=CRISTIANISMO=
«Senhor,
a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68
Queridos
Amigos
Aproveitamos
para vos anunciar a abertura de duas novas versões de Evangelizo,
a acrescentar à versão grega recentemente iniciada:
A
liturgia ambrosiana é bastante próxima da romana tradicional com
algumas especificidades particulares tais como um calendário e
leituras próprias. Abrimos esta versão a pedido de numerosos
leitores de língua italiana e de um bispo. O rito ambrosiano está
em vigor na diocese de Milão e em três vales do Tessino (na
Suíça), o que representa 51 paróquias.
Fiéis
ao espírito do serviço Evangelizo, estamos felizes por vos fazer
descobrir, através deste rito ambrosiano, a extraordinária
riqueza litúrgica da nossa Igreja.
-
a versão grega: evaggeliokathemera.org.
Que ela possa ser um apoio diário aos membros deste povo que
sofre. Não deixem se informar os vossos conhecidos deste novo
serviço.
Podem
contactar connosco através da página “contactos” do nosso
sítio internet:
http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact.
Obrigado.
Queremos
agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o
financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é
e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em
parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e
tradução diária dos comentários bem como para financiar o
material informático. É por esta relação entre a vida activa e
a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.
Se
deseja fazer um donativo:
http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=helpus.
Obrigado.
Criado
em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e
rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida
dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da
Igreja.
Fazemo-vos
uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo que não ocupa quase
tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org)
e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de
que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e
já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a
inscrição.
Um
por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.
O
serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e
suportes: por correio electrónico; no computador:
http://www.evangelhoquotidiano.org/;
em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone
“Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.
Com
os votos renovados de uma boa caminhada ao longo deste ano,
saúda-vos
A
equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano
---------------------------------------
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos -
www.capuchinhos.org
Domingo, dia 17 de Março de 20135º Domingo da Quaresma - Ano C
Santo
do dia : S.
Patrício, bispo, +461, Beata
Bárbara Maix, religiosa, +1873
Livro de Isaías 43,16-21.
O
Senhor, que outrora abriu um caminho através do mar, uma estrada
nas torrentes das águas;
que pôs em campanha carros e cavalos, tropa de soldados e chefes; caíram para nunca mais se levantarem, extinguiram-se como um pavio que se apaga: «Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado, pois vou realizar algo de novo que já está a aparecer: não o notais? Vou abrir um caminho no deserto e fazer correr rios na estepe. Glorificar-me-ão os animais selvagens, os chacais e as avestruzes porque hei-de fazer brotar água no deserto e rios na terra árida para dar de beber ao meu povo, o meu eleito, o povo que Eu formei para mim e assim hão-de proclamar os meus louvores.» Livro de Salmos 126(125),1-2ab.2cd-3.4-5.6.
Quando
o Senhor mudou o destino de Sião
parecia-nos viver um sonho. Quando o Senhor mudou o destino de Sião parecia-nos viver um sonho. A nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções. Dizia-se então entre os pagãos: «O Senhor fez por eles grandes coisas!» Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria. Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos, como as torrentes do deserto. Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria. À ida vão a chorar, carregando e lançando as sementes; no regresso, cantam de alegria, transportando os feixes de espigas. Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; por isso, exultamos de alegria. Transforma, Senhor, o nosso destino como as chuvas transformam o deserto do Négueb. Aqueles que semeiam com lágrimas, vão recolher com alegria. À ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta vêm a cantar, trazendo molhos de espigas. Carta aos Filipenses 3,8-14.
Irmãos:
Considero que tudo isso foi mesmo uma perda por causa da maravilha
que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por causa dele,
tudo perdi e considero esterco a fim de ganhar a Jesus Cristo
e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Jesus Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé. Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos. Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não me julgo como se já o tivesse alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente, corro em direcção à meta para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus. Evangelho segundo S. João 8,1-11.
Naquele
tempo, Jesus Cristo foi para o Monte das Oliveiras.
