"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida
eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 09 de Abril de 2017
DOMINGO DE RAMOS E DA
PAIXÃO DO SENHOR
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu
saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele
desperta os meus ouvidos para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a
barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e, por isso, não fiquei envergonhado;
tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei desiludido.
Livro de Salmos
22(21),8-9.17-18a.19-20.23-24.
Todos os que me vêem escarnecem de mim,
estendem os lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre,
Ele que o salve, se é seu amigo».
Matilhas de cães me rodearam,
cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,
posso contar todos os meus ossos.
Repartiram entre si as minhas vestes
e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim,
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.
Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós que adorais o Senhor, louvai-O,
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob,
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
Carta aos Filipenses
2,6-11.
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua filiação
com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servidor, tornou-Se
semelhante aos homens. Aparecendo como homem,
humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes,
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na Terra e nos abismos
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai.
Evangelho segundo S.
Mateus 26,14-75.27,1-66.
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com
os príncipes dos sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles
garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e
perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a
Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa e dizei-lhe: ‘O Mestre
manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a
Páscoa com os meus discípulos’».
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu,
Senhor?».
Jesus Cristo respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há-de
entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele
por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não
ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?».
Respondeu Jesus Cristo: «Tu o disseste».
Enquanto comiam, Jesus Cristo tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o
aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei: Isto é o meu corpo».
Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele
todos
porque este é o meu sangue, o sangue da aliança,
derramado pela multidão para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira, até ao dia em que
beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai».
Cantaram os salmos e seguiram para o monte das Oliveiras.
Então Jesus Cristo disse-lhes: «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis
por minha causa, como está escrito: ‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as
ovelhas do rebanho’.
Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
Pedro interveio, dizendo: «Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu
não me escandalizarei».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o
galo cantar, Me negarás três vezes».
Pedro disse-lhe: «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei». E o
mesmo disseram todos os discípulos.
Então Jesus Cristo chegou com eles a um terreno, chamado Getsémani, e disse
aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
E tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se
e a angustiar-Se.
Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e
vigiai comigo».
E adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e
dizia: «Meu Pai, se é possível, passa de Mim este cálice. Todavia, não se
faça como Eu quero, mas como Tu queres».
Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
«Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo!
Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a
carne é fraca».
De novo Se afastou, pela segunda vez e orou, dizendo: «Meu Pai, se este
cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade».
Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados
de sono.
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas
palavras.
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes: «Dormi agora e descansai.
Chegou a hora em que o Filho (do homem porque é o protótipo dos homens; a
figura humana – homem) vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
Ainda Jesus Cristo estava a falar quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele
uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-O».
Aproximou-se imediatamente de Jesus Cristo e disse-Lhe: «Salve, Mestre!». E
beijou-O.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Amigo, a que vieste?». Então avançaram, deitaram
as mãos a Jesus Cristo e prenderam-n’O.
Um dos que estavam com Jesus Cristo levou a mão à espada, desembainhou-a e
feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha.
Jesus Cristo disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos os que puxarem da espada morrerão à
espada. (quem é do Bem não pode praticar o mal porque isso seria negar-se
a si próprio e entregar-se ao universo do mal.)
Pensas que não posso rogar a meu Pai que ponha já ao meu dispor mais de doze
legiões de Anjos?
Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim tem de acontecer
(traduções: assim vai acontecer)?».
Voltando-Se depois para a multidão, Jesus Cristo disse: «Viestes com espadas
e varapaus para Me prender como se fosse um salteador! Eu estava todos os
dias sentado no templo a ensinar e não Me prendestes...
Mas, tudo isto aconteceu para se cumprirem as Escrituras dos profetas (esta
expressão pretende desculpar tudo o que os judeus lhe fizeram desde que
começou a evangelizar. Trata-se sim de visitar o futuro e verificar o que lá
se passa)». Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
Os que tinham prendido Jesus Cristo levaram-n’O à presença do sumo sacerdote
Caifás, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido.
Pedro foi-O seguindo, de longe, até ao palácio do sumo sacerdote.
Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas, para ver como acabaria
tudo aquilo.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho
falso contra Jesus Cristo para O condenarem à morte,
mas não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas
falsas. Por fim, apresentaram-se duas
que disseram: «Este homem afirmou: ‘Posso destruir o templo de Deus e
reconstruí-lo em três dias’».
Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus Cristo: «Não respondes
nada? Que dizes ao que depõem contra Ti?».
Mas Jesus Cristo continuava calado. Disse-Lhe o sumo sacerdote: «Eu Te
conjuro pelo Deus vivo que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Tu o disseste. E Eu digo-vos: vereis o Filho do
homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu».
Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou. Que necessidade
temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia.
Que vos parece?». Eles responderam: «É réu de morte».
Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas. Outros esbofeteavam-n’O,
dizendo: «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e
disse-lhe: «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes».
Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos
circunstantes: «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
E, de novo, ele negou com juramento: «Não conheço tal homem».
Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro: «Com
certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
Começou então a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço tal homem». E
imediatamente um galo cantou.
Então Pedro lembrou-se das palavras que Jesus Cristo dissera: «Antes de o
galo cantar, tu Me negarás três vezes». E saindo, chorou amargamente.
Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se
reuniram em conselho contra Jesus Cristo, para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos, levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador
Pilatos.
Então Judas, que entregara Jesus Cristo, vendo que Ele tinha sido condenado,
tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos príncipes dos
sacerdotes e aos anciãos,
dizendo: «Pequei, entregando sangue
inocente». Mas eles replicaram: «Que nos importa? É lá contigo».
Então arremessou as moedas para o santuário, saiu dali e foi-se enforcar.
Mas os príncipes dos sacerdotes apanharam as moedas e disseram: «Não se podem
lançar no tesouro porque são preço de
sangue».
E depois de terem deliberado, compraram com elas o Campo do Oleiro que servia
para a sepultura dos estrangeiros.
Por este motivo se tem chamado àquele campo, até ao dia de hoje, «Campo de
Sangue».
