"Senhor, a quem
iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 23 de Outubro de 2016
30.º
Domingo do Tempo Comum - Ano C
Pois o Senhor é um juiz e não faz distinção de pessoas.
Porque o Senhor sabe retribuir e te dará sete vezes mais.
Não tentes suborná-l’O com prendas porque não os aceitará.
Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido.
Não despreza a súplica do órfão nem os gemidos da viúva.
Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos
justos e restabelecer a equidade.
Livro de Salmos
34(33),2-3.17-18.19.23.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma/ pessoa celeste gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
O Senhor volta-se contra os que fazem o mal
para apagar da Terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
O Senhor defende a vida dos seus servidores,
não serão castigados os que n’Ele confiam.
2.ª Carta a Timóteo 4,6-8.16-18.
Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha
partida está iminente.
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz, me
há-de dar naquele dia e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem
esperado com amor a sua vinda.
Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram.
Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me coragem para que, por meu intermédio, a
mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a
ouvissem e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste.
Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Ámen.
Evangelho segundo S.
Lucas 18,9-14.
Naquele tempo, Jesus Cristo disse a seguinte parábola para alguns
que se consideravam justos e desprezavam os outros:
«Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano.
O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças (graças só Deus tem
para dar; nós só podemos agradecer) por não ser como os outros homens que são
ladrões, injustos e adúlteros nem como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’.
(faz apenas o que lhe compete; no livre arbítrio é necessário iniciativa e
decisões próprias da escolha)
O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao
Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim que sou
pecador’.
Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque
todo aquele que se exalta, será humilhado e quem se humilha, será exaltado».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
3.º sermão sobre a Anunciação, 9-10
«O publicano [...] nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao
Céu.»
Qual é o vaso
para onde a graça se inclina de preferência? Se a confiança foi feita para receber
nela a misericórdia e a paciência para recolher a justiça; que recipiente
podemos propor que esteja apto a receber a graça?
Trata-se de um bálsamo muito puro que precisa de um vaso muito sólido. Ora o
que há de mais puro e mais sólido que a humildade de coração? É por isso que
Deus «dá a sua graça aos humildes» (Tg 4,6). Foi com razão que «Ele poisou o
seu olhar na humildade da sua serva» (Lc 1,48) porque um coração humilde não
se deixa ocupar pelo mérito humano e a plenitude da graça pode expandir-se
nele mais livremente. [...]
Observastes este fariseu em oração? Ele não era ladrão nem injusto nem
adúltero. Não negligenciava a penitência. Jejuava dois dias por semana, dava
o dízimo de tudo quanto possuía. [...] Mas não estava esvaziado de si mesmo,
não se despojara de si próprio (Fil 2,7), não era humilde, mas, pelo
contrário, altivo. Com efeito, não se preocupou em saber o que ainda lhe
faltava, mas exagerou o seu mérito; não estava cheio, mas inchado. E foi-se
embora vazio por ter simulado a plenitude. O publicano, pelo contrário,
porque se humilhou a si próprio e se preocupou em se apresentar como um vaso
vazio, pôde trazer para si mesmo uma graça muito mais abundante.
Segunda-feira,
dia 24 de Outubro de 2016
Segunda-feira da 30.ª
semana do Tempo Comum
Irmãos: Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e
perdoai-vos mutuamente como Deus também vos perdoou em Jesus Cristo.
Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados.
Caminhai na caridade, a exemplo de Jesus Cristo que nos amou e Se entregou
por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.
A imoralidade e qualquer impureza ou avareza, nem sequer sejam mencionadas
entre vós, como é próprio de cristãos.
Nada também de palavras indecentes, estultas ou maliciosas que são coisas
inconvenientes. Em vez disso, dai acções de graças
porque, como sabeis, nenhum imoral, impudico ou avarento – que é uma
idolatria – terá parte na herança do reino de Jesus Cristo e de Deus.
Ninguém vos iluda com vãos raciocínios: é por causa dessas desordens que a
ira de Deus atinge os rebeldes.
Portanto, não sejais seus cúmplices.
Outrora vós éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor.
Livro de Salmos
1,1-2.3.4.6.
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor
e nela medita dia e noite.
É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo
e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido.
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.
Evangelho segundo S. Lucas 13,10-17.
Naquele tempo, estava Jesus Cristo a ensinar ao sábado numa sinagoga.
Apareceu lá uma mulher com um espírito que a tornava enferma havia dezoito
anos; andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se.
