domingo, 9 de abril de 2017

Cristianismo 202 até 08-04-2017


"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68

Domingo, dia 02 de Abril de 2017

5.º Domingo da Quaresma

Assim fala o Senhor Deus: «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel.
Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor, quando abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu povo.
Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei-de fixar-vos na vossa terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço».
Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4ab.4c-6.7-8.
Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor,
Senhor, escutai a minha voz.
Estejam os vossos ouvidos atentos
à voz da minha súplica.
Se tiverdes em conta as nossas faltas,
Senhor, quem poderá salvar-se?

Mas em Vós está o perdão
para Vos servirmos com reverência.
Eu confio no Senhor,
a minha alma espera na sua palavra.
Eu confio no Senhor,
a minha alma confia na sua palavra.

A minha alma espera pelo Senhor
mais do que as sentinelas pela aurora.
Porque no Senhor está a misericórdia
e com Ele abundante redenção.
Ele há-de libertar Israel
de todas as suas faltas.


Carta aos Romanos 8,8-11.
Irmãos: Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.
Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Jesus Cristo, não Lhe pertence.
Se Jesus Cristo está em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito permanece vivo por causa da justiça.
E se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.
Evangelho segundo S. João 11,1-45.
Naquele tempo, estava doente certo homem, Lázaro de Betânia, povoação de Marta e de Maria, sua irmã.
Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e Lhe tinha enxugado os pés com os cabelos. Era seu irmão Lázaro que estava doente.
As irmãs mandaram então dizer a Jesus Cristo: «Senhor, o teu amigo está doente».
Ouvindo isto, Jesus Cristo disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho (do homem)».
Jesus Cristo era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro.
Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava.
Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia».
Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus procuravam apedrejar-Te e voltas para lá?».
Jesus Cristo respondeu: «Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça porque vê a luz deste mundo.
Mas, se andar de noite, tropeça porque não tem luz consigo».
Dito isto, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro dorme, mas Eu vou despertá-lo».
Disseram então os discípulos: «Senhor, se dorme, estará salvo».
Jesus Cristo referia-se à morte de Lázaro, mas eles entenderam que falava do sono natural.
Disse-lhes então Jesus Cristo abertamente: «Lázaro morreu;
por vossa causa, alegro-Me de não ter estado lá, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele».
Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros: «Vamos nós também para morrermos com Ele».
Ao chegar, Jesus Cristo encontrou o amigo sepultado havia quatro dias.
Betânia distava de Jerusalém cerca de três quilómetros.
Muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte do irmão.
Quando ouviu dizer que Jesus Cristo estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. (Marta saiu porque era a mais velha e ordenou a Maria, que era a mais nova, para ficar. Daqui se deduz os afectos amorosos que Marta tinha por Jesus Cristo e os ciúmes que tinha da irmã. Recordar o episódio “Marta e Maria” no acolhimento.)
Marta disse a Jesus Cristo: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido.
Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Teu irmão ressuscitará».
Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá
e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?».
Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».
Dito isto, retirou-se e foi chamar Maria, a quem disse em segredo: «O Mestre está ali e manda-te chamar».
Logo que ouviu isto, Maria levantou-se e foi ter com Jesus Cristo.
Jesus Cristo ainda não tinha chegado à povoação, mas estava no lugar em que Marta viera ao seu encontro.
Então os judeus que estavam com Maria em casa para lhe apresentar condolências, ao verem-na levantar-se e sair rapidamente, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para chorar.
Quando chegou aonde estava Jesus Cristo, Maria, logo que O viu, caiu-Lhe aos pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido».
Jesus Cristo, ao vê-la chorar e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-Se profundamente e perturbou-Se.
Depois perguntou: «Onde o pusestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor».
E Jesus Cristo chorou.
Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo».
Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que este homem não morresse?».
Entretanto, Jesus Cristo, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta com uma pedra posta à entrada.
Disse Jesus Cristo: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias».
Disse Jesus Cristo: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?».
Tiraram então a pedra. Jesus Cristo, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido.
Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste».
Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora».
O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus Cristo: «Desligai-o e deixai-o ir».
Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus Cristo fizera, acreditaram n’Ele.


Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, doutor da Igreja
Matinas do sábado de Lázaro
«E Jesus Cristo chorou. Diziam então os judeus: "Vede como era seu amigo"».
Porque eras o Filho, Tu conhecias, Senhor, o sono de Lázaro e preveniste os teus discípulos. [...] Mas na tua carne - Tu que não tens limites - vens até Betânia. Como verdadeiro homem, choras sobre Lázaro; como verdadeiro Filho, ressuscitas pela tua vontade aquele que estava morto há quatro dias. [...] Tem piedade de mim, Senhor; muitas são as minhas transgressões. Traz-me de volta, eu Te suplico, do abismo dos males em que me encontro. Foi por Ti que eu gritei; escuta-me, Senhor da minha salvação.
Chorando sobre o teu amigo, na tua compaixão puseste fim às lágrimas de Marta; pela tua Paixão voluntária, secaste todas as lágrimas do rosto do teu povo (Is 25,8). «Bendito sejas, Deus de nossos pais!» (Esd 7,27). Guardião da vida, chamaste um morto como se ele dormisse. Com uma palavra, rasgaste o ventre dos infernos e ressuscitaste aquele que começou a cantar: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!» A mim, estrangulado pelas amarras dos meus pecados, ergue-me também e eu cantarei: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!» [...]
Em reconhecimento, Maria traz-Te, Senhor, um vaso de mirra que estaria preparado para seu irmão (Jo 12,3) e canta-Te por todos os séculos. Como mortal, invocas o Pai; como o Filho, despertas Lázaro. Por isso nós Te cantamos, ó Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. [...] Tu despertas Lázaro, morto há quatro dias; fá-lo erguer-se do túmulo, designando-o assim como testemunha verídica da tua ressurreição ao terceiro dia. Tu andas, falas, choras, meu Salvador, mostrando a tua natureza humana; mas, ao despertares Lázaro, revelas a tua natureza divina. De maneira indizível, Senhor, meu Salvador, de acordo com as tuas duas naturezas e de forma soberana, Tu operaste a minha salvação.  

Segunda-feira, dia 03 de Abril de 2017

Segunda-feira da 5.ª semana da Quaresma

Santo do dia : S. Ricardo de Chichester, bispo, +1253, Santa Engrácia, virgem, mártir, +1050

