pôr freio à cólera do soberano; tu ornas o trono do rei com a tua clemência; iluminas o reino da glória com a piedade e a misericórdia. Pela tua graça toma a teu cargo a minha causa, de mim que sou culpada e indigente. [...] Eis que já o credor bate à porta [...]; não é prudente da minha parte falar-lhe, pois não tenho como pagar a minha dívida. Mui doce Jesus, minha paz, por quanto tempo permanecerás silencioso? [...] Pela Tua graça, pelo menos agora fala por mim, dizendo estas palavras caridosas: «Eu te resgatarei». Tu que és seguramente o refúgio de todos os pobres. Não passas ao pé de ninguém sem lhe dares a salvação. Tu nunca deixaste partir aquele que se refugia junto de Ti sem que fique reconciliado. […]

Pela Tua graça, meu amor, meu Jesus, nesta hora do dia foste flagelado por mim, coroado de espinhos, lamentavelmente coberto de sofrimentos. Tu és o meu verdadeiro rei, para além de Ti não conheço ninguém. Tu fizeste-Te opróbrio dos homens, abjecto e repugnante como um leproso (cf Is 53,3) até a própria Judeia se recusar a reconhecer-Te como Seu rei (Jo 19,14-15). Por Tua graça, que pelo menos eu Te reconheça como meu rei! Meu Deus, dá-me esse inocente, tão ternamente amado, o meu Jesus, que por mim «pagou» tão plenamente «aquilo que não tinha roubado» (Sl 68,5); dá-Mo para que Ele seja o apoio da minha alma. Que eu O receba no meu coração; que, pela amargura das Suas dores e da Sua Paixão, Ele reconforte o meu espírito. […]

E tu, paz de Deus, sê a amarra querida que me acorrenta para sempre a Jesus. Sê o sustentáculo da minha força [...] para que eu não seja senão «um só coração e uma só alma» com Jesus (Act 4,32). [...] Por ti, ficarei para sempre ligada ao meu Jesus.

Quinta-feira, dia 19 de Janeiro de 2012

Quinta-feira da 2ª semana do Tempo Comum



Naqueles dias, quando David regressava, depois de ter matado o filisteu, saíram as mulheres de todas as cidades de Israel ao encontro de Saul a cantar e a dançar alegremente ao som de sistros e tamborins.
E à medida que dançavam, cantavam em coro: «Saul matou mil, mas David matou dez mil.»
Saul irritou-se em extremo e ficou sumamente desgostoso por isso. E disse: «Dão dez mil a David e a mim apenas mil! Só lhe falta a coroa!»
A partir daquele dia, não voltou a olhar para David com bons olhos.
Saul falou ao seu filho Jónatas e a todos os seus servos da sua intenção de matar David. Mas Jónatas, filho de Saul, amava cordialmente David
e preveniu-o, dizendo: «Saul, meu pai, quer matar-te. Procura fugir amanhã de manhã; foge para um lugar oculto e esconde-te.
Sairei em companhia de meu pai até ao lugar onde tu te encontrares; falarei com ele a teu respeito, para ver o que ele pensa, e depois avisar-te-ei.»
Jónatas falou bem de David a seu pai e acrescentou: «Não faças mal algum ao teu servo David, pois ele nunca te fez mal; pelo contrário, prestou-te grandes serviços.
Arriscou a vida, matando o filisteu e o Senhor deu assim uma grande vitória a Israel. Foste testemunha e alegraste-te. Porque queres pecar contra o sangue inocente, matando David sem motivo?»
Saul ouviu as palavras de Jónatas e fez este juramento: «Pela vida do Senhor, David não morrerá!»
Então Jónatas chamou David, contou-lhe tudo isto e apresentou-o novamente a Saul. David voltou a estar ao seu serviço como antes.
Livro de Salmos 56(55),2-3.9-10ab.10c-11.12-13.