Ao vê-la, Jesus Cristo chamou-a e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua
enfermidade»
e impôs-lhe as mãos. Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus.
Mas o chefe da sinagoga, indignado por Jesus Cristo ter feito uma cura ao
sábado, tomou a palavra e disse à multidão: «Há seis dias para trabalhar.
Portanto, vinde curar-vos nesses dias e não no dia de sábado».
O Senhor respondeu: «Hipócritas! Não solta cada um de vós do estábulo o seu
boi ou o seu jumento ao sábado, para o levar a beber?
E esta mulher, filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos, não
devia libertar-se desse jugo no dia de sábado?».
Enquanto Jesus Cristo assim falava, todos os seus adversários ficaram
envergonhados e a multidão alegrava-se com todas as maravilhas que Ele
realizava.
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Narek (c. 944-c.
1010), monge, poeta arménio
Livro de Orações, n.° 18
«Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus»
Houve um
tempo em que eu não estava presente e Tu criaste-me.
Eu não tinha orado e Tu fizeste-me.
Eu não tinha ainda vindo à luz e, no entanto, Tu viste-me.
Eu não tinha aparecido e, no entanto, tiveste piedade de mim.
Eu não Te tinha invocado e, no entanto, tomaste-me ao teu cuidado.
Eu não Te tinha feito qualquer sinal e, no entanto, olhaste para mim.
Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica e, no entanto, tiveste
misericórdia para comigo.
Eu não tinha articulado o mínimo som e, no entanto, ouviste-me.
Eu não tinha sequer suspirado e, no entanto, a tudo estiveste atento.
Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo presente,
Não me votaste ao desprezo.
Considerando, com teus previdentes olhos,
Os erros deste pecador que eu sou,
Vieste, contudo, modelar-me.
Sou agora este ser que Tu criaste,
Que salvaste,
Que foi alvo de tanta solicitude!
Que a ferida do pecado, suscitada pelo acusador,
Não me perca para sempre! [...]
Presa, paralisada,
Curvada como a mulher que sofria,
A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se.
Sob o peso do pecado, fixa-se à terra,
Com as pesadas cadeias de Satã. [...]
Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim,
Esta pobre árvore que pensa que caiu.
A mim que estou seco, faz-me reflorir
Em beleza e esplendor,
Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez 17,22-24). [...]
Tu, Protetor único,
Digna-Te lançar sobre mim um olhar
Vindo da solicitude do teu indizível amor [...],
E do nada criarás em mim a própria luz (cf Gn 1,3).
Terça-feira,
dia 25 de Outubro de 2016
Terça-feira da 30.ª
semana do Tempo Comum
Irmãos: Sede submissos uns aos outros no amor de Jesus Cristo.
As mulheres compreendam os seus maridos como ao Senhor
porque o marido é corresponsável pela família com a esposa como Jesus Cristo
é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador.
Ora como a Igreja se submete a Jesus Cristo, assim também as mulheres e seus
maridos se devem submeter em tudo a Jesus Cristo.
Maridos, amai as vossas mulheres, como Jesus Cristo ama a Igreja e Se
entregou por ela.
Ele quis santificá-la, purificando-a no baptismo da água pela palavra da
vida,
para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem
ruga nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada.
Assim devem os maridos amar as suas esposas, como os seus corpos. Quem
ama a sua esposa ama-se a si mesmo.
Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe
presta cuidados, como Jesus Cristo à Igreja;
porque nós somos membros do seu Corpo.
Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa e serão
dois numa só carne.
É grande este mistério, digo-o em relação a Jesus Cristo e à Igreja.
Portanto, cada um de vós ame a sua esposa como a si mesmo e a esposa respeite
o seu marido.
Livro de Salmos
128(127),1-2.3.4-5.
Feliz de ti, que adoras o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que ama o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.
Evangelho segundo S. Lucas 13,18-21.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo: «A que é semelhante o
reino de Deus, a que hei-de compará-lo?
É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua
horta. Cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos
seus ramos».
