"Senhor, a quem
iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68
Domingo,
dia 18 de Setembro de 2016
25.º
Domingo do Tempo Comum - Ano C
Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os
humildes da Terra.
Vós dizeis: «Quando passará a lua nova para podermos vender o nosso grão?
Quando chegará o fim de sábado para podermos abrir os celeiros de trigo?
Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças
falsas.
Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de
sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo».
O SENHOR jurou contra a soberba de Jacob: "Não esquecerei jamais nenhuma
das suas obras."
Livro de Salmos
113(112),1-2.4-6.7-8.
Louvai, servidores do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre.
O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus.
Quem se compara ao Senhor nosso Deus,
que tem o seu trono nas alturas
e Se inclina lá do alto
a olhar o céu e a Terra?
Levanta do pó o indigente e tira o
pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes,
com os grandes do seu povo.
1.ª
Carta a Timóteo 2,1-8.
Caríssimo: Recomendo, antes de tudo, que se façam preces,
orações, súplicas e acções de graças por todos os homens,
pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida
tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.
Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador;
Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade.
Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o Homem Jesus Cristo,
que Se entregou à morte pela redenção de todos. Tal é o testemunho que foi
dado a seu tempo
e do qual fui constituído arauto e apóstolo __ digo a verdade, não minto __
mestre dos gentios na fé e na verdade.
Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte, erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira
nem contenda.
Evangelho segundo S.
Lucas 16,1-13.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Um homem
rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os
seus bens.
Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas
da tua administração porque já não podes continuar a administrar’.
O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me
vai tirar a administração? Para cavar não tenho forças, de mendigar tenho
vergonha.
Já sei o que hei-de fazer para que, ao ser despedido da administração, alguém
me receba em sua casa’.
Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro:
‘Quanto deves ao meu senhor?’.
Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua
conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’.
A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de
trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’.
E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com
esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos
da luz, no trato com os seus semelhantes».
«E Eu digo-vos: Arranjai amigos com o dinheiro desonesto para que, quando
este faltar, eles vos recebam nas moradas eternas.
Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes e quem é injusto
nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes.
Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o
verdadeiro bem?
E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso?
Nenhum servidor pode servir a dois senhores porque, ou não gosta de um deles
e estima o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir
a Deus e ao dinheiro».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Nazianzo
(330-390), bispo, doutor da Igreja
Homilia sobre o amor aos pobres
«Arranjai amigos com o dinheiro desonesto para que, quando este
faltar, eles vos recebam nas moradas eternas»: socorrer os pobres
Meus amigos e
meus irmãos, não sejamos maus gestores dos bens que nos foram confiados para
não ouvirmos dizer: «Envergonhai-vos, vós que guardais o que não vos
pertence; imitai a justiça de Deus e não haverá mais pobres.» Não nos
esgotemos a juntar e a pôr de reserva enquanto outros estão esgotados de
fome; só assim não mereceremos a acusação amarga e a ameaça do profeta Amós:
«Cuidado, vós que dizeis: "Quando acabará este mês para podermos vender
o nosso trigo? Quando acabará o sábado para podermos vender a nossa
farinha?"» (8,5). [...]
Imitemos a lei sublime e primordial de Deus «que faz cair a chuva sobre justos
e pecadores e também para todos faz nascer o sol» (Mt 5,45). Ele cumula todos
os que vivem na Terra de imensas extensões de pastos, de nascentes, de rios e
de florestas; aos pássaros dá os ares e a água a todos os animais aquáticos.
Para a vida de todos, dá em abundância os recursos naturais que não podem ser
nem agarrados pelos fortes, medidos pelas leis ou delimitados pelas
fronteiras; mas dá-os a todos, de modo que nada falte a ninguém. Assim, pela
partilha igual dos seus dons, Ele honra a igualdade natural de todos e mostra
toda a generosidade da sua bondade. [...] Por isso, também tu, imita esta
misericórdia divina.
Segunda-feira,
dia 19 de Setembro de 2016
Segunda-feira da 25.ª
semana do Tempo Comum
Meu filho: Não negues um benefício a quem dele precisa, se
estiver nas tuas mãos poder concedê-lo.
Não digas ao teu próximo: «Vai e volta depois, amanhã te darei», quando o
puderes logo atender.
Não maquines o mal contra teu próximo, quando ele deposita confiança em ti.
