quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cristianismo 32

= CRISTIANISMO =
Livro de Ezequiel 47,1-2.8-9.12.
Naqueles dias, o anjo reconduziu-me à entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea em direcção ao oriente porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar.
Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito.
Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres.
Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move viverá. O peixe será muito abundante porque aonde quer que esta água (viva; como água benzida) chegar, tornar-se-á salubre e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."



Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.


Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo mesmo que a terra trema,
mesmo que as montanhas se afundem no mar.

Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
a mais santa entre as moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.

O Senhor do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que Ele realizou na Terra.





Evangelho segundo S. João 2,13-22.


Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus Cristo subiu a Jerusalém.
Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas nos seus postos.
Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas
e aos que vendiam pombas, disse-lhes: «Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira.»
Os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devora.
Então os judeus intervieram e perguntaram-lhe: «Que sinal nos dás de poderes fazer isto?»
Declarou-lhes Jesus Cristo, em resposta: «Destruí este templo e em três dias Eu o levantarei!»
Replicaram então os judeus: «Quarenta e seis anos levou este templo a construir e Tu vais levantá-lo em três dias?»
Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo.
Por isso, quando Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, os seus discípulos recordaram-se de que Ele o tinha dito e creram na Escritura e nas palavras que tinha proferido.



Lansperge, o cartuxo (1489-1539), religioso, teólogo Sermão sobre a consagração da igreja; Opera omnia, 1, 702ss.




«Vós sois o templo de Deus e o Espírito de Deus habita em Vós» (1Co 3,16)


A consagração que comemoramos hoje diz respeito, na realidade, a três casas. A primeira é o santuário material. [...] É certo que podemos rezar em qualquer lado e que não há nenhum sítio onde não possamos rezar. No entanto, é muito conveniente termos consagrado a Deus um local especial onde todos nós, os cristãos que formamos esta comunidade, nos possamos reunir para louvar e rezar a Deus juntos e assim obter mais facilmente aquilo que pedimos, graças a esta oração comum, segundo a palavra: «Se dois de entre vós se unirem, na Terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que está nos céus» (Mt 18,19). […]


A segunda casa de Deus é o povo, a comunidade santa que encontra a sua unidade nesta igreja, isto é, vós, que sois guiados, instruídos e alimentados por um só pastor ou bispo. É a casa espiritual de Deus, da qual a nossa igreja, esta casa material de Deus, é o sinal. Jesus Cristo construiu este templo espiritual para Si mesmo. [...] Esta morada é formada pelos eleitos de Deus passados, presentes e futuros, reunidos pela unidade da fé e da caridade nesta Igreja una, filha da Igreja universal, e que aliás é una com a Igreja universal. Considerada à parte das outras Igrejas particulares, ela não é senão uma parte da Igreja como o são todas as outras Igrejas. Porém, estas igrejas formam em conjunto a única Igreja universal, mãe de todas as Igrejas. [...] Ao celebrar a consagração da nossa igreja, não fazemos mais do que recordar-nos, no meio das acções de graças, dos hinos e dos louvores, da bondade que Deus manifestou ao chamar este pequeno povo a conhecê-Lo. […]


A terceira casa de Deus é qualquer corpo santo devotado a Deus, a Ele dedicado pelo baptismo, tornado templo do Espírito Santo e morada de Deus. [...] Quando celebras a consagração desta terceira casa, recordas simplesmente o favor que recebeste de Deus quando Ele te escolheu para vir habitar em ti pela Sua graça.




Livro de Sabedoria 7,22-30.8,1.


