Prezados amigos
Toda a equipa de Evangelho Quotidiano vos deseja SANTAS FESTAS PASCAIS!
Vimos Jesus Cristo ser
aclamado no domingo de Ramos, depois sofrer durante a Semana Santa. Ele, que
é o Caminho e a Verdade, o Amor Incarnado, foi
condenado de forma totalmente injusta por faltas que não tinha cometido,
tratado como perigoso malfeitor. Ele sofreu até à morte com paciência e
mansidão, apesar do desencadear de violência que o rodeava. Se seguirmos o
seu exemplo, se aceitarmos com paciência e coragem sofrer com Jesus Cristo,
ressuscitaremos com Ele.
Tal como o Cireneu estava a seu lado para o ajudar a
levar a cruz, Jesus Cristo está sempre a nosso lado para nos apoiar nas
provações. Simão representa toda a humanidade e, durante alguns metros na Via
Dolorosa, Jesus Cristo e a humanidade sofreram juntos, ombro a ombro. Hoje
ainda, todos os dias da nossa vida e até ao fim do mundo, Jesus Cristo está
connosco, ombro a ombro, para nos apoiar e nos conduzir no caminho da
Bem-aventurança eterna. Tenhamos a audácia e a simplicidade de repousarmos
n’Ele, nosso irmão, quando a cruz se tornar pesada. Ele nos devolverá a força
de prosseguirmos o nosso caminho com alegria.
Que a Virgem Santa Maria nos faça participar
plenamente nesta grande alegria da Páscoa que é um aperitivo do céu.
A equipa de Evangelho
Quotidiano em língua portuguesa (um serviço evangelizo.org)
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida
eterna". João 6, 68
Para nos contactar
Domingo,
dia 25 de Março de 2018
DOMINGO DE RAMOS E DA
PAIXÃO DO SENHOR
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo para que eu
saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs,
Ele desperta os meus ouvidos para eu escutar como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a
barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e, por isso, não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido.
Livro de Salmos 22(21),8-9.17-18a.19-20.23-24.
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo».
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós que adorais o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
Carta aos Filipenses 2,6-11.
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua
igualdade com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servidor, tornou-Se
semelhante aos homens. Aparecendo como homem,
humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na Terra e nos abismos
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai.
Evangelho segundo São Marcos 14,1-72.15,1-47.
Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos e os
príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam maneira de se apoderarem de
Jesus Cristo à traição, para Lhe darem a morte.
Mas diziam: «Durante a festa, não, para que não haja algum tumulto entre o
povo».
Jesus Cristo encontrava-Se em Betânia, em casa de Simão, o Leproso e, estando
à mesa, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo
puro de alto preço. Partiu o vaso de alabastro e derramou-o sobre a cabeça de
Jesus Cristo.
Alguns indignaram-se e diziam entre si: «Para que foi esse desperdício de
perfume?
Podia vender-se por mais de duzentos denários e dar o dinheiro aos pobres». E
censuravam a mulher com aspereza.
Mas Jesus Cristo disse: «Deixai-a. Porque estais a importuná-la? Ela fez uma
boa acção para comigo.
Na verdade, sempre tereis os pobres convosco e, quando quiserdes, podereis
fazer-lhes bem; mas a Mim, nem sempre Me tereis.
Ela fez o que estava ao seu alcance: ungiu de antemão o meu corpo para a
sepultura.
Em verdade vos digo: Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo
inteiro, dir-se-á também em sua memória o que ela fez».
Então Judas Iscariotes, um dos Doze, (o homem do saco, isto é, o
administrador dos bens da comunidade) foi ter com os príncipes dos sacerdotes
para lhes entregar Jesus Cristo.
Quando o ouviram, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava
uma oportunidade para entregar Jesus Cristo.
No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os
discípulos perguntaram a Jesus Cristo: «Onde queres que façamos os
preparativos para comer a Páscoa?».
Jesus Cristo enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade. Virá ao
vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o
e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: «O Mestre pergunta: Onde está a
sala, em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?».
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta.
Preparai-nos lá o que é preciso».
Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus Cristo lhes
tinha dito e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, chegou Jesus Cristo com os Doze.
Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus Cristo disse: «Em verdade vos digo:
Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro: «Serei eu?».
Jesus Cristo respondeu-lhes: «É um dos Doze que mete comigo a mão no prato.
O Filho do homem vai partir, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele
por quem o Filho do homem vai ser traído! Teria sido melhor para esse homem
não ter nascido».
Enquanto comiam, Jesus Cristo tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o
aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu Corpo».
Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele.
Disse Jesus Cristo: «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens.
Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira até ao dia em
que beberei do vinho novo no reino de Deus».
Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.
Disse-lhes Jesus Cristo: «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.
Mas depois de ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia».
Disse-Lhe Pedro: «Embora todos Te abandonem, eu não».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje, esta mesma noite,
antes de o galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás»
Mas Pedro continuava a insistir: «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te
negarei». E todos afirmaram o mesmo.
Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani e Jesus Cristo disse
aos seus discípulos:
«Ficai aqui, enquanto Eu vou orar». Tomou consigo Pedro, Tiago e João e
começou a sentir pavor e angústia. Disse-lhes então:
«A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai».
Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se fosse possível, se
afastasse d’Ele aquela hora. Jesus Cristo dizia:
«Abbá, Pai, tudo Te é possível: afasta de Mim este cálice. Contudo, não se
faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».
Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
«Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora?
Vigiai e orai para não entrardes em tentação. O espírito está pronto, mas a
carne é fraca».
Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
Voltou novamente e encontrou-os a dormir porque tinham os olhos pesados e não
sabiam que responder.
Jesus Cristo voltou pela terceira vez e disse-lhes: «Dormi agora e
descansai... Chegou a hora: o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos
pecadores.
Levantai-vos. Vamos. Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
Ainda Jesus Cristo estava a falar quando apareceu Judas, um dos Doze e com
ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos
sacerdotes, pelos escribas e os anciãos.