Não litigues contra ninguém sem
motivo, quando não te fez mal algum.
Não invejes o homem violento, nem adoptes o seu procedimento,
porque o Senhor abomina o homem perverso, mas reserva para os rectos a sua
intimidade.
A maldição do Senhor cai sobre a casa do ímpio, mas Ele abençoa a morada
dos justos.
Ele escarnece dos escarnecedores, mas concede a sua graça aos humildes.
Livro de Salmos
15(14),2-3ab.3cd-4ab.5.
O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.
O que não faz mal ao seu próximo,
O que não faz mal ao seu próximo
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio (= ateu),
mas estima os que adoram o Senhor.
e não empresta dinheiro com usura
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.
Evangelho segundo S. Lucas 8,16-18.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo à multidão: «Ninguém acende
uma lâmpada para a cobrir com uma vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas
coloca-a num candelabro para que os que entram, vejam a luz.
Não há nada oculto que não se torne manifesto nem secreto que não seja
conhecido à luz do dia.
Portanto tende cuidado com a maneira como ouvis, pois àquele que tem (bem),
dar-se-á (+ bem); mas àquele que não tem (bem), até o que julga ter (bem) lhe
será tirado».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cromácio de Aquileia
(?-407), bispo
Homilias sobre o Evangelho de Mateus
A lâmpada no candelabro
O Senhor
chama aos seus discípulos «luz do mundo» (Mt 5, 4) porque, iluminados por
Ele, que é a luz eterna e verdadeira (Jo 1,9), eles próprios se tornam uma
luz no meio das trevas. Porque Ele é o «Sol da justiça» (Mal 3,20), o
Senhor pode chamar aos seus discípulos «luz do mundo»: é por meio deles que
irradia sobre o mundo inteiro a luz da sua própria ciência. [...]
Iluminados por eles, também nós passámos das trevas à luz, como diz o
Apóstolo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; vivei como
filhos da luz» (Ef 3,8). E noutro passo: «Não sois filhos da noite nem das
trevas, mas sois filhos da luz e filhos
do dia» (1Tess 5,5). Com razão diz também S. João na sua primeira
epístola: «Deus é luz» (1,5) e «quem permanece em Deus está na luz» (1,7).
[...] Portanto, uma vez que temos a felicidade de estar libertos das trevas
do erro, devemos andar sempre na luz, como filhos da luz que somos. [...]
Por isso diz o Apóstolo: «Vós brilhais entre eles como estrelas no mundo,
ostentando a palavra da vida» (Tess 2,15). [...]
Aquela lâmpada resplandecente que foi acesa para nossa salvação, deve
brilhar sempre em nós. [...] Por isso é nosso dever não ocultar esta
lâmpada da lei e da fé, mas colocá-la sempre no candelabro da Igreja para
salvação de todos, a fim de nós próprios gozarmos da luz da sua verdade e
de com ela serem iluminados todos os crentes.
Terça-feira,
dia 20 de Setembro de 2016
Terça-feira da 25.ª
semana do Tempo Comum
O coração do rei é como água corrente nas mãos do Senhor, Ele
o dirigirá para onde quiser.
Os caminhos do homem parecem-lhe sempre rectos, mas é o Senhor quem pesa
os corações.
A prática da justiça e da equidade
é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios.
Olhares altivos, coração soberbo (do sol): a lâmpada dos ímpios (= ateus)
é o pecado.
Os projectos do homem diligente têm êxito, mas quem se precipita cai certamente
na ruína.
Os tesouros adquiridos pela mentira são vaidade passageira e laço de
morte.
A alma do ímpio deseja o mal; não terá compaixão do seu próximo.
Com o castigo do insolente, o ingénuo ficará mais sábio; quando se
adverte o sábio, ele adquire mais saber.
O justo está atento à família do ímpio e precipita os maus na desventura.
Aquele que se faz surdo ao clamor do pobre, também um dia clamará e não será ouvido.
Livro de Salmos
119(118),1.27.30.34.35.44.
Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
Fazei-me compreender o caminho dos vossos preceitos
para meditar nas vossas maravilhas.
Escolhi o caminho da verdade
e decidi-me pelos vossos juízos.
Dai-me entendimento para guardar a vossa lei
e para a cumprir de todo o coração.
Conduzi-me pela senda dos vossos mandamentos,
pois nela estão as minhas delícias.