Na Sabedoria há um espírito inteligente e santo, único, múltiplo e subtil, ágil, penetrante e puro, límpido, invulnerável, amigo do bem e perspicaz,
livre, benéfico e amigo dos homens, estável, firme e sereno, que tudo pode e tudo vê, que penetra todos os espíritos, os inteligentes, os puros e os mais subtis.
A sabedoria é mais ágil que todo o movimento e por sua pureza tudo atravessa e penetra.
Ela é um sopro do poder de Deus, uma irradiação pura da glória do Omnipotente, pelo que nada de impuro entra nela.
Ela é um reflexo da luz eterna, um espelho imaculado da actividade de Deus e uma imagem da sua bondade.
Sendo uma só, tudo pode; permanecendo em si mesma, tudo renova e, derramando-se nas almas santas de cada geração, ela forma amigos de Deus e profetas,
pois Deus só ama quem vive com a sabedoria.
Ela é mais radiante que o sol e supera todas as constelações; comparada com a luz, sai vencedora,
pois a luz dá lugar à noite, mas sobre a sabedoria não prevalece o mal.
Ela estende-se com vigor de uma extremidade à outra e tudo governa com bondade.



Livro de Salmos 119(118),89.90.91.130.135.175.


Senhor, a tua palavra permanece para sempre
mais estável do que os céus.
A Tua fidelidade atravessa as gerações;
formaste a Terra e ela continua firme.

Pelos teus decretos, tudo se mantém até hoje
porque tudo está ao teu serviço.
A manifestação das vossas palavras ilumina
e dá inteligência aos simples.

Que a tua presença ilumine o teu servo;
ensina-me as tuas leis.
Viva eu sempre para te louvar;
que os teus decretos me ajudem.





Evangelho segundo S. Lucas 17,20-25.


Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus Cristo quando chegaria o Reino de Deus e Ele respondeu-lhes: «O Reino de Deus não vem de maneira ostensiva.
Ninguém poderá afirmar: 'Ei-lo aqui' ou 'Ei-lo ali', pois o Reino de Deus está entre vós.»
Depois disse aos discípulos: «Tempo virá em que desejareis ver um dos dias do Filho do Homem e não o vereis.
Vão dizer-vos: 'Ei-lo ali' ou então: 'Ei-lo aqui.' Não queirais ir lá nem os sigais.
Porque, como o relâmpago, ao faiscar, brilha de um extremo ao outro do céu, assim será o Filho do Homem no seu dia.
Mas primeiramente Ele tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração.



Imitação de Jesus Cristo, tratado espiritual do séc. XV Livro II, cap.1, 2-3


Permanecer no Reino de Cristo


«O Reino de Deus está dentro de vós», diz o Senhor. [...] Apressa-te portanto a preparar o coração para este Esposo a fim de que Ele Se digne vir a ti e habitar em ti porque Ele disse: «Quem Me ama guardará a minha palavra; então viremos até ele e nele estabeleceremos a Nossa morada» (Jo 14,23). Dá, pois lugar a Jesus Cristo e nega a entrada a tudo o mais. Se possuíres a Jesus Cristo, és rico e só Ele te bastará. Ele velará por ti, a tudo proverá de modo a que não tenhas de recorrer aos homens porque os homens mudam muito e facilmente faltam, enquanto «Jesus Cristo permanece eternamente» (Jo 12, 34); Ele dá-nos firme assistência até ao fim.


Não ponhas, portanto grande confiança no homem que é frágil e mortal ainda que nos seja útil e muito querido. Não te entristeças demasiado se te decepcionar ou te contradisser. Os que hoje estão contigo poderão amanhã estar contra ti e vice-versa, pois os homens mudam como o vento. Põe portanto toda a tua confiança em Deus que Ele seja o teu temor e o teu amor. Ele responderá por ti e fará o que for melhor.


«Não tens aqui em baixo morada permanente» (Heb 13, 14). Onde estiveres, és «estrangeiro e peregrino» (Heb 11,13). A paz vir-te-á da tua união íntima a Jesus Cristo.





Livro de Sabedoria 13,1-9.


