"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida
eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 26 de Março de 2017
4.º
Domingo da Quaresma
Naqueles dias, o Senhor disse a Samuel: «Enche a âmbula de óleo e
parte. Vou enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os seus
filhos».
Quando chegou, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido
do Senhor».
Mas o Senhor disse a Samuel: «Não te impressiones com o seu belo aspecto nem
com a sua elevada estatura, pois não foi esse o que Eu escolhi. Deus não vê
como o homem: o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração».
Jessé fez passar os sete filhos diante de Samuel, mas Samuel declarou-lhe: «O
Senhor não escolheu nenhum destes».
E perguntou a Jessé: «Estão aqui todos os teus filhos?». Jessé respondeu-lhe:
«Falta ainda o mais novo que anda a guardar o rebanho». Samuel ordenou:
«Manda-o chamar porque não nos sentaremos à mesa enquanto ele não chegar».
Então Jessé mandou-o chamar: era ruivo, de belos olhos e agradável presença.
O Senhor disse a Samuel: «Levanta-te e unge-o porque é este mesmo».
Samuel pegou na âmbula do óleo e ungiu-o no meio dos irmãos. Daquele dia em
diante, o Espírito do Senhor apoderou-Se de David.
Livro de Salmos
23(22),1-3a.3b-4.5.6.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo
me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
Carta aos Efésios 5,8-14.
Irmãos: Outrora vós éreis trevas,
mas agora sois luz (aura) no
Senhor.
Vivei como filhos da luz porque o fruto da luz é a bondade, a justiça e a
verdade.
Procurai sempre o que mais agrada ao Senhor.
Não tomeis parte nas obras das trevas que nada trazem de bom; tratai
antes de as denunciar abertamente
porque o que eles fazem em segredo até é vergonhoso dizê-lo.
Mas todas as coisas que são condenadas são postas a descoberto pela luz
e tudo o que assim se manifesta torna-se luz. É por isso que se diz: «Desperta,
tu que dormes; levanta-te do meio dos mortos e Cristo brilhará sobre ti».
Evangelho segundo S.
João 9,1-41.
Naquele tempo, Jesus Cristo encontrou no seu caminho um cego de
nascença (trata-se de um líquido ácido que sai para o colo do útero).
Os discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem é que pecou para ele nascer
cego? Ele ou os seus pais?».
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Isso não tem nada que ver com os pecados dele
ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus.
É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai
chegar a noite, em que ninguém pode trabalhar.
Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo».
Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os
olhos do cego.
Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer
«Enviado». Ele foi, lavou-se e ficou a ver.
Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que antes o viam a mendigar: «Não é
este o que costumava estar sentado a pedir esmola?».
Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele
próprio dizia: «Sou eu».
Perguntaram-lhe então: «Como foi que se abriram os teus olhos?».
Ele respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez um pouco de lodo,
ungiu-me os olhos e disse-me: ‘Vai lavar-te à piscina de Siloé’. Eu fui,
lavei-me e comecei a ver».
Perguntaram-lhe ainda: «Onde está Ele?». O homem respondeu: «Não sei».
Levaram aos fariseus o que tinha sido cego.
Era sábado esse dia em que Jesus Cristo fizera lodo e lhe tinha aberto os
olhos.
Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista. Ele
declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora
vejo».
Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus porque não guarda o
sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?». E
havia desacordo entre eles.
Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizes d’Aquele que te deu a
vista?». O homem respondeu: «É um profeta».
Os judeus não quiseram acreditar que ele tinha sido cego e começara a ver.
Chamaram então os pais
dele e perguntaram-lhes: «É este o vosso filho? É verdade que nasceu cego?
Como é que ele agora vê?».
Os pais responderam: «Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego;
mas não sabemos como é que ele agora vê nem sabemos quem lhe abriu os olhos.
Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós».
Foi por medo que eles deram esta resposta porque os judeus tinham decidido
expulsar da sinagoga quem reconhecesse que Jesus era o Messias.
Por isso é que disseram: «Ele já tem idade para responder; perguntai-lho
vós».
Os judeus chamaram outra vez o que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória
a Deus. Nós sabemos que esse homem é pecador».
Ele respondeu: «Se é pecador, não sei. O que sei é que eu era cego e agora
vejo».
Perguntaram-lhe então: «Que te fez Ele? Como te abriu os olhos?».
O homem replicou: «Já vos disse e não destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo
novamente? Também quereis fazer-vos seus discípulos?».
Então insultaram-no e disseram-lhe: «Tu é que és seu discípulo; nós somos
discípulos de Moisés.
Nós sabemos que Deus falou a Moisés; mas este, nem sabemos de onde é».
