Domingo,
dia 10 de Janeiro de 2016
Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus
trabalhos e está perdoada a sua culpa porque recebeu da mão do Senhor duplo
castigo por todos os seus pecados.
Uma voz clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma
estrada para o nosso Deus.
Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas.
Então se manifestará a glória do Senhor e todo o homem verá a sua
magnificência porque a boca do Senhor falou».
Sobe ao alto de um monte, arauto de Sião; grita com voz forte, arauto de
Jerusalém; levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá: «Eis o vosso
Deus.
O Senhor Deus vem com poder, o seu braço dominará. Com Ele vem o seu prémio,
precede-O a sua recompensa.
Como um pastor apascentará o seu rebanho e reunirá os animais dispersos;
tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas ao seu descanso».
Livro de Salmos 104(103),1b-2.3-4.24-25.27-28.29-30.
Senhor Deus, como sois grande,
revestido de esplendor e majestade!
Estendeste os céus como um véu.
Fixaste sobre as águas a tua morada,
fazes das nuvens o teu carro,
caminhas sobre as asas do vento.
Fazes dos ventos teus mensageiros,
e dos relâmpagos, teus ministros.
Como são grandes as vossas obras!
Tudo fizestes com sabedoria:
a terra está cheia das vossas criaturas.
Lá está o mar, grande e vasto,
onde se agitam inúmeros seres,
animais grandes e pequenos.
Todos de Vós esperam
que lhes deis de comer a seu tempo.
Dais-lhes o alimento e eles o recolhem,
abris a mão e enchem-se de bens.
Se deles te escondes, ficam perturbados;
se lhes tiras o alento, morrem
e voltam ao pó donde saíram.
Se mandais o vosso espírito, retomam à vida
e renovais a face da Terra.
Carta a Tito 2,11-14.3,4-7.
Caríssimo: Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para
todos os homens.
Ela nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos para vivermos,
no tempo presente, com temperança,
justiça e piedade,
aguardando a ditosa esperança e a
manifestação da glória do nosso grande Salvador, Jesus Cristo,
que Se entregou por nós para nos resgatar de toda a iniquidade e preparar
para Si mesmo um povo purificado, zeloso das boas obras.
Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor
para com os homens,
Ele salvou-nos, não pelas obras justas que praticámos, mas em virtude da sua
misericórdia, pelo baptismo da regeneração e renovação do Espírito Santo.
Deus derramou abundantemente o Espírito sobre nós, por meio de Jesus Cristo,
nosso Salvador,
para que, justificados pela sua graça, nos tornássemos, em esperança,
herdeiros da vida eterna.
Evangelho segundo S.
Lucas 3,15-16.21-22.
Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em
seus corações se João não seria o Messias.
João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, mas está a
chegar quem é mais poderoso do que eu e eu não sou digno de desatar as
correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o
fogo».
Quando todo o povo recebeu o baptismo, Jesus Cristo também foi baptizado e,
enquanto orava, o céu abriu-se
e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do
céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu
Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cirilo de Alexandria
(380-444), bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de João
O céu abriu-se e o
Espírito Santo desceu sobre Ele
Jesus Cristo
recebeu o Espírito enquanto homem e enquanto convinha que o homem O
recebesse. E embora seja o Filho (de Deus Pai), gerado da sua substância antes
da incarnação, mais ainda, antes de todos os séculos, não Se dá por ofendido
que Deus (Pai) Lhe diga, depois de Se fazer homem: «Tu és meu Filho; Eu hoje
Te gerei.»
O Pai declara ter gerado hoje Aquele que era o Filho, dele mesmo gerado antes
de todos os séculos, para significar que nos recebia em Jesus Cristo como
filhos adoptivos. Efectivamente, em Jesus Cristo, enquanto homem, está
compendiada toda a natureza humana. No mesmo sentido se diz que o Pai
comunica ao Filho o seu próprio Espírito a fim de que em Jesus Cristo alcancemos
a participação do mesmo Espírito. Jesus Cristo não recebe o Espírito Santo
para Si mesmo, mas para nós em Si, pois é por Ele que recebemos todos os
bens.