Livro de Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62.
Naqueles dias, morava em Babilónia um homem chamado Joaquim.
Tinha desposado uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, muito bela e temente ao Senhor.
Os seus pais eram justos e tinham instruído a filha na Lei de Moisés.
Joaquim era muito rico e tinha um jardim contíguo à sua casa. Os judeus reuniam-se com ele frequentemente porque era o mais ilustre de todos eles.
Naquele ano, tinham designado como juízes dois anciãos do povo, daqueles que o Senhor denunciara, dizendo: «De Babilónia veio a iniquidade (= não-equidade) de velhos que passavam por dirigentes do povo».
Estes dois frequentavam a casa de Joaquim e a eles recorriam todos os que tinham alguma questão de justiça.
Quando, ao meio do dia, o povo se retirava, Susana vinha passear para o jardim do seu marido.
Os dois velhos observavam-na todos os dias, quando entrava no jardim para passear e apaixonaram-se por ela.
Perverteram a sua mente e desviaram os seus olhos de modo a não olharem para o Céu e não se lembrarem dos seus justos juízos.
Estando eles à espera de ocasião favorável, um dia Susana veio, como de costume, acompanhada somente de duas jovens e, como estava calor, quis tomar banho no jardim.
Não se encontrava ali ninguém, senão os dois velhos escondidos a espreitá-la.
Susana disse às jovens: «Trazei-me óleo e ung
üentos e fechai as portas do jardim para eu tomar banho».
Logo que elas saíram, os dois velhos levantaram-se, correram para junto de Susana
e disseram-lhe: «As portas do jardim estão fechadas, ninguém nos vê e nós estamos apaixonados por ti. Dá-nos o teu consentimento e entrega-te a nós.
Senão acusar-te-emos, dizendo que estava contigo um jovem e por isso mandaste embora as jovens».
Então Susana gemeu e exclamou: «Estou cercada por todos os lados: se praticar semelhante coisa, espera-me a morte; se não a praticar, não poderei fugir às vossas mãos.
Mas prefiro cair nas vossas mãos sem ter feito nada a pecar na presença do Senhor».
Então Susana gritou com voz forte, mas os dois velhos gritaram também contra ela
e um deles correu a abrir as portas do jardim.
Logo que as pessoas da casa ouviram estes gritos no jardim, precipitaram-se pela porta do lado para verem o que tinha acontecido.
Quando os velhos contaram a sua versão, os servos coraram de vergonha, pois nunca se tinha dito de Susana semelhante coisa.
No dia seguinte, quando o povo se reuniu em casa de Joaquim, marido de Susana, vieram os dois velhos cheios de rancor contra ela, pretendendo condená-la à morte.
E disseram diante do povo: «Mandai chamar Susana, filha de Helcias, esposa de Joaquim». Foram buscá-la
e ela veio com os pais, os filhos e todos os parentes.
Os seus familiares choravam assim como todos os que a viam.
Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana.
Ela, a soluçar, ergueu os olhos ao Céu porque o seu coração confiava no Senhor.
Os velhos disseram: «Enquanto passeávamos sós pelo jardim, entrou ela com duas servas; fechou as portas do jardim e mandou embora as servas.
Veio então ter com ela um jovem que estava escondido e deitou-se com ela.
Nós, que estávamos a um canto do jardim, ao ver aquela maldade, corremos sobre eles.
Embora os tivéssemos visto juntos, não pudemos agarrar o jovem porque era mais forte do que nós e, abrindo a porta, pôs-se em fuga.
A ela, porém, apanhámo-la e perguntámos-lhe quem era o jovem, mas ela não quis dizer-nos. Somos testemunhas do facto».
A assembleia deu-lhes crédito, por serem anciãos do povo e juízes e condenou Susana à morte.
Então Susana disse em altos brados: «Deus eterno, que sabeis o que é secreto e conheceis todas as coisas antes que aconteçam,
Vós sabeis que eles proferiram contra mim um falso testemunho. E eu vou morrer, sem ter feito nada do que eles maliciosamente disseram contra mim».
O Senhor ouviu a oração de Susana.
Quando a levavam para ser executada, Deus despertou o espírito santo de um rapazinho chamado Daniel
que gritou com voz forte: «Eu sou inocente da morte desta mulher».
Todo o povo se voltou para ele e perguntou: «Que palavras são essas que acabas de dizer?»
Daniel, de pé no meio deles, respondeu: «Sois tão insensatos, ó filhos de Israel, que, sem julgamento nem conhecimento claro dos factos, condenais uma filha de Israel?
Voltai ao tribunal porque estes dois homens levantaram contra ela um falso testemunho».
O povo regressou a toda a pressa e os anciãos disseram a Daniel: «Vem sentar-te no meio de nós e expõe-nos o teu pensamento, pois Deus concedeu-te a dignidade dos anciãos».
Daniel disse-lhes: «Separai-os um do outro e eu os julgarei».
Quando os separaram, Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: «Envelheceste na prática do mal, mas agora aparecem os pecados que outrora cometeste
quando lavravas sentenças injustas, condenando os inocentes e absolvendo os culpados, apesar de o Senhor dizer: ‘Não dareis a morte ao inocente e ao justo’.
Pois bem. Se viste esta mulher, debaixo de que árvore descobriste os dois juntos?». Ele respondeu: «Debaixo de um lentisco».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus já recebeu a sentença para te rachar ao meio».
Depois de o terem afastado, Daniel ordenou que trouxessem o outro e disse-lhe: «Raça de Canaã e não de Judá, a beleza seduziu-te e o desejo perverteu-te o coração.
Era assim que procedíeis com as filhas de Israel e elas, por medo, entregavam-se a vós.
Pois bem, diz-me então: Debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?» Ele respondeu: «Debaixo de um carvalho».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus está à tua espera com a espada na mão para te cortar ao meio. Assim acabará convosco».
Toda a assembleia clamou em alta voz, bendizendo a Deus que salva aqueles que esperam n’Ele.
Levantaram-se então contra os dois velhos porque Daniel os tinha convencido de falso testemunho, pela sua própria boca.
Para cumprirem a Lei de Moisés, aplicaram-lhes a mesma pena que tão impiamente tinham preparado para o seu próximo e executaram-nos e foi salva naquele dia uma vida inocente.
Livro de Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo

me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça

e meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor

para todo o sempre.


Evangelho segundo S. João 8,1-11.
Naquele tempo, Jesus Cristo foi para o monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus Cristo uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus Cristo:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus Cristo inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem, de entre vós, estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos e ficou só Jesus Cristo e a mulher, que estava no meio.
Jesus Cristo ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus Cristo: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».


Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Tratado sobre S. João
Justiça e misericórdia
Os fariseus disseram uns aos outros a propósito de Jesus Cristo: «Ele tem fama de ser verdadeiro e respira ternura;(= misericórdia) é no campo da justiça que temos de O atacar. Vamos trazer-Lhe uma mulher apanhada em flagrante delito de adultério e recordar-Lhe o que a Lei ordena sobre essa matéria».
Que responde o Senhor Jesus Cristo? Que responde a Verdade? Que responde a Sabedoria? Que responde a própria Justiça assim posta em causa? Jesus Cristo não diz: «Que ela não seja lapidada» porque não quer opor-Se à Lei. Contudo, também não diz: «Que seja lapidada» porque não veio para perder o que tinha encontrado, mas para procurar o que estava perdido. Que responde então? Vede como Ele estava cheio, ao mesmo tempo, de justiça, de ternura e de verdade: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Resposta de sabedoria, que os faz entrar em si mesmos! As suas manobras eram exteriores, mas não olhavam para o fundo do seu próprio coração. Viam a adúltera, mas não se observavam a si mesmos. [...]
Esta é a voz da justiça: que a culpada seja punida, mas não por culpados; que a Lei seja executada, mas não por quem viola a Lei. [...] Feridos por esta justiça como pelo ferro de uma lança, eles entraram em si mesmos e, descobrindo-se pecadores, «foram saindo um após outro».