O homem respondeu-lhes: «Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é,
mas a verdade é que Ele me deu a vista.
Ora nós sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aqueles que O
adoram e fazem a sua vontade.
Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.
Se Ele não viesse de Deus, nada podia fazer».
Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes
ensinar-nos?». E expulsaram-no.
Jesus Cristo soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu
acreditas no Filho do homem?».
Ele respondeu-Lhe: «Quem é, Senhor, para que eu acredite n'Ele?».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Já O viste: é quem está a falar contigo».
O homem prostrou-se diante de Jesus Cristo e exclamou: «Eu creio, Senhor».
Então Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um juízo: os que não
vêem ficarão a ver; os que vêem ficarão cegos».
Alguns fariseus que estavam com Ele, ouvindo isto, perguntaram-Lhe: «Nós
também somos cegos?».
Respondeu-lhes Jesus Cristo: «Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas como
agora dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece».
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c.
208), bispo, teólogo, mártir
Contra as Heresias
«Ele é a imagem do Deus invisível [...]; nele tudo foi criado
[...]; tudo foi criado por Ele e para Ele» (Col 1,15-16)
Quando se tratou
do cego de nascença, não foi só por uma palavra, mas por uma acção que o
Senhor lhe concedeu a vista. Ele não agiu assim sem razão nem por acaso, mas
para que conhecéssemos a mão de Deus que, no princípio tinha modelado o
homem. Por isso, quando os discípulos Lhe perguntaram de quem era a culpa de
aquele homem ser cego, dele mesmo ou de seus pais, o Senhor declarou: «Isso
não tem nada a ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para
se manifestarem nele as obras de Deus». Estas «obras de Deus» são, primeiro
que tudo, a criação do homem que a Escritura descreve como uma acção: «E Deus
tomou um pouco de argila e modelou o homem» (Gn 2,7). Foi por isso que o
Senhor cuspiu no chão, fez lama e ungiu os olhos do cego: para mostrar de que
modo se tinha realizado a moldagem inicial e, para aqueles que eram capazes
de compreender, manifestar a mão de Deus que tinha esculpido o homem a partir
da argila. [...]
E porque, nesta carne modelada em Adão, o homem tinha caído na transgressão e
precisava do banho do novo nascimento (Tt 3,5), o Senhor disse ao cego, após
ter-lhe untado os olhos com a lama: «Vai lavar-te à piscina de Siloé».
Concedia-lhe assim, ao mesmo tempo, a remodelagem e a regeneração operada
pelo banho. Desta forma, depois de se ter lavado, «ele ficou a ver», a fim de
reconhecer Aquele que o tinha remodelado e de aprender quem era o Senhor que
lhe tinha dado a vida. [...]
Assim Aquele que, no princípio, tinha modelado Adão e a quem o Pai tinha
dito: «Façamos o homem à nossa imagem e semelhança» (Gn 1,26), esse mesmo
manifestou-Se aos homens no fim dos tempos e remodelou os olhos deste
descendente de Adão.
Segunda-feira,
dia 27 de Março de 2017
Segunda-feira da 4.ª
semana da Quaresma
Santo do dia : Santo
Alberto Chmielowski, religioso, fundador, +1916, S.
João do Egipto, eremita, +374, S.
João Damasceno, presbítero, Doutor da Igreja, +749, Santo
Alexandre, patriarca de Alexandria, +326
Livro de Isaías 65,17-21.
Assim fala o Senhor: «Eu vou criar os novos céus e a nova Terra
e não mais se recordará o passado nem voltará de novo ao pensamento.
Haverá alegria e felicidade eterna por aquilo que Eu vou criar: vou fazer
de Jerusalém um motivo de júbilo e do seu povo uma fonte de alegria.
Exultarei por causa de Jerusalém e alegrar-Me-ei por causa do meu povo.
Nunca mais se hão-de ouvir nela vozes de pranto nem gritos de angústia.
Já não haverá ali uma criança que viva só alguns dias nem um velho que não
complete o número dos seus anos porque o mais novo morrerá centenário e
quem não chegar aos cem anos terá incorrido em maldição.
Construirão casas e habitarão nelas; plantarão vinhas e comerão os seus
frutos».
Livro de Salmos
30(29),2.4.5-6.11-12a.13b.
Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvaste
e não deixaste que de mim se regozijassem os inimigos.
Tiraste a minha alma da mansão dos mortos,
vivificaste-me para não descer ao túmulo.
Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria.
Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor, meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.
Evangelho segundo S.
João 4,43-54.
Naquele tempo, Jesus Cristo saiu da Samaria e foi para a
Galileia.