Assim cumprirei continuamente a tua lei,
para todo o sempre.
Evangelho segundo S. Lucas 8,19-21.
Naquele tempo, vieram ter com Jesus Cristo sua Mãe e seus
irmãos, mas não podiam chegar junto d’Ele por causa da multidão.
Então disseram-Lhe: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora e querem
ver-Te».
Mas Jesus Cristo respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e
a põem em prática».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c.
130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias, III, 22
Somos seus irmãos porque sua Mãe ouviu a palavra e a pôs em
prática
A Virgem
Maria foi obediente quando disse: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em
mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Pelo contrário, Eva foi
desobediente, tendo desobedecido quando era ainda virgem. E assim como
Eva, desobedecendo, se tornou causa de morte para si mesma e para todo o
género humano, assim também Maria, tendo por esposo aquele que lhe tinha
sido antecipadamente destinado mas mantendo-se virgem, se tornou, pela
sua obediência, causa de salvação para si mesma e para todo o género
humano. […] Porque o que foi ligado só pode ser desligado quando se faz
em sentido inverso o processo que tinha dado origem ao nó, de tal maneira
que o primeiro laço é desatado por um segundo, tendo o segundo a função
de desatar o primeiro.
Era por isso que o Senhor dizia que os primeiros seriam os últimos e os
últimos os primeiros (Mt 19,30). E também o profeta afirma a mesma coisa,
ao dizer: «Em lugar dos teus pais, virão os teus filhos» (Sl 44,17).
Porque, ao tornar-Se «o Primogénito dos mortos», ao receber no seu seio
os pais antigos, o Senhor fê-los renascer para a vida em Deus,
tornando-Se Ele mesmo «o princípio» (Col 1,18), já que Adão fora o
princípio dos mortos. É também por isso que Lucas começa a sua genealogia
pelo Senhor, fazendo-a depois remontar até Adão (Lc 3,23ss.), indicando
assim que não foram os pais que deram a vida ao Senhor, mas foi Ele, pelo
contrário, que os fez renascer no Evangelho da vida. Da mesma maneira, o
nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria porque
aquilo que a virgem Eva tinha atado pela sua incredulidade foi desatado
pela Virgem Maria pela sua fé.
Quarta-feira,
dia 21 de Setembro de 2016
S. Mateus,
Apóstolo e Evangelista – Festa
Irmãos: Eu,
prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis
segundo a maneira de viver a que fostes chamados:
procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns
aos outros com caridade;
empenhai-vos em manter a unidade do espírito pelo vínculo da paz.
Há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança na vida a
que fostes chamados.
Há um só Senhor, uma só fé, um só Baptismo.
Há um só Deus e Pai de todos que está acima de todos, actua em todos e
em todos Se encontra.
A cada um de nós foi concedida a graça, na medida em que recebeu o dom
de Jesus Cristo.
Foi Ele que a uns constituiu apóstolos, a outros evangelistas e a
outros pastores e mestres
para o aperfeiçoamento dos cristãos, em ordem ao trabalho do ministério
para a edificação do Corpo de Jesus Cristo
até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho (de
Deus), ao estado de homem perfeito, à medida de Jesus Cristo na sua
plenitude.
Livro de Salmos
19(18),2-3.4-5.
Os céus proclamam a
glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
O dia transmite ao outro esta mensagem
e a noite a dá a conhecer à outra noite.
Não são palavras nem linguagem
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra
e a sua notícia até aos confins do mundo.
Evangelho segundo S. Mateus 9,9-13.
Naquele tempo,
Jesus Cristo ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado
no posto de cobrança dos impostos e disse-lhe: «Segue-Me». Ele
levantou-se e seguiu Jesus Cristo.
Um dia em que Jesus Cristo estava à mesa em casa de Mateus, muitos
publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos.
Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o
vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?».
Jesus Cristo ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que
precisam do médico, mas sim os doentes.
Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os
justos, mas os pecadores».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c.
130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias, III, 11,8; 9,1
Uma das primeiras afirmações históricas dos evangelistas
Os
apóstolos foram até ao fim do mundo proclamar a Boa Nova das graças que
Deus nos concede e anunciar aos homens a paz do céu (Lc 2,14), eles que
possuíam – todos igualmente e cada um em particular – a Boa Nova de Deus.