Terça-feira, dia 04 de Abril de 2017

Terça-feira da 5.ª semana da Quaresma

Santo do dia : Santo Isidoro de Sevilha, bispo, Doutor da Igreja, +636

Livro de Números 21,4-9.
Naqueles dias, os filhos de Israel partiram do monte Hor para o Mar Vermelho, contornando a terra de Edom. No caminho, o povo impacientou-se
e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável».
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado».
Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.
Livro de Salmos 102(101),2-3.16-18.19-21.
Ouvi, Senhor, a minha oração
e chegue até Vós o meu clamor.
Não escondais o vosso rosto
no dia da minha aflição.
Inclinai para mim o vosso ouvido;
no dia em que chamar por Vós

respondei-me sem demora.
Os povos adorarão, Senhor, o vosso nome,
todos os reis da Terra a vossa glória.
Quando o Senhor reconstruir Sião
e manifestar a sua glória,
atenderá a súplica do infeliz

e não desprezará a sua oração.
Escreva-se tudo isto para as gerações futuras
e o povo que se há-de formar louvará o Senhor.
Debruçou-Se do alto da sua morada,
lá do Céu o Senhor olhou para a Terra,
para ouvir os gemidos dos cativos,

para libertar os condenados à morte.
Evangelho segundo S. João 8,21-30.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou».
Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir para onde Eu vou’?»
Mas Jesus Cristo continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.
Ora Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos pecados».
Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus Cristo: «Absolutamente aquilo que vos digo.
Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós, mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi».
Eles não compreenderam que lhes falava do Pai.
Disse-lhes então Jesus Cristo: «Quando levantardes o Filho (do homem – porque Deus é Espírito, invisível, mas o Filho é figura humana de Homem que estava repousando numa caixa de pedra com tampo de pedra e, na altura própria, a tampa deslocou-se na horizontal e Ele ergueu-se), então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo com o Pai e faço o que Ele Me ensinou.
Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só porque Eu faço sempre o que é do seu agrado».
Enquanto Jesus Cristo dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão sobre o evangelho de João, n.º 12
«Quando levantardes o Filho (do homem), então sabereis que ‘Eu sou’».
Jesus Cristo tomou a morte e pregou-a na cruz e os homens mortais foram libertados da morte. O Senhor recorda o que aconteceu no passado de forma simbólica: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto assim também é necessário que o Filho (do Homem) seja erguido ao alto a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna» (Jo 3,14-15). Mistério profundo! [...] Com efeito, o Senhor ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze, a elevasse sobre um poste no meio do deserto e comunicasse ao povo de Israel que, se alguém fosse mordido por uma serpente, olhasse para a serpente elevada no alto do poste. Os israelitas olhavam para ela e ficavam curados (Nm 21,6-9).
O que representam as serpentes que mordem? Representam os pecados que provêm da mortalidade da carne. E o que é a serpente que foi elevada? É a morte do Senhor na cruz. Com efeito, como a morte veio pela serpente (Gn 3), foi simbolizada pela efígie de uma serpente. A mordedura da serpente produz a morte; a morte do Senhor dá a Vida. O que significa isto? Que, para que a morte deixe de ter poder, temos de olhar para a morte. Mas para a morte de quem? Para a morte da vida - se se pode falar da morte da vida; e, como se pode, a expressão é maravilhosa. Hesitarei em referir o que o Senhor Se dignou fazer por mim? Pois Jesus Cristo não é a Vida? E, contudo, Jesus Cristo foi crucificado. Jesus Cristo não é a Vida? E, contudo, Jesus Cristo morreu. Na morte de Jesus Cristo, a morte encontrou a morte. [...]; a plenitude da vida engoliu a morte, a morte foi aniquilada no corpo de Jesus Cristo. É isto que diremos à Ressurreição quando cantarmos triunfantes: «Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor 15,55).

Quarta-feira, dia 05 de Abril de 2017

Quarta-feira da 5.ª semana da Quaresma

Santo do dia : S. Vicente Ferrer, presbítero, +1419, Santa Irene, virgem, séc. IV