Os insensatos são todos aqueles homens em que se instalou a ignorância de Deus e que, a partir dos bens visíveis, não foram capazes de descobrir Aquele que é nem, considerando as obras, reconheceram o Artífice.
Antes foi o fogo, o vento ou o ar subtil, a abóbada estrelada ou a água impetuosa ou os luzeiros do céu que tomaram por deuses, governadores do mundo.
Se, fascinados pela sua beleza, os tomaram por deuses, aprendam quão mais belo que tudo é o Senhor, pois foi o próprio autor da beleza que os criou.
E se os impressionou a sua força e o seu poder, compreendam quão mais poderoso é aquele que os criou,
pois na grandeza e na beleza das criaturas se contempla, por analogia, o seu Criador.
Estes, contudo merecem só uma leve censura porque talvez se extraviem apenas por buscarem Deus e quererem encontrá-lo.
Movendo-se no meio das suas obras, investigam-nas, mas deixam-se seduzir pela aparência, pois são belas as coisas que vêem.
De qualquer modo, nem sequer estes são desculpáveis
porque, se tiveram tanta capacidade para poderem perscrutar o universo como não descobriram primeiro o Senhor dessas coisas?



Livro de Salmos 19(18),2-3.4-5.


Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Um dia passa ao outro esta mensagem
e uma noite dá conhecimento à outra noite.

Não são palavras nem discursos
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra
e a sua palavra, até aos confins do mundo.





Evangelho segundo S. Lucas 17,26-37.


Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Como sucedeu nos dias de Noé assim sucederá também nos dias do Filho do Homem:
comiam, bebiam, os homens casavam-se e as mulheres eram dadas em casamento até ao dia em que Noé entrou na Arca e veio o dilúvio que os fez perecer a todos (porque apenas Noé e a sua família tinham condições para se salvar).
O mesmo sucedeu nos dias de Lot: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam;
mas, no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus fez cair do céu uma chuva de fogo e enxofre que os matou a todos.
Assim será no dia em que o Filho do Homem se revelar.
Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver as suas coisas em casa não desça para as tirar e, do mesmo modo, quem estiver no campo não volte atrás.
Lembrai-vos da mulher de Lot.
Quem procurar salvar a vida (do corpo material), há-de perdê-la (a vida do corpo celeste) e quem a (a vida do corpo material) perder, há-de conservá-la (a vida do corpo celeste).
Digo-vos que, nessa noite, estarão dois numa cama: um será tomado e o outro será deixado.
Duas mulheres estarão juntas a moer: uma será tomada e a outra será deixada.
Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado.»
Tomando a palavra, os discípulos disseram-lhe: «Senhor, onde sucederá isso?» Respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo (o corpo celeste), lá se juntarão também os abutres (corpos do mal).»



Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa Diário, § 1230


«Quem perder a sua vida há-de conservá-la»


Ó dia eterno, dia desejado,
Espero-te com nostalgia e impaciência
E em breve o amor rasgará os véus
E Tu serás a minha salvação.



Ó mais lindo dia, momento incomparável
Em que pela primeira vez o meu Deus contemplarei,
Esposo da minha alma e Senhor dos senhores
Em que o medo não dominará a minha alma.

Dia soleníssimo, dia luminoso
Em que a alma verá a Deus em Seu poder
Mergulhando inteira no Seu amor
E saberá que já passaram as misérias do exílio.

Dia feliz, dia abençoado
Em que o meu coração arderá num eterno amor,
Pois já agora te pressinto, embora velado.
Na vida, na morte, Jesus Cristo sois meu encanto.

Dia com que toda a minha vida sonhei
Por Ti espero impaciente, ó meu Deus,
Pois que Tu és tudo o que eu desejo,
Tu és o Único no meu coração: tudo o resto nada vale.

Dia de delícias, de doçura infinita
Esposo meu e Deus de grande majestade
Sabereis que mais nada sacia um coração virginal
E sobre o Teu doce coração reclino a cabeça.





Livro de Sabedoria 2,23-24.3,1-9.