Encontrando-se entre hebreus, Mateus
publicou uma das versões escritas do Evangelho nessa língua,
enquanto Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí fundavam a Igreja.
Depois da morte destes, Marcos,
discípulo e intérprete de Pedro (1Ped 5,13), transmitiu-nos por escrito a pregação de Pedro. Da mesma
forma, Lucas, companheiro de
Paulo, consignou em livro o Evangelho por este pregado.
Seguidamente João, discípulo do
Senhor, o mesmo que apoiou a cabeça sobre o seu peito (Jo 13,25), publicou também o Evangelho
durante a sua permanência em Éfeso.
No seu evangelho, Mateus regista a genealogia de Jesus Cristo como
homem: «genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão»
(Mt 1,1-18). Este evangelho apresenta Jesus Cristo na sua forma humana;
nele, Jesus Cristo é um homem permanentemente animado de sentimentos de
humildade e de mansidão. [...] O apóstolo Mateus conhece um único Deus,
o mesmo que prometeu a Abraão multiplicar a sua descendência como as
estrelas do céu (Gn 15,5) e que, por seu Filho Cristo Jesus, nos chamou
do culto das pedras até ao seu conhecimento (Mt 3,9), de forma que [se
cumprisse a Escritura que diz]: «Àquele que não é meu povo hei-de
chamar meu povo e minha amada àquela que não é minha amada» (Os 2,25;
Rom 9,25).
Quinta-feira, dia 22 de Setembro de 2016
Quinta-feira
da 25.ª semana do Tempo Comum
Vaidade das
vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade.
Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do sol?
Uma geração passa, outra vem e a Terra permanece sempre.
O sol nasce e o sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar.
O vento vai em direcção ao sul, depois ruma ao norte e gira, torna a
girar e passa e recomeça as suas idas e vindas.
Todos os rios correm para o mar e o mar não se enche. Para onde
sempre correram, continuam os rios a correr.
Todas as palavras estão gastas, o homem não consegue já dizê-las. A
vista não se sacia com o que vê nem o ouvido se contenta com o que
ouve.
Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há-de voltar
a fazer-se e nada há de novo debaixo do sol!
Se de alguma coisa alguém diz: «Eis aí algo de novo!», ela já existia
nas eras que nos precederam.
Não há memória das coisas antigas e também não haverá memória do que
há-de suceder depois nem ficará disso memória entre aqueles que
hão-de vir mais tarde.
Livro de
Salmos 90(89),3-4.5-6.12-13.14.17.
Vós reduzis o
homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite.
Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca.
Ensinai-nos a contar os nossos dias
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servidores.
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.
Evangelho segundo S. Lucas 9,7-9.
Naquele tempo, o
tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que Jesus Cristo fazia e andava
perplexo porque alguns diziam: «É João Baptista que ressuscitou dos mortos».
Outros diziam: «É Elias que reapareceu». E outros diziam ainda: «É um
dos antigos profetas que ressuscitou».
Mas Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar. Mas quem é este
homem, de quem oiço dizer tais coisas?». E procurava ver Jesus Cristo.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos
- www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253),
presbítero, teólogo
Homilias sobre o Génesis
E procurava ver Jesus Cristo.
O sol e
a lua iluminam o nosso corpo; Jesus Cristo e a Igreja iluminam o
nosso espírito. Isto é, iluminam-nos se não formos espiritualmente
cegos (se não formos das trevas. Os das trevas projectam de si as
trevas). Porque, do mesmo modo que o sol e a lua não deixam de
derramar a sua claridade sobre os cegos que, contudo, não podem acolher
a luz, também Jesus Cristo envia a sua luz aos nossos espíritos, mas
esta iluminação só tem lugar se a nossa cegueira não lhe puser
obstáculos. Por isso, os cegos devem começar por seguir a Jesus Cristo
gritando: «Tem piedade de nós, Filho de David!» (Mt 9,27) e, quando
tiverem recuperado a vista graças a Ele, poderão ser iluminados com o
esplendor da luz (= aura).
Mas nem todos os que vêem são iluminados de igual forma por Jesus Cristo;
cada um o é na medida em que pode receber a luz (cf Lc 23,8 ss).
[...] Não é da mesma maneira que todos vamos a Ele, mas «cada um
segundo as suas próprias possibilidades» (Mt 25,15).