Livro de Daniel 3,14-20.91-92.95.
Naqueles dias, Nabucodonosor, rei de Babilónia, disse aos três jovens israelitas: «Será verdade, Sidrac, Misac e Abdénago que não prestais culto aos meus deuses nem adorais a estátua de ouro que mandei levantar?
Pois bem. Quando ouvirdes tocar a trombeta, a flauta, a cítara, a harpa, o saltério, a gaita de foles e todos os outros instrumentos, estais dispostos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei fazer? Se não a quiserdes adorar, sereis imediatamente lançados na fornalha ardente. E qual é o deus que poderá livrar-Vos das minhas mãos?».
Sidrac, Misac e Abdénago responderam ao rei Nabucodonosor: «Não é necessário responder-te a propósito disto, ó rei.
O nosso Deus, a quem prestamos culto, pode livrar-nos da fornalha ardente e livrar-nos também das tuas mãos.
Mas ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que mandaste levantar».
Então Nabucodonosor encheu-se de cólera e alterou o semblante contra Sidrac, Misac e Abdénago. Mandou aquecer a fornalha sete vezes mais do que o costume
e ordenou a alguns dos seus mais valentes guerreiros que ligassem Sidrac, Misac e Abdénago e os lançassem na fornalha ardente.
Entretanto, o rei Nabucodonosor, sobressaltado, levantou-se precipitadamente e perguntou aos seus conselheiros: «Não é verdade que ligámos e lançámos três homens na fornalha ardente?» Eles responderam: «Certamente, ó rei».
Continuou o rei: «Mas eu vejo quatro homens a passearem livremente no meio do fogo sem nada sofrerem e o quarto tem o aspecto de um filho dos deuses».
Então Nabucodonosor exclamou: «Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que enviou o seu Anjo para livrar os seus servidores que, confiando n’Ele, desobedeceram à ordem do rei e arriscaram a sua vida a fim de não prestarem culto ou adoração a qualquer divindade que não fosse o seu Deus».
Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56.
Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito o vosso nome glorioso e santo:
digno de louvor e de glória para sempre.

Bendito sejais no templo santo da vossa glória:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no trono da vossa realeza:
digno de louvor e de glória para sempre.

Bendito sejais, Vós que sondais os abismos
e estais sentado sobre os Querubins:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no firmamento do céu:

digno de louvor e de glória para sempre.
Evangelho segundo S. João 8,31-42.
Naquele tempo, dizia Jesus Cristo aos judeus que tinham acreditado n’Ele: «Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos,
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará».
Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que Tu dizes: ‘Ficareis livres’?»
Respondeu Jesus Cristo: «Em verdade, em verdade vos digo: Todo aquele que comete o pecado é escravo.
Ora o escravo não fica para sempre em casa; o filho é que fica para sempre.
Mas se o Filho vos libertar, sereis realmente homens livres.
Bem sei que sois descendentes de Abraão; mas procurais matar-Me porque a minha palavra não entra em vós.
Eu digo o que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai».
Eles disseram: «O nosso pai é Abraão». Respondeu-lhes Jesus Cristo: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.
Mas procurais matar-Me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão não procedeu assim.
Vós fazeis as obras do vosso pai». Disseram-Lhe eles: «Nós não somos filhos ilegítimos; só temos um pai que é Deus».
Respondeu-lhes Jesus Cristo: «Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis porque saí de Deus e d’Ele venho. Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Filoxeno de Mabug (?-c. 523), bispo da Síria
Homilia n.º 4, Sobre a simplicidade
«Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão».
Logo que foi chamado, Abraão partiu, seguindo a Deus. Não se erigiu em juiz da palavra que lhe era dirigida. Não se deixou deter pelas suas ligações familiares nem pelo seu amor ao país e aos amigos nem por qualquer outro laço humano. A partir do momento em que ouviu a palavra e soube que se tratava de Deus, ouviu-a com simplicidade, tomando-a como verdadeira pela fé. Desprezando tudo o resto, pôs-se a caminho com a inocência da natureza que não procura enganar nem fazer o mal. Correu para a palavra de Deus como uma criança corre para seu pai. […]
Deus tinha-lhe dito: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar» (Gn 12,1). Foi para fazer triunfar a fé de Abraão e tornar resplandecente a sua simplicidade que Deus não lhe revelou o país para onde o chamava; parecia conduzi-lo para Canaã, mas a promessa falava-lhe de outro país, o da Vida que está nos céus. Como atesta S. Paulo: «Esperava a cidade assentada sobre sólidos fundamentos, cujo arquitecto e construtor é Deus» (Heb 11,10). […] Melhor ainda, a fim de nos mostrar claramente que esta promessa não dizia respeito a uma pátria terrena, depois de ter levado Abraão a sair da sua terra, Ur dos Caldeus, Deus não o conduziu imediatamente ao país de Canaã, tendo começado por retê-lo em Harrane e não lhe revelando imediatamente o nome do país para onde o conduzia; deste modo, Abraão não sairia da Caldeia atraído apenas pela recompensa prometida.
Considera, pois, ó discípulo, esta saída de Abraão e que a tua se assemelhe à dele! Não tardes em responder ao apelo vivo de Jesus Cristo que te chama. No passado, Ele dirigiu-Se apenas a Abraão; hoje, através do seu Evangelho, chama todos quantos querem ser chamados, convidando-os a segui-Lo porque o seu chamamento dirige-se a todos os homens. […] No passado, escolheu apenas Abraão; hoje, pede a todos que imitem Abraão.