De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus Cristo sentou-se e pôs-se a ensinar. Então os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus Cristo, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos e ficou só JesusCristo e a mulher que estava no meio deles. Então Jesus Cristo ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus Cristo: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» Beato João Paulo II (1920-2005), papa Encíclica «Dives in misericordia», §2
«Quem de vós estiver sem
pecado atire-lhe a primeira pedra»
«Ninguém jamais viu a Deus»,
escreve São João para dar maior relevo à verdade, segundo a
qual «o Filho unigénito que está no seio do Pai é que O deu a
conhecer» (Jo 1,18). [...] A verdade revelada por Jesus Cristo a
respeito de Deus, «Pai das misericórdias» (2Co 1,3),
permite-nos «vê-Lo» particularmente próximo do homem,
sobretudo quando este sofre, quando é ameaçado no próprio
coração da sua existência e da sua dignidade.
Por este motivo, na actual
situação da Igreja e do mundo, muitos homens e muitos ambientes,
guiados por vivo sentido de fé, voltam-se quase espontaneamente,
por assim dizer, para a misericórdia de Deus. São impelidos a
fazê-lo certamente pelo próprio Jesus Cristo, o Qual, mediante o
Seu Espírito, continua operante no íntimo dos corações
humanos. O mistério de Deus «Pai das misericórdias» revelado
por Jesus Cristo torna-se, no contexto das hodiernas ameaças
contra o homem, como que um singular apelo dirigido à Igreja.
Pretendo acolher tal apelo;
desejo inspirar-me na linguagem da revelação e da fé, linguagem
eterna e ao mesmo tempo incomparável pela sua simplicidade e
profundidade, para com ela exprimir, uma vez mais, diante de Deus
e dos homens, as grandes preocupações do nosso tempo. A
revelação e a fé ensinam-nos efectivamente não tanto a meditar
de modo abstracto sobre o mistério de Deus, «Pai das
misericórdias», quanto a recorrer a esta mesma misericórdia em
nome de Jesus Cristo e em união com Ele. Cristo não disse,
porventura, que o nosso Pai, Aquele que «vê o que é secreto»
(Mt 6,4), está continuamente à espera, por assim dizer, de que
nós, apelando para Ele em todas as necessidades, perscrutemos
cada vez mais o Seu mistério: o mistério do Pai e do Seu amor? É
meu desejo, portanto, que estas considerações sirvam para
aproximar mais de todos tal mistério e se tornem, ao mesmo tempo,
um vibrante apelo da Igreja à misericórdia (para
os misericordiosos), de que o homem e o mundo contemporâneo tanto
precisam. E precisam dessa misericórdia, mesmo sem muitas vezes o
saberem.
Segunda-feira,
dia 18 de Março de 2013
Segunda-feira da 5ª semana da Quaresma
Santo do dia
: S.
Cirilo de Jerusalém, bispo, Doutor da Igreja, +386, Santo
Eduardo, rei de Inglaterra, mártir, +978
Livro de Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62.
Naqueles
dias, havia um homem chamado Joaquim que habitava na Babilónia.
Tinha desposado uma mulher de nome Susana, filha de Hilquias,
muito bela e piedosa para com o Senhor,
pois tinha sido educada pelos pais, que eram justos, de harmonia com a lei de Moisés. Joaquim era muito rico. Contíguo à sua casa, tinha um pomar e com frequência se reuniam em casa dele os judeus, pois que entre todos os seus compatriotas gozava de particular consideração. Tinham sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo. A eles justamente se aplicava a palavra do Senhor: «A iniquidade veio da Babilónia, de anciãos e juízes, que passavam por dirigir o povo.» Estas duas personagens frequentavam a casa de Joaquim onde vinham procurá-los todos os que tinham qualquer contenda. À hora do meio-dia, quando toda esta gente se tinha retirado, Susana ia passear para o jardim do marido. Os dois anciãos viam-na todos os dias, por ocasião do passeio, de maneira que a sua paixão se acendeu por ela. Perderam a justa noção das coisas, afastaram os olhos para não olharem para o céu e não se lembrarem da verdadeira regra de conduta. Um dia, como de costume, chegou Susana, acompanhada apenas por duas criadas e preparava-se para tomar banho no jardim, pois fazia calor. Não havia aí ninguém senão os dois anciãos que, escondidos, a espiavam. Disse às jovens: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as portas do jardim para eu tomar banho.» Logo que elas saíram, os dois homens precipitaram-se para junto de Susana e disseram-lhe: «As portas do jardim estão fechadas, ninguém nos vê. Nós ardemos de desejo por ti. Aceita e entrega-te a nós. Se não quiseres, vamos denunciar-te. Diremos que um rapaz estava contigo e que foi por isso