terça-feira, 1 de novembro de 2011

Cristianismo 29

= CRISTIANISMO =


 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Carta aos Romanos 6,12-18.
Irmãos: Que o pecado não reine mais no vosso corpo mortal, de tal modo que obedeçais às suas paixões.
Não entregueis os vossos membros, como armas da injustiça, ao serviço do pecado. Pelo contrário, entregai-vos a Deus como vivos de entre os mortos e entregai os vossos membros como armas da justiça ao serviço de Deus.
Pois o pecado não terá mais domínio sobre vós, uma vez que não estais sob a Lei, mas sob a graça. Libertos do pecado
Então? Vamos pecar porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça? De modo nenhum!
Não sabeis que, se vos entregais a alguém, obedecendo-lhe como escravos, sois escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado que leva à morte, quer da obediência que leva à justiça?
Agradeçamos a Deus: éreis escravos do pecado, mas obedecestes de coração ao ensino que vos foi transmitido como norma de vida.
E libertos do pecado, tornastes-vos escravos da justiça.


Livro de Salmos 124(123),1-3.4-6.7-8.

Se o Senhor não estivesse do nosso lado,
que o diga Israel,
se o Senhor não estivesse do nosso lado,
quando os homens se levantaram contra nós

ter-nos-iam engolido vivos
quando a sua fúria ardia contra nós.
As águas ter-nos-iam submergido,
a torrente teria passado sobre nós.

teriam passado sobre nós as águas turbulentas.
Bendito seja o Senhor,
que não nos entregou
como presa nos seus dentes.

A nossa vida escapou como um pássaro
do laço de caçadores:
rompeu-se o laço
e nós libertámo-nos.

O nosso auxílio está no nome do Senhor,
que fez o céu e a Terra.



Evangelho segundo S. Lucas 12,39-48.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Ficai a sabê-lo bem: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não teria deixado arrombar a sua casa.
Estai preparados, vós também, porque o Filho do Homem chegará na hora em que menos pensais.»
Pedro disse-lhe: «Senhor, é para nós que dizes essa parábola ou é para todos igualmente?»
O Senhor respondeu: «Quem será, pois o administrador fiel e prudente a quem o senhor pôs à frente do seu pessoal para lhe dar, a seu tempo, a ração de trigo?
Feliz o servo a quem o senhor, quando vier, encontrar procedendo assim.
Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens.
Mas, se aquele administrador disser consigo mesmo: 'O meu senhor tarda em vir' e começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se,
o senhor daquele servo chegará no dia em que ele menos espera e a uma hora que ele não sabe; então pô-lo-á de parte, fazendo-o partilhar da sorte dos infiéis.
O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou e não agiu conforme os seus desejos, será castigado com muitos açoites.
Aquele, porém, que, sem a conhecer, fez coisas dignas de açoites, apenas receberá alguns. A quem muito foi dado, muito será exigido e a quem muito foi confiado, muito será pedido


Bem-aventurado John Henry Newman (1801-1890), teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra Sermão «Watching»; PPS, t. 4, n° 22



«Estai preparados»

O nosso Salvador fez esta advertência quando estava prestes a deixar este mundo, ou seja, a deixá-lo visivelmente. Ele previa que poderiam decorrer séculos até ao Seu regresso. Conhecia o Seu próprio desígnio, o de Seu Pai: deixar gradualmente o mundo a si mesmo, ir retirando gradualmente as garantias da Sua presença misericordiosa. Previa o esquecimento em que cairia entre os Seus próprios discípulos [...], o estado do mundo e da Igreja tal como o vemos actualmente, em que a Sua ausência prolongada faz crer que nunca mais regressará.

Hoje em dia, Ele murmura misericordiosamente aos nossos ouvidos que não nos fiemos naquilo que vemos, que não partilhemos a incredulidade geral, que não nos deixemos levar pelo mundo, mas que «velemos, pois, orando continuamente» (cf Lc 21,34.36) e esperemos a Sua vinda. Esta advertência misericordiosa devia estar sempre presente ao nosso espírito, de tal forma é precisa, solene e urgente.

