terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cristianismo 34

= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Começou o Advento, o período que prepara o Natal. Veremos passar por nós quatro domingos e seremos chamados a aguardar a vinda de Jesus Cristo na esperança e numa alegria crescente mas, ao mesmo tempo, numa atitude de vigilância e de meditação. Na verdade, desde o primeiro domingo, a Igreja recorda-nos a vinda gloriosa de Jesus Cristo no fim dos tempos – comemoramos a espera do povo de Deus de que João Baptista, José e Maria serão os representantes eleitos, mas vivemos também o nosso próprio Advento, esperando o Senhor que virá visitar cada um de nós.

Ao longo dos três domingos que se seguem, Isaías convida-nos à fidelidade, João Baptista à conversão, Maria ensina-nos a disponibilidade e José a confiança – podemos estar certos, o Senhor virá ou, segundo o espírito da liturgia, o Senhor vem!

O Advento era já celebrado no séc. IV, antes mesmo que a festa do Natal fosse separada da da Epifania. Os celebrantes revestem-se de roxo, a cor da penitência, mas também da sobriedade, da pobreza daqueles que se preparam para uma festa que cumulará todos os seus desejos.

O símbolo mais conhecido do Advento é a coroa, feita com verduras e decorada com bolas e fitas. Ela rodeia as quatro velas que serão acesas, uma após outra, ao longo deste período. Contudo, parece que a coroa não é herança de uma longa tradição – aparentemente, ela foi “inventada” por um pastor luterano no séc. XIX. De qualquer forma ela baliza o nosso caminho e conduz-nos, luz após luz, para a claridade irradiante da noite de Natal.

A equipa portuguesa de Evangelizo deseja a todos os seus leitores uma caminhada de Advento vivida na paz e na esperança.

Quanto ao desenvolvimento de novas versões linguísticas, lançamos um apelo. Desejamos propor este serviço em chinês (mandarim), hindi e bengali e procuramos pessoas católicas, leigas ou religiosas, que desejem participar nestas (ou noutras) versões de EVANGELIZO. Neste momento, como sabem, existem dez versões: alemão, árabe, arménio, castelhano, francês, inglês, italiano, neerlandês, polaco e português. Os membros da equipa de tradução vivem em várias partes do mundo e são leigos ou religiosos de diversas comunidades: cistercienses, beneditinos, jesuítas, redentoristas, carmelitas descalças, irmãos e irmãs da fraternidade monástica de Jerusalém.

Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.

Queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.

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Criado em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da Igreja. Com 70 voluntários espalhados pelo mundo, Evangelho Quotidiano é enviado a quase 500 000 leitores, inscritos no serviço de envio diário por correio electrónico.

Há quase dez anos (faltam poucos meses) que este serviço se dedica a divulgar o Evangelho do dia, num apelo à conversão. Um a um, de boca a orelha, de computador a computador, os nossos leitores têm assumido o papel de arautos, de transmissores da Boa Nova. Mas, como diria o nosso saudoso Papa João Paulo II, “Isso não chega”. É preciso ir mais longe, a mais computadores, a mais orelhas, a mais corações.

Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo, que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.

Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.

Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Livro de Daniel 1,1-6.8-20.

No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilónia, veio cercar Jerusalém.
O Senhor entregou-lhe Joaquim, rei de Judá, e uma parte dos objectos do templo; Nabucodonosor transportou-os ao país de Chinear e colocou-os na sala do tesouro dos seus deuses.
O rei deu ordem a Aspenaz, chefe dos criados, que lhe trouxesse jovens israelitas, de ascendência real ou de família nobre
sem qualquer defeito, formosos, dotados de toda a espécie de qualidades, instruídos, inteligentes e fortes. Seriam colocados no palácio real e Aspenaz devia ensinar-lhes as letras e a língua dos caldeus.
O rei destinou-lhes uma provisão diária de alimentos, reservada à ementa da mesa real e do vinho que ele bebia. A formação deles havia de durar três anos, após o que entrariam ao serviço na presença do rei.
Entre estes, contavam-se Daniel, Hananias, Michael e Azarias que pertenciam aos filhos de Judá.
Daniel tomou a resolução de não se manchar com o alimento do rei e com o vinho que ele bebia. Por isso pediu ao chefe dos criados para se abster deles.
Deus fez com que o chefe dos criados acolhesse Daniel com benevolência e amabilidade.
Mas depois disse-lhe: «Temo que o rei, meu senhor, que determinou o que vós haveis de comer e beber, venha a encontrar o vosso rosto mais magro que o dos outros jovens da mesma idade e assim me exponhais a uma repreensão da parte do rei.»
Então Daniel disse ao oficial, a quem o chefe dos criados tinha confiado o cuidado de Daniel, Hananias, Michael e Azarias:
«Por favor, faz uma experiência de dez dias com os teus servos: que se nos dê apenas legumes a comer e água a beber.
Depois disto, compararás o nosso aspecto com o dos jovens que se alimentam das iguarias da mesa real e, conforme o que tiveres constatado assim agirás com os teus servos.»
Concordou com esta proposta e submeteu-os à prova durante dez dias.
Ao fim deste prazo, verificou-se que tinham melhor aspecto e estavam mais robustos que todos os jovens que comiam os acepipes da mesa real.
Como consequência, o oficial retirava as iguarias e o vinho que lhes estavam destinados e mandava que lhes servissem legumes.
A estes quatro jovens, Deus deu sabedoria e inteligência no domínio das letras e ciências. Daniel compreendia toda a espécie de visões e sonhos.
Decorrido o tempo fixado pelo rei para a apresentação dos jovens, o chefe dos criados levou-os à presença de Nabucodonosor
que conversou com eles. Dentre todos os jovens, não houve nenhum que pudesse comparar-se a Daniel, Hananias, Michael e Azarias. Por isso entraram ao serviço na presença do rei.
Em qualquer assunto de sabedoria e inteligência que os consultasse, o rei achava-os dez vezes superiores a todos os escribas e magos do seu reino.

Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56.

«Bendito sejas, Senhor, Deus de nossos pais:
digno de louvor e glória eternamente!
Bendito seja o teu nome santo e glorioso:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no templo da tua santa glória:
digno de supremo louvor e glória eternamente!
Bendito sejas no teu trono real:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas por penetrares os abismos,
sentado sobre os querubins:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no firmamento dos céus:
digno de supremo louvor e glória eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,1-4.

Naquele tempo, Jesus Cristo levantou os olhos e viu os ricos deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas.
Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas
e disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros;
pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.»

Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara Retiro de Nazaré (1897)

Dar tudo porque Jesus Cristo tudo deu

Meu Senhor Jesus Cristo, quão depressa será pobre aquele que, amando-Vos de todo o coração, não puder suportar ser mais rico do que o seu Bem-Amado! Quão depressa será pobre aquele que, sabendo que tudo o que for feito a um destes pequeninos é a Vós que é feito e que tudo o que o não for, também o não será a Vós (Mt 25,40.45) aliviar toda a miséria ao seu alcance! Quão depressa será pobre aquele que receber com fé as palavras que dizem: «Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá o dinheiro aos pobres. Felizes os pobres. Todo aquele que tiver deixado os seus bens por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19,21.29; 5,3; 19,29) e tantas outras como estas!

Deus meu, não me parece que seja possível a todas estas almas, ao ver-Vos pobre, permanecerem ricas por vontade e assim se reverem maiores do que o seu Mestre, o seu Bem-Amado, ou se depender delas, não quererem ser parecidas convosco em tudo, sobretudo nas Vossas humilhações [...]. Seja como for, não consigo conceber o amor sem a necessidade imperiosa de tornar conformes, semelhantes e, acima de tudo, correspondidas, todas as dores, todas as penas, todas as asperezas da vida. Por mim, meu Deus, não me é possível ser rico e viver desafogadamente dos meus bens quando Vós fostes pobre e vivestes com dificuldades, tirando laboriosamente o sustento duma custosa profissão. Não sei amar assim.
Não convém que o servo seja «maior do que o seu Senhor» (Jo 13,16), nem que a esposa seja rica quando o Esposo é pobre [...] e é-me impossível compreender o amor sem esta procura de identificação [...], sem esta necessidade de partilha de todas as cruzes.

Livro de Daniel 2,31-45.

Naqueles dias, Daniel disse ao rei Nabucodonosor: «Ó rei, tu tiveste uma visão. Eis que uma grande, uma enorme estátua se levantava diante de ti; era de um brilho extraordinário, mas de um aspecto terrível.
Esta estátua tinha a cabeça de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e as ancas de bronze,
as pernas de ferro, os pés metade de ferro e metade de barro.
Contemplavas tu esta estátua quando uma pedra se desprendeu da montanha, sem intervenção de mão alguma, e veio bater nos seus pés que eram de ferro e argila e lhos esmigalhou.
Então com a mesma pancada foram feitos em pedaços o ferro, o barro, o bronze, a prata, o ouro e semelhantes ao pó que no Verão voa da eira, foram levados pelo vento sem que deixassem qualquer vestígio. A pedra que tinha embatido contra a estátua transformou-se numa alta montanha que encheu toda a Terra.
Este era o sonho. Vamos agora dar ao rei a sua interpretação.
Tu, ó rei, és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu a realeza, o poder, a força e a glória;
a quem entregou o domínio sobre os homens onde quer que eles habitem, sobre os animais terrestres e sobre as aves do céu. Tu é que és a cabeça de ouro.
Depois de ti surgirá um outro reino menor que o teu; depois um terceiro reino, o de bronze, que dominará sobre toda a Terra.
Um quarto reino será forte como o ferro; assim como o ferro quebra e esmaga tudo assim este esmagará e aniquilará todos os outros.
Os pés e os dedos que viste, em parte de argila de oleiro, em parte de ferro, indicam que este reino será dividido; haverá nele alguma coisa da resistência do ferro, conforme tu viste ferro misturado com argila.
Os dedos dos pés, em parte de ferro e em parte de barro, significam que o reino será ao mesmo tempo forte e frágil.
Se tu viste o ferro junto com o barro, foi porque as duas partes se uniram por descendência humana, mas não se aguentarão juntas, do mesmo modo que o ferro não se funde com a argila.
No tempo destes reis, o Deus dos céus fará aparecer um reino que jamais será destruído e cuja soberania nunca passará para outro povo. Esmagará e aniquilará todos os outros, enquanto ele subsistirá para sempre.
Foi o que pudeste ver na pedra que se desprendia da montanha, sem intervenção de mão alguma e que reduzia a migalhas o ferro, o bronze, a argila, a prata e o ouro. O grande Deus fez conhecer ao rei o que acontecerá no futuro. O sonho é verdadeiro e a interpretação dele é digna de crédito.»