Segunda-feira,
dia 11 de Janeiro de 2016
Segunda-feira da 1ª
semana do Tempo Comum
Havia em Ramataim um homem de Suf, nas montanhas de Efraim,
chamado Elcana, filho de Jeroão e neto de Eliú, da família de Toú e do clã
de Suf, de Efraim.
Tinha duas mulheres, uma chamada Ana e outra chamada Fenena. Fenena tinha filhos;
Ana, porém não os tinha.
Esse homem costumava subir todos os anos da sua cidade até Silo para adorar
o Senhor do Universo e oferecer-Lhe sacrifícios. Aí se encontravam os dois
filhos de Heli, Hofni e Fineias, sacerdotes do Senhor.
Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, costumava dar porções da vítima
a sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas.
Embora amasse muito Ana, dava-lhe apenas uma porção porque o Senhor a tinha
feito estéril.
A sua rival irritava-a com humilhações porque o Senhor a tinha deixado
estéril.
Assim acontecia todos os anos e, sempre que subiam à casa do Senhor, Fenena
ofendia Ana. Ana chorava e não comia.
Então Elcana, seu marido, disse-lhe: «Ana, porque choras? Porque não comes?
Porque estás tão triste? Não sou melhor para ti do que dez filhos?».
Livro de Salmos
116(115),12-13.14-17.18-19.
Como agradecerei ao Senhor
tudo quanto Ele me deu?
Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo.
É preciosa aos olhos do Senhor
a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva:
quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor,
invocando, Senhor, o vosso nome.
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor
na presença de todo o povo,
nos átrios da casa do Senhor,
dentro dos teus muros, Jerusalém.
Evangelho segundo S. Marcos 1,14-20.
Depois de João ter sido preso, Jesus Cristo partiu para a
Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo:
«Cumpriu-se o tempo e está próximo o
reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André que
lançavam as redes ao mar porque eram pescadores.
Disse-lhes Jesus Cristo: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de
homens».
Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus.
Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João que
estavam no barco a consertar as redes
e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os
assalariados e seguiram Jesus Cristo.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Concílio Vaticano II
Constituição Dogmática «Gaudium et
Spes», sobre a Igreja no mundo contemporâneo, §§ 41, 45
«Cumpriu-se o tempo
e está próximo o reino de Deus.»
O homem
actual está a caminho de um desenvolvimento mais pleno da própria
personalidade e de uma maior descoberta e afirmação dos próprios direitos.
Tendo a missão de manifestar o mistério de Deus, último fim do homem, a
Igreja descobre, ao mesmo tempo, ao homem o sentido da sua existência, a
verdade profunda acerca dele mesmo.
A Igreja sabe muito bem que só Deus, a Quem serve, pode responder às aspirações
mais profundas do coração humano que nunca se satisfaz plenamente com os
alimentos terrenos. Sabe também que o homem, solicitado pelo Espírito de
Deus, nunca será totalmente indiferente ao problema religioso, como
confirmam, não só a experiência dos tempos passados, mas também inúmeros
testemunhos do presente.
Com efeito, o homem sempre desejará saber, ao menos confusamente, qual é
o significado da sua vida, da sua actividade e da sua morte. E a própria
presença da Igreja lhe traz à mente estes problemas. Mas só Deus, que
criou o homem à sua imagem e o remiu, dá plena resposta a estas
perguntas, pela revelação em Jesus Cristo, seu Filho, feito homem. Aquele
que segue Jesus Cristo, o Homem perfeito, torna-se mais homem. [...]
Com efeito, o próprio Verbo de Deus, por Quem tudo foi feito, fez-Se
homem para, Homem perfeito, a todos salvar e tudo recapitular. O Senhor é
o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história
e da civilização, o centro do género humano, a alegria de todos os corações
e a plenitude das suas aspirações.
Terça-feira,
dia 12 de Janeiro de 2016
Terça-feira da 1ª
semana do Tempo Comum
Naqueles dias, depois de ter comido em Silo, Ana levantou-se
e apresentou-se diante do Senhor. O sacerdote Heli estava sentado em sua
cadeira, à entrada do templo do Senhor.
Com a alma cheia de amargura, Ana orou ao Senhor, derramando muitas
lágrimas
e fez o seguinte voto: «Senhor do Universo! Se Vos dignardes olhar para a
humilhação da vossa serva, se Vos lembrardes de mim e não esquecerdes
esta vossa serva, se lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao
Senhor por toda a vida e a navalha não passará pela sua cabeça».