Tem compaixão de mim, ó Deus,
pois há quem me queira destruir,
oprimindo-me e fazendo-me guerra todo o dia.
Os meus adversários perseguem-me continuamente;
são numerosos, ó Altíssimo, os que lutam contra mim!-
Tu contaste os passos do meu peregrinar,
recolheste e guardaste as minhas lágrimas.
No dia em que eu te invocar,
os meus inimigos hão-de retroceder;-
Então ficarei a saber que Deus está por mim.
Celebro a palavra de Deus,
celebro a palavra do Senhor.
Em Deus confio, nada temo:
que mal me poderão fazer os homens?-
Mantenho as promessas que te fiz, ó Deus,
quero cumpri-las com sacrifícios em teu louvor.
Evangelho segundo S. Marcos 3,7-12.

Naquele tempo, Jesus Cristo retirou-se para o mar com os discípulos. Seguiu-o uma imensa multidão vinda da Galileia. E da Judeia,
de Jerusalém, da Idumeia, de além-Jordão e das cercanias de Tiro e de Sídon, uma grande multidão veio ter com Ele ao ouvir dizer o que Ele fazia.
E disse aos discípulos que lhe aprontassem um barco a fim de não ser molestado pela multidão,
pois tinha curado muita gente e, por isso, os que sofriam de enfermidades caíam sobre Ele para lhe tocarem.
Os espíritos malignos, ao vê-lo, prostravam-se diante dele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus!»
Ele, porém proibia-lhes severamente que o dessem a conhecer.

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja Os graus de humildade e de orgulho, cap 3, §§ 6.12

«Os que sofriam de enfermidades caíam sobre Ele para Lhe tocarem»

Segui o exemplo de Nosso Senhor que quis sofrer a Sua Paixão para assim aprender a compaixão, sujeitar-Se à miséria para assim compreender os miseráveis. Tal como «aprendeu a obedecer, sofrendo» (Heb 5,8), quis aprender também a misericórdia. [...] Talvez acheis bizarro o que acabo de dizer de Jesus Cristo: Ele que é a sabedoria de Deus (1 Cor 1,24), que tinha Ele a aprender? […]

Reconheceis que ele é Deus e homem numa só pessoa. Enquanto Deus, é eterno, teve sempre conhecimento de tudo; enquanto homem, nascido no tempo, aprendeu muitas coisas no tempo. Desde que começou a ser na nossa carne, começou também a aprender pela experiência as misérias da carne. Teria sido mais feliz e sábio para os nossos primeiros pais não terem de fazer esta experiência, mas o seu criador «veio procurar aquele que estava perdido» (Lc 19,10). Teve pena da Sua obra e veio procurá-la, descendo misericordiosamente para onde ela tinha perecido miseravelmente. […]

Não foi simplesmente para partilhar a sua desgraça, mas por empatia com a sua miséria e para os libertar: para Se tornar misericordioso, não como um Deus na Sua felicidade eterna, mas como um homem que partilha a situação dos homens. [...] Maravilhosa lógica de amor! Como teríamos nós podido conhecer esta misericórdia admirável se ela não Se tivesse inclinado sobre a miséria existente? Como teríamos podido compreender a compaixão de Deus se ela tivesse permanecido humanamente estranha ao sofrimento? [...] À misericórdia de um Deus, Jesus Cristo uniu pois a de um homem sem a mudar, mas multiplicando-a como está escrito: «Tu salvarás os homens e os animais, Senhor. Ó Deus, como fizeste abundar a Tua misericórdia!» (Sl 35, 7-8 Vulg).