Livro de Daniel 3,57.58.59.60.61.

Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Céus, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Anjos do Senhor, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Águas que estais acima dos céus, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Todos os poderes do universo, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,5-11.

Naquele tempo, como alguns falassem do templo, dizendo que estava adornado de belas pedras e de ofertas votivas, respondeu:
«Virá o dia em que, de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.»
Perguntaram-lhe então: «Mestre, quando sucederá isso? E qual será o sinal de que estas coisas estão para acontecer?»
Ele respondeu: «Tende cuidado em não vos deixardes enganar, pois muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu'; e ainda: 'O tempo está próximo.' Não os sigais.
Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis; é necessário que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim.»
Disse-lhes depois: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino.
Haverá grandes terramotos e, em vários lugares, fomes e epidemias; haverá fenómenos apavorantes e grandes sinais no céu.»

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia depois bispo de Constantinopla, doutor da Igreja Catequeses sobre a carta aos Romanos, nº24

«Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis»

Quanto mais o rei se aproxima, mais necessidade temos de nos preparar. Quanto mais se aproxima o momento em que o prémio será atribuído ao lutador, melhor tem de ser a luta. É também o que acontece nas corridas: quando chega o final da corrida e o objectivo se aproxima, mais se estimula o ardor dos cavalos. É por isso que Paulo diz: «A salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo» (Rom 13,11-12).

Uma vez que a noite se desvanece e o dia surge, façamos as obras do dia; deixemos as obras das trevas. É também assim que fazemos nesta vida: quando vemos que a noite dá lugar à alvorada e ouvimos cantar a andorinha, acordamo-nos uns aos outros, mesmo que ainda seja noite. [...] Apressamo-nos a realizar as tarefas do dia; vestimo-nos depois de termos sido arrancados ao sono para que o sol nos encontre prontos. O que fazemos nessa altura, façamo-lo agora: sacudamos os nossos sonhos, afastemo-nos das ilusões da vida presente, deixemos o sono profundo e revistamo-nos do fato da virtude. É o que nos diz claramente o apóstolo: «Abandonemos, pois as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.» porque o dia chama-nos à batalha, ao combate.

Não vos alarmeis ao escutar estas palavras de combate e de luta! Se vestir uma pesada armadura material é penoso, é desejável pelo contrário vestir a armadura espiritual porque é uma armadura de luz. Então brilharás com um brilho mais resplandecente que o sol e, cintilando com um fulgor radioso, estarás em segurança porque são armas [...], armas de luz. Estaremos então dispensados do combate? Não! Temos de combater, mas sem nos deixarmos vencer pela fadiga e pela angústia porque não é tanto para a guerra que somos convidados, mas para uma festa e um júbilo.

Livro de Daniel 5,1-6.13-14.16-17.23-28.

Naqueles dias, o rei Baltasar deu um banquete a mil dos seus conselheiros e, na presença de todos eles, foi bebendo vinho.
Excitado pela bebida, mandou trazer os vasos de ouro e prata que o pai Nabucodonosor tinha tirado do templo de Jerusalém a fim de que o rei, os seus grandes, as concubinas e as bailarinas se servissem deles para beber.
Trouxeram, pois os vasos de ouro que tinham sido roubados ao templo de Deus em Jerusalém. O rei, os seus conselheiros, as concubinas e as bailarinas beberam por eles.
Depois de terem bebido o vinho, iniciaram o louvor aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
Neste momento, apareceram dedos de mão humana que escreviam defronte do candelabro sobre o reboco da parede do palácio real. O rei, à vista da mão que escrevia,
mudou de cor, pensamentos terríveis o assaltaram, os músculos dos rins perderam o vigor e os joelhos entrechocavam-se.
Daniel foi então levado à presença do rei que lhe disse: «És tu, de facto, Daniel, deportado de Judá, a quem meu pai trouxe da Judeia para aqui?
Ouvi dizer a teu respeito que o espírito de Deus está em ti e que em ti se encontram uma luz, uma inteligência e uma sabedoria superiores.
Ora asseguraram-me que tu és mestre na arte das interpretações e das resoluções de enigmas. Se tu, pois conseguires ler o que está escrito e me deres a conhecer a sua interpretação, serás revestido de púrpura, trarás ao pescoço um colar de ouro e tomarás o terceiro lugar no governo do reino.»
Daniel respondeu deste modo ao rei: «Guardai as vossas dádivas; as vossas honrarias, dai-as a outro! Contudo, eu lerei ao rei o texto e dar-lhe-ei o significado dele.