Quinta-feira, dia 06 de Abril de 2017

Quinta-feira da 5.ª da Quaresma

Naqueles dias, Abrão caiu de rosto por terra e Deus falou-lhe assim:
«Esta é a minha aliança contigo: Serás pai de um grande número de nações.
Já não te chamarás Abrão, mas Abraão será o teu nome porque farei de ti o pai de um grande número de nações.
Farei que tenhas incontável descendência que dês origem a povos e de ti sairão reis.
Estabelecerei a minha aliança contigo e com a tua descendência, de geração em geração. Será uma aliança perpétua, para que Eu seja o teu Deus e o Deus dos teus futuros descendentes.
A ti e à tua futura descendência darei a terra em que tens habitado como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em posse perpétua. Serei o vosso Deus».
Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência, de geração em geração.
Livro de Salmos 105(104),4-5.6-7.8-9.
Procurai o Senhor e o seu poder,
buscai sempre a sua presença.
Recordai as suas maravilhas,
os seus prodígios e os seus oráculos.

Vós, descendentes de Abraão, seu servidor,
filhos de Jacob, seu eleito,
o Senhor é o nosso Deus
e as suas sentenças são lei em toda a Terra.

Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações,
o pacto que estabeleceu com Abraão,
o juramento que fez a Isaac.

Evangelho segundo S. João 8,51-59.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte».
Responderam-Lhe os judeus: «Agora sabemos que tens o demónio. Abraão morreu, os profetas também, mas Tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, nunca sofrerá a morte’.
Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes ser?»
Disse-lhes Jesus Cristo: «Se Eu Me glorificar a Mim próprio, a minha glória não vale nada. Quem Me glorifica é meu Pai, Aquele de quem dizeis: ‘É o nosso Deus’.
Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O e se dissesse que não O conhecia, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e guardo a sua Palavra.
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de alegria».
Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos (portanto Jesus Cristo andaria na casa dos quarenta) e viste Abraão?!»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, ‘Eu sou’» (querendo afirmar que o Filho existia desde sempre).
Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus Cristo, mas Ele ocultou-Se e saiu do templo.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Abraão, Livro I, 19-20
«Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia»
Consideremos a recompensa que Abraão pede ao Senhor. Não Lhe pede riquezas, como um avaro, nem vida longa, como quem teme a morte, nem poder, mas um digno herdeiro do seu trabalho. «Que me dareis, Senhor Deus, vou-me sem filhos» (Gn 15,2). […] Agar deu à luz um filho, Ismael, mas Deus diz-lhe: «Não é ele que será o teu herdeiro, mas aquele que sairá das tuas entranhas» (Gn 15,4). De quem fala Ele? Não se trata de Ismael, mas de Santo Isaac. […] Em Isaac, filho legítimo, podemos ver o verdadeiro Filho legítimo, o Senhor Jesus Cristo que, no começo do evangelho de São Mateus, é chamado filho de Abraão (Mt 1,1). Ele mostrou ser um verdadeiro filho de Abraão, fazendo resplandecer a descendência do seu antepassado; foi graças a Ele que Abraão, olhando para o céu, viu brilhar a sua posteridade como as estrelas (Gn 15,5). O apóstolo Paulo afirma: «Uma estrela difere da outra em resplendor. Assim também é a ressurreição dos mortos» (1Cor 15,41-42). Ao associar à sua ressurreição os homens que a morte mantinha na Terra, Jesus Cristo fê-los participar no reino dos céus.
A filiação de Abraão apenas se propagou pela herança da que nos prepara para o céu, nos aproxima dos anjos, nos eleva até às estrelas. Disse Deus: «"Será assim a tua descendência." Abraão confiou no Senhor» (Gn 15,5-6). Ele acreditou que, pela sua incarnação, Jesus Cristo seria seu herdeiro. Para to fazer compreender, o Senhor afirmou: «Abraão viu o Meu dia e alegrou-se.» Deus considerou-o justo porque ele não pediu explicações, antes acreditou sem a menor hesitação. (para quem tem fé nenhuma explicação é necessária; para quem não tem fé, não há explicação que convença.) É bom que a fé se sobreponha às explicações, pois de outro modo parecia que estávamos a exigi-las ao Senhor nosso Deus, como quem as exige a um homem. Que inconveniência, acreditar nos homens quando eles dão testemunho de outro e não acreditar em Deus, quando fala de Si! Imitemos, pois, Abraão, para herdarmos o mundo pela justificação da fé que o tornou a ele herdeiro da Terra.