Sexta-feira, dia 20 de Janeiro de 2012

Sexta-feira da 2ª semana do Tempo Comum



Naqueles dias, Saul tomou consigo três mil homens escolhidos em todo o Israel, foi em busca de David e dos seus homens pelos rochedos de Jelim só acessíveis às cabras monteses.
Chegando perto dos apriscos de ovelhas que encontrou ao longo do caminho, Saul entrou numa gruta para satisfazer as suas necessidades. No fundo desta gruta, encontrava-se David com os seus homens,
os quais lhe disseram: «Eis o dia do qual o Senhor te disse: ‘Eu entregarei o teu inimigo nas tuas mãos para que faças dele o que quiseres.’» David levantou-se e cortou sigilosamente a ponta do manto de Saul.
E logo o seu coração se encheu de remorsos por ter cortado a ponta do manto de Saul.
E disse aos seus homens: «Deus me guarde de fazer tal coisa ao meu senhor, o ungido do Senhor, estender a minha mão contra ele, pois ele é o ungido do Senhor!»
David conteve os seus homens com estas palavras e impediu que agredissem Saul. O rei levantou-se, afastou-se da gruta e prosseguiu o seu caminho.
Depois levantou-se David e saiu da caverna atrás de Saul, clamando: «Ó rei, meu senhor!» Saul voltou-se e David, inclinando-se, fez-lhe uma profunda reverência.
E disse David a Saul: «Porque dás ouvidos ao que te dizem: ‘David procura fazer-te mal’?
Viste hoje com os teus olhos que o Senhor te entregou nas minhas mãos, na gruta. O pensamento de te matar assaltou-me, incitou-me contra ti, mas eu disse: ‘Não levantarei a mão contra o meu senhor porque é o ungido do Senhor.’
Olha, meu pai, e vê se é a ponta do teu manto que tenho na minha mão. Se eu cortei a ponta do teu manto e não te matei, reconhece que não há maldade nem revolta contra ti. Não pequei contra ti e tu, ao contrário, procuras matar-me.
Que o Senhor julgue entre mim e ti! Que o Senhor me vingue de ti, mas eu não levantarei a minha mão contra ti.
O mal vem dos perversos como diz um provérbio antigo; por isso, não te tocará a minha mão.
Mas a quem persegues, ó rei de Israel? A quem persegues? Um cão morto? Uma pulga?
Pois bem! O Senhor julgará e sentenciará entre mim e ti. Que Ele julgue e defenda a minha causa e me livre das tuas mãos.»
Logo que David acabou de falar, Saul disse-lhe: «É esta a tua voz, ó meu filho David?» E Saul elevou a voz, soluçando.
E disse a David: «Tu portas-te bem comigo e eu comporto-me mal contigo.
Provaste hoje a tua bondade para comigo, pois o Senhor havia-me entregado nas tuas mãos e não me mataste.
Qual é o homem que, encontrando o seu inimigo, o deixa ir embora tranquilamente? Que o Senhor te recompense pelo que fizeste comigo!
Agora eu sei que serás rei e que nas tuas mãos estará firme o reino de Israel.
Livro de Salmos 57(56),2.3-4.6.11.

Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão
porque em ti me refugio
e me abrigo à sombra das tuas asas
até que passe a tormenta.-
Clamo ao Deus Altíssimo,
ao Deus que faz tudo por mim.
Que Ele me envie do céu a sua ajuda e me salve,
que Ele envie do céu o seu amor e fidelidade.-
Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza
e sobre toda a Terra a tua glória,
pois o teu amor é tão grande que chega ao céu
e a tua fidelidade chega até às nuvens.
Evangelho segundo S. Marcos 3,13-19.

Naquele tempo, Jesus Cristo subiu a um monte. Chamou os que Ele queria e foram ter com Ele.
Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar
com o poder de expulsar demónios.
Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro;
Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão;
André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu,
e Judas Iscariotes que o entregou.

Concílio Vaticano II Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, § 26

«Estabeleceu doze para estarem com Ele»: os Bispos, sucessores dos Apóstolos

Revestido da plenitude do sacramento da Ordem, o Bispo é o «administrador da graça do supremo sacerdócio» [oração da sagração episcopal no rito bizantino], principalmente na Eucaristia que ele mesmo oferece ou providencia para que seja oferecida e pela qual vive e cresce a Igreja. Esta Igreja de Jesus Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis, as quais, aderindo aos seus pastores, são elas mesmas chamadas igrejas no Novo Testamento (Act 8,1; 14,22-23), pois elas são, no local em que se encontram, o novo Povo chamado por Deus, no Espírito Santo e com plena segurança (1 Ts 1,5). Nelas se congregam os fiéis pela pregação do Evangelho de Jesus Cristo e se celebra o mistério da Ceia do Senhor «para que o corpo da inteira fraternidade seja unido por meio da carne e do sangue do Senhor» [oração moçárabe].