Levantaste-te contra o Senhor do Céu; trouxeram-te os vasos do seu templo, pelos quais bebeste vinho, tu, os teus grandes, as tuas mulheres e concubinas. Tributaste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra que são cegos, surdos e nada conhecem em vez de glorificares o Deus que tem na mão o teu sopro de vida e que conhece todos os teus passos.
Por isso foi enviada de sua parte esta mão que traçou na parede estas palavras.
Eis o texto aqui escrito: ‘Mené, Tequel e Parsin.’
Eis o sentido destas palavras: Mené: Deus mediu o teu reino e pôs-lhe um termo;
Tequel: foste pesado na balança e encontrado muito leve;
Parsin: o teu reino foi dividido e entregue aos Medos e aos Persas.»

Livro de Daniel 3,62.63.64.65.66.67.

Sol e Lua, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Estrelas dos céus, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Chuva e orvalho, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Todos os ventos, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Fogo e chama, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Frio e calor, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,12-19.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Mas antes de tudo, vão deitar-vos as mãos e perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e metendo-vos nas prisões; hão-de conduzir-vos perante reis e governadores por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Gravai, pois no vosso coração que não vos deveis preocupar com a vossa defesa
porque Eu próprio vos darei palavras de sabedoria a que não poderão resistir ou contradizer os vossos adversários.
Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos. Hão-de causar a morte a alguns de vós
e sereis odiados por todos por causa do meu nome.
Mas não se perderá um só cabelo da vossa cabeça.
Pela vossa constância é que sereis salvos

Concílio Vaticano II
Constituição dogmática sobre a Igreja, «Lumen gentium», §§ 41-42

«Tereis ocasião de dar testemunho»

Todos quantos se vêem oprimidos pela pobreza, pela fraqueza, pela doença ou tribulações várias e os que sofrem perseguição por amor da justiça, saibam que estão unidos de modo especial a Jesus Cristo nos Seus sofrimentos pela salvação do mundo; o Senhor, no Evangelho, proclamou-os bem-aventurados e «o Deus [...] de toda a graça que nos chamou à Sua eterna glória em Cristo Jesus, depois de sofrerem um pouco, os há-de restabelecer, confirmar e consolidar» (1 Ped 5,10). […]

Como Jesus, Filho de Deus, manifestou o Seu amor dando a vida por nós assim ninguém dá maior prova de amor do que aquele que oferece a própria vida por Ele e pelos seus irmãos (cf 1 Jo 3,16; Jo 15,13). Desde os primeiros tempos e sempre assim continuará a suceder, alguns cristãos foram chamados a dar este máximo testemunho de amor diante de todos e especialmente perante os perseguidores. Por esta razão, o martírio, pelo qual o discípulo se torna semelhante ao mestre que livremente aceitou a morte para salvação do mundo e a Ele se conforma no derramamento do sangue, é considerado pela Igreja como um dom insigne e prova suprema de amor. E embora seja concedido a poucos, todos porém devem estar dispostos a confessar a Jesus Cristo diante dos homens e a segui-l'O no caminho da cruz, no meio das perseguições que nunca faltarão à Igreja.

Livro de Daniel 6,12-28.

Naqueles dias, aqueles homens acorreram, alvoroçados, e encontraram Daniel em oração, invocando o seu Deus.
Dirigiram-se (“mais papistas do que o Papa”)imediatamente a casa do rei e disseram-lhe a propósito do decreto real de proibição: «Não promulgaste tu, ó rei, uma proibição, declarando que quem, no período de trinta dias, invocasse algum deus ou homem que não fosses tu, seria lançado na cova dos leões?» Respondeu o rei: «Com certeza, conforme a lei dos Medos e dos Persas que não pode ser modificada.»
«Pois bem – prosseguiram eles – Daniel, o exilado de Judá, não teve consideração nem pela tua pessoa, nem pelo decreto que promulgaste. Três vezes ao dia, faz a sua oração.»
Ao ouvir estas palavras, o rei, muito pesaroso, tomou a peito, apesar de tudo, a salvação de Daniel e nisso se aplicou até ao pôr-do-sol.
Porém, os mesmos homens, em tropel, vieram novamente procurar o rei. «Sabei, ó rei – lhe disseram – que a lei dos Medos e dos Persas não permite qualquer revogação de uma proibição ou de um decreto publicado pelo rei (quem governa não é o rei, mas eles).»
O rei então mandou levar Daniel e lançá-lo na cova dos leões. Disse-lhe o rei: «O Deus que tu adoras com tamanha fidelidade, Ele próprio te libertará!»
Trouxeram uma pedra que rolaram sobre a abertura da cova: o rei selou-a com o seu sinete e com o sinete dos grandes para que nada fosse modificado em atenção a Daniel.
Entrando no palácio, o rei passou a noite sem comer nada e sem mandar ir para junto dele concubina alguma; não conseguiu fechar os olhos.
De madrugada, levantou-se e partiu a toda a pressa para a cova dos leões.
Quando estava próximo, com uma voz muito magoada, chamou Daniel: «Daniel, servo do Deus vivo, o teu Deus, que adoras com tanta fidelidade, teria podido libertar-te dos leões?»
Daniel dirigiu-se ao rei nestes termos: «Ó rei, viva o rei para sempre!
O meu Deus enviou o seu anjo e fechou as faces dos leões que não me fizeram qualquer mal porque, aos olhos d'Ele, estava inocente. Para contigo, ó rei, tão pouco cometi qualquer falta.»
O rei então cheio de alegria, ordenou que tirassem Daniel da cova. Daniel foi, pois tirado sem qualquer vestígio de ferimento porque tinha fé no seu Deus.
Por ordem do rei, trouxeram os acusadores de Daniel e atiraram-nos à cova dos leões, a eles, às mulheres e aos filhos deles. Ainda não tinham tocado o fundo da cova e já os leões os tinham agarrado e lhes tinham triturado os ossos.
Então o rei Dario escreveu: «A todos os povos, a todas as nações e à gente de todas as línguas que habitam a face da Terra, paz e prosperidade!
Promulgo este decreto: ‘Que em toda a extensão do meu reino se tema e trema diante do Deus de Daniel porque Ele é o Deus Vivo que subsiste eternamente; o seu reino jamais será destruído e o seu domínio é perpétuo.
Ele salva e Ele liberta, faz milagres e prodígios no céu e na Terra: foi Ele quem livrou Daniel das garras dos leões.’»