Jesus Cristo disse ainda: «A que hei-de comparar o reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas
de farinha até ficar tudo levedado».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397),
bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de Lucas VII, 176-180; SC 52
O grão de mostarda
Vejamos
porque é o reino de Deus comparado a um grão de mostarda. Lembro-me de outra
passagem que evoca o grão de mostarda e onde ele é comparado com a fé;
diz o Senhor: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este
monte: "Muda-te daqui para acolá" e ele há-de mudar-se» (Mt
17,19). [...] Se, portanto, o Reino dos Céus é como um grão de mostarda e
a fé também é como um grão de mostarda; a fé é seguramente o Reino dos
Céus e o Reino dos Céus é a fé. Ter fé é ter o Reino dos Céus. [...] Foi
por isso que Pedro, que tinha fé, recebeu as chaves do Reino dos Céus:
para poder abri-lo aos outros (Mt 16,19).
Apreciemos agora o alcance da comparação. Este grão é certamente uma
coisa comum e simples; mas, se o trituramos, faz irradiar a sua força. Do
mesmo modo, à primeira vista, a fé é simples; mas, tocada pela
adversidade, faz irradiar a sua força. [...] Os nossos mártires Félix,
Nabor e Victor eram grãos de mostarda: tinham o perfume da fé, mas eram
ignorados. Chegada a perseguição, depuseram as armas, estenderam o
pescoço e, abatidos pelo gládio, espalharam a beleza do seu martírio «até
aos confins da terra» (Sl 18,5). [...]
Também o próprio Senhor é um grão de mostarda: até ter sofrido ataques, o
povo não O conhecia; escolheu ser triturado [...]; escolheu ser esmagado,
embora Pedro Lhe dissesse: «é a multidão que te aperta e empurra» (Lc
8,45); Ele escolheu ser semeado, como o grão «que um homem tomou e lançou
na sua horta». Pois foi num jardim que Jesus Cristo foi preso e
enterrado; Ele cresceu nesse jardim e foi lá que ressuscitou. [...]
Portanto, vós também, semeai Jesus Cristo no vosso jardim. [...] Semeai o
Senhor Jesus Cristo: Ele é grão quando é preso, árvore quando ressuscita,
árvore que dá sombra ao mundo; Ele é grão quando é enterrado na terra,
árvore quando Se eleva ao céu.
Quarta-feira,
dia 26 de Outubro de 2016
Quarta-feira da
30.ª semana do Tempo Comum
Filhos, obedecei
aos vossos pais, no Senhor, como é justo:
«Honra pai e mãe» é o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa:
«para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a Terra».
Pais, não exaspereis os vossos filhos, mas educai-os com a disciplina e
os conselhos inspirados pelo Senhor.
Servidores, obedecei aos vossos senhores terrenos, como a Jesus Cristo,
com amor e respeito e na simplicidade de coração;
não com a submissão aparente de quem pretende agradar aos homens, mas
como servidores de Jesus Cristo que, com toda a alma, fazem a vontade
de Deus.
Servi de bom grado, como se servísseis ao Senhor e não a homens,
pois sabeis que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que
tiver praticado, quer seja escravo ou homem livre.
E vós, senhores, tratai os vossos servidoores do mesmo modo; evitai as
ameaças, pois sabeis que tanto eles como vós tendes o mesmo Senhor, que está no Céu e não faz
distinção de pessoas.
Livro de Salmos
145(144),10-11.12-13ab.13cd-14.
Agradeçam-Vos,
Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos
para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor
do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam e levanta todos os oprimidos.
Evangelho segundo S. Lucas 13,22-30.
Naquele tempo, Jesus
Cristo dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por
onde passava.
Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele
respondeu:
«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita porque Eu vos digo que
muitos tentarão entrar sem o conseguir.
Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis de fora
e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele
responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’.
Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas
nossas praças’.
Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim,
todos os que praticais a iniquidade (=não-equidade)’.
Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus
Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas e vós a serdes postos fora.
Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e sentar-se-ão
à mesa no reino de Deus.
Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c.
130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias, V, 32, 2
«Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul,
e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus.»
A
promessa feita anteriormente por Deus a Abraão manteve-se estável. Deus
tinha-lhe dito, com efeito: «Ergue os teus olhos e, do sítio em que
estás, contempla o Norte, o Sul, o Oriente e o Ocidente. Toda a terra
que estás a ver, dar-ta-ei, a ti e aos teus descendentes, para sempre»
(Gn 13,14-15). [...] No entanto, Abraão não recebeu herança alguma
durante a sua vida terrena, «nem mesmo um palmo de terra»; foi sempre
um «estrangeiro e hóspede» de passagem (At 7,5; Gn 23,4). [...]
