Segunda-feira, dia 04 de Abril de 2016
ANUNCIAÇÃO DO SENHOR,
solenidade
Naqueles dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem:
«Pede um sinal ao Senhor teu Deus quer nas profundezas do abismo quer lá em
cima nas alturas».
Acaz respondeu: «Não pedirei, não porei o Senhor à prova».
Então Isaías disse: «Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a
molestar os homens para quererdes também molestar o Senhor Deus?
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à
luz um filho e o seu nome será ‘Emanuel’
porque Deus está connosco».
Livro de Salmos
40(39),7-8a.8b-9.10.11.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó Senhor Deus,
a vossa lei está no meu coração».
«Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade».
Carta aos Hebreus 10,4-10.
Irmãos: É impossível que o sangue de touros e cabritos perdoe
os pecados.
Por isso, ao entrar no mundo, Jesus Cristo disse: «Não quiseste sacrifícios
nem oblações, mas formaste-Me um corpo.
Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado.
Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui; no livro sagrado está escrito a meu respeito:
Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’».
Primeiro disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, não Te agradaram
holocaustos nem imolações pelo pecado». E no entanto, eles são oferecidos
segundo a Lei.
Depois acrescenta: «Eis-Me aqui: Eu venho para fazer a tua vontade». Assim
aboliu o primeiro culto para estabelecer o segundo.
É em virtude dessa vontade que nós fomos santificados pela oblação do corpo
de Jesus Cristo, feita de uma vez para sempre.
Evangelho segundo S.
Lucas 1,26-38.
Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade
da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José que era descendente de
David. O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor
está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria
aquela.
Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de
Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o
trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será
chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o
sexto mês daquela a quem chamavam estéril
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua
palavra».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santa Catarina de Sena
(1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
Oração de 25 de Março 1379
«O Omnipotente fez em mim maravilhas» (Lc 1,49)
Maria, templo
da Trindade, lar do fogo divino, Mãe de misericórdia [...], tu és o tronco
novo (Is 11,1) que produziu a flor que inebria o mundo, o Verbo, o Filho
único de Deus. Foi em ti, terra fecunda, que este verbo foi semeado (Mt
13,3s). Tu escondeste o fogo na cinza da nossa humanidade. Vaso de
humildade onde arde a luz da verdadeira sabedoria [...], pelo fogo do teu
amor, pela chama da tua humildade, atraíste a ti e para nós o Pai eterno.
[...]
Graças a esta luz, ó Maria, não foste como as virgens insensatas (Mt 25,1s),
mas estavas cheia da virtude da prudência. Foi por isso que quiseste saber
como se poderia cumprir o que o anjo te anunciava. Tu sabias que «a Deus
nada é impossível» e não tinhas qualquer dúvida sobre isso; então porque
disseste: «eu não conheço homem»?
Não era a fé que te faltava; foi a tua humildade profunda que te fez
dizê-lo. Não duvidavas do poder de Deus, mas consideravas-te indigna de tão
grande prodígio. Se te perturbaste com a palavra do anjo, não foi por medo.
À luz do próprio Deus, parece-me que foi mais por admiração. E que
admiravas tu, ó Maria, senão a imensidade da bondade de Deus? Olhando para
ti própria, julgavas-te indigna daquela graça e ficaste estupefacta. A tua
pergunta é a prova da tua humildade. Não estavas cheia de medo, mas
unicamente de admiração diante da imensa bondade de Deus, comparada com a
tua pequenez, com a tua humilde condição.
Terça-feira, dia 05 de Abril de 2016
Terça-feira da 2ª
semana da Páscoa
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e
uma só alma; ninguém considerava seu o que lhe pertencia, mas tudo entre
eles era comum.
Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus Cristo com
grande poder e gozavam todos de muita simpatia.
Não havia entre eles qualquer necessitado porque todos os que possuíam
terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas
que depunham aos pés dos Apóstolos e distribuía-se então a cada um
conforme a sua necessidade.
José, um levita natural de Chipre, a quem os Apóstolos chamaram Barnabé
—que quer dizer «Filho da Consolação»
possuía um campo. Vendeu-o e trouxe o dinheiro que depositou aos pés dos
Apóstolos.
Livro de Salmos
93(92),1ab.1c-2.5.
O Senhor é rei,
revestiu-Se de majestade,
revestiu-Se e cingiu-Se de poder.