Livro de Daniel 3,68.69.70.71.72.73.74.

Orvalho e geada, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Frio e gelo, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Gelos e neves, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Noites e dias, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Luz e trevas, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Relâmpagos e nuvens, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Que a terra bendiga o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,20-28.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Mas quando virdes Jerusalém sitiada por exércitos, ficai sabendo que a sua ruína está próxima.
Então os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, retirem-se e os que estiverem no campo, não voltem para a cidade,
pois esses dias serão de punição a fim de se cumprir tudo quanto está escrito.
Ai das que estiverem grávidas e das que estiverem a amamentar naqueles dias porque haverá uma terrível angústia no país e um castigo contra este povo.
Serão passados a fio de espada, serão levados cativos para todas as nações e Jerusalém será calcada pelos gentios até se completar o tempo dos pagãos.»
«Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas e, na Terra, angústia entre os povos, aterrados com o bramido e a agitação do mar;
os homens morrerão de pavor na expectativa do que vai acontecer ao universo, pois as forças celestes serão abaladas.
Então hão-de ver o Filho do Homem vir numa nuvem com grande poder e glória.
Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça porque a vossa redenção está próxima.»

Uma homilia grega do séc. IV Sobre a Santa Páscoa 44-48; PG 59, 743 (inspirada numa homilia perdida de Santo Hipólito)

A vitória do Filho do Homem que veio e que vem

O que será a vinda de Jesus Cristo? A libertação da escravatura e a rejeição das antigas cadeias, o começo da liberdade e a honra da adopção divina, a fonte da remissão dos pecados e a vida verdadeiramente imortal para todos. Sendo o Verbo, Palavra de Deus, viu-nos do alto tiranizados pela morte, enganados, atados pelos laços da decadência, levados por um caminho sem retorno e veio tomar a natureza de Adão, o primeiro homem, segundo o desígnio do Pai. Ele não confiou aos anjos nem aos arcanjos a responsabilidade da nossa salvação, mas tomou a Seu cargo todo o combate por nós, obedecendo às ordens do Pai. [...] Reunindo e condensando em Si toda a grandeza da Sua divindade veio com a medida que quis [...]; pelo poder do Pai não perdeu o que tinha, mas, tomando o que não tinha, veio com as devidas limitações. […]

Repara que Ele é o Senhor: «Disse o Senhor ao meu Senhor, senta-te à Minha direita» (Sl 109,1). [...] Vê que Ele é Filho: «Ele Me invocará, dizendo: 'Tu és Meu Pai' [...] e Eu farei d'Ele o Primogénito» (Sl 88,27-28) [...] Observa também como Ele é o Senhor: «Os poderosos virão e prostrar-se-ão diante de Ti e Te suplicarão porque Deus está contigo» (cf Is 45,14) [...] Observa que Ele é o Rei eterno: «Um ceptro de justiça é o Teu ceptro real. [...] Deus, o Teu Deus, Te ungiu com o óleo da alegria» (Sl 44,7-8) [...] Vê que Ele é Senhor das dominações: «Quem é Ele, esse rei glorioso? É o Senhor do universo! É Ele o rei glorioso» (Sl 23,10) [...] Repara também que Ele é sumo-sacerdote eterno: «Tu és sacerdote para sempre» (Sl 109,4). Mas se Ele é Senhor, Filho e rei quando assim entendeu «tornou-Se homem também: quem poderá compreendê-lo?» (Jr 17,9 LXX) [...].