mesmo que tu mandaste embora as criadas.» Susana bradou angustiada: «Estou sujeita a aflições de todos os lados! Se faço isso, é para mim a morte. Se não o faço nem mesmo assim vos escaparei, mas é preferível para mim cair em vossas mãos sem ter feito nada do que pecar aos olhos do Senhor.» Susana então soltou altos gritos e os dois anciãos gritaram também com ela. E um deles, correndo para as portas do jardim, abriu-as. As pessoas da casa, ao ouvirem esta gritaria, precipitaram-se pela porta traseira para ver o que tinha acontecido. Logo que os anciãos falaram, os criados coraram de vergonha, pois jamais se tinha dito coisa semelhante de Susana. No dia seguinte, os dois anciãos, dominados pelo desejo criminoso contra a vida de Susana, vieram à reunião que tinha lugar em casa de Joaquim, seu marido. Disseram diante de toda a gente: «Que se vá procurar Susana, filha de Hilquias, a mulher de Joaquim!» Foram procurá-la. E veio com os seus pais, os filhos e os membros da sua família. Choravam todos os seus assim como todos os que a conheciam. Os dois anciãos levantaram-se diante de todo o povo e puseram a mão sobre a cabeça de Susana, enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas de coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu. Disseram então os anciãos: «Quando passeávamos a sós pelo jardim, entrou ela com duas criadas e depois de ter fechado as portas, mandou embora as criadas. Então um jovem, que estava lá escondido, aproximou-se e pecou com ela. Encontrávamo-nos a um canto do jardim. Perante semelhante atrevimento, corremos para eles e surpreendemo-los em flagrante delito. Não pudemos ter mão no rapaz porque era mais forte do que nós, abriu a porta e escapou-se. A ela apanhámo-la; mas, quando a interrogámos para saber quem era esse rapaz, recusou responder-nos. Somos testemunhas disto.» Dando crédito a estes homens que eram anciãos e juízes do povo, a assembleia condenou Susana à morte. Esta então em altos brados disse: «Deus eterno, que sondas os segredos, que conheces os acontecimentos antes que se dêem, Tu sabes que proferiram um falso testemunho contra mim. Vou morrer sem ter feito nada daquilo que maldosamente inventaram contra mim.» Deus ouviu a sua oração. Quando a conduziam para a morte, o Senhor despertou a alma límpida de um rapazinho, chamado Daniel, que gritou com voz forte: «Estou inocente da morte dessa mulher!» Toda a gente se voltou para ele e disse: «Que é que isso quer dizer?» E dirigindo--se para o meio deles, afirmou: «Israelitas! Estais loucos para condenardes uma filha de Israel sem examinardes nem reconhecerdes a verdade? Recomeçai o julgamento porque é um falso testemunho o que estes dois homens declararam contra ela.» O povo apressou-se a voltar. Os anciãos disseram a Daniel: «Vem, senta-te no meio de nós e esclarece-nos porque Deus te deu maturidade!» Bradou Daniel: «Separai-os para longe um do outro e eu os julgarei.» Separaram-nos. Daniel então chamou o primeiro e disse-lhe: «Velho perverso! Eis que se manifestam agora os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos, ao condenares os inocentes, absolvendo os culpados, quando o Senhor disse: ‘Não farás com que morra o inocente ou o justo.’ Vamos! Se realmente os viste, diz-nos debaixo de que árvore os viste entreterem-se um com o outro.» «Sob um lentisco.» – respondeu. Retorquiu Daniel: «Pois bem! Aí está a mentira que pagarás com a tua cabeça. Eis que o anjo do Senhor, conforme a sentença divina, te vai rachar a meio!» Afastaram o homem e Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: «Tu és um filho de Canaã e não um judeu. Foi a beleza que te seduziu e a paixão que te perverteu. É assim que sempre tendes procedido com as filhas de Israel que, por medo, entravam em relação convosco. Uma filha de Judá, porém não consentiu na vossa perversidade. Vamos, diz-me: sob que árvore os surpreendeste em atitude de se unirem?» «Sob um carvalho.» Respondeu Daniel: «Pois bem! Também tu forjaste uma mentira que te vai custar a vida. Eis que o anjo do Senhor, de espada em punho, se dispõe a cortar-te ao meio para vos aniquilar.» Logo a multidão deu grandes brados e bendizia a Deus que salva os que põem nele a sua esperança. Toda a gente então se insurgiu contra os dois anciãos que Daniel tinha convencido de falso testemunho pelas suas próprias declarações e deu-se-lhes o mesmo tratamento que eles tinham infligido ao seu próximo. De harmonia com a lei de Moisés, mataram-nos. Deste modo, foi poupada naquele dia uma vida inocente. Livro de Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6.