O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-O e levai-O bem seguro».
Logo que chegou, aproximou-se de Jesus Cristo e beijou-O, dizendo: «Mestre».
Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.
Um dos presentes puxou da espada e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe uma orelha.
Jesus Cristo tomou a palavra e disse-lhes: «Vós saístes com espadas e
varapaus para Me prender como se fosse um salteador.
Todos os dias, Eu estava no meio de vós, a ensinar no templo e não Me
prendestes! Mas é para se cumprirem as Escrituras».
Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.
Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol. Agarraram-no,
mas ele, largando o lençol, fugiu nu.
Levaram então Jesus Cristo à presença do sumo sacerdote, onde se reuniram
todos os príncipes dos sacerdotes, os anciãos e os escribas.
Pedro, que O seguira de longe, até ao interior do palácio do sumo sacerdote,
estava sentado com os guardas a aquecer-se ao lume.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um
testemunho contra Jesus Cristo para Lhe dar a morte, mas não o encontravam.
Muitos testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram
concordes.
Levantaram-se então alguns, para proferir contra Ele este falso testemunho:
«Ouvimo-l’O dizer: ‘Destruirei este templo feito pelos homens e em três dias
construirei outro que não será feito pelos homens’».
Mas nem assim o depoimento deles era concorde.
Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus Cristo:
«Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?».
Mas Jesus Cristo continuava calado e nada respondeu. O sumo sacerdote voltou
a interrogá-l’O: «És Tu o Messias, Filho do Deus bendito?».
Jesus Cristo respondeu: «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem sentado à
direita do Todo-poderoso vir sobre as nuvens do céu»
O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse: «Que necessidade temos ainda de
testemunhas?
Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?». Todos sentenciaram que Jesus Cristo era
réu de morte.
Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe, a tapar-Lhe o rosto com um véu e a
dar-Lhe punhadas, dizendo: «Adivinha». E os guardas davam-Lhe bofetadas.
Pedro estava em baixo, no pátio, quando chegou uma das criadas do sumo
sacerdote.
Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe: «Tu também estavas com
Jesus, de Nazaré».
Mas ele negou: «Não sei nem entendo o que dizes». Depois saiu para o
vestíbulo e o galo cantou.
A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: «Este é um deles».
Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
«Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço esse homem de
quem falais».
E logo o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro lembrou-se do que Jesus Cristo
lhe tinha dito: «Antes de o galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás». E
desatou a chorar.
Logo de manhã, os sumos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e
os doutores da Lei e todo o Sinédrio e, tendo manietado Jesus Cristo,
levaram-no e entregaram-no a Pilatos.
Perguntou-lhe Pilatos: «És Tu o rei dos Judeus?» Jesus Cristo respondeu-lhe:
«Tu o dizes.»
Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas.
Pilatos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de quantas
coisas és acusado!»
Mas Jesus Cristo nada mais respondeu, de modo que Pilatos estava estupefacto.
Ora em cada festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso que eles pedissem.
Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que tinham cometido um
assassínio durante a revolta.
A multidão chegou e começou a pedir-lhe o que ele costumava conceder.
Pilatos, respondendo, disse: «Quereis que vos solte o rei dos judeus?»
Porque sabia que era por inveja que os sumos sacerdotes o tinham entregado.
Os sumos sacerdotes, porém instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse,
de preferência, Barrabás.
Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça
daquele a quem chamais rei dos judeus?»
Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!»
Pilatos insistiu: «Que fez Ele de mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!»
Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de
mandar flagelar Jesus Cristo, entregou-o para ser crucificado.
Os soldados levaram-no para dentro do pátio, isto é, para o pretório e
convocaram toda a corte.
Revestiram-n’O com um manto de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de
espinhos que haviam tecido.
Depois começaram a saudá-l’O: «Salve, Rei dos judeus!».
Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos,
prostravam-se diante d’Ele.
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe
as suas roupas. Em seguida, levaram-n’O dali para O crucificarem.
Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que passava por ali ao regressar
dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo.
E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer 'lugar do Crânio’.
Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber.
Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à
sorte, para ver o que cabia a cada um.
Eram umas nove horas da manhã, quando o crucificaram.
Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.»
Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda.
Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os
malfeitores.
Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que
destrói o templo e o reconstrói em três dias!
Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!»
Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam dele entre
si: «Salvou os outros, mas não pode salvar-se a si mesmo!
O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e acreditarmos!»
Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.
Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde.
E às três da tarde, Jesus Cristo exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá
sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?
Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!»
Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe
de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.»
Mas Jesus Cristo, com um grito forte, expirou.
E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo.
O centurião que estava em frente dele, ao vê-lo expirar daquela maneira,
disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!»
Também ali estavam algumas mulheres a contemplar de longe; entre elas, Maria
de Magdala, Maria, mãe de Tiago Menor e de José e Salomé,
que o seguiam e serviam quando Ele estava na Galileia e muitas outras que
tinham subido com Ele a Jerusalém.
Ao cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é, véspera do sábado,
José de Arimateia, respeitável membro do Conselho que também esperava o Reino
de Deus, foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus
Cristo.
Pilatos espantou-se por Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião,
perguntou-lhe se já tinha morrido há muito.
Informado pelo centurião, Pilatos ordenou que o corpo fosse entregue a José.
Este, depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele.
Em seguida, depositou-o num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra sobre
a entrada do sepulcro.