Foi mesmo como homem que este grande Jesus veio morar entre nós. [...] Revestiu-Se do nosso corpo miserável e morto; [...] curou-os das suas enfermidades, sarou cada uma das nossas doenças com o Seu poder para que se cumprisse a palavra: «Eu sou o Senhor. [...] Tomei-Te pela mão e fortaleci-Te. [...] Senhor é o Meu nome. [...] E o último inimigo a ser destruído será a morte. [...] Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (cf Is 42,6; 1Co 15,26.55)

Livro de Daniel 7,2-14.

Assim se exprimiu Daniel: «Considerava eu, na minha visão nocturna, os quatro ventos do céu precipitarem-se sobre o grande mar.
Surgiram do mar quatro grandes animais, diferentes uns dos outros.
O primeiro era semelhante a um leão, mas tinha asas de águia. Enquanto o contemplava, foram-lhe arrancadas as asas. Levantavam-no da terra e endireitavam-no sobre os pés como um homem. Depois deram-lhe um coração de homem.
Em seguida, apareceu um segundo animal semelhante a um urso; erguia-se sobre um dos lados e segurava na goela, entre os dentes, três costelas. Diziam-lhe: ‘Vamos! Devora muita carne!’
Depois disto, vi um terceiro animal parecido com uma pantera, que tinha sobre o dorso quatro asas de ave e também quatro cabeças. Foi-lhe entregue a soberania.
Enfim, quando contemplava estas visões nocturnas, divisei um quarto animal, horroroso, aterrador e de uma força excepcional. Tinha enormes dentes de ferro; devorava, depois fazia em pedaços e o resto calcava-o aos pés. Era diferente dos animais anteriores, pois tinha dez chifres.
Quando eu contemplava os chifres, eis que surgiu do meio deles um outro chifre mais pequeno (rinoceronte?). Para dar lugar a este chifre, três dos primeiros foram arrancados. Este chifre tinha olhos como um homem e uma boca que proferia palavras arrogantes.»
«Continuava eu a olhar até que foram preparados uns tronos e um Ancião sentou-se. Branco como a neve (o Pai) era o seu vestuário e os cabelos da cabeça eram como de lã pura; o trono era feito de chamas, com rodas de fogo flamejante.
Corria (como que) um rio de fogo (Deus) que jorrava da parte da frente dele. Mil milhares o serviam, dez mil miríades lhe assistiam. O tribunal reuniu-se em sessão e foram abertos os livros.
Eu olhava. Por causa do ruído das palavras arrogantes que o chifre proferia, esse animal foi morto e o seu corpo desfeito e atirado às chamas do fogo.
Quanto aos outros animais, também lhes foi tirado o poderio; no entanto, a duração da sua vida foi-lhes fixada a um tempo e uma data.
Contemplando sempre a visão nocturna, vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um Filho de Homem (corpo celeste humano). Avançou até ao Ancião, diante do qual o conduziram.
Foram-lhe dadas as soberanias, a glória e a realeza. Todos os povos, todas as nações e as gentes de todas as línguas o serviram. O seu império é um império eterno que não passará jamais e o seu reino nunca será destruído.»

Livro de Daniel 3,75.76.77.78.79.80.81.

Montes e colinas, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Mares e rios, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Fontes, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Monstros marinhos e tudo o que se move nas águas, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Todas as aves do céu, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Todos os animais, selvagens e domésticos, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,29-33.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos a seguinte parábola: «Reparai na figueira e nas restantes árvores.
Quando começam a deitar rebentos, ao vê-los, ficais a saber que o Verão está próximo.
Assim também quando virdes essas coisas, conhecereis que o Reino de Deus está próximo.
Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo se cumpra.
O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar (não hão-de ser esquecidas).»

Bem-aventurado Guerric d'Igny (v. 1080-1157), abade cistercense 1º sermão para o Advento; PL 185,11

«Conhecereis que o Reino de Deus está próximo»

«Aguardamos o Salvador» (liturgia latina; cf. Fl 3,20). Na verdade, é feliz a espera dos justos, daqueles que aguardam «a esperança bendita e o advento na glória do nosso grande Senhor e Salvador Jesus Cristo» (Tt 2,13). «Qual é a minha esperança, diz o justo, não é o Senhor?» (Sl 38,8) Depois volta-se para Ele e exclama: «Eu sei: Tu não desiludirás a minha espera (Sl 118,116). De facto, o meu ser já está perto de Ti porque a nossa natureza, assumida por Ti e oferecida por nós, já foi glorificada em Ti. O que nos dá a esperança de que 'toda a carne virá a Ti' (Sl 64,3) [...]».

No entanto, é com uma confiança ainda maior que esperam o Senhor aqueles que podem dizer: «O meu ser está perto de Ti, Senhor, pois entreguei-Te todas as minhas riquezas; ao largá-las por Ti, 'juntei um tesouro no Céu' (Mt 6,20). Já depositei todos os meus bens a Teus pés e sei [...] que mos devolverás 'cem vezes mais e ainda a vida eterna'» (Mc 10,30). Vós, que sois pobres de espírito, sois bem-aventurados! (Mt 5,3) [...] porque o Senhor disse: «Onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração» (Mt 6,21). Que os vossos corações O sigam, que sigam o Seu Coração! Fixai o vosso pensamento lá no alto e que a vossa espera esteja suspensa de Deus para poderdes dizer como o Apóstolo Paulo: «A nossa vida está nos Céus; é de lá que aguardamos o Salvador» (Fl 3,20).