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta: «Tomaram trinta moedas de
prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram
e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me tinha ordenado».
Entretanto, Jesus Cristo foi levado à presença do governador que Lhe
perguntou: «Tu és o rei dos judeus?». Jesus Cristo respondeu: «É como dizes».
Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada
respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos: «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
Mas Jesus Cristo não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar
muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha
do povo.
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás.
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos: «Qual quereis que vos solte?
Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?».
Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja.
Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer: «Não te
prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa
d’Ele».
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a
que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus Cristo.
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes: «Qual dos dois quereis que vos
solte?». Eles responderam: «Barrabás».
Disse-lhes Pilatos: «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
Responderam todos: «Seja crucificado».
Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?». Mas eles gritavam cada vez mais: «Seja
crucificado».
Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água
e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou inocente do sangue
deste homem. Isso é lá convosco».
E todo o povo respondeu: «O seu sangue
caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus Cristo,
entregou-lh’O para ser crucificado.
Então os soldados do governador levaram Jesus Cristo para o pretório e
reuniram à volta d’Ele toda a corte.
Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O num manto vermelho.
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma cana na
sua mão direita. Ajoelhando-se diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
«Salve, rei dos judeus!».
Depois cuspiam-Lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça.
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas
roupas e levaram--n’O para ser crucificado.
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão e requisitaram-no para
levar a cruz de Jesus Cristo (porque ele tinha aliviado o sofrimento de
muitos à custa da sua própria vida).
Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário,
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus Cristo, depois de o
provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as
à sorte
e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua
condenação: «Este é Jesus, o rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam, insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo:
«Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti
mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz».
Os príncipes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e os anciãos, também
troçavam d’Ele, dizendo:
«Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos
Confiou em Deus: Ele que O livre agora, se O ama, porque disse: ’’Eu sou
Filho de Deus.”»
Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a
terra.
E pelas três horas da tarde, Jesus Cristo clamou com voz forte: «Eli, Eli,
lemá sabactáni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me
abandonaste?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias».
Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta de uma
cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram: «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
E Jesus Cristo, clamando outra vez com voz forte, expirou.
Então o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a
terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham
morrido ressuscitaram
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus Cristo, entraram na
cidade santa e apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus Cristo, ao verem o
tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram:
«Este era verdadeiramente Filho de
Deus». (Este era mesmo o Filho e o
homem natural e o homem espiritual; todos passaram pelo
mesmo porque ele esteve sempre consciente e saudável até que expirou)
Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus Cristo
desde a Galileia, para O servirem.
Entre elas encontrava-se Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a
mãe dos filhos de Zebedeu.
Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também
se tinha tornado discípulo de Jesus Cristo.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus Cristo. E Pilatos ordenou
que lho entregassem.
José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
e depositou-o no seu sepulcro novo
que tinha mandado escavar na rocha. Depois rolou uma grande pedra para a
entrada do sepulcro e retirou-se.
Entretanto, estavam ali Maria de Magdala e a outra Maria, sentadas em frente
do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação, os príncipes dos sacerdotes e
os fariseus foram ter com Pilatos
e disseram-lhe: «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse quando
ainda era vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei’.
Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança até ao terceiro dia,
para que não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos
mortos’. E a última impostura seria pior do que a primeira».
Pilatos respondeu: «Tendes à vossa disposição a guarda: ide e guardai-o como
entenderdes».
Eles foram e guardaram o sepulcro, selando a pedra e pondo a guarda.
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Beato Guerric de Igny (c.
1080-1157), abade cisterciense
Sermão sobre os Ramos
«Bendito o que vem em nome do Senhor»
É sob dois aspectos
bem diferentes que a festa de hoje apresenta aos filhos dos homens Aquele que
a nossa alma deseja (Is 26,9), «o mais belo dos filhos dos homens» (Sl 44,3).
E ele atrai o nosso olhar sob esses dois aspectos; amamo-lo sob um e sob o
outro porque num e noutro Ele é o Salvador dos homens. [...]
Se considerarmos ao mesmo tempo a procissão de hoje e a Paixão, vemos Jesus
Cristo, por um lado sublime e glorioso, por outro humilhado e doloroso.
Porque na procissão Ele recebe honras reais (porque regressava de uma longa
ausência e por isso só os de idade madura o reconheceram; as crianças não.
Ali ele não conseguia realizar a obra por que nasceu, mas longe, na Galiza, a
sua missão estava realizada. Regressou para o momento final) e na Paixão
vemo-Lo castigado como um malfeitor. Aqui cercam-No a glória e a honra; além
«não tem aparência nem beleza» (Is 53,2). Aqui temos a alegria dos homens e o
orgulho do povo; além temos «a vergonha dos homens e o desprezo do povo» (Sl
21,7). Aqui aclamam-No dizendo: «Hossana ao Filho de David. Bendito seja o
Rei de Israel que vem!» Além vociferam que merece a morte e escarnecem dele
porque Se fez Rei de Israel. Aqui correm para Ele com palmas; além
flagelam-Lhe o rosto com as mesmas palmas e batem-Lhe na cabeça com uma cana.
Aqui cumulam-No de elogios; além afogam-No em injúrias. Aqui disputam-se para
Lhe juncar o caminho com as vestes dos outros; além despojam-No das suas
próprias vestes. Aqui recebem-No em Jerusalém como Rei justo e como Salvador;
além é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Aqui montam-No
sobre um burro, rodeado de homenagens; além é pendurado da cruz, rasgado
pelos chicotes, trespassado de chagas e abandonado pelos seus. [...]
Senhor Jesus Cristo, quer o teu rosto apareça glorioso quer humilhado, sempre
nele vemos brilhar a sabedoria. Do teu rosto irradia o fulgor da luz eterna
(Sb 7,26). Que brilhe sempre sobre nós, Senhor, a luz do teu rosto (Sl 4,7)
nas tristezas como nas alegrias. [...] Tu és a alegria e a salvação de todos
quer Te vejam montado no burro quer suspenso do madeiro da cruz.