Nosso Senhor tinha anunciado a Sua primeira vinda e, no entanto, surpreendeu-nos quando veio. Virá de uma forma muito mais súbita pela segunda vez e surpreenderá os homens, agora que, sem dizer quanto tempo decorrerá antes da Sua vinda, deixou a nossa vigilância à guarda da fé e do amor. [...] Com efeito, devemos não só acreditar, mas velar; não só amar, mas velar; não só obedecer, mas velar. Velar para quê? Na expectativa desse grande acontecimento que é a vinda de Jesus Cristo. [...] Parece ter-nos sido dado um dever especial [...]: quase todos temos uma ideia geral do que significa crer, temer, amar e obedecer, mas talvez compreendamos menos bem o significado de «velar».



Carta aos Romanos 6,19-23.

Irmãos. Estou a falar em termos humanos, devido à fraqueza da vossa carne. Do mesmo modo que entregastes os vossos membros, como escravos, à impureza e à desordem para viverdes na desordem, entregai agora também os vossos membros como escravos à justiça para viverdes em santidade.
Quando éreis escravos do pecado, éreis livres no que toca à justiça.
Afinal que frutos produzíeis então? Coisas de que agora vos envergonhais porque o resultado disso era a morte.
Mas agora que estais libertos do pecado e vos tornastes servos de Deus, produzis frutos que levam à santificação e o resultado é a vida eterna.
É que o salário do pecado é a morte ao passo que o dom gratuito que vem de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, Senhor nosso.


Livro de Salmos 1,1-2.3.4.6.

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
antes põe o seu enlevo na lei do Senhor
e nela medita dia e noite.

É como a árvore plantada à beira da água corrente:
dá fruto na estação própria
e a sua folhagem não murcha;
em tudo o que faz é bem sucedido.

Mas os ímpios não são assim!
São como a palha que o vento leva.
O Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.



Evangelho segundo S. Lucas 12,49-53.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Eu vim lançar fogo sobre a Terra e como gostaria que ele já se tivesse ateado!
Tenho de receber um baptismo e que angústias as minhas até que ele se realize!
Julgais que Eu vim estabelecer a paz na Terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão.
Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra dois e dois contra três;
vão dividir-se: o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.»


Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa Pequeno diário, 1411



«Lançar fogo sobre a Terra»: o dom do Espírito Santo (Act 2,3)

Ó Espírito de Deus, espírito de verdade e de luz,
Permanece constantemente na minha alma pela Tua graça divina.
Que o Teu sopro dissipe as trevas
E que na Tua luz as boas acções se multipliquem.

Ó Espírito de Deus, Espírito de amor e de misericórdia,
Que derramas no meu coração o bálsamo da confiança,
A Tua graça confirme a minha alma no bem,
Dando-lhe uma força invencível: a constância!

Ó Espírito de Deus, Espírito de paz e de alegria,
Que reconfortas o meu coração sedento,
Que derramas nele a fonte viva do amor divino
E o tornas intrépido na luta.

Ó Espírito de Deus, ó mais amoroso hóspede da minha alma,
Eu desejo, por meu lado, ser-Te fiel,
Tanto nos dias de felicidade como nas horas de sofrimento;
Desejo, Espírito de Deus, viver sempre na tua presença.

Ó Espírito de Deus, que impregnas o meu ser
E me fazes conhecer a Tua vida divina e trinitária,
Tu me inicias no Teu Ser divino;
Unida assim a Ti, tenho a vida eterna.



Carta aos Romanos 7,18-25a.