Firmou o universo que não vacilará.
É firme o vosso trono desde sempre,
Vós existis desde toda a eternidade.
Os vossos testemunhos são dignos de toda a fé,
a santidade habita na vossa casa,
por todo o sempre.
Evangelho segundo S. João 3,7b-15.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo a Nicodemos: «Não te
admires por Eu te haver dito que todos
devem nascer de novo.
O vento sopra onde quer: ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem
para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito».
Nicodemos perguntou: «Como pode ser isso?»
Jesus Cristo respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas
coisas?
Em verdade, em verdade te digo: Nós falamos do que sabemos e damos
testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho.
Se vos disse coisas da Terra e não acreditais, como haveis de acreditar,
se vos disser coisas do Céu?
Ninguém subiu ao Céu, senão Aquele que desceu do Céu: o Filho (do homem).
Assim como Moisés elevou a serpente no deserto também o Filho do homem
será elevado,
para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Hilário (c. 315-367),
bispo de Poitiers, doutor da Igreja
A Trindade, 12, 55s; PL 10, 472
«Não sabes donde vem nem para onde vai.»
Deus todo
poderoso, o apóstolo Paulo diz que o teu Espírito Santo «perscruta e
conhece as profundezas do teu ser» (1Cor 2,10-11) e intercede por mim,
falando-Te em meu lugar com «gemidos inefáveis» (Rom 8, 26). [...] Não há
nada exterior a Ti capaz de sondar o teu mistério, nada estranho a Ti que
tenha poder para medir a profundidade da tua majestade infinita. Tudo o
que penetra em Ti provém de Ti; nada do que é exterior a Ti tem o poder
de Te sondar. [...]
Creio firmemente que o teu Espírito Santo vem de Ti pelo teu Filho único;
ainda que não compreenda este mistério, tenho dele uma profunda
convicção. É que, nas realidades espirituais que são o teu domínio, o meu
espírito é limitado como assegura o teu Filho único: «Não te admires por
te dizer: "Tens de nascer do alto"; pois o Espírito sopra onde quer; tu ouves a sua voz, mas não
sabes nem de onde vem nem para onde vai. Assim acontece a quem nascer
da água e do Espírito».
Creio no meu novo nascimento sem o compreender e recorro à fé para aquilo
que me escapa. Sei que tenho o poder de renascer, mas não sei como isso
acontece. Nada limita o Espírito. Ele fala quando quer, diz o que quer e
onde quer. A razão da sua partida e da sua chegada permanece desconhecida
para mim, mas tenho a convicção profunda da sua presença.
Quarta-feira,
dia 06 de Abril de 2016
Quarta-feira da
2ª semana da Páscoa
Naqueles dias, o
sumo sacerdote e todo o seu grupo, isto é, o partido dos saduceus,
enfurecidos contra os Apóstolos,
mandaram-nos prender e meteram-nos na cadeia pública.
Mas durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão,
levou-os para fora e disse-lhes:
«Ide apresentar-vos no templo, a anunciar ao povo todas estas palavras
de vida».
Tendo ouvido isto, eles entraram no templo de madrugada e começaram a
ensinar. Entretanto chegou o sumo sacerdote com o seu grupo. Convocaram
o Sinédrio e todo o Senado dos israelitas e mandaram buscar os
Apóstolos à cadeia.
Os guardas foram lá, mas não os encontraram na prisão e voltaram para
avisar:
«Encontrámos a cadeia fechada com toda a segurança e os guardas de
sentinela à porta. Abrimo-la, mas não encontrámos ninguém lá dentro».
Ao ouvirem estas palavras, o comandante do templo e os príncipes dos
sacerdotes ficaram muito perplexos, perguntando entre si o que se tinha
passado com os presos.
Entretanto veio alguém comunicar-lhes: «Os homens que metestes na
cadeia estão no templo a ensinar o povo».
Então o comandante do templo foi lá com os guardas e trouxe os
Apóstolos, mas sem violência porque tinham receio de serem apedrejados
pelo povo.
Livro de Salmos
34(33),2-3.4-5.6-7.8-9.
A toda a hora
bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.
Enaltecei comigo ao Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.
O Anjo do Senhor protege os que O adoram
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.
Evangelho segundo S. João 3,16-21.