Segunda-feira,
dia 10 de Abril de 2017
Segunda-feira DA
SEMANA SANTA
Diz o Senhor: «Eis o meu servidor, a quem Eu protejo, o meu
eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito para
que leve a justiça às nações.
Não gritará nem levantará a voz nem
se fará ouvir nas praças;
não quebrará a cana fendida nem apagará a torcida que ainda fumega:
proclamará fielmente a justiça.
Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na Terra, a doutrina que
as ilhas longínquas esperam.
Assim fala o Senhor Deus que criou e estendeu os céus, consolidou a terra e
o que ela produz, dá vida ao povo que a habita e respiração aos que sobre
ela caminham:
Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão,
formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações
para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da
prisão os que habitam nas trevas».
Livro de Salmos 27(26),1.2.3.13-14.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
Quando os malvados me assaltaram
para devorar a minha carne,
foram eles, meus inimigos e adversários,
que vacilaram e caíram.
Se um exército me vier cercar,
o meu coração não temerá.
Se contra mim travarem batalha,
mesmo assim terei confiança.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.
Evangelho segundo S.
João 12,1-11.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus Cristo foi a Betânia, onde
vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um
dos que estavam à mesa com Jesus Cristo.
Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço,
ungiu os pés de Jesus Cristo e enxugou-Lhos com os cabelos e a casa
encheu-se com o perfume do bálsamo.
Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele (que administrava
os bens da comunidade) que havia de entregar Jesus Cristo:
«Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos
pobres?»
Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão
e, tendo a bolsa comum, tirava (para si) o que nela se lançava.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura.
Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis».
Soube então grande número de judeus que Jesus Cristo Se encontrava ali e
vieram, não só por causa de Jesus Cristo, mas também para verem Lázaro,
que Ele tinha ressuscitado dos mortos.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro
(e assim, na altura da Paixão, os três irmãos saíram em silêncio de
Betânia, de barco, para a Galiza, mas, devido a temporal, desembarcaram em
terras de França, onde encontraram cristãos e por lá ficaram) porque muitos
judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus Cristo .
Tradução
litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c.
345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da
Igreja
Homilia 15 sobre a Carta aos Romanos; PG 60, 543-548
«Pobres, sempre os tereis convosco»
O Pai não
poupou o seu próprio Filho (Rom 8,32) e tu não dás sequer um bocado de pão
Àquele que foi entregue e imolado por ti. Por ti, o Pai não O poupou e tu
passas com desprezo ao lado de Jesus Cristo que tem fome, enquanto vives
dos benefícios que Ele te conquistou. [...] Ele foi entregue por ti,
imolado por ti, vive em necessidade por ti e quer que a tua generosidade
seja vantajosa para ti; mesmo assim, tu não dás. Haverá pedras tão duras
como o vosso coração quando tantas razões o interpelam? Não bastou a Jesus Cristo
sofrer a morte e a cruz; Ele quis ainda tornar-Se pobre, mendigo e nu, ser
metido na prisão (Mt 25,36), a fim de que ao menos isso te tocasse: «Se
nada me dás pelas minhas dores», diz-nos, «tem piedade de Mim por causa da
minha pobreza. Se não queres ter piedade de Mim por causa da minha pobreza,
que seja a minha doença a vergar-te, que sejam as minhas correntes a
enternecer-te. E se isso não te toca, consente ao menos por causa da
pequenez do pedido. Não te peço coisas difíceis; peço-te pão, um tecto e
umas palavras de amizade. [...] Estive preso por ti e continuo a estar, a
fim de que, comovido com as minhas cadeias do passado ou com as do
presente, tu queiras ser misericordioso para comigo. Passei fome por ti e
continuo a passar. Tive sede quando estava suspenso da cruz e continuo a
ter sede pelos pobres, a fim de te atrair a Mim dessa maneira e te salvar».
[...]
Com efeito, Ele diz: «Quem recebe um destes pequeninos, a Mim recebe (Mc
9,37) [...] Poderia coroar-te sem isso, mas quero tornar-Me teu devedor, a
fim de que uses a coroa com segurança. É por isso que, podendo alimentar-Me
a Mim próprio, ando a mendigar de um lado para o outro, me coloco à tua
porta e te estendo a mão. É por ti que quero ser alimentado porque te amo
ardentemente. A minha felicidade consiste em estar sentado à tua mesa.»
Terça-feira,
dia 11 de Abril de 2017
Terça-feira DA
SEMANA SANTA
Santo do dia : Santa
Gema Galgani, virgem, +1903, Santo
Estanislau, bispo, mártir, +1097, Beata
Elena Guerra, virgem, +1914
Livro de Isaías 49,1-6.
Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai
atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome
desde o seio de minha mãe.
Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão.
Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava.
E disse-me: «Tu és o meu servidor, Israel, por quem manifestarei a minha
glória».
E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas
forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no
meu Deus.
E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para
fazer de mim o seu servidor, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir
Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a
minha força.
Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servidor para restaurares as
tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de
ti a luz das nações para que a minha salvação chegue até aos confins da Terra».
Livro de Salmos 71(70),1-2.3-4a.5-6ab.15.17.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector.
A minha boca proclama a Vossa justiça
todos os dias, a Vossa salvação que é incontável.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
Evangelho segundo S. João 13,21-33.36-38.
Naquele tempo, estando Jesus Cristo à mesa com os discípulos,
sentiu-Se intimamente perturbado e declarou: «Em verdade, em verdade vos
digo: Um de vós Me entregará».
Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem de quem falava.
Um dos discípulos, o predilecto de Jesus Cristo, estava à mesa, mesmo a
seu lado.
Simão Pedro fez-lhe sinal e disse: «Pergunta-Lhe a quem Se refere».
Ele inclinou-Se sobre o peito de Jesus Cristo e perguntou-Lhe: «Quem é,
Senhor?»
Jesus Cristo respondeu: «É aquele a quem vou dar este bocado de pão
molhado». E molhando o pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão.
Naquele momento, Satanás entrou nele. Disse-lhe Jesus Cristo: «O que tens
a fazer, fá-lo depressa».
Mas nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque lhe disse tal coisa.