Em qualquer comunidade que participa do altar sob o ministério sagrado do Bispo, é manifestado o símbolo do amor e da «unidade do Corpo místico sem o que não pode haver salvação» [S. Tomás de Aquino]. Nestas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Jesus Cristo, por cujo poder se unifica a Igreja «una, santa, católica e apostólica» [Sto. Agostinho]. Pois «outra coisa não faz a participação no corpo e sangue de Jesus Cristo do que transformar-nos naquilo que recebemos» [S. Leão Magno] […]

Deste modo, os Bispos, orando e trabalhando pelo povo, espalham multiforme e abundantemente a plenitude da santidade de Jesus Cristo. Pelo ministério da palavra, comunicam a força de Deus para a salvação dos que crêem (Rm 1,16) e, por meio dos sacramentos, cuja distribuição regular e frutuosa ordenam com a sua autoridade, santificam os fiéis.

Sábado, dia 21 de Janeiro de 2012

Sábado da 2ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Inês, virgem mártir, +304 Livro de 2º Samuel 1,1-4.11-12.19.23-27.

Naqueles dias, David ao voltar da vitória sobre o amalecitas, esteve dois dias em Ciclag.
Ao terceiro dia, apareceu um homem que vinha do acampamento de Saul com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de pó. Chegando perto de David, prostrou-se por terra e fez-lhe uma profunda reverência.
David perguntou: «De onde vens?» Respondeu ele: «Escapei do acampamento de Israel.»
Disse-lhe David: «Que aconteceu? Conta-me tudo.» Ele respondeu: «As tropas fugiram do campo de batalha, muitos tombaram e Saul assim como seu filho Jónatas pereceram.»
Então David rasgou as suas vestes e todos os que estavam com ele o imitaram.
E prantearam, choraram e jejuaram até à tarde, por amor de Saul, de seu filho Jónatas, do povo do Senhor e do povo de Israel porque tinham sido passados ao fio da espada.
«A Honra de Israel pereceu sobre as colinas! Tombaram os heróis!
Saul e Jónatas, amados e gloriosos, jamais se separaram nem na vida nem na morte, mais velozes do que as águias, mais fortes do que os leões.
Filhas de Israel, chorai sobre Saul! Ele vestia-vos de púrpura sumptuosa e ornava de ouro as vossas vestes.
Tombaram os heróis no campo de batalha! Jónatas, morto sobre as tuas colinas!
Jónatas, meu irmão, que angústia sofro por ti! Como eu te amava! O teu amor era uma maravilha para mim, mais excelente que o das mulheres.
Como tombaram os heróis e se destruíram as armas de guerra!»
Livro de Salmos 80(79),2-3.5-7.

Ó pastor de Israel, escuta,
Tu que conduzes José como um rebanho,
Tu que tens o teu trono sobre os querubins, aparecei
à frente de Efraim, Benjamim e Manassés!
Desperta o teu poder
e vem salvar-nos!-
Senhor, Deus do universo, até quando te mostrarás indignado,
apesar das súplicas do teu povo?
Deste-nos a comer o pão das lágrimas
e a beber copioso pranto.-
Tornaste-nos presa disputada pelas nações vizinhas
e os nossos inimigos escarnecem de nós.

Evangelho segundo S. Marcos 3,20-21.

Naquele tempo, Jesus Cristo chegou a casa com os seus discípulos. E de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam comer.
E quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!»

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade No Greater Love

Jesus Cristo, um homem que alimenta

Quando Jesus Cristo veio a este mundo, amou-o tanto que deu a vida por ele. Ele veio saciar a nossa fome de Deus. Como? Tornando-se Ele próprio Pão da Vida. Fez-Se pequeno, frágil, desarmado por nós. As migalhas de pão são tão minúsculas que até um bebé pode mastigá-las, até um moribundo pode comê-las. Ele transformou-Se em Pão da Vida para saciar o nosso apetite de Deus, a nossa fome de Amor.