Ele próprio tinha declarado que um profeta nunca era apreciado na sua
terra.
Ao chegar à Galileia, foi recebido pelos galileus porque tinham visto
quanto Ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, a que também eles
tinham assistido.
Jesus Cristo voltou novamente a Caná da Galileia, onde convertera a água em
vinho. Havia em Cafarnaum um
funcionário real cujo filho se encontrava doente.
Quando ouviu dizer que Jesus Cristo viera da Judeia para a Galileia, foi
ter com Ele e pediu-Lhe que descesse a curar o seu filho que estava a
morrer.
Jesus Cristo disse-lhe: «Se não virdes sinais e prodígios, não
acreditareis».
O funcionário insistiu: «Senhor, desce, antes que meu filho morra».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Vai, que o teu filho vive». O homem acreditou
nas palavras que Jesus Cristo lhe tinha dito e pôs-se a caminho.
Já ele descia quando os servos vieram ao seu encontro e lhe disseram que o
filho vivia.
Perguntou-lhes então a que horas tinha melhorado. Eles responderam-lhe:
«Foi ontem à uma da tarde que a febre o deixou».
Então o pai verificou que àquela hora Jesus Cristo lhe tinha dito: «O teu
filho vive». E acreditou, ele e todos os de sua casa.
Foi este o segundo milagre que Jesus Cristo realizou, ao voltar da Judeia
para a Galileia.
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório de Narek (c. 944-c.
1010), monge, poeta arménio
O Livro das Orações, 12, 1; SC 78, 102
«Se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis».
«Todo aquele
que invocar o nome do Senhor
será salvo» (Jl 3,5; Rom 10,13).
Quanto a mim, não só O invoco
mas, acima de tudo, creio na sua grandeza.
Não é pelos seus dons
que persevero nas minhas súplicas:
é porque Ele é a vida verdadeira
e é nele que respiro;
sem Ele não há movimento nem progresso.
Não são tanto os laços de esperança,
mas os laços do amor que me atraem.
Não é dos dons,
é do Doador que tenho perpétua nostalgia.
Não é à glória que aspiro,
é ao Senhor glorificado que quero abraçar.
Não é de sede da vida que constantemente me consumo,
é da lembrança daquele que dá a vida.
Não é pelo desejo de felicidade que suspiro,
que do mais profundo do meu coração rompo em soluços;
é porque anelo por Aquele que a prepara.
Não é o repouso que procuro,
é a presença daquele que aquietará o meu coração suplicante.
Não é por causa do festim nupcial que feneço,
é pelo anseio do Esposo.
Na expectativa segura do seu poder
apesar do fardo dos meus pecados,
creio, com esperança inabalável,
que, confiando-me na mão do Todo-Poderoso,
não somente obterei o perdão
mas O verei em pessoa,
pela sua misericórdia e a sua piedade
e que, conquanto mereça ser proscrito,
herdarei o Céu.
Terça-feira,
dia 28 de Março de 2017
Terça-feira da 4.ª
semana da Quaresma
Santo do dia : S.
Sisto III, papa, +440, Santa
Gisela, rainha, abadessa, +1065, S.
Gontrão, rei e confessor, +514
Livro de Ezequiel 47,1-9.12.
Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo.
Debaixo do limiar da porta saía água em direcção ao Oriente, pois a
fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da
parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar.
O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora
até à porta exterior que está voltada para o Oriente. As águas corriam do
lado direito.
Depois saiu na direcção do Oriente com uma corda na mão; mediu mil
côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos tornozelos.
Mediu outros mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos
joelhos. Mediu ainda mil côvados e mandou-me atravessar: a água
chegava-me à cintura.
Por fim, mediu mais mil côvados: era uma torrente que eu não podia
atravessar. As águas tinham aumentado até se perder o pé, formando um rio
impossível de transpor.
Disse-me então o Anjo: «Viste, filho do homem?» E fez-me voltar para a
margem da torrente.
Quando cheguei, vi nas margens da torrente uma grande quantidade de
árvores, de um e outro lado.
O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce para
Arabá e entra no mar para que as suas águas se tornem salubres.
Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo
alento e o peixe será mais abundante. Porque aonde esta água chegar,
tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde
chegar esta torrente.
À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores
de fruto; a sua folhagem não murchará nem acabarão os seus frutos. Todos
os meses darão frutos novos porque as águas vêm do santuário. Os frutos
servirão de alimento e as folhas de remédio».
Livro de Salmos
46(45),2-3.5-6.8-9.
Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar.
Os braços de um rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora.
O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na Terra.
Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus Cristo
subiu a Jerusalém.
Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em
hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos.