Irmãos: Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita coisa boa; pois o querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não.
É que não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico.
Ora se o que eu não quero é que faço, então já não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim.
Deparo, pois com esta lei: em mim, que quero fazer o bem, só o mal está ao meu alcance.
Sim, eu sinto gosto pela lei de Deus, enquanto homem interior.
Mas noto que há outra lei nos meus membros a lutar contra a lei da minha razão e a reter-me prisioneiro na lei do pecado que está nos meus membros.

Que homem miserável sou eu! Quem me há-de libertar deste corpo que pertence à morte?
Graças a Deus, por Jesus Cristo, Senhor nosso! Concluindo: eu sou o mesmo que, com o espírito, sirvo a lei de Deus e, com a carne, a lei do pecado.


Livro de Salmos 119(118),66.68.76.77.93.94.

Dá-me sabedoria e conhecimento,
pois confio nos teus mandamentos.
Tu és bom e generoso;
ensina-me as tuas leis.

Que a tua bondade me sirva de conforto,
conforme o que prometeste ao teu servo.
Mostra-me a tua misericórdia e viverei
porque a tua lei faz as minhas delícias.

Jamais esquecerei os teus preceitos,
pois é por eles que me dás a vida.
Eu sou Teu: salva-me,
pois sempre tenho seguido os teus preceitos.



Evangelho segundo S. Lucas 12,54-59.

Naquele tempo, dizia Jesus Cristo à multidão: «Quando vedes uma nuvem levantar-se do poente, dizeis logo: 'Vem lá a chuva' e assim sucede.
E quando sopra o vento sul, dizeis: 'Vai haver muito calor' e assim acontece.

Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da Terra e do céu; como é que não sabeis reconhecer o tempo presente?»
«Porque não julgais por vós mesmos, o que é justo?
Por isso, quando fores com o teu adversário ao magistrado, procura resolver o assunto no caminho, não vá ele entregar-te ao juiz, o juiz entregar-te ao oficial de justiça e o oficial de justiça meter-te na prisão.
Digo-te que não sairás de lá, antes de pagares até ao último centavo.»


Beato João Paulo II
Carta apostólica «Novo millennio innuente» § 33 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

Reconhecer o tempo presente

Não será porventura um sinal dos tempos que se verifique hoje, não obstante os vastos processos de secularização, uma generalizada exigência de espiritualidade, que em grande parte se exprime precisamente numa renovada carência de oração? Também as outras religiões, já largamente presentes nos países de antiga cristianização, oferecem as suas respostas a tal necessidade, chegando às vezes a fazê-lo com modalidades cativantes. Nós que temos a graça de acreditar em Jesus Cristo, revelador do Pai e Salvador do mundo, temos obrigação de mostrar a profundidade a que pode levar o relacionamento com Ele.

A grande tradição mística da Igreja, tanto no Oriente como no Ocidente, é bem elucidativa a tal respeito, mostrando como a oração pode progredir, sob a forma dum verdadeiro e próprio diálogo de amor até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo Ser divino, sensível ao toque do Espírito, abandonada filialmente no coração do Pai. Experimenta-se então ao vivo a promessa de Jesus Cristo: «Aquele que Me ama será amado por Meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele» (Jo 14,21). […]

As nossas comunidades, amados irmãos e irmãs, devem tornar-se autênticas escolas de oração, onde o encontro com Jesus Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em acção de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afectos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado. Uma oração intensa, mas sem se afastar do compromisso na história: ao abrir o coração ao amor de Deus, aquela abre-o também ao amor dos irmãos, tornando-nos capazes de construir a história segundo o desígnio de Deus.



Carta aos Romanos 8,1-11.