Não me parece que tivéssemos sido capazes de amar a Deus se Jesus Cristo não Se tivesse tornado um de nós. E foi para nos tornar capazes de amar a Deus que Ele Se tornou um de nós em tudo excepto no pecado. Criados à imagem de Deus, fomos criados para amar porque Deus é amor (comunhão). Através da Sua Paixão, Jesus Cristo ensinou-nos a perdoar por amor, a esquecer pela humildade. Descobre Jesus Cristo e descobrirás a paz.

Domingo, dia 22 de Janeiro de 2012

3º Domingo do Tempo Comum - Ano B



A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas, nestes termos:
«Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade e apregoa nela o que Eu te ordenar.»
Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era uma cidade imensamente grande e eram precisos três dias para a percorrer.
Jonas entrou na cidade e andou um dia inteiro a apregoar: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.»
Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor.
Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho e, arrependendo-se do mal que tinha resolvido fazer-lhes, não lho fez.
Livro de Salmos 25(24),4bc-5ab.6-7bc.8-9.

Mostra-me, Senhor, os teus caminhos
e ensina-me as tuas veredas.-
Dirige-me na tua verdade e ensina-me
porque Tu és o Deus, meu salvador.-
Lembra-te, Senhor, da tua compaixão
e do teu amor, pois eles existem desde sempre.
Lembra-te de mim, Senhor,
pelo teu amor e pela tua bondade.-
O Senhor é bom e justo;
ensina o caminho aos pecadores,
guia os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer o seu caminho.
1ª Carta aos Coríntios 7,29-31.

Eis o que vos digo, irmãos: o tempo é breve. De agora em diante, os que têm mulher, vivam como se não a tivessem;
e os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem;
os que usam deste mundo, como se não o usufruíssem plenamente porque este mundo de aparências está a terminar.
Evangelho segundo S. Marcos 1,14-20.

Depois de João ter sido preso, Jesus Cristo foi para a Galileia e proclamava o Evangelho de Deus,
dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.»
Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
E disse-lhes Jesus Cristo: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens.»
Deixando logo as redes, seguiram-no.
Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco a consertar as redes e logo os chamou.
E eles deixaram no barco seu pai Zebedeu com os assalariados e partiram com Ele.

São Leão Magno (? – c. 461), papa e doutor da Igreja Sermão 1 para a Natividade do Senhor, 1-3; PL 54, 190

«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho»

Agradeçamos, irmãos bem-amados, a Deus (e ao Pai), por Seu Filho, no Espírito Santo porque na Sua imensa misericórdia e no Seu amor por nós, teve piedade de nós e «precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Jesus Cristo» (Ef 2,5) para nos modelar e nos criar de novo. Dispamo-nos pois do homem velho e de suas acções (Col 3,9) e, porque somos admitidos a participar no nascimento de Jesus Cristo, renunciemos a esta nossa maneira chã de viver.

Cristão, toma consciência da tua dignidade: porque agora participas da natureza divina (2Pe 1,4), não tornes aos erros da tua conduta passada. Lembra-te de Quem é a tua cabeça e de que corpo és membro (Ef 4,15-16). Recorda-te de que foi «Ele que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do Seu amado Filho». Pelo sacramento do baptismo tornaste-te templo do Santo Espírito (1Co 6,19); livra-te de fazeres com que Se afaste, pelas tuas más acções, tão insigne hóspede e de caíres no domínio do demónio porque foste resgatado pelo sangue de Jesus Cristo.

Segunda-feira, dia 23 de Janeiro de 2012

Segunda-feira da 3ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. João Esmoler, bispo, +616, Santo Ildefonso, bispo, +667 Livro de 2º Samuel 5,1-7.10.

Todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Aqui nos tens: não somos nós da tua carne e do teu sangue?
Tempos atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu quem dirigia as campanhas de Israel e o Senhor disse-te: ‘Tu apascentarás o meu povo de Israel e serás o seu chefe.’»
Vieram, pois todos os anciãos de Israel ter com o rei a Hebron. David fez com eles uma aliança diante do Senhor e eles sagraram-no rei de Israel.
David tinha trinta anos quando começou a reinar e reinou quarenta anos:
sete anos e seis meses sobre Judá, em Hebron e trinta e três anos em Jerusalém, sobre todo o Israel e Judá.
O rei marchou com os seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam aquela terra. Estes disseram a David: «Não entrarás aqui; serás repelido até por cegos e coxos.» Isto queria dizer: «Nunca entrarás aqui.»
Contudo, David apoderou-se da fortaleza de Sião que é a Cidade de David.
Deste modo, David ia-se fortificando e o Senhor, Deus do universo, estava com ele.
Livro de Salmos 89(88),20.21-22.25-26.

Falastes outrora aos vossos fiéis,
numa voisão lhes dissestes:
"Impus o meu diadema a um herói;
escolhi um eleito de entre o povo.-
Encontrei a David, meu servo,
e ungi-o com óleo santo.
Estarei sempre a seu lado
e com a minha força o sustentarei.»-
A minha fidelidade e o meu amor estarão com ele;

pelo meu nome crescerá o seu poder.
Estenderei o seu poder sobre os mares

e sobre os rios, o seu domínio.

Evangelho segundo S. Marcos 3,22-30.

E os doutores da Lei que tinham descido de Jerusalém, afirmavam: «Ele tem Belzebu!» E ainda: «É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios.»
Então Jesus Cristo chamou-os e disse-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás?
Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar
e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir.
Se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido e não poderá subsistir; é o seu fim.
Ninguém consegue entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar; só depois poderá saquear-lhe a casa.
Em verdade vos digo: todos os pecados e todas as blasfémias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado;
mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão: é réu de pecado eterno.»
Disse-lhes isto porque eles afirmavam: «Tem um espírito maligno.»

Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge cisterciense Sermão 39, 2-6

A inveja: uma blasfémia contra o Espírito Santo

«É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios» [...]. O que é próprio das pessoas maldizentes e animadas pela inveja é fechar tanto quanto possível, os olhos aos méritos de outrem e, quando vencidos pelas evidências, já não o conseguem fazer, depreciá-los e desvirtuá-los. Assim quando a multidão exulta de devoção e se maravilha com as obras de Jesus Cristo, os escribas e os fariseus ou fecham os olhos ao que sabem ser verdade ou rebaixam o que é grande ou desvirtuam o que é bom. Uma vez, por exemplo, fingindo-se ignorantes, disseram Àquele que tinha feito tantos sinais maravilhosos: «Que sinal realizas Tu, pois para nós vermos e crermos em ti?» (Jo 6,30). Aqui, não podendo negar os factos com cinismo, depreciam-nos maldosamente [...] e desvalorizam-nos dizendo: «Ele tem Belzebu! [...] É pelo chefe dos demónios que expulsa os demónios».

Eis, queridos irmãos, a blasfémia contra o Espírito, que prende aqueles que envolveu nas cadeias dum pecado eterno. Não é que seja de todo impossível ao penitente receber o perdão de tudo, se produzir «frutos de sincero arrependimento» (Lc 3,8). Só que, esmagado por um tal peso de malícia, ele não tem força para aspirar a essa honrosa penitência merecedora de perdão. [...] Aquele que, vendo à evidência no seu irmão a graça e a obra do Espírito Santo [...], não teme desvirtuar e caluniar e atribuir insolentemente aos maus espíritos o que sabe pertinentemente ser do Espírito Santo, esse está de tal modo abandonado por esse Espírito de graça, que já não quer a penitência que lhe traria o perdão. Está completamente obscurecido, cego pela sua própria malícia. Com efeito, que poderá haver de mais grave do que ousar, por inveja para com um irmão a quem tínhamos recebido ordem de amar como a nós próprios (cf. Mt 19,19), blasfemar contra a bondade de Deus [...] e insultar a Sua majestade, querendo desacreditar um homem?
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