Sexta-feira, dia 23 de Setembro de 2016
Sexta-feira
da 25.ª semana do Tempo Comum
Para tudo há um momento e um tempo
para cada coisa que se deseja debaixo do céu:
tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo
para arrancar o que se plantou,
tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo
para edificar,
tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo
para dançar,
tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar, tempo para
abraçar e tempo para evitar o abraço,
tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo
para atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para
falar,
tempo para amar e tempo para odiar, tempo para guerra e tempo para
paz.
Que proveito tira das suas fadigas aquele que trabalha?
Eu vi a tarefa que Deus impôs aos filhos dos homens para que dela
se ocupem.
Todas as coisas que Deus (isto é, o Construtor) fez, são boas a seu tempo (porque DEUS está acima de todos, é o Máximo; O
Destruidor também não é Deus; é uma divindade, importante também, mas divindade,
Senhor das trevas.)
Até a eternidade colocou no coração deles, sem que nenhum
ser humano possa compreender a obra divina do princípio ao fim.
Livro de
Salmos 144(143),1a.2abc.3-4.
Bendito seja o
Senhor, meu refúgio;
meu amparo e fortaleza,
meu baluarte e meu libertador
meu escudo e o meu abrigo,
Senhor, que é o homem, para cuidares dele,
e o filho do homem, para nele pensares?
O homem é semelhante ao sopro da brisa;
os seus dias passam como uma sombra.
Evangelho segundo S. Lucas 9,18-22.
Um dia, Jesus Cristo
orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então
perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?».
Eles responderam: «Uns dizem que és João Baptista; outros que és
Elias e outros que és um dos antigos profetas que ressuscitou».
Disse-lhes Jesus Cristo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro
tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus».
Ele, porém proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse
e acrescentou: «O Filho (do homem) tem de sofrer muito, ser
rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia» (porque
entrou no mundo dominado pelas trevas, mas ressuscitará ao terceiro
dia porque venceu a morte, as trevas.)
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato Paulo VI
(1897-1978), papa de 1963 a 1978
Homilia em Manila, 29/11/70 (© Libreria Editrice Vaticana)
«E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Jesus
Cristo! Sinto a necessidade de O anunciar, não posso calá-Lo:
«Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!» (1Cor 9,16) Fui enviado
por Ele para isso mesmo; sou apóstolo, sou testemunha. Quanto mais
longe está o objectivo e mais difícil é a missão, mais premente é o
amor que me impele (2Cor 5,14). Tenho de proclamar o seu nome: Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt
16,16). É Ele que nos revela o Deus invisível; Ele é o primogénito
de toda a criatura, o fundamento de todas as coisas (Col 1,15s).
Ele é o Mestre da humanidade e o Redentor: nasceu, morreu e
ressuscitou por nós. Ele é o centro da história e do mundo, é quem
nos conhece e nos ama, é o companheiro e o amigo da nossa vida. É o
homem da dor e da esperança. É o que há-de vir, que será um dia
nosso juiz e também, assim o esperamos, a plenitude eterna da nossa
existência, a nossa felicidade.
Nunca mais acabaria de falar dele: Ele é a luz e a verdade; mais,
Ele é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6). Ele é o Pão e a
Fonte de água viva que responde à nossa fome e à nossa sede (Jo
6,35; 7,38); Ele é o nosso Pastor, o nosso guia, o nosso exemplo, o
nosso conforto, o nosso irmão. Como nós, e mais do que nós, foi
pequeno, pobre, humilhado, trabalhador, infeliz e paciente. Por
nós, falou, realizou milagres, fundou um Reino novo onde os pobres
são bem-aventurados, onde a paz é o princípio da vida em comum,
onde os que têm o coração puro e os que choram são exaltados e
consolados, onde os que aspiram à justiça são atendidos, onde os
pecadores podem ser perdoados, onde todos são irmãos.
Jesus Cristo: já
ouvistes falar dele e a maioria de vós pertence-lhe, pois sois
cristãos. Pois bem! A vós, cristãos, repito o seu nome, a todos
anuncio: Jesus Cristo é «o princípio e o fim, o alfa e o omega» (Ap
21,6). Ele é o Rei do mundo novo; é o segredo da história, a chave
do nosso destino; ele é o Mediador, a ponte entre a Terra e o Céu
[...]; é o Filho (do homem), o Filho (de Deus) [...], o Filho (de
Maria)... Jesus Cristo!