Portanto, se Deus lhe prometeu a herança da terra e ele não a recebeu
durante a sua estada terrena, terá de recebê-la com a sua posteridade,
isto é, aqueles que adoram a Deus e nele crêem, aquando da ressurreição
dos justos.
Ora a sua posteridade é a Igreja que, pelo Senhor, recebe a filiação
adoptiva em relação a Abraão, como diz João Baptista: «Deus pode
suscitar, destas pedras, filhos de Abraão» (Mt 3,9). Também o apóstolo
Paulo diz na sua Epístola aos Gálatas: «E vós, irmãos, à semelhança de
Isaac, sois filhos da promessa» (Gal, 4,28). Diz claramente ainda, na
mesma epístola, que os que acreditaram em Jesus Cristo recebem, de Jesus
Cristo, a promessa feita a Abraão: «Ora as promessas foram feitas a
Abraão e à sua descendência. Não se diz: "e às descendências",
como se de muitas se tratasse; trata-se, sim, de uma só: "e à tua
descendência" que é Jesus Cristo» (Gal 3,16). E para confirmar
tudo isto, diz ainda «Assim foi com Abraão: teve fé em Deus e isso
foi-lhe atribuído à conta de justiça. Ficai, por isso, a saber: os que
dependem da fé é que são filhos de Abraão. E como a Escritura previu
que é pela fé que Deus justifica os gentios, anunciou previamente como
evangelho a Abraão: serão abençoados em ti todos os povos» (Gal 3,6-8).
[...]
Se, portanto, nem Abraão nem a sua descendência, isto é, todos os que
são justificados na fé, recebem herança alguma nesta Terra,
recebê-la-ão no momento da ressurreição dos justos porque Deus é verídico e estável
em todas as coisas. Era por este motivo que o Senhor dizia: «Felizes os
mansos porque possuirão a terra» (Mt 5,5).
Quinta-feira, dia 27 de Outubro de 2016
Quinta-feira
da 30.ª semana do Tempo Comum
Irmãos:
Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos da armadura de Deus para poderdes resistir às ciladas do
demónio.
Porque nós não temos de lutar contra adversários de carne e osso, mas
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
de trevas, contra os espíritos do mal que habitam as regiões
celestes.
Portanto, irmãos, tomai a armadura de Deus para poderdes resistir no
dia mau e perseverar firmes,
superando todas as provas. Permanecei bem firmes, de rins cingidos
com o cinturão da verdade, revestidos com a couraça da justiça,
de pés calçados com o zelo de anunciar o Evangelho da paz.
Tende sempre nas mãos o escudo da fé, com o qual podereis apagar as
setas inflamadas do Maligno.
Tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito que é a palavra
de Deus.
Orai em todo o tempo, movidos pelo Espírito Santo, com toda a espécie
de orações e súplicas. Perseverai nas vossas vigílias, com preces por
todos os cristãos.
Orai também por mim para que, ao falar, me seja concedida a palavra,
a fim de anunciar com firmeza o mistério do Evangelho,
do qual sou embaixador nas minhas algemas. Possa eu, de facto,
anunciá-lo com firmeza, como é meu dever.
Livro de
Salmos 144(143),1.2.9-10.
Bendito seja o
Senhor,
o rochedo do meu refúgio
que adestra as minhas mãos para a luta
e os meus dedos para o combate.
O Senhor é meu amparo e minha cidadela,
meu baluarte e meu libertador.
Ele é meu escudo e meu abrigo
e submete os povos ao meu poder.
Hei-de cantar-Vos, meu Deus, um cântico novo,
hei-de celebrar-Vos ao som da harpa,
a Vós que dais aos reis a vitória
e salvastes David, vosso servidor.
Evangelho segundo S. Lucas 13,31-35.
Naquele dia,
aproximaram-se alguns fariseus, que disseram a Jesus Cristo: «Vai-te
daqui porque Herodes quer matar-te».
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Eu expulso
demónios e realizo curas hoje e amanhã; ao terceiro dia chego ao meu
fim.
Mas hoje, amanhã e depois de amanhã, devo seguir o meu caminho porque
não é possível que um profeta morra fora de Jerusalém.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que
te são enviados, quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a
galinha recolhe os pintainhos debaixo das suas asas! Mas vós não
quisestes.
Pois bem. A vossa casa vai ficar abandonada e Eu vos digo: Não
voltareis a ver-Me até chegar o dia em que direis: ‘Bendito o que vem
em nome do Senhor!’».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Jean Tauler (c.