Naquele tempo,
disse Jesus Cristo a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o
seu Filho Unigénito para que todo o homem (e mulher) que acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas
para que o mundo seja salvo por Ele».
Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está
condenado porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus.
E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram
mais as trevas do que a luz porque eram más as suas obras.
Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela
para que as suas obras não sejam denunciadas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz para que as suas obras
sejam manifestas, pois são feitas em Deus».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo António de Lisboa (c.
1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para os domingos e festas dos santos
«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho
Unigénito»
O Pai
enviou-nos o seu Filho, que é «o melhor dom, o dom perfeito» (Tg 1,17).
O melhor dom que nada ultrapassa; o dom perfeito, ao qual nada se pode
acrescentar. Jesus Cristo é o melhor dom porque Aquele que o Pai assim
nos dá é o seu Filho, soberano, eterno como Ele. Jesus Cristo é o dom
perfeito; tal como diz o apóstolo Paulo, «com Ele, Deus deu-nos tudo»
(Rom 8,32). [...] Deu-nos Aquele «que é a cabeça da Igreja» (Ef 5,23).
Não podia dar-nos mais. Jesus Cristo é o dom perfeito porque, quando
no-Lo deu, o Pai levou, através dele, todas as coisas à sua perfeição.
«O Filho do homem», diz S. Mateus, «veio salvar o que estava perdido»
(18,11). É por isso que a Igreja exclama: «Cantai ao Senhor um cântico
novo» (Sl 97,1) como que para dizer: Fiéis, a quem o Filho (do homem =
figura de homem) salvou e renovou, cantai um cântico novo porque deveis
«rejeitar tudo o que é antigo, agora que os frutos novos vos são dados»
(Lv 26,10). Cantai porque o Pai «fez maravilhas» (Sl 97,1) quando nos
enviou o dom perfeito, o seu Filho. «Diante das nações, fez erguer a
sua justiça» (Sl 97,2) quando nos deu o dom perfeito, o seu Filho
único, que justifica as nações e realiza a perfeição de todas as
coisas.
Quinta-feira, dia 07 de Abril de 2016
Quinta-feira
da 2ª semana da Páscoa
Naqueles dias, o
comandante do templo e os guardas trouxeram os Apóstolos e
fizeram-nos comparecer diante do Sinédrio. O sumo sacerdote interpelou-os,
dizendo:
«Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome de Jesus e vós
encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre
nós o sangue desse homem».
Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve-se obedecer antes a Deus que aos homens.
O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte,
suspendendo-O no madeiro.
Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de
conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados.
E nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que
Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem».
Exasperados com esta resposta, decidiram dar-lhes a morte.
Livro de
Salmos 34(33),2.9.17-18.19-20.
A toda a hora
bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.
A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal
para apagar da Terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as suas angústias.
O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
Muitas são as tribulações do justo,
mas de todas elas o livra o Senhor.
Evangelho segundo S. João 3,31-36.
«Aquele que vem
do alto está acima de todos; quem é da terra, à terra pertence e da
terra fala.
Aquele que vem do Céu dá testemunho do que viu e ouviu; mas ninguém
recebe o seu testemunho.
Quem recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro.
De facto, Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus porque Deus dá
o Espírito sem medida.
O Pai ama o Filho e entregou tudo nas suas mãos.
Quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar
no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos
- www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Afraate (?-c. 345), monge
e bispo de Nínive, perto de Mossul
Exposições, nº 6
«Dá o Espírito sem medida»
Quando,
a partir de uma fogueira, acendes outras fogueiras em vários locais,
a primeira nem por isso diminui de intensidade. [...] O mesmo
acontece com Deus e o seu Messias que são um só, permanecendo embora
na multiplicidade dos homens. O sol também não diminui de intensidade
pelo facto de a sua potência se difundir sobre a Terra. E quão maior
é a força de Deus, dado que é pela força de Deus que o sol subsiste.
[...]
Moisés tinha dificuldade em conduzir sozinho o campo de Israel; então
o Senhor disse-lhe: «Reúne junto de ti setenta homens entre os ancião
de Israel. [...] Então retirarei parte do espírito que está sobre ti
a fim de o pôr sobre eles» (Num 11,16-17). Quando retirou parte do
espírito de Moisés e os setenta homens ficaram cheios dele, o de
Moisés diminuiu de intensidade? Alguém se apercebeu de que ele
tivesse menos espírito? Também o bem-aventurado Paulo diz que Deus
partilhou o Espírito do Cristo-Messias e O enviou aos profetas [do
Novo Testamento] (1Cor 12,11.28). Mas o Messias nem por isso ficou
lesado porque o Pai deu-Lhe o Espírito sem medida.