Recordai: este é o anúncio que fazemos para a eternidade, é a voz
que fazemos ressoar por toda a Terra (Rom 10,18) e pelos séculos
que hão-de vir.
Sábado, dia 24 de Setembro de 2016
Sábado da
25.ª semana do Tempo Comum
Jovem,
regozija-te na tua mocidade e alegra o teu coração na flor dos
teus anos. Segue os impulsos do teu coração e o que agradar aos
teus olhos, mas sabe que, de tudo isso, Deus te pedirá contas.
Lança fora do teu coração a tristeza, poupa o sofrimento ao teu
corpo: também a meninice e a juventude são ilusão.
Lembra-te do teu Criador nos dias da tua juventude, antes que
venham os dias maus e cheguem os anos, dos quais dirás: «Não
sinto neles prazer algum»;
antes que escureçam o sol e a luz, a lua e as estrelas e voltem
as nuvens depois da chuva;
quando os guardas da tua casa começarem a tremer e os homens
robustos, a vergar; quando as mós deixarem de moer por serem
poucas e se escurecer a vista dos que olham pela janela;
quando se fecham as portas da rua, quando enfraquece a voz do
moinho, quando se acorda com o piar de um pássaro e emudecem as
canções.
Então também haverá o medo das subidas e haverá sobressaltos no
caminho, enquanto a amendoeira abre em flor, o gafanhoto engorda,
e a alcaparra perde as suas propriedades. Então o homem
encaminha-se para a sua casa da eternidade e as carpideiras
percorrem as ruas;
antes que se rompa o cordão de prata e se quebre a bacia de oiro;
antes que se parta a bilha na fonte e se desenrole a roldana
sobre a cisterna.
Então o pó voltará à terra de onde saiu e o espírito voltará para
Deus que o concedeu.
Ilusão das ilusões - disse Qohélet - tudo é ilusão.
Livro de
Salmos 90(89),3-4.5-6.12-13.14.17.
Vós reduzis o
homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou
e como uma
vigília da noite.
Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca.
Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria
do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servidores.
Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.
Evangelho segundo S. Lucas 9,43b-45.
Naquele
tempo, estavam todos admirados com tudo o que Jesus Cristo fazia.
Então Ele disse aos discípulos:
«Escutai bem o que vou dizer-vos. O Filho (do homem) vai ser
entregue às mãos dos homens».
Eles, porém não compreendiam aquelas palavras; eram misteriosas
para eles e não as entendiam. Mas tinham medo de O interrogar
sobre tal assunto.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Tomás de Aquino
(1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
Comentário sobre a Epístola aos Gálatas, 6
O nosso título de glória é o Filho
do Homem entregue nas mãos dos homens
«Quanto
a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na cruz de Nosso
Senhor Jesus Cristo», diz São Paulo (Gal 6,14). Repara, observa
Santo Agostinho: onde o sábio segundo este mundo julgou encontrar
a vergonha, aí descobriu o apóstolo Paulo um tesouro; pois aquilo
que para outro é loucura é para ele sabedoria (1Cor 1,17s) e
título de glória.
Com efeito, cada um retira a sua glória daquilo que, a seus
olhos, o torna grande; se julga ser um homem importante por ser
rico, glorifica-se nos seus bens. Mas aquele que não encontra
grandeza para si senão em Jesus Cristo põe a sua glória apenas em
Jesus Cristo; assim era o apóstolo Paulo que dizia: «Já não sou
eu que vivo, é Jesus Cristo que vive em mim»(Gal 2,20). É por
isso que apenas se gloria em Jesus Cristo e, sobretudo na cruz de
Jesus Cristo. É que nesta cruz estão reunidos todos os motivos de
glória que um homem pode ter.
Há pessoas que retiram a sua glória da amizade com os grandes e
poderosos; Paulo, porém apenas tem necessidade da cruz de Jesus Cristo,
onde descobre o sinal mais evidente da amizade de Deus: «Deus
demonstra o seu amor para connosco pelo facto de Jesus Cristo
haver morrido por nós quando ainda éramos pecadores» (Rom 5,8).
Não, nada manifesta tão bem o amor de Deus para connosco como a
morte de Jesus Cristo. «Oh, testemunho inestimável do amor!»,
exclama São Gregório. «Para resgatar o escravo, entregastes o
Filho!».©
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