Maria de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde o depositaram.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo André de Creta (660-740),
monge, bispo
Sermão para os Ramos; PG 97, 1002
«Hossana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor, o Rei de
Israel!» (Jo 12,13)
Coragem, filha
de Sião, não temas: «Eis que o teu Rei vem a ti: Ele é justo e vitorioso e
vem humilde, montado num jumento, sobre um jumentinho, filho de uma jumenta»
(Zac 9,9). Ele vem, Aquele que está em toda a parte e que enche o universo,
Ele avança para realizar em ti a salvação de todos. Ele vem, Aquele que não
veio chamar os justos, mas os pecadores (Lc 5,32), para fazer sair do pecado
os que nele se extraviaram. Não temas, pois: «Deus está no meio de ti, tu és
inabalável» (Sl 45,6). Acolhe, de mãos erguidas, Aquele cujas mãos desenharam
as tuas muralhas. Acolhe Aquele que aceitou em Si mesmo tudo aquilo que é
nosso, à excepção do pecado, para nos assumir nele. [...] Rejubila, filha de
Jerusalém, canta e dança de alegria. [...] «Levanta-te e resplandece, chegou
a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre ti!» (Is 60,1)
Que luz é esta? É a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo (Jo
1,9): é a luz eterna [...] que
apareceu no tempo; luz que Se manifestou na carne e que Se encontra oculta
por esta natureza humana; a luz que envolveu os pastores e conduziu os magos;
a luz que estava no mundo desde o princípio, pela qual o mundo foi feito, mas
que o mundo não conheceu; a luz que veio aos seus, mas que os seus não
receberam (Jo 1,10-11).
E o que é a glória do Senhor? É sem dúvida nenhuma a cruz sobre a qual Jesus Cristo foi glorificado, Ele, o esplendor
da glória do Pai. Ele mesmo o dissera, ao aproximar-se a sua Paixão: «Agora
foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado Nele [...] e
glorificá-Lo-á sem demora» (Jo 13,31-32). A glória de que aqui se fala é a
sua subida à cruz. Sim, a cruz é a glória de Jesus Cristo e a sua exaltação,
como Ele próprio disse: «E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos
a Mim» (Jo 12,32).
Segunda-feira,
dia 26 de Março de 2018
Segunda-feira DA
SEMANA SANTA
Diz o Senhor: «Eis o meu servidor, a quem Eu protejo, o meu
eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para
que leve a justiça às nações.
Não gritará nem levantará a voz nem se fará ouvir nas praças;
não quebrará a cana fendida nem apagará a torcida que ainda fumega:
proclamará fielmente a justiça.
Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na Terra,
a doutrina que as ilhas longínquas esperam.
Assim fala o Senhor Deus que criou e estendeu os céus, consolidou a terra e
o que ela produz, dá vida ao povo que a habita e respiração aos que sobre
ela caminham:
Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão,
formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações
para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da
prisão os que habitam nas trevas».
Livro de Salmos 27(26),1.2.3.13-14.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
Quando os malvados me assaltaram
para devorar a minha carne,
foram eles, meus inimigos e adversários
que vacilaram e caíram.
Se um exército me vier cercar,
o meu coração não temerá.
Se contra mim travarem batalha,
mesmo assim terei confiança.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.
Evangelho segundo São João 12,1-11.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus Cristo foi a Betânia, onde
vivia Lázaro que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que
estavam à mesa com Jesus Cristo.
Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu
os pés de Jesus Cristo e enxugou-Lhos com os cabelos e a casa encheu-se com
o perfume do bálsamo.
Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, (o administrador do
dinheiro da comunidade) aquele que havia de entregar Jesus Cristo:
«Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos
pobres?»
Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa comum, tirava o que nela se
lançava.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume
para o dia da minha sepultura.
Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis».
Soube então grande número de judeus que Jesus Cristo Se encontrava ali e
vieram, não só por causa de Jesus Cristo, mas também para verem Lázaro que
Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro
porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus
Cristo.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
10.º sermão sobre o Cântico dos Cânticos
«A casa encheu-se com o perfume do bálsamo»
«O aroma dos
teus perfumes é requintado», lê-se no Cântico dos Cânticos (1,3). Distingo
ali várias espécies [...]: o perfume da contrição, o da piedade
e o da compaixão. [...] Há, pois
um primeiro perfume que a alma compõe para seu próprio uso quando, apanhada
numa rede de numerosas faltas, começa a reflectir sobre o seu passado. Reúne
então, no cadinho da sua consciência, para os juntar e esmagar, os
múltiplos pecados que cometeu e, na fornalha do seu amor ardente, fá-los
cozer no fogo da penitência e da dor. [...] É com este perfume que a alma
pecadora deve cobrir os inícios da sua conversão e ungir as chagas recentes
porque o primeiro sacrifício que se há-de oferecer a Deus é o de um coração arrependido. Enquanto a
alma, pobre e miserável, não possuir com que compor um unguento mais
precioso, não deve neglicenciar preparar aquele, ainda que o faça com vis
matérias-primas. Pois Deus não desprezará um coração que se humilha na
contrição (Sl 50,19). [...]
Aliás, esse perfume invisível e espiritual não poderá parecer-nos de fraca
qualidade, se compreendermos que ele é simbolizado pelo perfume que,
segundo o Evangelho, a pecadora deitou sobre os pés do Senhor. Com efeito,
lemos que «a casa encheu-se com o perfume do bálsamo». [...] Lembremo-nos
do perfume que invade toda a Igreja no momento da conversão de um único
pecador; todo o penitente que se arrepende torna-se para a multidão como
que um odor de vida que a desperta. O aroma da penitência sobe até às
moradas celestes, uma vez que, segundo a Escritura, o arrependimento de um
só pecador é uma grande alegria para os anjos de Deus (Lc 15,10).
Terça-feira,
dia 27 de Março de 2018
Terça-feira DA
SEMANA SANTA
Santo do dia : Santo
Alberto Chmielowski, religioso, fundador, +1916, São
João do Egipto, eremita, +374, São
João Damasceno, presbítero, Doutor da Igreja, +749, Santo
Alexandre, patriarca de Alexandria, +326
Livro de Isaías 49,1-6.
Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai
atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome
desde o seio de minha mãe.
Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão.
Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava.
E disse-me: «Tu és o meu servidor, Israel, por quem manifestarei a minha
glória».
E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas
forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no
meu Deus.
E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para
fazer de mim o seu servidor, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir
Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a
minha força.
Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servidor para restaurares as
tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de
ti a luz das nações para que a minha salvação chegue até aos confins da Terra».
Livro de Salmos 71(70),1-2.3-4a.5-6ab.15.17.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector.