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos.
Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus Cristo
perguntou-lhe: «Queres ser curado?»
O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na
piscina quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de
mim».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda».
No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a
caminhar. Ora aquele dia era sábado.
Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes
levar a tua enxerga».
Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua
enxerga e anda’».
Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e
anda’».
Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era porque Jesus Cristo tinha-Se
afastado da multidão que estava naquele local.
Mais tarde, Jesus Cristo encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás
são. Não voltes a pecar para
que não te suceda coisa pior».
O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus Cristo quem o tinha
curado.
Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus Cristo por fazer isto
num dia de sábado.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397),
bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre os mistérios, 24s (trad. breviário rev.)
«Queres ser curado?»
O
paralítico da piscina de Betzatá esperava um homem [para o ajudar a
descer à piscina]. Quem era esse homem, a não ser o Senhor Jesus Cristo,
nascido da Virgem? Com a sua vinda, Ele não prefigurou apenas a cura de
algumas pessoas; Ele era a própria verdade que cura todos os homens. Por
conseguinte, era Ele que se esperava que descesse, Ele de quem Deus Pai
disse a João Baptista: «Aquele sobre quem vires o Espírito descer e
permanecer é que baptiza no Espírito Santo» (Jo 1,33). [...] Então porque
desceu o Espírito como uma pomba, se não para que tu a visses e
reconhecesses que a pomba enviada da arca por Noé, o justo, era uma
imagem desta outra pomba, de modo que nela reconhecesses a prefiguração
do sacramento do baptismo? [...]
Podes estar ainda na dúvida, quando o Pai proclama para ti de maneira
indubitável no evangelho: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus
todo o meu agrado» (Mt 3, 17); quando o Filho o proclama, Ele sobre quem
o Espírito Santo se manifestou sob forma de pomba; quando o Espírito
Santo também o proclama, Ele que desceu sob forma de pomba; quando David
o proclama: «A voz do Senhor ressoa sobre as águas, o Deus glorioso faz
ecoar o seu trovão, o Senhor está sobre a vastidão das águas» (Sl 28,3)?
A Escritura atesta também que, às preces de Gedeão, o fogo desceu do céu
e que, à prece de Elias, o fogo foi enviado para consagrar o sacrifício
(Jz 6,21; 1Rs 18,38).
Não consideres o mérito pessoal dos sacerdotes, mas a sua função [...].
Por conseguinte, acredita que o Senhor Jesus Cristo está lá, invocado
pela oração dos sacerdotes, Ele que disse: «Pois, onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20). Por
maioria de razão, onde está a Igreja, onde estão os mistérios, é lá que
Ele Se digna conceder-nos a sua presença. Desceste ao baptistério.
Recorda o que disseste: que crês no Pai, que crês no Filho, que crês no
Espírito Santo. [...] Pelo mesmo compromisso da tua palavra, quiseste
crer no Filho tal como crês no Pai, acreditar no Espírito Santo como crês
no Filho, apenas com a diferença de que professas que é necessário crer
na cruz do único Senhor Jesus Cristo.
Quarta-feira,
dia 29 de Março de 2017
Quarta-feira da
4.ª semana da Quaresma
Assim fala o
Senhor: «No tempo da graça, Eu te ouvi; no dia da salvação, Eu te
ajudei. Eu te formei e designei para renovar a aliança do povo, para
restaurar a terra e reocupar as herdades devastadas;
para dizer aos prisioneiros: ‘Saí para fora’ e àqueles que vivem nas
trevas: ‘Vinde para a luz’. Hão-de alimentar-se em todos os caminhos e
acharão pastagem em todas as encostas.
Não sentirão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre
eles porque Aquele que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá às
nascentes da água.
De todas as minhas montanhas farei caminhos e as minhas estradas serão
niveladas.
Ei-los que vêm de longe: uns do Norte e do Poente, outros da terra de
Sinim.
Rejubilai, ó céus; exulta, ó Terra; montes, soltai gritos de alegria
porque o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres.
Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim’.
Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho
pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda
que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei».
Livro de Salmos
145(144),8-9.13cd-14.17-18.
O Senhor é clemente
e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.
O Senhor é fiel à sua Palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos,
perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.
Evangelho segundo S. João 5,17-30.
Naquele tempo,
disse Jesus Cristo aos judeus: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu
também trabalho em todo o tempo».
Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a
morte: não só por violar o sábado, mas também por chamar a Deus seu
Pai, fazendo-Se igual a Deus.
Então Jesus Cristo tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em
verdade vos digo: O Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo
que viu fazer ao Pai e tudo o que o Pai faz também o Filho o faz
igualmente.
Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz e há-de
manifestar-Lhe coisas maiores do que estas, de modo que ficareis
admirados.
Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida assim o Filho dá
vida a quem Ele quer.
O Pai não julga ninguém: entregou
ao Filho o poder de tudo julgar
para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho
não honra o Pai que O enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita
n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado porque
passou da morte à vida.
Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora _ e já chegou _ em
que os mortos ouvirão a voz do Filho (de Deus) e os que a ouvirem,
viverão.
Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo assim também concedeu ao Filho
que tivesse a vida em Si mesmo
e deu-Lhe o poder de julgar porque é o Filho do homem (é o Rei no mundo
da humanidade porque tem o direito de nos julgar).
Não vos admireis do que estou a dizer porque vai chegar a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz:
Os que tiverem praticado boas
obras irão para a ressurreição dos vivos e os que tiverem praticado
o mal para a ressurreição dos condenados.
Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo é justo porque não
procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430),
bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
O Génesis em sentido literal, 4, 11-13 [21-24]
«Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em
todo o tempo».
Gostaríamos
de explicar como é possível compatibilizar o texto do Génesis onde está
escrito que Deus repousou ao sétimo dia de todas as suas obras com o
texto do evangelho onde o Senhor, por quem todas as coisas foram
feitas, diz: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em
todo o tempo». [...] A observância do sábado foi prescrita aos judeus
para prefigurar o repouso espiritual que Deus prometeu aos fiéis que
fizessem boas obras, repouso cujo mistério o Senhor Jesus Cristo
confirmou com a sua sepultura porque foi num dia de sábado que Ele
repousou no túmulo, [...] depois de ter consumado todas as suas obras.
Podemos pensar que Deus repousou de ter criado os diversos géneros de
criaturas porque não voltou a criar novos géneros; mas [...] nem neste
sétimo dia deixou de governar o céu, a Terra e todos os outros seres
que tinha criado, pois de outra maneira eles ter-se-iam diluído no
nada. Porque o poder do Criador, a força do Omnipotente, é a causa pela
qual subsistem todas as criaturas. [...] Com efeito, não se passa com
Deus o mesmo que com um arquitecto que, concluída a casa, se afasta e
[...] a obra subsiste. Pelo contrário, o mundo não poderia subsistir,
um instante que fosse, se Deus lhe retirasse o seu apoio. [...]
É isto que afirma o apóstolo Paulo quando pretende anunciar Deus aos
atenienses: «Nele vivemos, nos movemos e somos» (At 17,28). [...] Com
efeito, não somos em Deus como a sua própria substância, no sentido em
que é dito que Ele «tem a vida em Si mesmo»; mas, sendo algo diferente
dele, só podemos ser nele porque Ele age desta maneira: «A sua
sabedoria estende-se de um extremo ao outro do mundo e governa o
universo» (Sb 8,1). [...] Nós vemos as obras boas que Deus fez (Gn
1,31) e veremos o seu repouso depois de termos realizado as nossas
próprias obras boas.
Quinta-feira, dia 30 de Março de 2017
Quinta-feira
da 4.ª da Quaresma
Naqueles dias, o
Senhor falou a Moisés, dizendo: «Desce depressa porque o teu povo,
que tiraste da terra do Egipto, corrompeu-se.
Não tardaram em desviar-se do caminho que lhes tracei. Fizeram um
bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe
sacrifícios e disseram: ‘Este é o teu Deus, Israel, que te fez sair
da terra do Egipto’».
O Senhor disse ainda a Moisés: «Tenho observado este povo: é um povo
de dura cerviz.
Agora deixa que a minha indignação se inflame contra eles e os
destrua. De ti farei uma grande nação».
Então Moisés procurou aplacar o Senhor, seu Deus, dizendo: «Por que
razão, Senhor, se há-de inflamar a vossa indignação contra o vosso
povo, que libertastes da terra do Egipto com tão grande força e mão
tão poderosa?
Porque hão-de dizer os egípcios: ‘Foi com má intenção que o Senhor os
fez sair, para lhes dar a morte nas montanhas e os exterminar da face
da terra’? Abandonai o furor da vossa ira e desisti do mal contra o
vosso povo.
Lembrai-Vos dos vossos servidores Abraão, Isaac e Israel, a quem
jurastes pelo vosso nome, dizendo: ‘Farei a vossa descendência tão
numerosa como as estrelas do céu e dar-lhe-ei para sempre em herança
toda a Terra que vos prometi’».
Então o Senhor desistiu do mal com que tinha ameaçado o seu povo.
Livro de
Salmos 106(105),19-20.21-22.23.