Enquanto ela continuava a rezar diante do Senhor, Heli observou os
movimentos dos seus lábios:
Ana falava em seu coração; só mexia os lábios, mas não se ouvia a sua
voz. Por isso Heli pensou que estivesse embriagada
e perguntou-lhe: «Até quando estarás embriagada? Livra-te desse vinho».
Ana respondeu: «Não, meu senhor; sou apenas uma infeliz. Não bebi vinho
nem outra bebida que embriague; estava apenas a desabafar diante do
Senhor.
Não tomes a tua serva por uma vadia porque o excesso da minha dor e da
minha aflição é que me fez falar até agora».
Então Heli disse-lhe: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que Lhe
pediste».
Ana respondeu: «Queira Deus que a tua serva encontre sempre em ti
acolhimento favorável». A mulher foi-se embora, comeu e já tinha outro
semblante.
No outro dia, levantaram-se de manhã cedo e, depois de se terem prostrado
diante do Senhor, voltaram para sua casa, em Ramá. Elcana uniu-se a sua
mulher, Ana, e o Senhor lembrou-Se dela.
Ana concebeu e, decorrido o tempo, deu à luz um filho, a quem deu o nome
de Samuel, dizendo: «Eu o pedi ao Senhor».
Livro de 1º Samuel
2,1.4-5.6-7.8.
Exulta o meu coração no Senhor,
no Senhor Deus se eleva a minha fronte.
Abre-se a minha boca contra os inimigos
porque me alegro com a vossa salvação.
A arma dos fortes foi destruída
e os fracos foram revestidos de força.
Os que viviam na abundância andam em busca de pão
e os que tinham fome foram saciados.
A mulher estéril deu à luz muitos filhos
e a mãe fecunda deixou de conceber.
É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz-nos descer ao túmulo e de novo nos levanta.
É o Senhor quem despoja e enriquece,
é o Senhor quem humilha e exalta.
Levanta do chão os que vivem prostrados,
retira da miséria os indigentes;
fá-los sentar entre os príncipes
e destina-lhes um lugar de honra.
Evangelho segundo S. Marcos 1,21-28.
Jesus Cristo chegou a Cafarnaum e, quando, no sábado seguinte,
entrou na sinagoga e começou a ensinar,
todos se maravilhavam com a sua doutrina porque os ensinava com
autoridade e não como os escribas.
Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro que começou a
gritar:
«Que tens Tu a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei
quem Tu és: o Santo de Deus».
Jesus Cristo repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem».
O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu
dele.
Ficaram todos tão admirados que perguntavam uns aos outros: «Que vem a
ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade que até manda nos
espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!».
E logo a fama de Jesus Cristo se divulgou por toda a parte, em toda a
região da Galileia.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Jerónimo (347-420),
presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de S. Marcos, 2
«Vieste para nos
perder?»
«Encontrava-se
na sinagoga um homem com um espírito impuro». Esse espírito não podia
suportar a presença do Senhor; tratava-se do espírito impuro que tinha
conduzido os homens à idolatria. […] «Que acordo pode existir entre Jesus
Cristo e Satanás?» (2Cor 6,15); Jesus Cristo e Satanás não podem estar
associados um ao outro. «Começou a gritar: "Que tens Tu a ver
connosco?"» Aquele que assim grita é um indivíduo que se exprime em
nome de várias pessoas; isto prova que tem consciência de ter sido
vencido, ele e os seus.
«Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco, Jesus de Nazaré?
Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus."» Em pleno
tormento e apesar da intensidade do sofrimento que o faz gritar, não
abandonou a hipocrisia. É forçado a dizer a verdade, o sofrimento a isso
o obriga, mas a malícia impede-o de dizer toda a verdade: «Que tens Tu a
ver connosco, Jesus de Nazaré?» Porque não reconheces o Filho (de Deus)?