Como Judas era quem tinha a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus
Cristo lhe tinha dito: «Vai comprar o que precisamos para a festa» ou
então, que desse alguma esmola aos pobres.
Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite.
Depois de ele sair, Jesus Cristo disse: «Agora foi glorificado o Filho do
homem e Deus foi glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e
glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Haveis de
procurar-Me e, assim como disse aos judeus, também agora vos digo: não
podeis ir para onde Eu vou»
Perguntou-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?». Jesus Cristo respondeu:
«Para onde Eu vou, não podes tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás
depois».
Disse-Lhe Pedro: «Senhor, por que motivo não posso seguir-Te agora? Eu
darei a vida por Ti».
Disse-Lhe Jesus Cristo: «Darás a vida por Mim? Em verdade, em verdade te
digo: Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Leão Magno (?-c. 461),
papa, doutor da Igreja
Sermão 3 sobre a Paixão, 4-5
«Eram os nossos sofrimentos que Ele levava sobre si» (Is
53,4)
O Senhor
revestiu-Se de uma grande fraqueza, para cobrir a nossa inconstância com
a firmeza da sua força. Ele veio do Céu a este mundo como um mercador
rico e generoso e, através de uma troca admirável, concluiu um negócio:
tomando o que era nosso, concedeu-nos o que era seu; pelo que fazia a
nossa vergonha, deu a sua honra, pelas dores a cura, pela morte a vida.
[...]
O santo apóstolo Pedro foi o primeiro a fazer a experiência de quanto
essa humildade foi proveitosa para todos os crentes. Abalado pela
tempestade violenta da sua perturbação, voltou a si por uma mudança
brusca e recuperou a sua força: encontrara remédio no exemplo do Senhor.
[...] O servidor, com efeito, não podia ser maior do que o seu senhor nem
o discípulo do que o seu mestre (Mt 10,24) e ele não teria podido vencer
o tremor da fragilidade humana se o vencedor da morte não tivesse tremido
primeiro. O Senhor olhou, portanto, para Pedro (Lc 22,61); no meio das
calúnias dos sacerdotes, das mentiras das testemunhas, das injúrias dos
que Lhe batiam e escarneciam dele, encontrou o seu discípulo, abalado por
esses olhos que haviam visto antecipadamente a sua perturbação. A Verdade
penetrou-o com o seu olhar, chegando aonde o seu coração precisava de ser
curado. Foi como se a voz do Senhor se tivesse feito ouvir para lhe
dizer: «Aonde vais, Pedro, porque foges? Vem a Mim, confia em Mim e
segue-Me. Este é o tempo da minha Paixão, a hora do teu suplício ainda
não chegou. Porque temes agora? Também tu o ultrapassarás. Não te deixes
desconcertar pela fraqueza que assumi. Por causa do que tomei de
ti é que tremi, mas tu não tenhas medo por causa do que vês em Mim».
Quarta-feira,
dia 12 de Abril de 2017
Quarta-feira DA
SEMANA SANTA
O Senhor deu-me a
graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra
de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus
ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me
arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e
cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio e, por isso, não fiquei
envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra e sei que não ficarei
desiludido.
O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um
processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se
apresente!
O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?
Livro de Salmos 69(68),8-10.21bcd-22.31.33-34.
Por Vós tenho
suportado afrontas,
cobrindo-se meu rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para a minha família.
Devorou-me o zelo pela vossa casa
e recaíram sobre mim os insultos contra Vós.
O insulto despedaçou-me o coração
e eu desfaleço.
Esperei por compaixão e não apareceu
nem encontrei quem me consolasse.
Misturaram-me fel na comida
e deram-me vinagre a beber.
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei.
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.
Evangelho segundo S. Mateus 26,14-25.
Naquele tempo, um
dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos
sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus Cristo e
perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a
Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa e dizei-lhe: ‘O
Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu
quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’».
Os discípulos fizeram como Jesus Cristo lhes tinha mandado e prepararam
a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há-de
entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei
eu, Senhor?».
Jesus Cristo respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que
há-de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai
daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria
para esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu,
Mestre?». Respondeu Jesus Cristo: «Tu o disseste».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430),
bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o evangelho de João, n.° 27, § 10
Deus tira do mal o bem e da injustiça a justiça
«Não vos
escolhi Eu a vós, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo» (Jo 6,70). O
Senhor devia dizer: «Escolhi onze de vós»; terá ele escolhido um
demónio, haveria um demónio entre os eleitos? [...] Diremos nós que, ao
escolher Judas, o Salvador quis cumprir, através dele e contra sua
vontade, sem que ele soubesse, uma obra tão grande e tão boa? Isto é
próprio de Deus [...]: fazer que as más obras dos maus sirvam o bem
[...]. O mau faz que todas as boas obras de Deus sirvam o mal; o homem
de bem, ao contrário, faz que as más acções dos maus sirvam o bem.
Haverá alguém tão bom quanto o Deus único? O próprio Senhor diz:
«Ninguém é bom senão um só: Deus» (Mc 10,18) [...]
Haverá quem seja pior do que Judas? De entre os discípulos
do Mestre, de entre os Doze, foi ele o escolhido para guardar a
bolsa e prover aos pobres (Jo 13,29). Mas depois de tal dom, é ele
quem recebe dinheiro para entregar Aquele que é a Vida (Mt 26,15);
perseguiu como inimigo Aquele a quem tinha seguido como discípulo
[...]. Mas o Senhor fez que tão grande crime servisse o bem. Aceitou
ser traído para nos resgatar: eis como o crime de Judas se transmuta em
bem.
Quantos mártires terá Satanás perseguido? Mas, se não o tivesse feito,
não celebraríamos hoje o seu triunfo [...]. O mau não pode contrariar a
bondade de Deus. Ainda que Satanás seja um artesão do mal, o supremo
Artesão não permitiria a existência do mal se não soubesse servir-Se
dele para que tudo concorra para o bem.