1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 21, 4.º para a Ascensão
«Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a
galinha recolhe os pintainhos debaixo das suas asas! Mas vós não
quisestes»
Jerusalém
era uma cidade de paz e foi também uma cidade de tormento, pois foi
aí que Jesus Cristo sofreu imensamente e morreu muito dolorosamente.
É nesta cidade que devemos ser suas testemunhas e não só em palavras mas em verdade, através da nossa
vida, imitando-O tanto quanto possamos. Muitos homens seriam de boa
vontade testemunhas de Deus na paz, na condição de tudo correr a seu
jeito. De boa vontade seriam santos, na condição de nada acharem de
amargo nos exercícios e no trabalho da santidade. Gostariam de
saborear, desejar e conhecer as doçuras divinas, sem terem de passar
por qualquer contrariedade, pena ou desolação. Mas quando lhes surgem
fortes tentações, trevas, quando já não têm o sentimento e a
consciência de Deus, quando se sentem abatidos interior e
exteriormente, revoltam-se e não são, como tal, verdadeiras
testemunhas.
Todos os homens buscam a paz. Por todo o lado, nas suas obras e de
todas as maneiras, procuram a paz. Ah! Pudéssemos nós libertar-nos
dessa busca e procurar, por nossa vez, a paz nos tormentos. Pois só
aí nasce a verdadeira paz, aquela que permanece e dura. [...]
Procuremos a paz na angústia, a alegria na tristeza, a simplicidade
na multiplicidade, a consolação na contrariedade: assim nos
tornaremos verdadeiras testemunhas de Deus.
Sexta-feira, dia 28 de Outubro de 2016
S. Simão e
S. Judas, Apóstolos – Festa
Irmãos: Já não
sois estrangeiros nem hóspedes, mas sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus,
edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas que tem Jesus
Cristo como pedra angular.
Em Jesus Cristo, toda a construção, bem ajustada, cresce para
formar um templo santo do Senhor
e em união com Ele, também vós sois integrados na construção para
vos tornardes, no Espírito Santo, morada de Deus.
Livro de Salmos 19(18),2-3.4-5.
Os céus
proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.
Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.
Evangelho segundo S. Lucas 6,12-19.
Naqueles dias,
Jesus Cristo subiu ao monte para rezar e passou a noite em oração a
Deus.
Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles,
a quem deu o nome de apóstolos:
Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago
e João; Filipe e Bartolomeu,
Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota;
Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes que veio a ser o traidor.
Depois desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com
numerosos discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a
Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidónia.
Tinham vindo para ouvir Jesus Cristo e serem curados das suas
doenças. Os que eram atormentados por espíritos impuros também
ficavam curados.
Toda a multidão procurava tocar Jesus Cristo porque saía d’Ele uma
força que a todos sarava.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Bento XVI, Papa de 2005
a 2013
Audiência geral de 11/10/2006 (© Libreria Editrice Vaticana)
A unidade dos Doze, unidade da
Igreja
Hoje
tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos: Simão, o Cananeu e
Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes).
Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre
mencionados um ao lado do outro (cf Mt 10,4; Mc 3,18; Lc 6,15; At
1,13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são
muitas, exceto o facto de o cânone neotestamentário conservar uma
carta atribuída a Judas Tadeu.
Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas: Mateus
qualifica-o como «cananeu», Lucas define-o como «zelote». Na
realidade, as duas qualificações equivalem-se porque significam a
mesma coisa; de facto, na língua hebraica, o verbo «qanà'»
significa ser zeloso, ser dedicado [...]. Portanto, é possível que
este Simão, se não pertencia exatamente ao movimento nacionalista
dos Zelotes, tivesse, pelo menos, como característica um fervoroso
zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu
povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se nos antípodas
de Mateus que, ao contrário, sendo publicano, provinha de uma actividade
considerada totalmente impura.
Sinal evidente de que Jesus Cristo chama os seus discípulos e
colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem
exclusão alguma. Ele interessa-Se pelas pessoas, não pelas
categorias ou pelas actividades sociais! E o mais belo é que, no
grupo dos seus seguidores, todos, mesmo que diversos, coexistiam,
superando as imagináveis dificuldades; de facto, o motivo de coesão
era o próprio Jesus Cristo, no qual todos se reencontravam unidos.
Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência
propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições,
esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superarmos
os nossos conflitos. Tenhamos também presente que o grupo dos Doze
é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os
carismas, povos e raças, todas as qualidades humanas que encontram
a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus Cristo.