Será de facto o Nazareno quem te tortura e não o Filho de Deus? […]
Moisés era um santo de Deus. E Isaías e Jeremias também o foram. […]
Porque não lhes dizes: «Sei quem Tu és: o Santo de Deus»? [...] Não
digas, pois: «Santo de Deus», mas «Deus Santo». Pensas que sabes, mas não
sabes ou, se sabes, calas-te por duplicidade. Porque Ele não é apenas o
Santo de Deus, mas o Santo.
Quarta-feira,
dia 13 de Janeiro de 2016
Quarta-feira da
1ª semana do Tempo Comum
Naqueles dias, o
jovem Samuel servia o Senhor sob a direcção do sumo sacerdote Heli.
Nesse tempo, a palavra do Senhor fazia-se ouvir raras vezes e as visões
não eram frequentes.
Certo dia, Heli estava deitado nos seus aposentos; os seus olhos tinham
enfraquecido e mal podia ver.
A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel dormia no templo
do Senhor, no lugar onde se encontrava a arca de Deus.
O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou».
E correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou porque me chamaste».
Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi
deitar-se.
O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e
disse: «Aqui estou porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei,
meu filho; torna a deitar-te».
Samuel ainda não conhecia o Senhor porque, até então, nunca se lhe
tinha manifestado a palavra do Senhor.
O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com
Heli e disse: «Aqui estou porque me chamaste». Então Heli compreendeu
que era o Senhor que chamava pelo jovem.
Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te e se te chamarem outra vez,
responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou
para o seu lugar e deitou-se.
O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel,
Samuel!». E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo
escuta».
Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas
palavras deixou de cumprir-se.
E todo o Israel, de Dan até Bersabeia, reconheceu que Samuel era
realmente um profeta do Senhor.
Livro de Salmos
40(39),2.5.7-8a.8b-9.10.
Esperei no Senhor
com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Feliz de quem pôs a sua confiança no Senhor
e não se voltou para os arrogantes,
para os que seguem a mentira.
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó Senhor Deus,
a vossa lei está no meu coração».
«Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
1ª Carta de S. João 2,18-25.
Meus filhos, esta
é a última hora. Ouvistes dizer que há-de vir o Anticristo. Pois bem,
surgiram já muitos anticristos e por isso sabemos que é a última hora.
Eles saíram do meio de nós, mas não eram dos nossos. Se fossem dos
nossos, teriam ficado connosco. Assim sucedeu para ficar bem claro que
nem todos eram dos nossos.
Vós, porém tendes a unção que vem do Santo e todos possuís a ciência.
Não vos escrevo por ignorardes a verdade, mas porque a conheceis e
porque nenhuma mentira provém da verdade.
Quem é então o mentiroso? Quem é, senão aquele que nega que Jesus é o
Cristo? Esse é o Anticristo, aquele que nega o Pai e igualmente o
Filho.
Quem nega o Filho também não reconhece o Pai. Quem confessa o Filho
reconhece também o Pai.
Portanto permaneça em vós a doutrina que ouvistes desde o princípio. Se
permanecer em vós a doutrina que ouvistes desde o princípio, também vós
permanecereis no Filho e no Pai.
E a promessa que o Filho nos fez é a vida eterna.
Evangelho
segundo S. Marcos 1,29-39.
Naquele tempo,
Jesus Cristo saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão
e André.
A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela.
Jesus Cristo aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre
deixou-a e ela começou a servi-los.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes
e possessos
e a cidade inteira ficou reunida diante da porta.
Jesus Cristo curou muitas pessoas que eram atormentadas por várias
doenças e expulsou muitos demónios. Mas não deixava que os demónios
falassem porque sabiam quem Ele era.
De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo
e aí começou a orar.
Simão e os companheiros foram à procura d’Ele
e, quando O encontraram, disseram-Lhe: «Todos Te procuram».
Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas a
fim de pregar aí também porque foi para isso que Eu vim».
E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os
demónios.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Isaac o Sírio (século VII),
monge perto de Mossul
Discursos ascéticos
De manhã, muito
cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a
orar.
Nada
torna a alma tão pura e feliz, nada a ilumina e afasta dela os maus
pensamentos como as vigílias. Por isso, os nossos pais perseveraram
neste trabalho das vigílias e adoptaram como regra permanecer acordados
de noite durante o curso da sua vida ascética. Fizeram-no especialmente
porque tinham ouvido os insistentes convites do nosso Salvador com a
sua Palavra viva: «Velai, pois orando continuamente» (Lc 21,36);
«Vigiai e orai para não caírdes em tentação» (Mt 26,41) e ainda: «Orai
sem cessar» (1 Tes 5,17).