Sexta-feira, dia 07 de Abril de 2017

Sexta-feira da 5.ª semana da Quaresma

Disse Jeremias: «Eu ouvia as inventivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’.
Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida.
Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa.
Cantai ao Senhor, louvai o Senhor que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos».
Livro de Salmos 18(17),2-3a.3bc-4.5-6.7.
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
sois meu protector, minha defesa e meu salvador.

Invoquei o Senhor – louvado seja Ele –
e fiquei salvo dos meus inimigos.
Cercaram-me as ondas da morte
e encheram-me de terror as torrentes malignas;

envolveram-me em laços funestos
e a morte prendeu-me em suas redes.
Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.

Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.
Evangelho segundo S. João 10,31-42.
Naquele tempo, os judeus agarraram em pedras para apedrejarem Jesus Cristo.
Então Jesus Cristo disse-lhes: «Apresentei-vos muitas boas obras, da parte de meu Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?»
Responderam os judeus: «Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar: é por blasfémia, porque Tu, sendo homem, Te fazes Deus».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’?
Se a Lei chama ‘deuses’ a quem a palavra de Deus se dirigia e a Escritura não pode abolir-se
de Mim que o Pai consagrou e enviou ao mundo, vós dizeis: ‘Estás a blasfemar’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’
Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis.
Mas se as faço, embora não acrediteis em Mim, acreditai nas minhas obras, para reconhecerdes e saberdes que o Pai está em Mim e Eu estou no Pai».
De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos.
Jesus Cristo retirou-Se novamente para além do Jordão, para o local onde anteriormente João tinha estado a baptizar e lá permaneceu.
Muitos foram ter com Ele e diziam: «É certo que João não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse deste homem era verdade».
E muitos ali acreditaram em Jesus Cristo.
Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
Melitão de Sardes (?-c. 195), bispo
Homilia pascal, 57-67
O mistério da Páscoa do Senhor
O mistério da Páscoa realizou-se no corpo do Senhor. Mas Ele já tinha anunciado os seus sofrimentos pelos patriarcas, pelos profetas e por todo o seu povo; tinha-os confirmado por meio de um selo, visível na Lei e nos profetas. Esse futuro inaudito e grandioso foi preparado desde longa data; prefigurado desde há muito, o mistério do Senhor tornou-se visível hoje porque antigo e novo é o mistério do Senhor. […] (os patriarcas, profetas pre-vêem, isto é, têm a capacidade de ir ao futuro verificar o que se passará. Então não estava preestabelecida a Semana Santa de Jesus Cristo; estava previsto o que iria acontecer e apesar de conhecer a previsão, Jesus Cristo não poderia procurar outra situação porque Ele iria dar a sua vida
 para salvação dos que acreditassem nele, ser o seu Rei, o seu Senhor, Senhor da Humanidade. Ao dar a sua vida, entregava-se à morte que a iria tornar insuportável para qualquer homem. Não estava estabelecido por Deus; Deus só estabelece a Vida e o Bem, incluindo para o Filho.)
Queres, pois ver o mistério do Senhor? Contempla Abel, como Ele assassinado, Isaac, como Ele preso, José, como Ele vendido, Moisés, como Ele exposto, David, como Ele acossado, os profetas, como Ele maltratados em nome de Jesus Cristo. Contempla, por fim, a ovelha imolada na terra do Egipto, que atingiu o Egipto e salvou Israel pelo seu sangue.
Também pela voz dos profetas foi anunciado o mistério do Senhor. Moisés disse ao povo: «A tua vida estará como em suspenso diante de ti. Tremerás de noite e de dia; não acreditarás no teu próprio viver» (Dt 28,66). E David: «Porque se amotinam as nações, porquê este burburinho insano dos povos? Sublevam-se os reis da Terra, os príncipes conspiram entre si contra o Senhor e contra o seu ungido» (Sl 2,1-2). E Jeremias: «E eu, como manso cordeiro, conduzido ao matadouro, ignorava as maquinações tramadas contra mim, dizendo: […] "Arranquemo-la da terra dos vivos, que o seu nome caia no esquecimento."» (Jer 11,19). E Isaías: «Foi maltratado e resignou-se, como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha emudecida nas mãos do tosquiador. Sem defesa, sem justiça o levaram, quem meditou no seu destino?» (Is 53,7-8)
Muitos outros acontecimentos foram anunciados por numerosos profetas acerca do mistério da Páscoa, que é Jesus Cristo. […] Foi Ele quem nos livrou da servidão do mundo, como da terra do Egipto e nos arrancou à escravidão do demónio, como à mão do Faraó.