Sábado, dia 29 de Outubro de 2016
Sábado da
30.ª semana do Tempo Comum
Irmãos: Desde
que Jesus Cristo seja anunciado, com segundas intenções ou com
sinceridade, eu me alegro e me alegrarei sempre.
De facto, sei que isto servirá para minha salvação, graças às
vossas orações e à assistência do Espírito de Jesus Cristo.
Espero-o firmemente e tenho a certeza de que não serei
confundido. Estou absolutamente seguro, hoje como sempre, de que Jesus
Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra.
Porque, para mim, viver é Jesus Cristo e morrer é lucro.
Mas, se viver neste corpo mortal é útil para o meu trabalho, não
sei o que escolher.
Sinto-me constrangido por este dilema: desejaria partir e estar com
Jesus Cristo que seria muito melhor;
mas é mais necessário para vós que eu permaneça neste corpo
mortal.
Convencido disto, sei que ficarei e permanecerei junto de vós,
para o progresso e alegria da vossa fé.
Assim espero que, ao tornar a visitar-vos, tereis novos motivos
de glória em Cristo Jesus.
Livro de
Salmos 42(41),2.3.5bcd.
Como suspira
o veado pelas correntes das águas
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo:
Quando irei estar na presença de Deus?
Quando passava em cortejo para a Casa do Senhor,
entre vozes de alegria e de louvor
da multidão em festa.
Evangelho segundo S. Lucas 14,1.7-11.
Naquele
tempo, Jesus Cristo entrou, num sábado, em casa de um dos
principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam.
Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares
(porque escolhiam os convidados os primeiros lugares? Porque se
consideravam superiores a Jesus Cristo e não queriam que ele se
sentasse mais próximo do dono da casa do que eles), Jesus Cristo disse-lhes
esta parábola:
«Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o
primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém
mais importante do que tu;
então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o
lugar a este’ e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar
o último lugar.
Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar e
quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para
cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados.
Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Diádoco de Foticeia
(c. 400-?), bispo
Sobre a perfeição espiritual, 12-15
Dar a Deus o lugar principal
Aquele
que a si próprio se preza não pode amar a Deus; mas aquele que
não se preza, devido às riquezas superiores da caridade divina,
esse ama a Deus. É por isso que tal homem nunca procura a própria
glória, mas a de Deus porque o que a si mesmo se preza procura a
glória própria. Aquele que preza a Deus ama a glória do seu
Criador. É, de facto, próprio das almas/ pessoas celestes
profundas e amigas de Deus procurar constantemente a glória de
Deus em todos os mandamentos que cumprem e ter regozijo na
própria humilhação. Porque a Deus
convém a glória em
razão da sua grandeza e ao homem
a dignidade; deste
modo se torna o homem próximo de Deus. Se assim agirmos,
regozijando-nos com a glória do Senhor, a exemplo de S. João Baptista,
diremos continuamente: «É preciso que ele cresça e que eu
diminua» (Jo 3,30).
Conheço uma pessoa que ama tanto a Deus, ainda que muito se
lamente por não O amar como quereria, que a alma lhe arde
ininterruptamente no desejo de em si próprio e nos seus gestos
ver Jesus Cristo glorificado e de se ver a si mesmo como não
tendo existência própria. Esse homem não sabe o que é, ainda que
seja elogiado com palavras porque, no seu grande desejo de
humilhação, não pensa na sua própria dignidade. Executa os
serviços divinos como fazem os padres, mas na sua extrema
disposição de amor para com Deus aniquila a recordação da sua
própria dignidade no mais profundo da sua caridade para com Deus,
enterrando em pensamentos humildes a glória que daí tiraria.
Assume-se sempre como um mero servidor inútil; o seu desejo de
humilhação exclui-o, de certa maneira, da sua própria dignidade.
O mesmo devemos nós fazer, de forma a afastarmo-nos de todas as
honras, de toda a glória, fazendo jus à riqueza transbordante do
amor daquele que tanto nos amou.©
http://goo.gl/RSVXh5 portal da Confraria Bolos
D. Rodrigo
Os meus filmes
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia
Os meus blogues
--------------------------------------------
http://www.descubriter.com/pt/ Rota
Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” -
Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/ 18,30h
– terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.santo-antonio.webnode.pt/
|
|
|
|
|
|
|
Sem comentários:
Enviar um comentário