E não Se contentou com advertir-nos apenas por palavras. Deu-nos também
o exemplo na sua pessoa, honrando a prática da oração acima de qualquer
outra coisa. Por isso, isolava-Se constantemente para rezar e não o
fazia de qualquer maneira, mas escolhendo por tempo a noite e por lugar
o deserto a fim de que também nós, evitando as multidões e o tumulto,
nos tornemos capazes de orar na solidão.
Por isso, os nossos pais receberam este elevado ensinamento a respeito
da oração como se ele viesse do próprio Jesus Cristo. E escolheram
vigiar na oração, seguindo a injunção do apóstolo Paulo, sobretudo a
fim de poderem permanecer sem interrupções na proximidade de Deus pela
oração contínua. [...] O que vinha do exterior não os atingia, nada
alterava a pureza do seu intelecto, perturbando estas vigílias que os
enchiam de alegria e que eram a luz da sua alma.
Quinta-feira, dia 14 de Janeiro de 2016
Quinta-feira
da 1ª semana do Tempo Comum
Santo do dia : Beato Pedro Donders, presbítero, +1887, S.
Félix de Nola, conf., +256, Beata
Verónica de Milão, rel., +1497, Beato
Odorico de Pordenone, viaj., +1330
Livro de 1º Samuel 4,1-11.
Naqueles dias,
os filisteus reuniram-se para fazer guerra a Israel e os israelitas
saíram ao seu encontro para o combate. Acamparam perto de Eben-Ezer,
enquanto os filisteus tinham acampado em Afec.
Os filisteus colocaram-se em ordem de batalha contra Israel e, no
terrível combate, Israel foi derrotado pelos filisteus que, em campo
aberto, lhe mataram cerca de quatro mil homens.
O povo voltou para o acampamento e os anciãos de Israel disseram:
«Porque é que o Senhor deixou que fôssemos hoje vencidos pelos
filisteus? Vamos buscar a Silo a arca da aliança do Senhor: que ela
esteja no meio de nós e nos salve das mãos dos nossos inimigos».
Então o povo mandou buscar a Silo a arca da aliança do Senhor do
Universo que tem o seu trono sobre os querubins. Os dois filhos de
Heli, Hofni e Fineias, acompanhavam a arca da aliança de Deus.
Quando a arca do Senhor entrou no acampamento, todos os israelitas
soltaram um grande clamor que ressoou por toda a Terra.
Os filisteus ouviram o eco daquele alarido e disseram: «Que significa
este grande clamor no campo dos hebreus?». Então souberam que a arca
do Senhor tinha chegado ao acampamento
e diziam atemorizados: «Deus veio para o acampamento.
Ai de nós! Nunca tal coisa tinha sucedido até agora! Ai de nós! Quem
nos livrará das mãos desse Deus tão poderoso? Foi Ele que feriu o
Egipto com toda a espécie de pragas no deserto.
Tende coragem, filisteus, e sede valorosos para não ficardes escravos
dos hebreus como eles têm sido vossos escravos. Sede valorosos e
combatei».
Os filisteus começaram o combate: os israelitas foram vencidos e
fugiu cada um para a sua tenda. A derrota foi grande e da infantaria
de Israel caíram trinta mil homens.
A arca de Deus foi capturada e morreram os dois filhos de Heli, Hofni
e Fineias.
Livro de
Salmos 44(43),10-11.14-15.25-26.
Agora, Senhor,
nos rejeitais e confundis
e já não saís à frente dos nossos exércitos.
Obrigais-nos a fugir diante dos nossos adversários
e os nossos inimigos podem saquear à vontade.
Fazeis de nós o opróbrio dos nossos vizinhos,
a irrisão e o desprezo dos povos que nos cercam.
Fazeis de nós ocasião de escárnio para os pagãos
e motivo para os povos zombarem de nós.
Despertai, Senhor. Porque dormis?
Levantai-Vos. Não nos rejeiteis para sempre.
Porque escondeis a vossa face?