Fizeram um
bezerro no Horeb
e adoraram um ídolo de metal fundido.
Trocaram a sua glória
pela figura de um boi que come feno.
Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto,
maravilhas na terra de Cam,
feitos gloriosos no Mar Vermelho.
E pensava já em exterminá-los,
se Moisés, o seu eleito,
não intercedesse junto d’Ele
e aplacasse a sua ira para não os destruir.
Evangelho segundo S. João 5,31-47.
Naquele tempo,
Jesus Cristo disse aos judeus: «Se Eu der testemunho de Mim mesmo, o
meu testemunho não será considerado verdadeiro.
É outro que dá testemunho de Mim e Eu sei que o testemunho que Ele dá
de Mim é verdadeiro.
Vós mandastes emissários a João Baptista e ele deu testemunho da
verdade.
Não é de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para
que sejais salvos.
João era uma lâmpada que ardia e brilhava e vós, por um momento,
quisestes alegrar-vos com a sua luz.
Mas Eu tenho um testemunho maior do que o de João, pois as obras que
o Pai Me deu para consumar — as obras que Eu realizo— dão testemunho
de que o Pai Me enviou».
E o Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim. Nunca
ouvistes a sua voz nem vistes a sua figura
e a sua palavra não habita em vós porque não acreditais n’Aquele que
Ele enviou.
Examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; são
elas que dão testemunho de Mim
e não quereis vir a Mim para encontrar essa vida.
Não é dos homens que Eu recebo glória;
mas Eu conheço-vos e sei que não tendes em vós o amor de Deus.
Vim em nome de meu Pai e não Me recebeis; mas se vier outro em seu
próprio nome, recebê-lo-eis.
Como podeis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não
procurais a glória que vem só de Deus?
Não penseis que Eu vou acusar-vos ao Pai: o vosso acusador será
Moisés, em quem pusestes a vossa esperança.
Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim, pois ele escreveu a
meu respeito.
Mas se não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas
minhas palavras?».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Efrém (c. 306-373),
diácono da Síria, doutor da Igreja
Comentário ao evangelho concordante, 1,18-19; SC 121
«Examinais as Escrituras [...]; são elas que dão
testemunho de Mim»
A
palavra de Deus é uma árvore de Vida que estende para ti os seus
ramos benéficos; ela é como a rocha aberta no deserto que se torna
para todo o homem, de todos os pontos da Terra, bebida espiritual:
«comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida
espiritual» (1Cor 10.3-4; Ex 17,1s.).
Aquele a quem é concedida alguma destas riquezas não deve pensar que
a palavra de Deus se limita ao que ele nela encontra; pelo contrário,
deve perceber que foi ele que só soube descobrir nela uma coisa,
entre muitas outras. Enriquecido pela palavra, não deve pensar que
foi ela que empobreceu; incapaz de esgotar as suas riquezas, deve agradecer
pela sua magnitude. Alegra-te porque foste saciado, mas não te
entristeças porque a riqueza da palavra te ultrapassa.
Aquele que tem sede alegra-se em beber, mas não se entristece com a
sua incapacidade de esgotar a fonte. Mais vale que a fonte te esgote
a sede do que a tua sede esgote a fonte. Se a tua sede ficar saciada
sem que a fonte seque, poderás voltar a beber sempre que tiveres
sede. Pelo contrário, se esgotasses a fonte para te saciares, a tua
vitória transformar-se-ia em tristeza. Agradece por aquilo que
recebeste e não murmures contra aquilo que não foi utilizado. Aquilo
que tomaste e levaste, é a tua parte; mas aquilo que resta também é
uma herança tua.
Sexta-feira, dia 31 de Março de 2017
Sexta-feira
da 4.ª semana da Quaresma
Santo do dia
: Santo Amós, profeta, Santo Acácio, bispo, +250, Santa Balbina, virgem, mártir (+132), S. Guido, Leigo, Peregrino, séc. X e XI
Livro de Sabedoria 2,1a.12-22.
Dizem os ímpios
(= ateus, desumanos), pensando erradamente:
«Armemos ciladas ao justo porque nos incomoda e se opõe às nossas
obras. Censura-nos as transgressões da Lei e repreende-nos as
faltas de educação.
Declara ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do
Senhor.
Tornou-se uma censura viva dos nossos pensamentos e até a sua
vista nos é insuportável.
A sua vida não é como a dos outros e os seus caminhos são muito
diferentes.
Somos considerados por ele como escória e afasta-se dos nossos
caminhos como de uma coisa impura. Proclama feliz a morte dos
justos e gloria-se de ter a Deus como pai.
Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a
sua morte.
Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará
das mãos dos seus adversários.