Irmãos: Portanto, agora não há mais condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus.
É que a lei do Espírito que dá a vida libertou-te, em Cristo Jesus, da lei do pecado e da morte.
De facto, Deus fez o que era impossível à Lei, por estar sujeita à fraqueza da carne: ao enviar o seu próprio Filho, em carne idêntica à do pecado e como sacrifício de expiação pelo pecado, condenou o pecado na carne
para que assim a justiça exigida pela Lei possa ser plenamente cumprida em nós que já não procedemos de acordo com a carne, mas com o Espírito.
Os que vivem de acordo com a carne aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito aspiram às coisas do Espírito.
De facto, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito aspira ao que dá vida e paz.
É que a carne aspira à inimizade com Deus, uma vez que não se submete à lei de Deus; aliás nem sequer é capaz disso.
Os que vivem sob o domínio da carne são incapazes de agradar a Deus.
Ora vós não estais sob o domínio da carne, mas sob o domínio do Espírito, pressupondo que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Jesus Cristo, esse não lhe pertence.
Se Jesus Cristo está em vós, o vosso corpo está morto por causa do pecado, mas o Espírito é a vossa vida por causa da justiça.
E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que habita em vós.


Livro de Salmos 24(23),1-2.3-4ab.5-6.

Ao Senhor pertence a Terra e o que nela existe,
o mundo inteiro e os que nele habitam,
pois Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre os abismos.

Quem poderá subir à montanha do Senhor
e apresentar-se no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração limpo, o que não ergue o espírito para as coisas vãs, nem jura pelo que é falso.
Este há-de receber a bênção do Senhor
e a recompensa de Deus, seu salvador.

Esta é a geração dos que O procuram,
dos que buscam o Deus de Jacob.



Evangelho segundo S. Lucas 13,1-9.

Naquele tempo, apareceram alguns a contar a Jesus Cristo, dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam.
Respondeu-lhes: «Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus por terem assim sofrido?
Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente (então a diferença está se converter, isto é, em praticar apenas o bem ou não se converter).
E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé, matando-os, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém?
Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.»
Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou.
Disse ao encarregado da vinha: 'Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?'
Mas ele respondeu: 'Senhor, deixa-a mais este ano para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume.
Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la.'»


São Cipriano (c. 200-258), Bispo de Cartago e mártir Dos benefícios da paciência, 3-5; PL 4, 624-625 (a partir da trad. de Orval)


Imitar a paciência de Deus

Como é grande a paciência de Deus! [...] Ele faz com que o dia nasça e com que o sol se levante tanto para os bons como para os maus (Mt 5,45); Ele rega a terra com as chuvas e ninguém fica excluído da Sua benevolência, uma vez que a água é dada indistintamente aos justos e aos injustos. Vemo-l'O agir com igual paciência para com os culpados e para com os inocentes, os fiéis e os ímpios, aqueles que Lhe agradecem e os ingratos. Para todos eles os tempos obedecem à voz de Deus, os elementos colocam-se ao Seu serviço, os ventos sopram, manam as fontes, as colheitas aumentam de abundância, a uva amadurece, as árvores carregam-se de frutos, as florestas reverdecem e os prados cobrem-se de flores. [...] E embora Ele tenha o poder de Se vingar, prefere esperar muito tempo com paciência e aguarda e adia com bondade para que, se for possível, a malícia se esbata com o tempo e o homem [...] se volte enfim para Deus, segundo o que Ele mesmo nos diz: «Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão a fim de que tenha a vida» (Ez 33,11). E ainda: «Voltai-vos para Mim, regressai para o Senhor vosso Deus porque Ele é misericordioso, bom, paciente e compassivo» (Jl 2,13). […]

Ora Jesus Cristo diz-nos: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (Mt 5,48). Por estas palavras Ele nos indica que, sendo filhos de Deus e regenerados por um nascimento celeste, atingimos o cume da perfeição quando a paciência de Deus (e do) Pai permanece em nós e a semelhança divina, perdida pelo pecado de Adão, se manifesta e brilha nos nossos actos. Que grande glória a nossa, a de nos assemelharmos a Deus, que grande felicidade, termos essa virtude digna dos louvores divinos!



Livro de Êxodo 22,20-26.