A minha boca proclama a Vossa justiça
todos os dias, a Vossa salvação que é incontável.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
Evangelho segundo São João 13,21-33.36-38.
Naquele tempo, estando Jesus Cristo à mesa com os discípulos,
sentiu-Se intimamente perturbado e declarou: «Em verdade, em verdade vos
digo: Um de vós Me entregará».
Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem de quem falava.
Um dos discípulos, o predilecto de Jesus Cristo, estava à mesa, mesmo a
seu lado.
Simão Pedro fez-lhe sinal e disse: «Pergunta-Lhe a quem Se refere».
Ele inclinou-Se sobre o peito de Jesus Cristo e perguntou-Lhe: «Quem é,
Senhor?»
Jesus Cristo respondeu: «É aquele a quem vou dar este bocado de pão
molhado». E, molhando o pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão.
Naquele momento, depois de engolir o pão, Satanás entrou nele. Disse-lhe
Jesus Cristo: «O que tens a fazer, fá-lo depressa».
Mas nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque lhe disse tal coisa.
Como Judas era quem tinha a bolsa
comum, alguns pensavam que Jesus Cristo lhe tinha dito: «Vai comprar
o que precisamos para a festa»; ou então, que desse alguma esmola aos
pobres.
Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite.
Depois de ele sair, Jesus Cristo disse: «Agora foi glorificado o Filho do
homem e Deus foi glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e
glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo
que ainda estou convosco. Haveis de procurar-Me e assim como disse aos
judeus, também agora vos digo: não podeis ir para onde Eu vou»
Perguntou-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?». Jesus Cristo respondeu:
«Para onde Eu vou, não podes tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás
depois».
Disse-Lhe Pedro: «Senhor, por que motivo não posso seguir-Te agora? Eu
darei a vida por Ti».
Disse-Lhe Jesus Cristo: «Darás a vida por Mim? Em verdade, em verdade te
digo: Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Leão Magno (?-c. 461), Papa,
doutor da Igreja
Sermão 58, 7.º sobre a Paixão, §§ 3-4; SC 74 bis
««Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi
glorificado nele.»
Quando o
Senhor declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me
entregará», demonstrou que era capaz de penetrar na consciência daquele
que ia traí-lo. Sem contrariar o malfeitor com censuras severas e
públicas, procurou chegar a ele com uma advertência terna e velada, para
que o arrependimento pudesse corrigir aquele que não fora destituído por
qualquer interdito.
Porque será, infeliz Judas, que não aproveitas toda esta bondade? Não vês
que o Senhor está disposto a perdoar esse teu acto, que Jesus Cristo não
te denuncia a ninguém, a não ser a ti próprio? Nem o teu nome nem a tua
pessoa são indicados, mas por esta palavra de verdade e de misericórdia é
tocado o segredo do teu coração. Nem a honra do teu título de apóstolo
nem a participação no sacramento te são recusadas. Volta atrás, abandona
essa loucura e arrepende-te. Convida-te a suavidade, incita-te a
salvação, chama-te a Vida. Vê como os teus companheiros, que são puros e
sem pecados, se perturbam ao ouvirem anunciar o crime e, como o autor de
semelhante mal não foi revelado, cada um deles teme por si. Deixam-se,
pois, invadir pela tristeza, não porque o coração os acuse, mas porque os
preocupa a inconstância humana: duvidam de que aquilo que cada um deles
sabe sobre si próprio seja menos verdadeiro de que aquilo que a própria Verdade
vê antecipadamente. E tu, no meio desta angústia dos santos, abusas da
paciência do Senhor, considerando que estás protegido pela tua audácia.
[...]
Vendo que o pensamento de Judas estava fixado no seu miserável projecto,
o Senhor diz-lhe: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». Ao falar deste
modo, não está a dar uma ordem, mas a permitir que Judas faça o que
decidiu; não é uma palavra de quem treme, mas de quem está pronto. Ele
que tem o tempo sob o seu poder mostra que não está preocupado em atrasar
o traidor, mas que avança para o cumprimento da vontade de seu Pai, com
vista à redenção do mundo, sem provocar nem temer o crime que os seus
perseguidores preparam.
Quarta-feira,
dia 28 de Março de 2018
Quarta-feira DA
SEMANA SANTA
Santo do dia : São
Sisto III, Papa, +440, Santa
Gisela, rainha, abadessa, +1065, São
Gontrão, rei e confessor, +514
Livro de Isaías 50,4-9a.
O Senhor deu-me a
graça de falar como um discípulo para que eu saiba dizer uma palavra de
alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs, Ele desperta os meus
ouvidos para eu escutar como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me
arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e
cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e, por isso, não fiquei
envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei
desiludido.
O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um
processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se
apresente!
O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?
Livro de Salmos 69(68),8-10.21bcd-22.31.33-34.
Por Vós tenho
suportado afrontas,
cobrindo-se meu rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para a minha família.
Devorou-me o zelo pela vossa casa,
e recaíram sobre mim os insultos contra Vós.
O insulto despedaçou-me o coração
e eu desfaleço.
Esperei por compaixão e não apareceu
nem encontrei quem me consolasse.
Misturaram-me fel na comida
e deram-me vinagre a beber.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei.
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.
Evangelho segundo São Mateus 26,14-25.
Naquele tempo, um
dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos
sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
Eles garantiram-lhe trinta
moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus Cristo e
perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a
Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa e dizei-lhe: ‘O
Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu
quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’».
Os discípulos fizeram como Jesus Cristo lhes tinha mandado e prepararam
a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há-de
entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei
eu, Senhor?».
Jesus Cristo respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que
há-de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir como está escrito acerca d’Ele. Mas ai
daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para
esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu,
Mestre?». Respondeu Jesus Cristo: «Tu o disseste».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Bento XVI, Papa de 2005 a
2013
Audiência geral do dia 18/10/06 (trad. © Libreria Editrice Vaticana,
rev)
«Um de vós há-de entregar-Me».
Porque é
que Judas traiu Jesus Cristo? A questão é objecto de várias hipóteses.