Livro de Daniel 7,15-27.

Perante semelhantes visões, eu, Daniel, senti-me esmagado, com o espírito perturbado.
Aproximei-me de um dos assistentes e interroguei-o sobre a realidade de tudo aquilo. Respondeu-me e deu-me a explicação:
«Estes portentosos animais que são em número de quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.
Os santos do Altíssimo são os que hão-de receber a realeza e guardá-la por toda a eternidade.»
Quis então conhecer exactamente o que se referia ao quarto animal, diferente dos outros, excessivamente aterrador, cujos dentes eram de ferro e as garras de bronze, que devorava, depois desfazia em pedaços e o que restava calcava-o aos pés.
Desejei ser esclarecido acerca dos dez chifres que tinha na cabeça, bem como daquele outro chifre que tinha despontado e diante do qual três chifres tinham caído. É que esse chifre tinha olhos e uma boca que proferia palavras arrogantes e parecia maior que os seus companheiros.
Tinha visto este chifre fazer guerra aos santos e levar vantagem sobre eles.
Mas o Ancião quando veio, fez justiça aos santos do Altíssimo. A hora deles era aquela e obtiveram a posse do reino.
Respondeu-me assim: «O quarto animal será um quarto reino terrestre, que será diferente de todos os reinos, devorará o mundo, o calcará e o reduzirá a pó.
Os dez chifres designam dez reis que surgirão neste reino, mas após estes surgirá um outro, diferente dos anteriores, o qual vencerá três reis.
Proferirá insultos contra o Altíssimo, perseguirá os santos do Altíssimo. Pensará em mudar os tempos sagrados e a religião. Os santos viverão sob a sua alçada, apenas durante um determinado espaço de tempo.
Mas o julgamento continuará e tirar-lhe-ão o domínio para o suprimir e aniquilar definitivamente.
A realeza, o império e a grandeza de todos os reinos situados sob os céus serão então devolvidos ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino é eterno e todas as soberanias lhe prestarão preito de obediência.»

Livro de Daniel 3,82.83.84.85.86.87.

Vós, seres humanos, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Que Israel bendiga o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Sacerdotes, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Servos do Senhor, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!
Santos e humildes de coração, bendizei o Senhor:
A Ele a glória e o louvor eternamente!

Evangelho segundo S. Lucas 21,34-36.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Tende cuidado convosco: que os vossos corações não se tornem pesados com a devassidão, a embriaguez e as preocupações da vida e que esse dia não caia sobre vós subitamente
como um laço (armadilha); pois atingirá todos os que habitam a Terra inteira.
Velai, pois orando continuamente a fim de terdes força para escapar a tudo o que vai acontecer e aparecerdes firmes (na fé) diante do Filho do Homem.»

São Máximo, o Confessor (c. 580-662), monge e teólogo Diálogo sobre a vida ascética

«Aparecer firmes diante do Filho do Homem»

Nós Te suplicamos Senhor, Deus de bondade, que o desenrolar do mistério da salvação, realizado para nós no Teu Filho único, não se torne motivo de condenação para nós; «não nos afastes da Tua presença» (Sl 50,13). Não tomes aversão à nossa miserável condição, mas tem compaixão de nós por causa da Tua grande piedade; «pela Tua grande misericórdia, apaga o nosso pecado» (Sl 50,3). Assim ao comparecermos diante da Tua glória, bem longe de merecer condenação, obteremos a protecção do Teu Filho único e não seremos reprovados como maus servos. [...] Sim, Mestre e Senhor todo-poderoso, escuta a nossa súplica: «Não reconhecemos nenhum outro deus para além de Ti» (Jdt 8,19). Invocamos o Teu nome porque Tu és «o mesmo Deus que realiza tudo em todos» (1Co 12,6) e é junto a Ti que procuramos socorro.

Senhor, «lá do alto dos céus, repara e contempla da Tua santa e gloriosa morada. Onde estão o Teu zelo e a Tua valentia?» (Is 63,15) Onde estão a Tua piedade e a Tua misericórdia infinitas? «Mas Tu és o nosso pai! Pois Abraão não nos reconhece» (Is 63,16). [...] Tu, Senhor nosso Pai, liberta-nos porque desde a origem o Teu nome é invocado sobre nós tal como o nome do Teu Filho único e o do Teu Espírito Santo. Por que, Senhor, nos deixas extraviar dos Teus caminhos? Por que nos abandonaste ao nosso senso próprio e nos deixaste desviar-nos? Faz com que os Teus servos voltem para Ti, Senhor, em nome da Tua santa Igreja e de todos os Teus santos dos tempos passados. […]

Ah, se rasgasses os céus «as montanhas derreter-se-iam como cera diante do Senhor de toda a Terra» (Sl 96,5). [...] Desde os tempos antigos não escutamos nem os nossos olhos contemplaram outro deus se não Tu. [...] «Tu és nosso Pai. Nós somos a argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas Tuas mãos. [...] Olha que todos nós somos o Teu povo» (Is 64,8-9).