Com efeito, Deus criou o homem para a incorruptibilidade e fê-lo à imagem do seu próprio ser.
Por inveja do diabo é que a morte entrou no mundo e hão-de prová-la os que pertencem ao diabo.
As almas dos justos estão nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá.
Aos olhos dos insensatos pareceram morrer, a sua saída deste mundo foi tida como uma desgraça,
a sua morte como uma derrota. Mas eles estão em paz.
Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade.
Depois de terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, pois Deus os provou e achou dignos de si.
Ele os provou como ouro no crisol e aceitou-os como um holocausto.
No tempo da intervenção de Deus, os justos resplandecerão e propagar-se-ão como centelhas através da palha.
Julgarão as nações e dominarão os povos e o Senhor reinará sobre eles para sempre.
Aqueles que nele confiam compreenderão a verdade e os que são fiéis no amor habitarão com Ele, pois a graça e a misericórdia são para os seus eleitos.



Livro de Salmos 34(33),2-3.16-17.18-19.


Em todo o tempo, bendirei o Senhor;
o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
A minha alma gloria-se no Senhor!
Que os humildes saibam e se alegrem.

Os olhos do Senhor estão voltados para os justos
e os seus ouvidos estão atentos ao seu clamor.
A ira do Senhor volta-se contra os malfeitores
para apagar da Terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor atendeu-os
e livrou-os das suas angústias.
O Senhor está perto dos corações contritos
e salva os espíritos abatidos.





Evangelho segundo S. Lucas 17,7-10.


Naquele tempo, disse o Senhor: «Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, quando ele regressar do campo: 'Vem cá depressa e senta-te à mesa'?
Não lhe dirá antes: 'Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, enquanto eu como e bebo; depois, comerás e beberás tu'?
Deve estar grato ao servo por ter feito o que lhe mandou?
Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: 'Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.'»


(servos inúteis porque nunca decidiram nada; não são capazes de decidir e por isso não conseguem salvar-se. Porque é necessário decidir entre o bem ou o mal, Deus nos deu o livre arbítrio.)
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja Sermão para a ordenação de um bispo, 3, 9


Ser servo


O bispo que está à vossa cabeça é vosso servo (porque se pôs ao serviço da comunidade, mas todos os dias decide e bastante). [...] Que o Senhor nos conceda, portanto com a ajuda das vossas preces, ser e permanecer até ao fim o que quiserdes que sejamos [...]; que Ele nos ajude a cumprir o que nos ordenou. Mas, seja quem for que sejamos, não coloqueis em nós a vossa esperança. Permito-me dizer-vos isto como bispo: quero alegrar-me convosco e não ficar inflamado de orgulho. [...] Falo agora ao povo de Deus em nome de Jesus Cristo, falo na Igreja de Deus, falo como pobre servo de Deus: não coloqueis a vossa esperança em nós, não ponhais a vossa esperança nos homens. Somos bons? Somos servos. Somos maus? Continuamos a ser servos. Mas os bons, os servos fiéis, são os verdadeiros servos.


Qual é o nosso serviço? Prestai atenção: se tendes fome e não quereis ser ingratos, reparai de que celeiro tiramos as provisões; mas não te diz respeito em que prato te é servido aquilo que estás ávido de comer: «Numa casa grande não existem somente vasos de ouro e prata, mas também há os que são de madeira e de barro» (2Tm 2,20). [O vosso bispo parece-se com] um prato de prata, um prato de ouro, ou com um prato de argila? Vê se esse prato tem pão e Quem to deu para que te fosse servido. Ele é que é o pão: «Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu» (Jo 6,51). Nós, portanto servimo-vos Jesus Cristo, em lugar de Jesus Cristo [...] para que Ele chegue até vós, para que Ele seja o juiz do nosso ministério.





Livro de Sabedoria 18,14-16.19,6-9.


Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso,
então a tua palavra omnipotente desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da Terra condenada à ruína, trazendo como espada afiada o teu irrevogável decreto.
Deteve-se e encheu de morte o universo; de um lado, tocava o céu, do outro, pisava a terra.
É que toda a criação, obediente às tuas ordens, tomava novas formas em sua própria natureza para guardar os teus filhos de todo o mal.
Uma nuvem cobriu de sombra o acampamento e do que dantes era água, viu-se emergir terra seca, o Mar Vermelho tornou-se um caminho transitável e as ondas impetuosas, uma planície verdejante;
por ali passou todo o povo, protegido pela tua mão, contemplando prodígios admiráveis.
Iam como cavalos pastando no prado e como cordeiros saltitando e glorificavam-te, Senhor, a ti que os salvavas.



Livro de Salmos 105(104),2-3.36-37.42-43.


Cantai-lhe hinos e salmos,
proclamai as suas maravilhas.
Orgulhai-vos do seu nome santo;
alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.

Feriu de morte os primogénitos do país,
as primícias da sua juventude.
Fê-los sair com prata e ouro
e não houve um único doente nas suas tribos.

Deus lembrou-se da sua palavra sagrada
que tinha dado a Abraão, seu servo,
e fez sair o seu povo com alegria
e os seus eleitos com gritos de júbilo.





Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.


Naquele tempo, Jesus Cristo disse aos seus discípulos uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer:
«Em certa cidade, havia um juiz que não cria em Deus nem respeitava os homens.
Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: 'Faz-me justiça contra o meu adversário.'
Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas um dia disse consigo: 'Embora eu não creia em Deus nem respeite os homens,
contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.'»
E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo.
E Deus não fará justiça aos seus eleitos que a Ele clamam dia e noite e há-de fazê-los esperar?
Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a Terra?»



Isaac, o Sírio (sec. VII), monge perto de Mossul, santo das igrejas ortodoxas Discursos ascéticos, 1ª série, §21





«Orar sempre, sem desfalecer»


Feliz o homem que conhece a própria fraqueza porque esse conhecimento é nele o fundamento, a raiz, o princípio de toda a bondade. [...] Quando um homem se sente desprovido de socorro divino, reza muito. E quanto mais reza, mais o seu coração se torna humilde. [...] Tendo compreendido realmente isto, guarda a oração na sua alma como um tesouro. E sendo a sua alegria tão grande, faz da oração uma acção de graças. [...] Assim guiado por este conhecimento e admirando a graça de Deus, eleva a voz e louva-O e glorifica-O, exprime a sua gratidão nos píncaros do seu maravilhamento.


Aquele que conseguiu, verdadeiramente e não em imaginação, alcançar tais sinais e conhecer tal experiência, sabe do que estou a falar e que nada pode impedir isso. Mas que ele cesse de então em diante de desejar coisas vãs. Persevere em Deus, através da oração contínua, no temor de ser privado da abundância do socorro divino.


Todos estes bens são dados ao homem quando este reconhece a sua fraqueza. No seu grande anseio pelo socorro divino, aproxima-se de Deus, permanecendo em oração. E quanto mais se aproxima de Deus com esta determinação, mais Deus o aproxima dos Seus dons e não lhe retira a Sua graça, devido à sua grande humildade, pois tal homem é como a viúva que não cessa de pedir ao juiz que lhe faça justiça contra o seu adversário. Deus compassivo retém as Suas graças para que essa reserva incite o homem, que tanta precisão tem d'Ele, a aproximar-se d'Ele e a permanecer junto d'Aquele que é a fonte do seu bem.





Livro de Provérbios 31,10-13.19-20.30-31.


Uma mulher de valor, quem a poderá encontrar? O seu preço é muito superior ao das pérolas.
O coração do marido nela confia e jamais lhe falta coisa alguma.
Ela proporciona-lhe o bem e nunca o mal em todos os dias da sua vida.
Ela procura lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos.
A sua mão pega na roca e os seus dedos fazem girar o fuso.
Estende os braços (abraça) ao infeliz e abre a mão (dá esmola) ao indigente. A graça é enganadora e a beleza é vã: a mulher que crê no Senhor, essa será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos e que as suas obras a louvem às portas da cidade.