Eis o que diz o Senhor: «Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás porque foste estrangeiro residente na terra do Egipto.
Não maltratarás nenhuma viúva nem nenhum órfão.
Se tu o maltratares e se ele clamar a mim, hei-de ouvir o seu clamor;
a minha ira inflamar-se-á e matar-vos-ei à espada e as vossas mulheres ficarão viúvas e os vossos filhos ficarão órfãos.
Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao indigente que está contigo, não serás para ele como um usurário: não lhe imporás juros.
Se penhorares o manto do teu próximo, devolver-lho-ás até ao pôr-do-sol
porque a capa é tudo o que ele tem para cobrir a pele. Com que é que ele se deitaria? E se vier a clamar a mim, ouvi-lo-ei porque Eu sou misericordioso.


Livro de Salmos 18(17),2-3a.3bc-4.47.51a-51b.

Eu te amo, ó SENHOR, minha força.
minha fortaleza e protecção;
Meu Deus, abrigo em que me refugio,
meu escudo, o meu baluarte de defesa.

Na minha aflição invoquei o Senhor,
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos

Viva o SENHOR! Bendito seja o meu protector;
Glorificado seja o Deus que é a minha salvação.
Deus dá grandes vitórias ao seu rei
e usa de bondade com o seu Ungido.



1ª Carta aos Tessalonicenses 1,5c-10.

Irmãos: Vós sabeis como estivemos entre vós para vosso bem.
Vós fizestes-vos imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em plena tribulação com a alegria do Espírito Santo,
tendo-vos assim tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia.
Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso.
De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus para servirdes o Deus vivo e verdadeiro
e para aguardardes do Céu o seu Filho que Ele ressuscitou de entre os mortos, Jesus Cristo, que nos livra da ira que está para vir.



Evangelho segundo S. Mateus 22,34-40.

Naquele tempo, os fariseus ouvindo dizer que Jesus Cristo reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo.
E um deles que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?»
Jesus Cristo disse-lhe: Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»


São Roberto Belarmino (1542-1621), jesuíta, bispo e Doutor da Igreja A ascensão da alma para Deus, 1


«Qual é o maior mandamento?»

O que ordenas, Senhor, aos Teus servos? «Tomai sobre vós o Meu jugo» respondes Tu. E como é o Teu jugo? «O Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.» Por conseguinte quem não deseja levar de boa vontade um jugo que não oprime, mas que incentiva; uma carga que não esmaga, mas que consola? Tu acrescentaste, precisamente: «E encontrareis descanso» (Mt 11,29). E qual é o Teu jugo que não cansa, mas dá descanso? É o primeiro e o maior dos mandamentos: «Amarás ao Senhor, teu Deus com todo o teu coração». O que há de mais fácil, de mais agradável, de mais doce que amar a bondade, a beleza, o amor que Tu és inteiramente, Senhor, meu Deus?

Além disso, não prometeste uma recompensa aos que seguissem os Teus mandamentos «mais desejáveis que o ouro e mais doces que o mel»? (Sl 18,11) Sim, prometeste exactamente uma recompensa e uma recompensa infinita como disse o Teu apóstolo São Tiago: «receberá a coroa da Vida que o Senhor prometeu aos que O amam» (Tg 1,12). [...] E diz São Paulo, inspirando-se em Isaías: «O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que O amam» (1Co 2,9).

Na realidade, «há grande benefício em guardar os Teus mandamentos». Não só o primeiro e o maior dos mandamentos beneficia quem o cumpre e não apenas a Deus que o estabeleceu; também os outros mandamentos aperfeiçoam o homem que os observa, fortificam-no, educam-no, valorizam-no e, por último, tornam-no bom e feliz. Se fores sensato, compreenderás que foste criado para glória de Deus e para a tua salvação eterna que é esse o teu fim, o centro da tua alma, o tesouro do teu coração. Se chegares a esse resultado, serás feliz; se não, serás infeliz.



Carta aos Romanos 8,12-17.