Esqueceis Vós a nossa miséria e tribulação?
Evangelho segundo S. Marcos 1,40-45.
Naquele tempo,
veio ter com Jesus Cristo um leproso. Prostrou-se de joelhos e
suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me».
Jesus Cristo, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero:
fica limpo».
No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo.
Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem:
«Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece
pela tua cura o que Moisés ordenou para lhes servir de testemunho».
Ele, porém logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que
acontecera e assim Jesus Cristo já não podia entrar abertamente em
nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter
com Ele de toda a parte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beata Teresa de Calcutá
(1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Carta às suas colaboradoras de 10/04/1974
Jesus Cristo,
compadecido, estendeu a mão e tocou-lhe
Os
pobres têm sede de água,
mas também de paz, de verdade e de justiça. Os pobres estão nus
e têm necessidade de roupas,
mas também de dignidade humana
e de compaixão para com os
pecadores. Os pobres estão sem abrigo e têm necessidade de um abrigo feito de tijolos, mas
também de um coração alegre,
compassivo e cheio de amor. Eles estão doentes e
têm necessidade de cuidados
médicos, mas também de uma mão
amiga e de um sorriso
acolhedor.
Os excluídos, os que são rejeitados, os que não são amados, os
prisioneiros, os alcoólicos, os moribundos, os que estão sós e
abandonados, os marginalizados, os intocáveis e os leprosos [...], os
que estão na dúvida e confusos, os que não foram tocados pela luz de
Cristo, os que têm fome da palavra e da paz de Deus, as almas tristes
e angustiadas [...], os que são um fardo para a sociedade, os que
perderam toda a esperança e a fé na vida, os que se esqueceram como
se sorri e os que já não sabem o que é receber um pouco de calor
humano, um gesto de amor e de amizade – todos eles se voltam para nós
para serem reconfortados. Se lhes viramos as costas, viramos as
costas a Jesus Cristo.
Sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 2016
Sexta-feira da 1a semana do Tempo Comum
Santo do dia : Beato Luis Variara, presbítero, +1923, Santo
Amaro ou Mauro, rel., +584, Santo
Arnaldo Janssen, presbítero, fundador, +1909, S.
Paulo, eremita, conf., +342, S.
Franc. Fernandes de Capillas, presb., m., +1648, S. Plácido,
religioso, mártir, +546
Livro de 1º Samuel 8,4-7.10-22a.
Naqueles
dias, reuniram-se todos os anciãos de Israel e foram ter com Samuel
a Ramá.
E disseram a Samuel: «Tu já estás velho e os teus filhos não seguem
o teu exemplo. Por isso, dá-nos um rei que nos governe como
acontece com os outros povos».
Desagradou a Samuel que eles tivessem dito: «Dá-nos um rei que nos
governe». Samuel orou ao Senhor
e o Senhor respondeu-lhe: «Atende à voz do povo em tudo o que ele
te pedir porque não foi a ti que rejeitaram, mas a Mim: não querem que Eu reine sobre
eles».
Samuel comunicou todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia
um rei
e acrescentou: «Serão estes os direitos do rei que vai reinar sobre
vós: Requisitará os vossos filhos para cuidarem dos seus carros e
dos seus cavalos e os fará correr à frente do seu carro.
Ele os utilizará como chefes de mil homens e chefes de cinquenta.
Mandará que lavrem os seus campos e ceifem as suas colheitas, que
fabriquem as suas armas de guerra e as peças dos seus carros.
Requisitará também as vossas filhas para trabalharem como
perfumistas, cozinheiras e padeiras.
Tomará os vossos melhores campos, vinhas e olivais para os dar aos
seus servos.
Cobrará o dízimo das vossas sementeiras e das vossas vinhas para o
dar aos seus cortesãos e ministros.
Ficará com os vossos melhores servos e servas, com os vossos
melhores bois e jumentos para os empregar no seu serviço.
Cobrará o dízimo dos vossos rebanhos e vós mesmos sereis seus
escravos.
Nesse dia, reclamareis contra o rei que escolhestes, mas então o
Senhor não vos responderá».
O povo não fez caso das palavras de Samuel e disse: «Não importa. Queremos um rei
e assim seremos como todos os outros povos: o nosso rei é que há-de
governar-nos e marchará à nossa frente para comandar os nossos
combates».