Quinta-feira, dia 13 de Abril de 2017
Quinta-feira
DA SEMANA SANTA. Missa vespertina da Ceia do Senhor
Naqueles dias, o
Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto:
«Este mês será para vós o princípio dos meses; fareis dele o primeiro
mês do ano.
Falai a toda a comunidade de Israel e dizei-lhe: No dia dez deste
mês, procure cada qual um cordeiro por família, uma rês por cada
casa.
Se a família for pequena demais para comer um cordeiro, junte-se ao
vizinho mais próximo, segundo o número de pessoas, tendo em conta o
que cada um pode comer.
Tomareis um animal sem defeito, macho e de um ano de idade. Podeis
escolher um cordeiro ou um cabrito.
Deveis conservá-lo até ao dia catorze desse mês. Então toda a
assembleia da comunidade de Israel o imolará ao cair da tarde.
Recolherão depois o seu sangue que será espalhado nos dois umbrais e
na padieira da porta das casas em que o comerem.
E comerão a carne nessa mesma noite; comê-la-ão assada ao fogo, com pães
ázimos e ervas amargas.
Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, sandálias nos pés e
cajado na mão. Comereis a toda a pressa: é a Páscoa do Senhor.
Nessa mesma noite, passarei pela terra do Egipto e hei-de ferir de
morte, na terra do Egipto, todos os primogénitos, desde os homens até
aos animais. Assim exercerei a minha justiça contra os deuses do
Egipto, Eu, o Senhor.
O sangue será para vós um sinal, nas casas em que estiverdes: ao ver
o sangue, passarei adiante e não sereis atingidos pelo flagelo
exterminador, quando Eu ferir a terra do Egipto.
Esse dia será para vós uma data memorável que haveis de celebrar com
uma festa em honra do Senhor. Festejá-lo-eis de geração em geração,
como instituição perpétua».
Livro de Salmos 116(115),12-13.15-16bc.17-18.
Como agradecerei
ao Senhor
tudo quanto Ele me deu?
Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor.
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou vosso servidor, filho da vossa servidora:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor,
na presença de todo o povo.
1ª Carta aos Coríntios 11,23-26.
Irmãos: Eu recebi
do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus Cristo, na noite
em que ia ser entregue, tomou o pão
e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por
vós. Fazei isto em memória de Mim».
Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é
a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o
em memória de Mim».
Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste
cálice, anunciareis a morte do Senhor até que Ele venha.
Evangelho segundo S. João 13,1-15.
Antes da festa da
Páscoa, sabendo Jesus Cristo que chegara a sua hora de passar deste
mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo,
amou-os até ao fim.
No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas
Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar,
Jesus Cristo, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade,
sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava,
levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha que pôs à
cintura.
Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura.
Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais
lavar-me os pés?».
Jesus Cristo respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender
agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde».
Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus Cristo
respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo».
Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também
as mãos e a cabeça».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e
não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos».
Jesus Cristo bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que
acrescentou: «Nem todos estais limpos».
Depois de lhes lavar os pés, Jesus Cristo tomou o manto e pôs-Se de
novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz?
Vós chamais-Me Mestre e Senhor e dizeis bem porque o
sou.
Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis
lavar os pés uns aos outros.
Dei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Tomás Moro
(1478-1535), estadista inglês, mártir
Tratado sobre a Paixão
«Amou-os até ao fim.»
«Antes
da festa da Páscoa, sabendo Jesus Cristo que chegara a sua hora de
passar deste mundo para o Pai; Ele, que amara os seus que estavam no
mundo, amou-os até ao fim.» [...] No Evangelho, João foi chamado «o
discípulo que Jesus Cristo amava». É esse discípulo que nos mostra
aqui, pelas suas palavras, a que ponto o nosso Salvador, que o amava
realmente, era fiel no seu amor. Porque estas palavras são seguidas
imediatamente pela narrativa da dolorosa Paixão de Jesus Cristo, a
partir da Última Ceia, a começar pelo humilde serviço do lava-pés,
prestado por Jesus Cristo aos seus discípulos e da expulsão do
traidor. Depois, vêm os ensinamentos de Jesus Cristo, a sua oração, a
prisão, a flagelação, a crucifixão e toda a dolorosa tragédia da sua
amaríssima Paixão.
É antes de tudo isto que São João cita as palavras que recordámos há
pouco, para fazer compreender que Jesus Cristo realizou todos estes actos
por puro amor. E demonstrou claramente esse amor aos discípulos na
Última Ceia, quando lhes afirmou que, se se amassem uns aos outros,
seguiriam o seu exemplo. Porque amou até ao fim aqueles que amava,
desejava que eles fizessem o mesmo. Ele não era inconstante, como
tantos que amam de forma passageira, abandonam na primeira
oportunidade e, de amigos se tornam inimigos, como fez o
traidor Judas. Jesus Cristo perseverou no amor até ao fim, até ao
momento em que, precisamente por esse amor, chegou ao seu doloroso
extremo. E não só por aqueles que eram já seus amigos, mas pelos seus
inimigos, a fim de fazer deles amigos. Não para sua vantagem, mas
para a deles.
Sexta-feira, dia 14 de Abril de 2017
Sexta-feira
da Paixão do Senhor
Vede como vai
prosperar o meu servidor: subirá, elevar-se-á, será exaltado.
Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão
desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência
de um ser humano – assim se hão-de encher de assombro muitas nações
e, diante dele, os reis ficarão calados porque hão-de ver o que
nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido.
agora fará com que muitos povos fiquem bem impressionados. Os reis
ficarão boquiabertos, ao verem coisas inenarráveis e ao
contemplarem coisas inauditas.
Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do
Senhor?
O meu servidor cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz
numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso
olhar nem aspecto agradável que possa cativar-nos.
Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao
sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa
desprezível e sem valor para nós.
Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas
dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e
humilhado.
Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por
causa das nossas iniquidades (=não-equidades). Caiu sobre ele o
castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados.
Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu
caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós.
Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como
cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a
tosquiam, ele não abriu a boca.
Foi eliminado por sentença iníqua, mas, quem se preocupa com a sua
sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos
pecados do seu povo.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios (= ateus, desumanos) e um
túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido
injustiça nem se tivesse encontrado mentira na sua boca.
Aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua
vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira,
viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos.
Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua
sabedoria. O justo, meu servidor, justificará a muitos e tomará
sobre si as suas iniquidades.
Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos
despojos no meio dos poderosos porque ele próprio entregou a sua
vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as
culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.
Livro de Salmos 31(30),2.6.12-13.15-16.17.25.
Em Vós, Senhor,
me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Em vossas mãos entrego o meu espírito,
Senhor, Deus fiel, salvai-me.
Tornei-me o escárnio dos meus inimigos,
o desprezo dos meus vizinhos
e o terror dos meus conhecidos:
todos evitam passar por mim.
Esqueceram-me como se fosse um morto,
tornei-me como um objecto abandonado.
Eu, porém, confio no Senhor:
Disse: «Vós sois o meu Deus,
nas vossas mãos está o meu destino».
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem.
Fazei brilhar sobre mim a vossa presença,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.
Carta aos Hebreus 4,14-16.5,7-9.
Irmãos: Tendo
nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus Cristo, Filho de Deus, permaneçamos
firmes na profissão da nossa fé.
Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se
compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi
provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado.
Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de
alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com
grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e
foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento
e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe
obedecem causa de salvação eterna.
Evangelho segundo S. João 18,1-40.19,1-42.
Naquele tempo,
Jesus Cristo saiu com os seus discípulos para o outro lado da
torrente do Cedron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus
discípulos.
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local porque Jesus Se
reunira lá muitas vezes com os discípulos.
Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas,
enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas chegou
ali, com archotes, lanternas e armas.
Sabendo Jesus Cristo tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-Se e
perguntou-lhes: «A quem buscais?».
Eles responderam-Lhe: «A Jesus, de Nazaré». Jesus Cristo disse-lhes:
«Sou Eu». Judas, que O ia entregar, também estava com eles.
Quando Jesus Cristo lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por
terra.
Jesus Cristo perguntou-lhes novamente: «A quem buscais?». Eles
responderam: «A Jesus, de Nazaré».
Disse-lhes Jesus Cristo: «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a
Mim que buscais, deixai que estes se retirem».
Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me
deste, não perdi nenhum».
Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um
servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo
chamava-se Malco.
Mas Jesus Cristo disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não
hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?».
Então, a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus
apoderaram-se de Jesus Cristo e manietaram-n’O.
Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás que era o sumo
sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: «Convém que
morra um só homem pelo povo».
(oferecido em holocausto)
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus Cristo com outro discípulo.
Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus Cristo
no pátio do sumo sacerdote,
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro
discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou
Pedro para dentro.
A porteira disse a Pedro: «Tu não és dos discípulos desse homem?».
Ele respondeu: «Não sou».
Estavam ali presentes os servos e os guardas que, por causa do
frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam. Pedro também se
encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus Cristo acerca dos seus
discípulos e da sua doutrina.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Falei abertamente ao mundo. Sempre
ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem e
não disse nada em segredo.
Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse:
eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma
bofetada a Jesus Cristo e disse-Lhe: «É assim que respondes ao sumo
sacerdote?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas,
se falei bem, porque Me bates?».
Então Anás mandou Jesus Cristo manietado ao sumo sacerdote Caifás.
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. Disseram-lhe então: «Tu
não és também um dos seus discípulos?». Ele negou, dizendo: «Não
sou».
Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem
Pedro cortara a orelha: «Então eu não te vi com Ele no jardim?».
Pedro negou novamente e logo um galo cantou.
Depois, levaram Jesus Cristo da residência de Caifás ao pretório.
Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se
contaminarem e assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: «Que acusação
trazeis contra este homem?».
Eles responderam-lhe: «Se não fosse malfeitor, não t’O
entregávamos».
Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós próprios e julgai-O segundo a
vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido dar a morte
a ninguém».
Assim se cumpriam as palavras que Jesus Cristo tinha dito, ao
indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus Cristo
e perguntou-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «É por ti que o dizes ou foram outros
que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos
sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus Cristo respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não
fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus Cristo respondeu-lhe:
«É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de
dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a
minha voz».
Disse-Lhe Pilatos: «Que é a verdade?». Dito isto, saiu novamente
para fora e declarou aos judeus: «Não encontro neste homem culpa
nenhuma.
Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o rei dos judeus?».
Eles gritaram de novo: «Esse não. Antes Barrabás». Barrabás era um
salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus Cristo e O açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça
e envolveram Jesus Cristo num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: «Salve, rei dos judeus». E
davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse: «Eu vo-l’O trago aqui
fora para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma».
Jesus Cristo saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de
púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis o homem».
Quando viram Jesus Cristo, os príncipes dos sacerdotes e os guardas
gritaram: «Crucifica-O! Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O
vós mesmos e crucificai-O que eu não encontro n’Ele culpa alguma».
Responderam-lhe os judeus: «Nós temos uma lei e, segundo a nossa
lei, deve morrer porque Se fez Filho de Deus».
Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado.
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus Cristo: «Donde és
Tu?». Mas Jesus Cristo não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos: «Não me falas? Não sabes que tenho poder
para Te soltar e para Te crucificar?».
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Nenhum poder terias sobre Mim, se não
te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior
pecado».
A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus Cristo, mas os
judeus gritavam: «Se O libertares, não és amigo de César: todo
aquele que se faz rei é contra César».
Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus Cristo para fora e
sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico
«Gabatá».
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos
judeus: «Eis o vosso rei!».
Mas eles gritaram: «À morte, à morte! Crucifica-O!». Disse-lhes
Pilatos: «Hei-de crucificar o vosso rei?». Replicaram-lhe os
príncipes dos sacerdotes: «Não temos outro rei senão César».
Entregou-lhes então Jesus Cristo para ser crucificado. E eles
apoderaram-se de Jesus.
Levando a cruz, Jesus Cristo saiu para o chamado Lugar do Calvário
que em hebraico se diz Gólgota.
Ali O crucificaram e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus Cristo
no meio.
Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz;
nele estava escrito: «Jesus, de Nazaré, Rei dos judeus».
Muitos judeus leram esse letreiro porque o lugar onde Jesus Cristo tinha
sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico,
grego e latim.
Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus: «Não
escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o rei dos
judeus’».
Pilatos retorquiu: «O que escrevi está escrito».
Quando crucificaram Jesus Cristo, os soldados tomaram as suas
vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado e
ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida
de alto a baixo como um todo.
Disseram uns aos outros: «Não a rasguemos, mas lancemos sortes,
para ver de quem será». Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram
entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica».
Foi o que fizeram os soldados.
Estavam junto à cruz de Jesus Cristo sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria de Magdala.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predilecto, Jesus Cristo disse a sua
Mãe: «Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela
hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.
Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a
Escritura (naquela altura, depois de tanto sofrimento, certamente
Jesus Cristo não se lembrava do que está na Escritura; mas depois
de tudo o que passou certamente tinha muita sede), Jesus Cristo disse:
«Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma
esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus Cristo tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está
consumado». E inclinando a cabeça, expirou.
Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem
na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os
judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem
retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao
outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus Cristo, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as
pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e logo saiu
sangue e água.
Aquele que viu é que dá
testemunho e o seu testemunho
é verdadeiro. Ele sabe que diz
a verdade para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura que diz: «Nenhum osso
lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele
que trespassaram».
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus Cristo,
embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para
levar o corpo de Jesus Cristo. Pilatos permitiu-lho. José veio
então tirar o corpo de Jesus Cristo.
Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao
encontro de Jesus Cristo. Trazia uma mistura de quase cem libras de
mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus Cristo e envolveram-no em ligaduras
juntamente com os perfumes, como é costume sepultar entre os
judeus.
No local em que Jesus Cristo tinha sido crucificado, havia um
jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora
sepultado.
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro
ficava perto, depositaram Jesus Cristo.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Máximo de Turim
(?-c. 420), bispo
Sermão 38; PL 57, 341s; CCL 23, 149s
O sinal da salvação
Na
sua Paixão, o Senhor assumiu todos os males do género humano a fim
de que, a partir de então, nada mais fizesse mal ao homem. A cruz
é, pois um grande mistério e, se tentarmos compreendê-lo, por via
deste sinal o mundo será salvo. Com efeito, quando se fazem ao mar,
os marinheiros começam por erguer a árvore do mastro, esticando a
vela para que as águas se lhes abram; desse modo, formam a cruz do
Senhor e, seguros por este sinal, chegam ao porto da salvação e
escapam aos perigos da morte. Com efeito, a vela suspensa do mastro
é a imagem deste sinal divino, da mesma maneira que Jesus Cristo
foi elevado na cruz. Eis por que razão, devido à confiança que
nasce deste mistério, estes homens não se assustam com as borrascas
do vento, chegando ao porto desejado. Pois tal como a Igreja não
pode permanecer de pé sem a cruz, também um navio enfraquece sem o
mastro. O diabo atormenta-o e o vento atinge o navio, mas, quando
se ergue o sinal da cruz, é afastada a injustiça do diabo e a
borrasca termina imediatamente. […]
O agricultor também não empreende o seu trabalho sem o sinal da
cruz: ao reunir os elementos da charrua, imita a imagem de uma
cruz. […] Também o céu está disposto como uma imagem deste sinal,
com as suas quatro direcções: o Oriente, o Ocidente, o Meio-dia e o
Norte. A forma do próprio homem, quando eleva as mãos, representa
uma cruz; sobretudo quando rezamos de mãos erguidas, proclamamos a
Paixão do Senhor através do nosso corpo. […] Moisés, o Santo, não
saiu vencedor da guerra contra os amalecitas por via das armas, mas
das mãos erguidas para Deus (Ex 17,11). […]
Assim, por este sinal do Senhor, abre-se o mar, cultiva-se a terra,
é governado o céu e os homens são salvos. É também, afirmo eu, por
este sinal do Senhor que se abrem as profundezas onde habitam os
mortos. Porque o homem Jesus Cristo, o Senhor, que transportou a
verdadeira cruz, foi sepultado na terra e a terra que Ele tinha
trabalhado em profundidade, que tinha, por assim dizer, destruído
em todos os pontos, fez germinar todos os mortos que retinha em si.
Sábado, dia 15 de Abril de 2017
Sábado
Santo - VIGÍLIA PASCAL
Naqueles
dias, disse o Senhor a Moisés: «Porque estás a bradar por Mim?
Diz aos filhos de Israel que se ponham em marcha.
E tu ergue a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o para
que os filhos de Israel entrem nele a pé enxuto.
Entretanto vou permitir que se endureça o coração dos egípcios
que hão-de perseguir os filhos de Israel. Manifestarei então a
minha glória, triunfando do faraó, de todo o seu exército, dos
seus carros e dos seus cavaleiros.
Os egípcios reconhecerão que Eu sou o Senhor, quando Eu
manifestar a minha glória, vencendo o faraó, os seus carros e os
seus cavaleiros».
O Anjo de Deus, que seguia à frente do acampamento de Israel,
deslocou-se para a retaguarda. A coluna de nuvem que os precedia
veio colocar-se atrás do acampamento
e postou-se entre o campo dos egípcios e o de Israel. A nuvem era
tenebrosa de um lado e do outro iluminava a noite
de modo que, durante a noite, não se aproximaram uns dos outros.
Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor fustigou o mar,
durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as
águas dividiram-se.
Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto as
águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Os egípcios foram atrás deles: todos os cavalos do Faraó, os seus
carros e cavaleiros seguiram-nos pelo mar dentro.
Na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem
para o acampamento dos egípcios e lançou nele a confusão.
Bloqueou as rodas dos carros que dificilmente se podiam mover.
Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas que o Senhor
combate por eles contra os egípcios».
O Senhor disse a Moisés: «Estende a mão sobre o mar e as águas
precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus carros e os
seus cavaleiros».
Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar
retomou o seu nível normal, quando os egípcios fugiam na sua direcção.