Livro de Salmos 128(127),1-2.3.4-5.


Felizes os que obedecem ao Senhor
e andam nos seus caminhos.
Comerás do fruto do teu próprio trabalho:
assim serás feliz e viverás contente.

Tua esposa será como videira fecunda
na intimidade do teu lar;
os teus filhos serão como rebentos de oliveira
ao redor da tua mesa.

Assim vai ser abençoado o homem que obedece ao Senhor.
O Senhor te abençoe do monte Sião!
Possas contemplar a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.





1ª Carta aos Tessalonicenses 5,1-6.


Irmãos, quanto aos tempos e aos momentos, não precisais que vos escreva.
Com efeito, vós próprios sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor chega de noite como um ladrão.
Quando disserem: «Paz e segurança», então se abaterá repentinamente sobre eles a ruína como as dores de parto sobre a mulher grávida e não escaparão a isso.
Mas vós, irmãos, não estais nas trevas de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão.
Na verdade, todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos nem da noite nem das trevas.
Não durmamos, pois como os outros, mas vigiemos e sejamos sóbrios.





Evangelho segundo S. Mateus 25,14-30.


Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens.
A um deu cinco talentos (moeda da altura na Palestina), a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade (o seu sentido empreendedor, portanto já sabia que o terceiro não era empreendor, mas deu-lhe uma oportunidade como aos demais) e depois partiu.
Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco.
Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois.
Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas.
Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.’
O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel (soube decidir por ele próprio e ganhou com isso), foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’
Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.’
O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’
Veio finalmente o que tinha recebido um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste.
Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.’
O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso (afinal só sabia obedecer. Quando lhe foi dada a oportunidade de fazer por si, nada fez. Não sabia.)! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei.
Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.’
Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez talentos.
Porque ao que tem (fé) será dado e terá em abundância (bens); mas, ao que não tem (fé), até o que tem (bens) lhe será tirado.
A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’»



Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade Oração: Em busca do coração de Deus




«Foste fiel em coisas de pouca monta [...]; entra no gozo do teu senhor»


«Tenho sempre o Senhor diante dos meus olhos, está à minha direita e jamais vacilarei» (Sl 15,8) porque uma coisa que Jesus Cristo me pede é que me apoie n'Ele, que confie apenas n'Ele, que me abandone a Ele sem reservas. [...] Não devemos tentar controlar as acções de Deus. Não devemos contar as etapas da viagem que Ele nos quer fazer empreender. Mesmo que me sinta como um barco à deriva, devo dar-me inteiramente a Ele.


Quando isso parece difícil, lembra-te de que não somos chamados a ter êxito, mas a ser fiéis. A fidelidade é importante, mesmo nas pequenas coisas, não pela coisa em si mesma, o que seria a preocupação de um espírito mesquinho, mas pela grande coisa que é a vontade de Deus. Dizia Santo Agostinho: «As pequenas coisas permanecem pequenas, mas ser fiel nas pequenas coisas é uma grande coisa. Nosso Senhor não é o mesmo num pobre e num rico que nos visita?» (cf. Mt, 40)





Livro de 1º Macabeus 1,10-15.41-43.54-57.62-64.