Livro de Isaías 63,16b-17.19b.64,2b-7.

Só Tu, Senhor, és o nosso pai e o teu nome desde sempre é «Redentor-nosso.»
Porquê, SENHOR, nos deixas extraviar dos teus caminhos? Porque permites que o nosso coração se endureça para não te respeitar? Volta-te para nós, por amor dos teus servos e das tribos da tua herança!
Somos, desde há muito, um povo que Tu não governas que não é designado pelo teu nome. Quem dera que rasgasses os céus e descesses, derretendo os montes com a tua presença,
vendo os prodígios impressionantes que operavas.
Nunca nenhum ouvido ouviu, nem nenhum olho viu que algum deus, excepto Tu, fizesse tanto por quem nele confia.
Vais ao encontro daquele que pratica o bem com alegria e se recorda de ti seguindo os teus caminhos, mas eis que te irritaste por causa dos nossos pecados. Afasta as nossas faltas e seremos salvos.
Todos nós éramos pessoas impuras; as nossas melhores acções eram como panos ensanguentados. Murchávamos como folhas secas e as nossas maldades arrastavam-nos como o vento.
Ninguém invocava o teu nome nem se esforçava por se apoiar em ti porque escondias Te de nós e nos entregavas às nossas iniquidades (não-equidades).
Mas Tu, SENHOR, é que és o nosso pai. Nós somos a argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos.

Livro de Salmos 80(79),2ac.3b.15-16.18-19.

Ó pastor de Israel, escuta,
Tu que tens o teu trono

sobre os querubins aparecei.
Desperta o teu poder
e vem salvar-nos!
Ó Deus do universo, volta, por favor,
olha lá do céu e vê: cuida desta vinha!
Trata da cepa que a tua mão direita plantou,
dos rebentos que fizeste crescer para Vós.
Mas estende a tua mão sobre o teu escolhido,
sobre o homem que para ti fortaleceste
e nunca mais nos afastaremos de Ti;
conserva-nos a vida e invocaremos o teu nome.

1ª Carta aos Coríntios 1,3-9.

Irmãos: A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus.
Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do conhecimento.
Assim foi confirmado em vós o testemunho de Jesus Cristo
de modo que não vos falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É Ele também que vos confirmará até ao fim para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Fiel é Deus por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor.

Evangelho segundo S. Marcos 13,33-37.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento.
É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse.
Vigiai, pois porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha;
não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir.
O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai!»


Santo Alfredo de Rievaulx (1110-1167), monge cisterciense Sermão para o Advento

A vinda do Senhor

Eis que chegou para nós, irmãos muito caros, o tempo em que devemos «cantar o amor e a justiça; para ti, Senhor» (Sl 100,1). É o advento do Senhor, a vinda do Mestre todo-poderoso, d'Aquele que é, que era e que há-de vir (Ap 1,8). Mas como e onde há-de vir; como e onde vem? Não disse Ele: «Porventura não sou Eu que encho o céu e a Terra?» (Jr 23,24) Como virá então ao céu e à Terra Aquele que enche o céu e a Terra? Escuta o Evangelho: «Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não O reconheceu». (Jo 1,10). Ele estava, pois simultaneamente presente e ausente; presente, pois estava no mundo; ausente porque o mundo não O conheceu. [...] Como não estaria distante Aquele que não era reconhecido, em Quem não se acreditava, que não era venerado, que não era amado? […]

Ele vem, pois para conhecermos Aquele que não foi reconhecido; para acreditarmos n'Aquele em Quem não se acreditava; para venerarmos Aquele que não foi venerado; para amarmos Aquele que não era amado. Aquele que estava presente pela Sua natureza vem na Sua misericórdia. [...] Pensai um pouco em Deus e vede o que representa para Ele abdicar de tão grande poderio, como Se humilha tão grande poder, como Se fragiliza tão grande força, como Se torna insensata tão grande sabedoria. Será por dever de justiça para com o homem? Certamente que não! […]

Na verdade, Senhor, não foi minha justiça, mas a Tua misericórdia que Te guiou; não foi a Tua indigência, mas a minha necessidade. Efectivamente Tu disseste: «a Sua fidelidade é eterna como o céu» (Sl 88,3). E assim é porque a miséria abundava sobre a Terra. Eis porque «cantarei, Senhor, a misericórdia» que manifestaste aquando da Tua vinda. [...] Quando Te mostraste humilde na Tua humanidade, poderoso nos Teus milagres, forte contra a tirania dos demónios, indulgente no acolhimento dos pecadores, tudo isso proveio da Tua profunda bondade. Eis porque «cantarei, Senhor, a misericórdia» que manifestaste aquando da Tua primeira vinda. E merecidamente, pois «Senhor, a Terra está cheia da Tua bondade» (Sl).
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