Samuel ouviu tudo o que o povo disse e comunicou-o ao Senhor.
O Senhor respondeu-lhe: «Faz o que eles querem e dá-lhes um rei».
Livro de
Salmos 89(88),16-17.18-19.
Feliz do povo
que sabe aclamar-Vos
e caminha, Senhor, à luz da vossa presença.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.
Vós sois a sua força,
com o vosso favor se exalta a nossa valentia.
Do Senhor é o nosso escudo
e do Santo de Israel o nosso rei.
Evangelho segundo S. Marcos 2,1-12.
Quando Jesus Cristo
entrou de novo em Cafarnaum e se soube que Ele estava em casa (sua
casa, de Maria de Magdala),
juntaram-se tantas pessoas que já não cabiam sequer em frente da
porta e Jesus Cristo começou a pregar-lhes a palavra.
Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro homens
e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão,
descobriram o tecto, por cima do lugar onde Ele Se encontrava e,
feita assim uma abertura, desceram a enxerga em que jazia o
paralítico.
Ao ver a fé daquela gente, Jesus Cristo disse ao paralítico:
«Filho, os teus pecados estão perdoados».
Estavam ali sentados alguns escribas que assim discorriam em seus
corações:
«Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que
pode perdoar os pecados?».
Jesus Cristo, percebendo o que eles estavam a pensar,
perguntou-lhes: «Porque pensais assim nos vossos corações?
Que é mais fácil? Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão
perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, toma a tua enxerga e anda’?
Pois bem. Para saberdes que o Filho (do homem) tem na Terra o poder
de perdoar os pecados, ‘Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico –
levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’».
O homem levantou-se, tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente,
de modo que todos ficaram maravilhados e glorificavam a Deus,
dizendo: «Nunca vimos coisa assim».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c.
345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor
da Igreja
Homilias sobre S. Mateus, 29, 1-3
«Não é só
Deus que pode perdoar os pecados?»
«Trouxeram-Lhe
um paralítico.» Os evangelistas contam que, depois de terem furado
o tecto, aqueles homens desceram o doente e o depuseram diante de Jesus
Cristo, sem nada pedir, deixando Jesus Cristo fazer o que quisesse.
No início do seu ministério pela Judeia, era Ele quem dava os primeiros
passos e não exigia uma fé tão grande; aqui, são os outros que vêm
ter com Ele e tiveram de ter uma fé corajosa e viva: «Ao ver a fé
daquela gente», diz o evangelho - isto é, a fé dos que tinham
transportado o paralítico. [...] E o doente também teria uma grande
fé porque não se teria deixado transportar se não tivesse confiança
em Jesus.
Perante tanta fé, Jesus Cristo mostra o seu poder e, com autoridade
divina, perdoa os pecados ao doente, dando assim prova da sua
igualdade com o Pai. Tinha já mostrado essa igualdade quando curou
o leproso dizendo: «Quero, fica curado»; quando acalmou a
tempestade no mar e, quando expulsou os demónios que nele
reconheceram o seu soberano e o seu juiz. [...] Aqui, mostra-a
primeiro sem espaventos, não Se apressando a curar exteriormente
aquele que Lhe apresentaram. Começa por um milagre invisível:
primeiro, cura a alma do homem, perdoando-lhe os pecados. É certo
que esta cura era infinitamente mais vantajosa para aquele homem,
mas trazia pouca glória a Jesus Cristo. Então alguns, levados pela
malvadez, quiseram pô-Lo em causa; mas foram eles que, contra a sua
própria vontade, tornaram o milagre mais deslumbrante.
Sábado, dia 16 de Janeiro de 2016
Sábado da 1a semana do Tempo Comum
Havia um
homem da tribo de Benjamim chamado Quis, filho de Abiel, filho de
Seror, filho de Becorat, filho de Afiá. Era pessoa importante e
tinha um filho chamado Saul, jovem e belo. Entre os israelitas,
ninguém se podia comparar com ele e os mais altos do povo só lhe
davam pelos ombros.
Tinham-se perdido umas jumentas de Quis, pai de Saul, e ele disse
a Saul, seu filho: «Leva contigo um dos servos e põe-te a caminho
para procurares as jumentas».