Provemo-lo com ultrajes e torturas para conhecermos a sua mansidão
e apreciarmos a sua paciência.
Condenemo-lo à morte infame porque, segundo diz, Alguém virá
socorrê-lo.
Assim pensam os ímpios, mas enganam-se porque a sua
malícia os cega.
Ignoram os segredos de Deus e não esperam que a santidade seja
premiada nem acreditam que haja recompensa para as almas puras.
Livro de
Salmos 34(33),17-18.19-20.21.23.
A presença do
Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da Terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado.
O Senhor defende a vida dos seus servidores,
não serão castigados os que n’Ele confiam.
Evangelho segundo S. João 7,1-2.10.25-30.
Naquele tempo,
Jesus Cristo percorria a Galileia, evitando andar pela Judeia
porque os judeus procuravam dar-Lhe a morte.
Estava próxima a festa dos Tabernáculos.
Quando os seus parentes subiram a Jerusalém para irem à festa, Ele
subiu também, não às claras, mas em segredo.
Diziam então algumas pessoas de Jerusalém: «Não é este homem que
procuram matar?
Vede como fala abertamente e não Lhe dizem nada. Teriam os chefes
reconhecido que Ele é o Messias?
Mas nós sabemos de onde é este homem e, quando o Messias vier,
ninguém sabe de onde Ele é».
Então, em alta voz, Jesus Cristo ensinava no templo, dizendo: «Vós
Me conheceis e sabeis de onde Eu sou! No entanto, Eu não vim por
minha própria vontade e é verdadeiro Aquele que Me enviou e que vós
não conheceis.
Mas Eu conheço-O porque d’Ele venho e foi Ele que Me enviou».
Procuravam então prender Jesus Cristo, mas ninguém Lhe deitou a mão
porque ainda não chegara a sua hora.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho
(354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão sobre São João, n.º 28
«Ainda não chegara a sua hora».
«Estava
próxima a festa dos Tabernáculos. Disseram-Lhe então os seus
irmãos: "Vai para a Judeia, para que os teus discípulos vejam
as obras que fazes". […] Jesus Cristo disse-lhes: "Para
Mim, ainda não chegou o momento oportuno; mas para vós qualquer
tempo é bom”» (Jo 7,2-6). […] Jesus Cristo responde assim aos que O
aconselhavam a procurar a glória: «O tempo da minha glorificação
ainda não chegou». Vejamos a profundidade deste pensamento:
incitam-no a procurar a glória, mas Ele quer que a humilhação preceda
a exaltação; quer que seja a humildade a abrir caminho à glória.
Também os discípulos que queriam sentar-se um à sua direita e o
outro à sua esquerda (Mc 10,37) procuravam a glória humana: viam
apenas o fim do caminho, sem ter em consideração o percurso que os
levaria até lá. O Senhor lembrou-lhes então a verdadeira estrada
por onde deveriam chegar à pátria. A pátria é elevada, mas o
caminho é humilde. A pátria é a vida de Jesus Cristo, o caminho a
sua morte. A pátria é a morada de Jesus Cristo, o caminho a sua
Paixão. […]
Tenhamos, portanto, rectidão de coração; o tempo da nossa glória
ainda não chegou. Ouçamos o que Ele diz aos que amam o mundo [...]:
«Para vós, qualquer tempo é bom, para nós o tempo ainda não
chegou». Tenhamos a ousadia de dizê-lo. Nós, que somos o Corpo de
Nosso Senhor Jesus Cristo, nós, que somos seus membros, nós, que
temos a alegria de reconhecê-Lo como nosso Mestre, repitamos as
suas palavras, pois foi por nossa causa que Ele Se dignou dizê-las.
Quando os que amam o
mundo insultam a nossa fé, digamos-lhes: «Para vós, qualquer tempo
é bom, para nós o tempo ainda não chegou». Com efeito, o Apóstolo
Paulo disse-nos: «Vós estais mortos e a vossa vida está escondida
com Jesus Cristo em Deus». Quando chegará o nosso tempo? Quando Jesus
Cristo, nossa vida, Se manifestar, então também nós nos
manifestaremos com Ele na glória de Deus (Cl 3,3).
A nossa vida está escondida com Jesus Cristo em Deus. No inverno,
pode-se dizer: está árvore está morta - por exemplo uma figueira,
uma pereira ou qualquer outra árvore de fruto; pois durante todo o
inverno parecem privadas de vida. Mas o verão serve de prova e
permite-nos julgar se está viva. O nosso verão é a revelação de Jesus
Cristo. Deus virá manifestamente, o nosso Deus não Se calará.