Sábado, dia 08 de Abril de 2017

Sábado da 5.ª semana da Quaresma

Assim fala o Senhor Deus: «Vou tirar os filhos de Israel do meio das nações para onde foram, vou reuni-los de toda a parte, para os reconduzir à sua terra.
Farei deles um só povo, na sua terra, nas montanhas de Israel e um só rei reinará sobre todos eles. Nunca mais tornarão a ser duas nações nem ficarão divididos em dois reinos.
Não voltarão a manchar-se com os seus ídolos, com todas as suas abominações e pecados. Hei-de livrá-los de todas as infidelidades que cometeram e hei-de purificá-los, para que sejam o meu povo e Eu seja o seu Deus.
O meu servidor David será o seu rei, o único pastor de todos eles. Caminharão segundo os meus mandamentos e obedecerão às minhas leis, pondo-as em prática.
Habitarão na terra que dei ao meu servidor Jacob, a terra em que moraram os vossos pais. Aí habitarão eles e os seus filhos e os filhos dos seus filhos para sempre e o meu servidor David será o seu soberano para sempre.
Farei com eles uma aliança de paz, uma aliança eterna entre Mim e eles. Hei-de estabelecê-los, hei-de multiplicá-los e colocarei no meio deles o meu santuário para sempre.
A minha morada será no meio deles: serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
As nações saberão que Eu sou o Senhor, que santifico Israel, quando o meu santuário estiver no meio deles para sempre».
Livro de Jeremias 31,10.11-12ab.13.
Escutai, ó povos, a palavra do Senhor
e anunciai-a às ilhas distantes:
Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo
e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho.

O Senhor resgatou Jacob
e libertou-o das mãos do seu dominador.
Regressarão com brados de alegria ao monte Sião,
acorrendo às bênçãos do Senhor.

A virgem dançará alegremente,
exultarão os jovens e os velhos.
Converterei o seu luto em alegria
e a sua dor será mudada em consolação e júbilo.

Evangelho segundo S. João 11,45-56.
Naquele tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus Cristo fizera, ressuscitando-o dos mortos, acreditaram n’Ele.
Alguns deles, porém foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus Cristo tinha feito.
Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres?
Se O deixamos continuar assim, todos acreditarão n’Ele e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo e toda a nação».
Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada.
Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?»
Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou (ofereceu Jesus Cristo em holocausto) que Jesus Cristo havia de morrer pela nação
e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos.
A partir desse dia, decidiram matar Jesus Cristo.
Por isso Jesus Cristo já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim e aí permaneceu com os discípulos.
Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa.
Procuravam então Jesus Cristo e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»

Tradução litúrgica da Bíblia

Comentário do dia:
São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre a Carta aos Romanos, 15, 7
«Para congregar na unidade todos os filhos de Deus que estavam dispersos»
Está escrito: «Nós, que somos muitos, constituímos um só corpo em Jesus Cristo» (Rom 12,5) porque Jesus Cristo nos congrega na unidade, pelos laços do amor: «Ele que, de dois povos, fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, anulando pela sua carne a Lei, os preceitos e as prescrições» (Ef 2,14-15). Temos, pois de ter os mesmos sentimentos recíprocos: «Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele» (1Cor 12,26). Por isso, prossegue São Paulo, «acolhei-vos uns aos outros, como Jesus Cristo também vos acolheu, para glória de Deus» (Rom 15,7). Acolhamo-nos uns aos outros, se queremos ter os mesmos sentimentos, «suportando-nos uns aos outros com caridade, solícitos em conservar a unidade de espírito, mediante o vínculo da paz» (Ef 4,2-3) Foi assim que Deus nos acolheu em Jesus Cristo que disse: «Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Com efeito, o Filho foi dado em resgate pela vida de todos nós e nós fomos libertados da morte, resgatados da morte e do pecado.
São Paulo esclarece as perspectivas deste plano de salvação quando afirma que «Jesus Cristo Se fez servidor dos circuncisos, a fim de mostrar a veracidade de Deus» (Rom 15,8). Porque Deus tinha prometido aos patriarcas, pais dos judeus, que abençoaria a sua descendência que seria tão numerosa como as estrelas do céu. Foi por isso que o Verbo, que é o Filho, Se manifestou na carne e Se fez homem. Deus mantém na existência toda a criação e assegura o bem de tudo quanto existe. O Filho veio a este mundo e incarnou, «não para ser servido, mas», como Ele próprio afirmou, «para servir e dar a vida em resgate pela multidão» (Mc 10,45).
©

https://medium.com/@mcfpcid.portugal/          meus trabalhos
http://goo.gl/RSVXh5        portal da Confraria Bolos D. Rodrigo

Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia

Os meus blogues

--------------------------------------------

http://www.algarvehistoriacultura.blogspot.pt              sobre o ALGARVE
http://www.passo-a-rezar.net/       meditações cristãs
http://www.descubriter.com/pt/             Rota Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/               Homepage - “Povo Livre” - Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/        18,30h – terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)









Sem comentários:

Enviar um comentário