Atravessaram os montes de Efraim e passaram pela região de
Salisá, mas não as encontraram. Percorreram depois a região de
Salim, mas sem resultado. Atravessaram a terra de Benjamim, mas
nem aí encontraram as jumentas.
Entretanto o profeta Samuel avistou Saul e o Senhor disse-lhe:
«Aí está o homem de quem te falei: é ele que dirigirá o meu
povo».
Saul aproximou-se de Samuel, no meio da porta, e disse-lhe: «Por
favor, onde é a casa do vidente?».
Samuel respondeu: «Sou eu o vidente. Sobe à minha frente para a
sala de cima. Comereis hoje comigo e amanhã de manhã te direi
tudo o que tens no coração».
No dia seguinte, Samuel tomou um vaso de óleo e derramou-o sobre
a cabeça de Saul. Depois abraçou-o e disse-lhe: «Foi o Senhor que
te ungiu como chefe de Israel, seu povo. Tu governarás o povo do
Senhor e o salvarás das mãos dos inimigos que o rodeiam».
Livro de
Salmos 21(20),2-3.4-5.6-7.
Senhor, o rei
alegra-se com o vosso poder
e exulta de contente com o vosso auxílio.
Satisfizestes os anseios do seu coração,
não rejeitastes o pedido de seus lábios.
Vós o cumulastes de bênçãos preciosas,
cingistes sua fronte com uma coroa de ouro fino.
Pediu-vos a vida e Vós lha concedestes,
uma vida longa para muitos anos.
Graças à vossa protecção, é grande a sua glória,
Vós o revestistes de esplendor e majestade.
Para sempre o abençoastes
e enchestes de alegria na vossa presença.
Evangelho segundo S. Marcos 2,13-17.
Naquele
tempo, Jesus Cristo saiu de novo para a beira-mar. A multidão
veio ao seu encontro e Ele começou a ensinar a todos.
Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança
e disse-lhe: «Segue-me». Ele levantou-se e seguiu Jesus Cristo.
Encontrando-Se Jesus Cristo à mesa em casa de Levi, muitos
publicanos e pecadores estavam também à mesa com Jesus Cristo e
os seus discípulos, pois eram muitos os que O seguiam.
Os escribas do partido dos fariseus, ao verem-n’O comer com os
pecadores e os publicanos, diziam aos discípulos: «Por que motivo
é que Ele come com publicanos e pecadores?».
Jesus Cristo ouviu e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde
que precisam do médico, mas os que estão doentes. Eu não vim
chamar os justos, mas os pecadores».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho
(354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Dos comentários sobre os Salmos
«Não são
os que têm saúde que precisam do médico, mas os que estão
doentes.»
Há
homens poderosos [...] que põem a sua confiança na sua própria
justiça. De facto, pretendem ser justos por si mesmos e, tendo-se
por pessoas superiores, recusaram o remédio e mataram o próprio
médico. Não são esses homens poderosos os que o Senhor veio
chamar, mas os fracos. [...]
Ai de vós, os poderosos, que não tendes necessidade de médico!
Essa força não vem da vossa saúde mas da vossa insensatez. [...]
O Mestre da humildade que partilhou da nossa fraqueza e nos
tornou participantes da sua divindade, desceu do céu para nos
mostrar o caminho e ser Ele próprio o nosso caminho. Quis
sobretudo dar-nos o exemplo da sua humildade [...] para nos
ensinar a confessar os nossos pecados, a ser humildes para nos
tornarmos fortes e a fazer nossa aquela palavra do apóstolo
Paulo: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2Cor 12, 10).
[...]
Pelo contrário, aqueles que se julgam poderosos e que pretendem
ser justos pela sua própria virtude, «tropeçaram na pedra de
tropeço» (Rom 9,32). [...] Foram estes homens poderosos que
atacaram Jesus Cristo, ufanando-se da sua justiça. [...] Eles
colocavam-se acima da multidão dos fracos que acorriam ao médico.
E porquê? Pela simples razão de que se consideravam poderosos.
[...] Mataram o médico de todos os homens, mas Ele, na sua morte,
preparou para todos os doentes um remédio com o seu sangue.©
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