Alguns recorrem ao factor da sua avidez de dinheiro; outros dão uma
explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver
que Jesus Cristo não inseria no seu programa a libertação
político-militar do seu próprio país. Na realidade, os textos
evangélicos insistem sobre outro aspecto: João diz expressamente que
«tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de
Simão, que O entregasse» (Jo 13,2); analogamente escreve Lucas: «entrou
Satanás em Judas, chamado Iscariotes, que era do número dos Doze» (Lc
22,3).
Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude
com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu
miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece,
contudo, um mistério. Jesus Cristo tratou-o como um amigo (cf Mt
26,50), mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das
bem-aventuranças, Ele não forçava as vontades nem as preservava das
tentações de Satanás, respeitando
a liberdade humana. [...]
Recordemo-nos de que também Pedro se queria opor a Ele e ao que O
esperava em Jerusalém, tendo aliás recebido uma forte reprovação: «Tu
não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens» (Mc 8,32-33)!
Depois da sua queda, Pedro arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento
degenerou em desespero e
assim tornou-se autodestruição. [...] (lançou uma corda a uma árvore e
enforcou-se)
Tenhamos presentes duas coisas. A primeira: Jesus Cristo respeita a
nossa liberdade. A segunda: Jesus Cristo espera a nossa disponibilidade
para o arrependimento e para
a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos
no papel negativo desempenhado por Judas, devemos inseri-lo na condução
superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à
morte de Jesus Cristo que transformou este tremendo suplício em espaço
de amor salvífico e em entrega de Si ao Pai (cf Gal 2,20; Ef 5,2.25).
O Verbo «trair» deriva de uma palavra grega que significa «entregar».
Por vezes, o seu sujeito é Deus em pessoa: foi Ele que, por amor,
«entregou» Jesus Cristo por todos nós (cf Rom 8,32). No seu misterioso
projecto salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como
ocasião de doação total do Filho para a redenção do mundo.
Quinta-feira, dia 29 de Março de 2018
Quinta-feira
DA SEMANA SANTA. Missa vespertina da Ceia do Senhor
Naqueles dias, o
Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto:
«Este mês será para vós o princípio dos meses; fareis dele o primeiro
mês do ano.
Falai a toda a comunidade de Israel e dizei-lhe: No dia dez deste
mês, procure cada qual um cordeiro por família, uma rês por cada
casa.
Se a família for pequena demais para comer um cordeiro, junte-se ao
vizinho mais próximo, segundo o número de pessoas, tendo em conta o
que cada um pode comer.
Tomareis um animal sem defeito, macho e de um ano de idade. Podeis
escolher um cordeiro ou um cabrito.
Deveis conservá-lo até ao dia catorze desse mês. Então toda a
assembleia da comunidade de Israel o imolará ao cair da tarde.
Recolherão depois o seu sangue que será espalhado nos dois umbrais e
na padieira da porta das casas em que o comerem.
E comerão a carne nessa mesma noite; comê-la-ão assada ao fogo, com
pães ázimos e ervas amargas.
Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, sandálias nos pés e
cajado na mão. Comereis a toda a pressa: é a Páscoa do Senhor.
Nessa mesma noite, passarei pela terra do Egipto e hei-de ferir de
morte, na terra do Egipto, todos os primogénitos, desde os homens até
aos animais. Assim exercerei a minha justiça contra os deuses do
Egipto, Eu, o Senhor.
O sangue será para vós um sinal, nas casas em que estiverdes: ao ver
o sangue, passarei adiante e não sereis atingidos pelo flagelo
exterminador quando Eu ferir a terra do Egipto.
Esse dia será para vós uma data memorável que haveis de celebrar com
uma festa em honra do Senhor. Festejá-lo-eis de geração em geração,
como instituição perpétua».
Livro de Salmos 116(115),12-13.15-16bc.17-18.
Como agradecerei
ao Senhor
tudo quanto Ele me deu?
Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor.
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou vosso servidor, filho da vossa servidora:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor,
na presença de todo o povo.
1.ª Carta aos Coríntios 11,23-26.
Irmãos: Eu recebi
do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que
ia ser entregue, tomou o pão
e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por
vós. Fazei isto em memória de Mim».
Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é
a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o
em memória de Mim».
Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste
cálice, anunciareis a morte do Senhor até que Ele venha.
Evangelho segundo São João 13,1-15.
Antes da festa da
Páscoa, sabendo Jesus Cristo que chegara a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo,
amou-os até ao fim.
No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas
Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar,
Jesus Cristo, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade,
sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava,
levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha que pôs à
cintura.
Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura.
Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais
lavar-me os pés?».
Jesus Cristo respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender
agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde».
Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus Cristo
respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo».
Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também
as mãos e a cabeça».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e
não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos».
Jesus Cristo bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que
acrescentou: «Nem todos estais limpos».
Depois de lhes lavar os pés, Jesus Cristo tomou o manto e pôs-Se de
novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz?
Vós chamais-Me Mestre e Senhor e dizeis bem porque o sou.
Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis
lavar os pés uns aos outros.
Dei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura
(1221-1274), franciscano, doutor da Igreja
«A árvore da vida», § 16
Jesus Cristo, pão consagrado
Uma das
memórias de Jesus Cristo mais dignas de serem recordadas é
evidentemente esta última refeição, a santíssima ceia, onde o cordeiro pascal foi dado a comer, mas onde o
Cordeiro Imaculado que tira os pecados do mundo, foi também oferecido
em alimento sob a espécie de um pão «capaz de todos os sabores e adaptado
a todos os gostos» (Sab 16, 20).
Neste festim, a doçura da bondade de Jesus Cristo brilha
admiravelmente: Ele senta-Se à mesma mesa e come do mesmo prato que
estes pobrezitos, os seus discípulos e que Judas, o traidor.
Admirável exemplo de humildade resplandece então, quando o Rei da
glória, com uma toalha à cintura, lava com enorme cuidado os pés
destes pescadores, incluindo aquele que O havia traído.