Portanto, irmãos, somos devedores, mas não à carne para vivermos de acordo com a carne.
É que, se viverdes de acordo com a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis.
De facto, todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus.
Vós não recebestes um Espírito que vos escravize e volte a encher-vos de medo; mas recebestes um Espírito que faz de vós filhos adoptivos. É por Ele que clamamos: Abbá, ó Pai!
Esse mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.
Ora se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Jesus Cristo, pressupondo que com Ele sofremos para também com Ele sermos glorificados.


Livro de Salmos 68(67),2.4.6-7ab.20-21.

Levanta-se Deus, os seus inimigos dispersam-se
e fogem diante d'Ele os que O odeiam.
Mas os justos alegram-se
e rejubilam diante de Deus
exultam de alegria.

Ele é pai dos órfãos e defensor das viúvas,
o Deus que habita no seu santo templo.
Deus prepara uma casa para os desamparados
e liberta aqueles que estão prisioneiros.

Bendito seja o Senhor, dia após dia;
Ele cuida de nós; Ele é o Deus da nossa salvação.
Ele é o nosso Deus, é um Deus que salva.
Na verdade, o Senhor Deus é aquele que nos livra da morte.



Evangelho segundo S. Lucas 13,10-17.

Naquele tempo, estava Jesus Cristo a ensinar ao sábado numa sinagoga.
Estava lá certa mulher doente por causa de um espírito, há dezoito anos: andava curvada e não podia endireitar-se completamente.
Ao vê-la, Jesus Cristo chamou-a e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua enfermidade.»
E impôs-lhe as mãos. No mesmo instante, ela endireitou-se e começou a dar glória a Deus.
Mas o chefe da sinagoga, indignado por ver que Jesus Cristo fazia uma cura ao sábado, disse à multidão: «Seis dias há, durante os quais se deve trabalhar. Vinde, pois, nesses dias, para serdes curados e não em dia de sábado.»
Replicou-lhe o Senhor: «Hipócritas, não solta cada um de vós, ao sábado, o seu boi ou o seu jumento da manjedoura e o leva a beber?
E esta mulher que é filha de Abraão, presa por Satanás há dezoito anos, não devia libertar-se desse laço a um sábado?»
Dizendo isto, todos os seus adversários ficaram envergonhados e a multidão alegrava-se com todas as maravilhas que Ele realizava.


São Gregório Magno (c. 540-604), papa e Doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho, n°31


«Mulher, estás livre da tua enfermidade»

«Um dia de sábado, ensinava Jesus Cristo numa sinagoga. Estava lá certa mulher doente por causa de um espírito, há dezoito anos: andava curvada e não podia endireitar-se completamente.» [...] O pecador, preocupado com as coisas da Terra e não procurando as do Céu, torna-se incapaz de olhar para o alto: ao seguir os desejos que o conduzem para baixo, a sua alma, perdendo a rectidão, curva-se e apenas vê aquilo em que pensa incessantemente. Voltai para dentro do vosso coração, irmãos muito estimados, e examinai continuamente os pensamentos que não cessam de agitar o vosso espírito. Um pensa nas honras, outro no dinheiro, outra ainda em aumentar as suas propriedades. Todas essas coisas são inferiores e, quando o espírito investe nisso, altera-se, perdendo a sua rectidão. E porque não se engrandece para desejar os bens do alto, está como esta mulher curvada que não consegue absolutamente olhar para cima. […]

Efectivamente o salmista descreveu bem a nossa curvatura quando disse de si próprio como símbolo de todo o género humano: «Ando cabisbaixo e profundamente abatido» (Sl 37,7). Considerava que o homem, tendo sido criado para contemplar a luz do alto, fora expulso do paraíso devido aos seus pecados e que, consequentemente, as trevas reinavam na sua alma, fazendo-o perder o apetite das coisas do alto e arrastando toda a sua atenção para as inferiores. [...] Se o homem que perdeu de vista as coisas do Céu, pensasse apenas nas necessidades deste mundo, seria sem dúvida curvado e humilhado, mas não «em excesso». Ora como não é só a necessidade que faz descer os seus pensamentos [...], mas também o prazer proibido que o esmaga, não fica somente curvado, mas «curvado em excesso».