É neste sentido que o Cristo-Messias habita nos crentes. E em nada é
lesado por ser partilhado com a multidão porque foi o Espírito de
Cristo que os profetas receberam na medida em que cada um podia tê-Lo
em si. E ainda hoje é este mesmo Espírito do Messias que é derramado
sobre toda a carne, para que homens e mulheres, jovens e velhos,
servos e servas profetizem (Jl 3,1; Act 2,17). O Messias está em nós
e está no céu, à direita do Pai. Ele não recebeu o Espírito com
limitações; pelo contrário, o Pai amou-O e tudo entregou nas suas
mãos, dando-Lhe poder sobre todos os seus tesouros. [...] O próprio
Senhor o diz: «Tudo Me foi entregue por Meu Pai» (Mt 11,27). [...] E
o apóstolo Paulo conclui: «Quando se diz que tudo Lhe está sujeito, é
claro que se exceptua Aquele que Lhe sujeitou todas as coisas. E
quando tudo Lhe estiver sujeito então também o próprio Filho Se
submeterá Àquele que tudo Lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos»
(1Cor 15,27-28).
Sexta-feira, dia 08 de Abril de 2016
Sexta-feira
da 2ª semana da Páscoa
Naqueles dias,
levantou-se um homem no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel,
doutor da Lei venerado por todo o povo, e mandou sair os Apóstolos
por uns momentos.
Depois disse: «Israelitas, tende cuidado com o que ides fazer a
estes homens.
Há tempos, apareceu Teudas que dizia ser alguém e seguiram-no cerca
de quatrocentos homens. Ele foi liquidado e todos os seus
partidários foram destroçados e reduzidos a nada.
Depois dele, nos dias do recenseamento, apareceu Judas, o Galileu,
que arrastou o povo atrás de si. Também ele pereceu e todos os seus
partidários foram dispersos.
Agora vou dar-vos um conselho: Não vos metais com estes homens:
deixai-os. Porque se esta iniciativa ou esta obra, vem dos homens,
acabará por si mesma.
Mas se vem de Deus, não podereis destruí-la e correis o risco de
lutar contra Deus». Eles aceitaram o seu conselho.
Chamaram de novo os Apóstolos à sua presença e, depois de os terem
mandado açoitar, proibiram-nos falar no nome de Jesus e
soltaram-nos.
Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria por
terem merecido serem ultrajados por causa do nome de Jesus.
E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e
anunciar a boa nova de que Jesus era o Messias (= Jesus Cristo).
Livro de
Salmos 27(26),1.4.13-14.
O Senhor é
minha luz e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor.
Evangelho segundo S. João 6,1-15.
Naquele tempo,
Jesus Cristo partiu para o outro lado do mar da Galileia ou de
Tiberíades.
Seguia-O numerosa multidão por ver os milagres que Ele realizava
nos doentes.
Jesus Cristo subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus
discípulos.
Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu
encontro, Jesus Cristo disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão
para lhes dar de comer?».
Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer.
Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar
um bocadinho a cada um».
Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
«Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes.
Mas que é isso para tanta gente?».
Jesus Cristo respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva
naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil
(só os homens).
Então Jesus Cristo tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos
que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes e comeram
quanto quiseram.
Quando ficaram saciados, Jesus Cristo disse aos discípulos:
«Recolhei os bocados que sobraram para que nada se perca».
Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães
de cevada que sobraram aos que tinham comido.
Quando viram o milagre que Jesus Cristo fizera, aqueles homens
começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para
vir ao mundo».
Mas Jesus Cristo, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei,
retirou-Se novamente sozinho para o monte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Alberto Magno (c.
1200-1280), dominicano
Livro sobre o sacramento
«Jesus Cristo tomou os pães, deu
graças e distribuiu-os aos que estavam sentados.»
Senhor,
lavados e purificados no mais profundo de nós mesmos, vivificados
pelo teu Espírito Santo, saciados pela tua Eucaristia, faz com que
tenhamos parte na graça que receberam os santos apóstolos e os
discípulos, eles que receberam o sacramento das tuas mãos.