Destes generais saiu aquela raiz de pecado, Antíoco Epifânio, filho do rei Antíoco, que estivera em Roma como refém e tornou-se rei no ano cento e trinta e sete da era dos gregos.
Nesta época, surgiram também, em Israel, filhos perversos que seduziram o povo, dizendo: «Façamos aliança com as nações vizinhas porque desde que nos separámos delas sobrevieram-nos imensos males.»
Pareceu-lhes bom este conselho.
Alguns de entre o povo decidiram-se e foram ter com o rei, o qual lhes concedeu autorização para seguirem os costumes pagãos.
Edificaram em Jerusalém um ginásio, segundo o estilo dos gentios,
dissimularam os sinais da circuncisão, afastaram-se da aliança com Deus, coligaram-se com os estrangeiros e tornaram-se escravos do pecado.
Então o rei Antíoco publicou um édito para todo o seu reino, prescrevendo que
todos os povos se tornassem um só povo,
abandonando as suas leis particulares
. Todos os gentios se conformaram com esta ordem do rei
e muitos de Israel adoptaram a religião de Antíoco, sacrificando aos ídolos e violando o sábado.
No dia quinze do mês de Quisleu, do ano cento e quarenta e cinco, o rei edificou a abominação da desolação sobre o altar dos sacrifícios e construíram altares em todas as cidades de Judá.
Queimaram incenso diante das portas das casas e nas praças públicas,
rasgaram e queimaram todos os livros da Lei que encontraram.
Todo aquele que tivesse em seu poder um livro da aliança ou mostrasse gosto pela lei, morreria em virtude do decreto do rei.
Foram muitos os israelitas que resolveram, no seu coração, não comer nada de impuro, preferindo antes morrer a manchar-se com alimentos impuros
e preferiram ser trucidados a manchar-se com alimentos impuros e a profanar a aliança santa.
Foi muito grande a cólera que caiu sobre Israel.



Livro de Salmos 119(118),53.61.134.150.155.158.


Fico indignado à vista dos ímpios que rejeitam a Tua lei.
Cercaram-me os laços dos ímpios, mas não me esqueci da tua lei.
Livra-me da opressão dos homens para eu cumprir os teus preceitos.
Aproximam-se os que correm atrás da iniquidade e se afastam da tua lei.

A salvação está longe dos ímpios porque não observam os teus decretos.
Ao ver os transgressores, fico desgostoso porque não guardam a tua palavra.





Evangelho segundo S. Lucas 18,35-43.


Quando se aproximavam de Jericó, estava um cego sentado a pedir esmola à beira do caminho.
Ouvindo a multidão que passava, perguntou o que era aquilo.
Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que ia a passar.
Então bradou: «Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!»
Os que iam à frente repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!»
Jesus Cristo parou e mandou que lho trouxessem. Quando o cego se aproximou, perguntou-lhe:
«Que queres que te faça?» Respondeu: «Senhor, que eu veja!»
Jesus Cristo disse-lhe: «Vê. A tua fé te salvou.»
Naquele mesmo instante, recobrou a vista e seguia-o, glorificando a Deus e todo o povo, ao ver isto, deu louvores a Deus.



São Gregório Magno (540-604), Papa e Doutor da Igreja Homilias sobre os Evangelhos, n.º 2, 7





«Vê. A tua fé te salvou»


Consideremos que o Senhor diz ao cego que se aproxima: «Que queres que te faça?». Desconhecia Aquele que detinha o poder de dar a vista o que queria o cego? O que o Senhor pretende é tão só que Lhe peçamos as coisas, se bem que saiba de antemão que as pediremos e que Ele no-las concederá. Exorta-nos a rezar por elas até ao enfado aquele que, no entanto, nos diz: «O vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes» (Mt 6, 8). Se, portanto nos pergunta (devido ao livre arbítrio), é para que Lho peçamos; se interroga, é para levar o nosso coração a rezar. […]


Aquilo que o cego pede ao Senhor não é ouro, mas luz. Ele não quer saber de pedir outra coisa senão luz. [...] Imitemos este homem, irmãos caríssimos [...]. Não peçamos ao Senhor nem enganadoras riquezas, nem presentes terrenos, nem honras passageiras, mas luz; não a luz circunscrita pelo espaço e limitada pelo tempo, interrompida pela noite e que partilhamos com os animais, mas a luz que só os anjos dividem connosco e que não tem começo nem fim. O caminho para chegar a essa luz é a fé. E é com toda a razão que o Senhor diz ao cego a quem de imediato vai dar a luz: «Vê! A tua fé te salvou».
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