Igualmente admirável é a generosidade da sua magnificência, quando dá
o seu santíssimo corpo em alimento e o seu verdadeiro sangue como
bebida a estes primeiros sacerdotes e consequentemente a toda a
Igreja e ao mundo inteiro, a fim de que aquilo que em breve seria um
sacrifício agradável a Deus e o preço inestimável da nossa redenção
fosse o nosso viático e o nosso sustento.
Enfim, o admirável excesso do seu amor brilha principalmente na terna
exortação que, amando os seus até ao fim (cf Jo 13,1), lhes dirige
para os confirmar no bem, advertindo especialmente a Pedro para lhe
fortificar a fé e oferecendo o peito a João para suave e santo
repouso.
Todas estas coisas são, pois admiráveis e cheias de doçura! Pelo
menos para a alma que é chamada a refeição tão excelente e que acorre
com todo o ardor do seu espírito, a fim de poder lançar aquele grito
do profeta: «Como suspira a corça pelas águas correntes, assim a
minha alma suspira por ti, ó Deus» (Sl 41,2).
Sexta-feira, dia 30 de Março de 2018
Sexta-feira
da Paixão do Senhor
Vede como vai
prosperar o meu servidor: subirá, elevar-se-á, será exaltado.
Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão
desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de
um ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações e,
diante dele, os reis ficarão calados porque hão-de ver o que nunca
lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido.
agora fará com que muitos povos fiquem bem impressionados. Os reis
ficarão boquiabertos, ao verem coisas inenarráveis e ao
contemplarem coisas inauditas.
Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do
Senhor?
O meu servidor cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz
numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso
olhar nem aspecto agradável que possa cativar-nos.
Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao
sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa
desprezível e sem valor para nós.
Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas
dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e
humilhado.
Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por
causa das nossas iniquidades (= não-equidades). Caiu sobre ele o
castigo que nos salva: pelas
suas chagas fomos curados.
Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu
caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós.
Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como
cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a
tosquiam, ele não abriu a boca.
Foi eliminado por sentença iníqua, mas, quem se preocupa com a sua
sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de
malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça nem se tivesse
encontrado mentira na sua boca.
Aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua
vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira,
viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos.
Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua
sabedoria. O justo, meu servidor, justificará a muitos e tomará
sobre si as suas iniquidades.
Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos
despojos no meio dos poderosos porque ele próprio entregou a sua
vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as
culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.
Livro de Salmos 31(30),2.6.12-13.15-16.17.25.
Em Vós, Senhor,
me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado.
Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem.
Fazei brilhar sobre mim a vossa presença,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.
Carta aos Hebreus 4,14-16.5,7-9.
Irmãos: Tendo
nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus Cristo, o Filho (de
Deus), permaneçamos firmes na profissão da nossa fé.
Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se
compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi
provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado.
Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de
alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com
grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e
foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento
e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe
obedecem causa de salvação
eterna.
Evangelho segundo São João 18,1-40.19,1-42.
Naquele tempo,
Jesus Cristo saiu com os seus discípulos para o outro lado da
torrente do Cedron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus
discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local porque Jesus
Cristo Se reunira lá muitas vezes com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas
chegou ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus Cristo tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-Se e
perguntou-lhes: «A quem buscais?».
Eles responderam-Lhe: «A Jesus, de Nazaré». Jesus Cristo
disse-lhes: «Sou Eu». Judas, que O ia entregar, também estava com
eles.
Quando Jesus Cristo lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por
terra.
Jesus Cristo perguntou-lhes novamente: «A quem buscais?». Eles
responderam: «A Jesus, de Nazaré».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a
Mim que buscais, deixai que estes se retirem».
Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me
deste, não perdi nenhum».
Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um
servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo
chamava-se Malco.
Mas Jesus Cristo disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não
hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
Então a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus Cristo e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás que era o sumo
sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: «Convém que
morra um só homem pelo povo».
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus Cristo com outro discípulo.
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus Cristo
no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro
discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou
Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro: «Tu não és dos discípulos desse homem?».
Ele respondeu: «Não sou».
Estavam ali presentes os servos e os guardas que, por causa do
frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam. Pedro também se
encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus Cristo acerca dos
seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Falei abertamente ao mundo. Sempre
ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem e
não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma
bofetada a Jesus Cristo e disse-Lhe: «É assim que respondes ao sumo
sacerdote?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas,
se falei bem porque Me bates?».
Então Anás mandou Jesus Cristo manietado ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. Disseram-lhe então: «Tu
não és também um dos seus discípulos?». Ele negou, dizendo: «Não
sou».
Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem
Pedro cortara a orelha: «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
Pedro negou novamente e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus Cristo da residência de Caifás ao pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se
contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: «Que acusação
trazeis contra este homem?».
Eles responderam-lhe: «Se não fosse malfeitor, não t’O
entregávamos».
Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós próprios e julgai-O segundo a
vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido dar a morte
a ninguém».
Assim se cumpriam as palavras que Jesus Cristo tinha dito, ao
indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus Cristo
e perguntou-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «É por ti que o dizes ou foram outros
que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos
sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus Cristo respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não
fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus Cristo respondeu-lhe:
«É como dizes: sou rei.
Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade
escuta a minha voz».
Disse-Lhe Pilatos: «Que é a verdade?». Dito isto, saiu novamente
para fora e declarou aos judeus: «Não encontro neste homem culpa
nenhuma.
Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o rei dos judeus?».
Eles gritaram de novo: «Esse não. Antes Barrabás». Barrabás era um
salteador e assassino.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus Cristo e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus Cristo num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: «Salve, rei dos judeus». E
davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse: «Eu vo-l’O trago aqui
fora para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».
Jesus Cristo saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de
púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis
o homem».
Quando viram Jesus Cristo, os príncipes dos sacerdotes e os guardas
gritaram: «Crucifica-O!
Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós mesmos e
crucificai-O que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
Responderam-lhe os judeus: «Nós temos uma lei e, segundo a nossa
lei, deve morrer porque Se fez Filho
de Deus».
Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus Cristo: «Donde és
Tu?». Mas Jesus Cristo não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos: «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar ou para Te crucificar?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Nenhum poder terias sobre Mim, se não
te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior
pecado».
A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus Cristo. Mas os
judeus gritavam: «Se O libertares, não és amigo de César: todo
aquele que se faz rei é contra César».
Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus Cristo para fora e
sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico
«Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos
judeus: «Eis o vosso rei!».
Mas eles gritaram: «À morte, à morte! Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Hei-de crucificar o
vosso rei?». Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes: «Não temos
outro rei senão César».
Entregou-lhes então Jesus Cristo, para ser crucificado. E eles
apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz, Jesus Cristo saiu para o chamado Lugar do Calvário
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus Cristo
no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz;
nele estava escrito: «Jesus, de Nazaré, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro porque o lugar onde Jesus Cristo tinha
sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico,
grego e latim.
Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus: «Não
escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o rei dos
judeus’».
Pilatos retorquiu: «O que escrevi está escrito».
Quando crucificaram Jesus Cristo, os soldados tomaram as suas
vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado e
ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida
de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros: «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será». Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram
entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria,
mulher de Cléofas e Maria Madalena (= de Magdala).
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto, Jesus Cristo disse a sua
Mãe: «Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela
hora, o discípulo (= São João Evangelista) recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a
Escritura, Jesus Cristo disse: «Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma
esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus Cristo tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está
consumado». E, inclinando a cabeça, expirou.
Por ser a Preparação da Páscoa e para que os corpos não ficassem na
cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus
pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem
retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao
outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus Cristo, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as
pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu
sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho
e o seu testemunho é
verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade para que também vós
acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso
lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que
trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia que era discípulo de Jesus Cristo,
embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para
levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-lho. José veio então tirar
o corpo de Jesus Cristo.
Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao
encontro de Jesus Cristo. Trazia uma mistura de quase cem libras de
mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em ligaduras juntamente
com os perfumes, como é costume sepultar entre os judeus.
No local em que Jesus Cristo tinha sido crucificado, havia um
jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém
fora sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus porque o sepulcro
ficava perto, depositaram Jesus Cristo.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Beato Guerric de Igny
(c. 1080-1157), abade cisterciense
4.º Sermão para os Ramos
«Felizes os que nele confiam!» (Sl
2,12)
Bem-aventurado
seja Aquele que, para me permitir ocultar-me «nas fendas dos
rochedos» (Cant 2,14), deixou que Lhe perfurassem as mãos, os pés e
o lado. Bem-aventurado Aquele que Se abriu por completo a mim, a
fim de que eu pudesse penetrar no admirável santuário (Sl 41,5) e
«abrigar-me na sua tenda» (Sl 26,5). Este rochedo é um refúgio […],
doce lugar de repouso para as pombas e os orifícios escancarados
das chagas que tem por todo o corpo oferecem o perdão aos pecadores
e concedem a graça aos justos. É morada segura, irmãos, «torre
sólida contra o inimigo» (Sl 60,4), habitar por meio da meditação
amante e constante as chagas de Jesus Cristo Nosso Senhor, procurar
na fé e no amor pelo Crucificado abrigo seguro para a nossa alma,
abrigo contra a veemência da carne, as trevas deste mundo, os
assaltos do demónio. A protecção deste santuário sobrepõe-se a
todas as vantagens deste mundo. […]
Entra, pois neste rochedo, esconde-te […], refugia-te no
Crucificado. […] O que é a chaga do lado de Jesus Cristo, senão a
porta aberta da arca para os que serão preservados do dilúvio? Mas
a Arca de Noé era apenas um símbolo; isto é a realidade; já não se
trata de salvar a vida mortal, mas de receber a imortalidade. […]
É, pois razoável que a pomba de Jesus Cristo, a sua amiga formosa
(Cant 2,13-14) […], cante hoje os seus louvores com alegria.
Proveniente da memória ou da imitação da Paixão, da meditação das
suas santas chagas, como das fendas do rochedo, a sua voz
dulcíssima ressoa aos ouvidos do Esposo (Cant 2,14).
Sábado, dia 31 de Março de 2018
Sábado
Santo - VIGÍLIA PASCAL
Festa da
Igreja : Vigília
Pascal
Santo do dia : Santo
Amós, profeta, Santo
Acácio, bispo, +250, Santa
Balbina, virgem, mártir (+132), São
Guido, Leigo, Peregrino, séc. X e XI
Livro de Êxodo 14,15-31.15,1a.
Naqueles
dias, disse o Senhor a Moisés: «Porque estás a bradar por Mim?
Diz aos filhos de Israel que se ponham em marcha.
E tu ergue a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o para
que os filhos de Israel entrem nele a pé enxuto.
Entretanto vou permitir que se endureça o coração dos egípcios
que hão-de perseguir os filhos de Israel. Manifestarei então a
minha glória, triunfando do faraó, de todo o seu exército, dos
seus carros e dos seus cavaleiros.
Os egípcios reconhecerão que Eu sou o Senhor quando Eu manifestar
a minha glória, vencendo o faraó, os seus carros e os seus
cavaleiros».
O Anjo de Deus que seguia à frente do acampamento de Israel,
deslocou-se para a retaguarda. A coluna de nuvem que os precedia
veio colocar-se atrás do acampamento
e postou-se entre o campo dos egípcios e o de Israel. A nuvem era
tenebrosa de um lado e do outro iluminava a noite, de modo que,
durante a noite, não se aproximaram uns dos outros.
Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor fustigou o mar,
durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as
águas dividiram-se.
Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto as
águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Os egípcios foram atrás deles: todos os cavalos do Faraó, os seus
carros e cavaleiros seguiram-nos pelo mar dentro.
Na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem
para o acampamento dos egípcios e lançou nele a confusão.
Bloqueou as rodas dos carros que dificilmente se podiam mover.
Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas que o Senhor
combate por eles contra os egípcios».
O Senhor disse a Moisés: «Estende a mão sobre o mar e as águas
precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus carros e os
seus cavaleiros».
Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar
retomou o seu nível normal quando os egípcios fugiam na sua direcção.
E o Senhor precipitou-os no meio do mar.
As águas refluíram e submergiram os carros, os cavaleiros e todo
o exército do Faraó que tinham entrado no mar, atrás dos filhos
de Israel. Nem um só escapou.
Mas os filhos de Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto,
enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel
viu os egípcios mortos nas praias do mar.
Viu também o grande poder que o Senhor exercera contra os
egípcios e o povo temeu o Senhor, acreditou n’Ele e em seu servidor
Moisés.
Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este hino em honra do
Senhor: «Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória,
precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro».
Livro de Êxodo 15,1b-2.3-4.5-6.17-18.
«Cantarei ao
Senhor que é verdadeiramente grande:
cavalo e cavaleiro lançou no mar.
O Senhor é a minha força e a minha protecção:
foi Ele quem me salvou
Ele é o meu Deus: eu O exalto
Ele é o Deus de meu pai: eu O glorifico.
O Senhor é um guerreiro, Omnipotente é o seu nome;
precipitou no mar os carros do Faraó e o seu exército.
Os seus melhores combatentes afogaram-se no Mar Vermelho,
foram engolidos pelas ondas,
caíram como pedra no abismo.
A vossa mão direita, Senhor, revelou a sua força,
a vossa mão direita, Senhor, destroçou o inimigo.
Mas, conduzistes com amor o povo que libertastes
e com o vosso poder o levastes à vossa morada santa,
à morada segura que fizestes, Senhor.
O Senhor reinará pelos séculos dos séculos.
Carta aos Romanos 6,3-11.
Irmãos: Todos
nós que fomos baptizados em Jesus Cristo fomos baptizados na sua
morte.
Fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte para que,
assim como Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do
Pai, também nós vivamos uma vida nova.
Se, na verdade, estamos totalmente unidos a Jesus Cristo pela
semelhança da sua morte também o estaremos pela semelhança da sua
ressurreição.
Bem sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Jesus Cristo,
para que fosse destruído o corpo do pecado e não mais fôssemos
escravos dele.
Quem morreu, está livre do pecado.
Se morremos com Jesus Cristo, acreditamos que também com Ele
viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo já não
pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu, Jesus Cristo morreu para o pecado de
uma vez para sempre; mas a sua vida, é uma vida para Deus.
Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos
para Deus, em Cristo Jesus.
Evangelho segundo São Marcos 16,1-7.
Depois de
passar o sábado, Maria Madalena (= de Magdala), Maria, mãe de
Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus
Cristo.
E no primeiro dia da semana, partindo muito cedo, chegaram ao
sepulcro ao nascer do sol.
Diziam umas às outras: «Quem nos irá revolver a pedra da entrada
do sepulcro?».
Mas, olhando, viram que a pedra já fora revolvida e era muito
grande.
Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado do lado direito,
vestido com uma túnica branca e ficaram assustadas.
Mas ele disse-lhes: «Não vos assusteis. Procurais a Jesus de
Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou:
não está aqui. Vede o lugar onde O tinham depositado.
Agora ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vai adiante
de vós para a Galileia. Lá O vereis, como vos disse».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Cromácio de Aquileia
(?-407), bispo
Sermão 17, 2.º para a Grande Noite
«Eis que renovo todas as coisas»
(Ap 21,5)
O
mundo inteiro, celebrando a vigília pascal durante toda esta
noite, testemunha a grandeza e a solenidade da mesma. E com
razão: nesta noite a morte foi vencida, a Vida está viva, Jesus Cristo
(= o Filho) ressuscitou dos mortos. Outrora, Moisés dissera ao
povo, a propósito desta Vida: «Sentireis a vossa vida suspensa e
tremereis noite e dia» (Dt 28,66). [...] Que aqui se trata de Jesus
Cristo Senhor, é Ele próprio que no-lo mostra no Evangelho,
quando diz: «Eu sou o caminho,
a verdade e a vida» (Jo 14,6). Ele
diz-Se o caminho, porque conduz ao Pai; a verdade, porque condena
a mentira e a vida, porque comanda a morte [...]: «Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor
15,55) Porque a morte, que sempre fora vitoriosa, foi vencida
pela morte daquele que a venceu. A Vida aceitou morrer para
desconcertar a morte. Da mesma forma que, ao nascer do dia, as
trevas desaparecem assim foi a morte aniquilada, quando se ergueu
a Vida eterna. [...]
Eis, pois, o tempo pascal.
Outrora, Moisés falou ao seu povo dizendo: «Este mês será para
vós o primeiro dos meses; ele será para vós o primeiro dos meses
do ano» (Ex 12,2). [...] O primeiro mês do ano não é, portanto,
janeiro, em que tudo está morto, mas o tempo pascal, em que tudo
retorna à vida. Porque é agora que a erva dos prados, de certa
forma, ressuscita da morte, é agora que há flores nas árvores e
que as vinhas têm rebentos, é agora que o próprio ar parece feliz
com o início de um novo ano. [...] Este tempo pascal é assim o primeiro
mês, o tempo novo [...] e também neste dia, o género humano é
renovado. Pois hoje, no mundo inteiro, inumeráveis povos
ressuscitam, pela água do baptismo, para uma vida nova. [...] E
nós, que acreditamos que o tempo pascal é, na verdade, o ano
novo, devemos celebrar este santo dia com toda a alegria e
exultação e júbilo espiritual, para podermos dizer,
verdadeiramente, este refrão do salmo: «Este é o dia da vitória
do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele!» (117,24).©
http://goo.gl/RSVXh5 portal da Confraria Bolos
D. Rodrigo
Os meus filmes
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia
Os meus blogues
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http://www.descubriter.com/pt/ Rota
Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” -
Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/ 18,30h
– terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.santo-antonio.webnode.pt/
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