E o Senhor precipitou-os no meio do mar.
As águas refluíram e submergiram os carros, os cavaleiros e todo
o exército do Faraó que tinham entrado no mar, atrás dos filhos
de Israel. Nem um só escapou.
Mas os filhos de Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto,
enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda.
Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel
viu os egípcios mortos nas praias do mar.
Viu também o grande poder que o Senhor exercera contra os
egípcios e o povo temeu o Senhor, acreditou n’Ele e em seu servidor
Moisés.
Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este hino em honra do
Senhor: «Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória,
precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro».
Livro de Êxodo 15,1b-2.3-4.5-6.17-18.
«Cantarei ao
Senhor que é verdadeiramente grande:
cavalo e cavaleiro lançou no mar.
O Senhor é a minha força e a minha protecção:
foi Ele quem me salvou
Ele é o meu Deus: eu O exalto
Ele é o Deus de meu pai: eu O glorifico.
O Senhor é um guerreiro, Omnipotente é o seu nome;
precipitou no mar os carros do Faraó e o seu exército.
Os seus melhores combatentes afogaram-se no Mar Vermelho,
foram engolidos pelas ondas,
caíram como pedra no abismo.
A vossa mão direita, Senhor, revelou a sua força,
a vossa mão direita, Senhor, destroçou o inimigo.
Mas, conduzistes com amor o povo que libertastes
e com o vosso poder o levastes à vossa morada santa,
à morada segura que fizestes, Senhor.
O Senhor reinará pelos séculos dos séculos.
Carta aos Romanos 6,3-11.
Irmãos: Todos
nós que fomos baptizados em Jesus Cristo fomos baptizados na sua
morte.
Fomos sepultados com Ele pelo Baptismo na sua morte para que,
assim como Jesus Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do
Pai, também nós vivamos uma vida nova.
Se, na verdade, estamos totalmente unidos a Jesus Cristo pela
semelhança da sua morte também o estaremos pela semelhança da sua
ressurreição.
Bem sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Jesus Cristo
para que fosse destruído o corpo do pecado e não mais fôssemos
escravos dele.
Quem morreu, está livre do pecado.
Se morremos com Jesus Cristo, acreditamos que também com Ele
viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo já não
pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu, Jesus Cristo morreu para o pecado de
uma vez para sempre; mas a sua vida é uma vida para Deus.
Assim vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Evangelho segundo S. Mateus 28,1-10.
Depois do
sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a
outra Maria foram visitar o sepulcro.
De repente, houve um grande terramoto: o Anjo do Senhor desceu do
Céu e, aproximando-se, removeu a pedra do sepulcro e sentou-se
sobre ela.
O seu aspecto era como um relâmpago e a sua túnica branca como a
neve.
Os guardas começaram a tremer de medo e ficaram como mortos.
O Anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo;
sei que procurais Jesus Cristo, o Crucificado.
Não está aqui: ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver o lugar
onde jazia.
E ide depressa dizer aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos
e vai adiante de vós para a Galileia. Lá O vereis’. Era o que
tinha para vos dizer».
As mulheres afastaram-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor
e grande alegria e correram a levar a notícia aos discípulos.
Jesus Cristo saiu ao seu encontro e saudou-as. Elas
aproximaram-se, abraçaram-Lhe os pés e prostraram-se diante
d’Ele.
Disse-lhes então Jesus Cristo: «Não temais. Ide avisar os meus
irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Hesíquio (?-c.
451), monge, presbítero
I Homilia para a Páscoa
«Esta é a noite em que Jesus Cristo,
quebrando as cadeias da morte, Se levanta vitorioso do túmulo»
O
céu brilha quando é iluminado pelo coro das estrelas e o universo
brilha ainda mais quando se ergue a estrela da manhã. Esta noite,
porém não resplandece tanto com o brilho dos astros, mas de
alegria perante a vitória do nosso Deus e Salvador: «Tende
confiança! Eu venci o mundo», diz Ele (Jo 16,3). Depois desta
vitória de Deus sobre o inimigo invisível, também nós obteremos
certamente a vitória sobre os demónios. Permaneçamos, pois junto
da cruz da nossa salvação, a fim de colhermos os primeiros frutos
dos dons de Jesus Cristo. Celebremos esta noite santa com chamas
sagradas; façamos erguer a música divina, cantemos um hino
celeste. O «Sol da justiça» (Mal 3,20), Nosso Senhor Jesus
Cristo, iluminou este dia para todo o mundo, erguendo-Se por meio
da cruz e salvando os crentes. […]
A nossa assembleia, meus irmãos, é uma festa de vitória, a
vitória do Rei do Universo, Filho de Deus. Hoje, o demónio foi
destruído pelo Crucificado e a humanidade encheu-se de alegria
pelo Ressuscitado. […] Exclama este dia: «Hoje, vi o Rei do Céu,
cingido de luz, subir acima do brilho e de toda a claridade,
acima do sol e das águas, acima das nuvens.» […] Ele esteve oculto,
primeiro no seio de uma mulher, depois no seio da terra, primeiro
santificando aqueles que são gerados, em seguida concedendo a
vida pela sua ressurreição àqueles que morreram porque «deles
fugirão a tristeza e os gemidos» (Is 35,10). […]
Hoje, o paraíso foi aberto pelo Ressuscitado, Adão voltou à vida,
Eva foi consolada, o chamamento foi ouvido, o Reino está
preparado, o homem foi salvo, Jesus Cristo é amado. Ele esmagou a
morte a seus pés, aprisionou esse tirano, desbaratou a mansão dos
mortos. Ele sobe aos céus, vitorioso como um rei, glorioso como
um chefe […] e diz a seu Pai: «Eis-Me aqui e aos filhos que Me
deu o Senhor» (Heb 2,13). Glória a Ele, agora e pelos séculos dos
séculos.©
http://goo.gl/RSVXh5 portal da Confraria Bolos
D. Rodrigo
Os meus filmes
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia
Os meus blogues
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http://www.descubriter.com/pt/ Rota
Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” -
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– terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
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