Sábado, dia 01 de Abril de 2017
Sábado da
4.ª semana da Quaresma
Quando o
Senhor me avisou, eu compreendi; vi então as maquinações dos meus
inimigos.
Eu era como manso cordeiro levado ao matadouro e ignorava a
conjura que tramavam contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no
seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos para não mais se
falar no seu nome».
Senhor do Universo, que julgais com justiça e sondais os
sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que haveis
de aplicar-lhes, pois a Vós confio a minha causa.
Livro de
Salmos 7,2-3.9bc-10.11-12.
Senhor, meu
Deus, em Vós me refugio,
livrai-me de quantos me perseguem e salvai-me.
Não me arrebatem como o leão
e me dilacerem sem ter quem me salve.
Julgai-me, Senhor, segundo a minha justiça,
segundo a minha inocência.
Acabe a malícia dos ímpios e confortai o justo,
Vós, Deus de justiça, que sondais o íntimo dos corações.
A minha protecção está em Deus,
que salva os homens rectos de coração.
Deus é o juiz justo,
um Deus que pode castigar todos os dias.
Evangelho segundo S. João 7,40-53.
Naquele tempo,
alguns que tinham ouvido as palavras de Jesus Cristo diziam no
meio da multidão:
«Ele é realmente o Profeta». Outros afirmavam: «É o Messias».
Outros, porém, diziam: «Poderá o Messias vir da Galileia?
Não diz a Escritura que o Messias será da linhagem de David e
virá de Belém, a cidade de David?»
Houve assim desacordo entre a multidão a respeito de Jesus Cristo.
Alguns deles queriam prendê-l’O, mas ninguém Lhe deitou as mãos.
Então os guardas do templo foram ter com os príncipes dos
sacerdotes e com os fariseus e estes perguntaram-lhes: «Porque
não O trouxestes?».
Os guardas responderam: «Nunca ninguém falou como esse homem».
Os fariseus replicaram: «Também vos deixastes seduzir?
Porventura acreditou n’Ele algum dos chefes ou dos fariseus?
Mas essa gente, que não conhece a Lei, está maldita».
Disse-lhes Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido ter com
Jesus Cristo e era um deles:
«Acaso a nossa Lei julga um homem sem antes o ter ouvido e saber
o que ele faz?»
Responderam-lhe: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da
Galileia nunca saiu nenhum profeta».
E cada um voltou para sua casa.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Teófilo de Antioquia
(?-c. 186), bispo
A Autólico,1, 2.7 (trad. breviário)
«Houve assim desacordo entre a
multidão a respeito de Jesus».
Com
os olhos do corpo, observamos o que se passa na vida e na Terra;
discernimos a diferença entre a luz e a escuridão, entre o branco
e o preto, entre o feio e o belo [...]; o mesmo acontece com
aquilo que o ouvido abarca: sons agudos, graves, agradáveis. Mas
também temos ouvidos no coração e olhos na alma, sentidos que
podem captar a Deus. Com efeito, Deus deixa-Se percepcionar por
aqueles que são capazes de O ver, depois de se lhes terem aberto
os olhos da alma.
Todos nós temos olhos físicos, mas alguns têm-nos velados e não vêem
a luz do sol. Se os cegos não vêem, não é porque a luz do sol não
brilhe. É a si próprios e aos seus olhos que os cegos devem essa
privação. O mesmo se passa contigo: os olhos da tua alma estão
velados pelos teus pecados
e as tuas más acções
[...]; quando tem um pecado na alma, o homem deixa de conseguir
ver a Deus. [...]
Se quiseres, porém, podes curar-te. Confia-te ao médico e Ele te
curará os olhos da alma e do coração. E quem é o médico? É Deus
que cura e vivifica, por meio do seu Verbo e da sua sabedoria.
Foi por meio do Verbo
e da sabedoria que
Deus fez todas as coisas [...]. Se compreenderes este facto e se
viveres uma vida de pureza, piedade e justiça, poderás chegar à
presença de Deus. Que a fé e o amor de Deus sejam os primeiros a
entrar no teu coração para que possas compreendê-Lo. Quando te
tiveres despojado da tua condição mortal e te tiveres revestido
de imortalidade (1Cor 15,53) sentirás a Deus segundo os teus
méritos, a esse Deus que te ressuscitará, tornado imortal, tal
como te ressuscitará a alma. Nessa altura sentirás a Deus
imortal, desde que tenhas acreditado nele já nesta vida.©
http://goo.gl/RSVXh5 portal da Confraria Bolos
D. Rodrigo
Os meus filmes
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia
Os meus blogues
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Europeia dos Descobrimentos
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– terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
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