Carta aos Romanos 8,18-25.

Irmãos: Estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós,
pois até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus.
De facto, a criação foi sujeita à destruição não voluntariamente, mas por disposição daquele que a sujeitou na esperança
de que também ela será libertada da escravidão da corrupção para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus.
Bem sabemos como toda a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente.
Não só ela. Também nós que possuímos as primícias do Espírito, nós próprios gememos no nosso íntimo, aguardando a adopção filial, a libertação do nosso corpo.
De facto, foi na esperança que fomos salvos. Ora uma esperança naquilo que se vê não é esperança. Quem é que vai esperar aquilo que já está a ver?
Mas, se é o que não vemos que esperamos, então é com paciência que o temos de aguardar.


Livro de Salmos 126(125),1-2ab.2cd-3.4-5.6.

Quando o Senhor mudou o destino de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
A nossa boca encheu-se de sorrisos
e a nossa língua de canções.

Dizia-se então entre os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas!»
Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas;
por isso, exultamos de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos
como as torrentes do deserto.
Aqueles que semeiam com lágrimas,
vão recolher com alegria.

À ida vão a chorar,
carregando e lançando as sementes;
no regresso cantam de alegria,
transportando os feixes de espigas.



Evangelho segundo S. Lucas 13,18-21.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo: «A que é semelhante o Reino de Deus e a que posso compará-lo?
É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e deitou no seu quintal. Cresceu, tornou-se uma árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos.»
Disse ainda: «A que posso comparar o Reino de Deus?
É semelhante ao fermento que certa mulher tomou e misturou com três medidas de farinha até ficar levedada toda a massa.»


Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão e Doutor da Igreja Comentário sobre o Evangelho de Lucas


O grão de mostarda

Vejamos porque é o reino de Deus comparado a um grão de mostarda. Lembro-me doutra passagem que evoca o grão de mostarda; ele é comparado com a fé quando o Senhor diz: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: 'Muda-te daqui para acolá' e ele há-de mudar-se» (Mt 17,19). [...] Se, portanto, o Reino dos céus é como um grão de mostarda e a fé também é como um grão de mostarda, a fé é seguramente o Reino dos céus e o Reino dos céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos céus. [...] Foi por isso que Pedro, que tinha realmente fé, recebeu as chaves do Reino dos céus: para o poder abrir também aos outros (Mt 16,19).

Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma coisa comum e simples, mas, se o trituramos, ele irradia a sua força. Do mesmo modo, à primeira vista, a fé parece ser simples mas, tocada pela adversidade, ela irradia a sua força. [...] Os nossos mártires Félix, Nabor e Victor foram grãos de mostarda: tinham o perfume da fé, mas eram ignorados. Chegada a perseguição, depuseram as armas, estenderam o pescoço e, abatidos pelo gládio, espalharam a beleza do seu martírio «até aos confins da Terra» (Sl 18,5). […]

Mas o próprio Senhor é um grão de mostarda: até ter sofrido ataques, o povo não O conhecia; escolheu ser triturado [...]; escolheu ser esmagado, embora Pedro Lhe dissesse: «é a multidão que te aperta e empurra» (Lc 8,45); Ele escolheu ser semeado como o grão «que um homem tomou e deitou no seu quintal», pois foi num jardim que Jesus Cristo foi preso e enterrado; Ele cresceu nesse jardim e foi lá que ressuscitou. [...] Portanto, vós também, semeai Jesus Cristo no vosso jardim. [...] Semeai o Senhor Jesus Cristo: Ele é grão quando é preso, árvore quando ressuscita, árvore que dá sombra ao mundo; Ele é grão quando é enterrado na terra, árvore quando Se eleva ao céu.
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