Desenvolve em nós a solicitude e a diligência para Te seguirmos
como membros teus (1Cor 12,27), para que sejamos dignos de receber
de Ti o sentido e a experiência do teu alimento espiritual.
Desenvolve em nós o zelo de Pedro para destruirmos toda a vontade
que seja contrária à tua (Jo 18,10), esse zelo que Pedro concebeu
durante a Ceia. [...] Desenvolve em nós a paz interior, a resolução
e a alegria que foram saboreadas por João, quando se inclinou sobre
o teu peito (Jo 13,25); que assim possamos usufruir da tua
sabedoria, que tomemos o gosto da tua doçura, da tua bondade.
Desenvolve em nós a rectidão da fé, uma esperança firme e uma
caridade perfeita.
Pela intercessão de todos os santos apóstolos e dos teus
bem-aventurados discípulos, faz com que recebamos da tua mão o
sacramento e evitemos perseverantemente a traição de Judas e
inspira ao nosso espírito o que o teu Espírito inspirou aos santos
que estão já no céu, realizando em si mesmos a perfeição da
beatitude. Concede-nos tudo isto, Tu que vives e reinas com o Pai
na unidade do mesmo Espírito, desde antes de todo o começo e muito
para além dos séculos. Ámen.
Sábado, dia 09 de Abril de 2016
Sábado da
2ª semana da Páscoa
Naqueles
dias, aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram
a murmurar contra os hebreus porque no serviço diário não se
fazia caso das suas viúvas.
Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram:
«Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus para
servirmos às mesas.
Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios
do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse
cargo.
Quanto a nós, vamos dedicar-nos à oração e ao ministério da
palavra».
A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor,
Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos
sobre eles.
A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos
discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém e também
obedecia à fé grande número de sacerdotes.
Livro de Salmos 33(32),1-2.4-5.18-19.
Justos,
aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l’O.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa.
A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a Terra está cheia da bondade do Senhor.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O adoram,
para os que esperam na sua bondade
para os libertar da morte
e os alimentar no tempo da fome.
Evangelho segundo S. João 6,16-21.
Ao cair da
tarde, os discípulos de Jesus Cristo desceram até junto do mar,
subiram para um barco e seguiram para a outra margem, em direcção
a Cafarnaum. Já fazia escuro e Jesus Cristo ainda não tinha ido
ter com eles.
Como o vento soprava forte, o mar ia-se encrespando.
Tendo eles remado duas e meia a três milhas, viram Jesus Cristo aproximar-Se
do barco, caminhando sobre o mar e tiveram medo.
Mas Jesus Cristo disse-lhes: «Sou Eu. Não temais».
Quiseram então recebê-l’O no barco mas logo o barco chegou à
terra para onde se dirigiam.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Clemente de Alexandria
(150-c. 215), teólogo
O Pedagogo, III, 12, 101
«Logo o barco chegou à terra para
onde se dirigiam.»
Oremos
ao Verbo, a Palavra de Deus: sê propício aos teus filhos, Mestre,
Pai, Guia de Israel, Filho e Pai, um e dois em simultâneo,
Senhor! Permite-nos, uma vez que obedecemos aos teus mandamentos,
que alcancemos a plena semelhança da imagem (Gn 1,26), que
compreendamos segundo as nossas forças o Deus da bondade, o juiz
benévolo. Oferece-nos Tu próprio que vivamos na tua paz, que
sejamos transportados para a tua cidade, que atravessemos sem
soçobrar as tempestades do pecado, que sejamos levados por sobre
águas calmas pelo Espírito Santo, a Sabedoria inexprimível.
Possibilita-nos cantar de noite e de dia, até ao último dia,
louvores e acções de graças ao Deus Único, Pai e Filho, Filho e
Pai, Filho, Pedagogo (1Cor 4,15) e Mestre, e também ao Espírito
Santo.
Tudo pertence ao Único Deus, Àquele que é tudo, por quem tudo é
um, por quem existe a eternidade, de que todos somos membros
(1Cor 12,27). A Ele pertencem a glória e os séculos; tudo
pertence ao Bom, tudo ao Belo, tudo ao Sábio, tudo ao Justo! A
Ele a glória, agora e pelos séculos, Ámen! ©
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