O
Senhor é meu pastor: nada me faltará.
Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes, reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado dão-me confiança. Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos; ungiste com óleo a minha cabeça; a minha taça transbordou. Na verdade, a tua bondade e o teu amor hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre. Evangelho segundo S. João 8,12-20.
Naquele
tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Eu sou a luz do mundo.
Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida
(aura).»
Disseram-lhe então os fariseus: «Tu dás testemunho a favor de ti mesmo: o teu testemunho não é válido.» Jesus Cristo respondeu-lhes: «Ainda que Eu dê testemunho a favor de mim próprio, o meu testemunho é válido porque sei donde vim e para onde vou. Vós é que não sabeis donde venho nem para onde vou. Vós julgais segundo critérios humanos; Eu não julgo ninguém. Mas, mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é verdadeiro porque não estou só, mas Eu e o Pai que me enviou. Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido; sou Eu a dar testemunho a favor de mim e também dá testemunho a meu favor o Pai que me enviou.» Perguntaram-lhe então: «Onde está o teu Pai?» Jesus Cristo respondeu: «Não me conheceis a mim nem ao meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.» Jesus Cristo pronunciou estas palavras junto das caixas das ofertas quando estava a ensinar no templo e ninguém o prendeu porque ainda não tinha chegado a sua hora. Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermões sobre o Evangelho de João, n º 35, 4-5.9
«Quem Me segue não andará
nas trevas, mas terá a luz da vida»
Os fariseus disseram-Lhe: «Tu
dás testemunho a favor de Ti mesmo: o Teu testemunho não é
válido.» [...] Jesus Cristo respondeu: «Ainda que Eu dê
testemunho a favor de Mim mesmo, o Meu testemunho é válido
porque sei donde vim e para onde vou.» A luz mostra os objectos
que ilumina e ao mesmo tempo mostra-se a si própria. [...] «Sei
de onde vim e para onde vou.» Aquele que está à vossa frente e
que fala possui o que não deixou [...] ao vir a este mundo, Ele
não deixou o céu e ao voltar para o céu, não nos abandonou.
[...] Isto é impossível ao homem, é impossível ao próprio
sol; assim, quando vai para ocidente, abandona o oriente e até
voltar ao oriente, não está lá; mas Nosso Senhor Jesus Cristo
vem à Terra e está no céu e volta para o céu e está na Terra.
[…]
São Pedro escreveu: «Temos bem
confirmada a palavra dos profetas à qual fazeis bem em prestar
atenção como a uma lâmpada que brilha no escuro até que o dia
amanheça» (2P 1,19). Então, quando o Senhor vier, nas palavras
do apóstolo Paulo, «iluminará o que está oculto nas trevas»
(1 Cor 4,5). [...] Perante essa luz, as tochas deixarão de ser
necessárias: deixaremos de ler os profetas, não mais abriremos
as epístolas dos apóstolos, não mais pediremos o testemunho de
João Batista, não teremos sequer necessidade do Evangelho. Todas
as Escrituras, que estavam acesas para nós como tochas no meio da
noite no nosso mundo, desaparecerão. [...] O que vamos ver? [...]
«No princípio era o Verbo, a Palavra de Deus, e o Verbo estava
com Deus e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). Chegarás à fonte de onde
o orvalho se derramou sobre ti, de onde saíram esses raios
quebrados que chegaram por mil desvios até ao teu coração
envolto em trevas. Verás a própria luz a descoberto. [...]
«Ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que,
quando se manifestar, seremos semelhantes a Ele porque O veremos
como Ele é» (1Jo 3,2). [...] Vou deixar este livro [...]; foi
bom desfrutarmos juntos da sua luz […], mas, separando-nos
agora, não abandonemos essa luz.
Terça-feira,
dia 19 de Março de 2013
S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - Solenidade
Naqueles
dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar? Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino. Ele construirá um templo ao meu nome e Eu firmarei para sempre o seu trono régio. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites como fazem os homens. A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre".» Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.
Hei-de
cantar para sempre o amor do Senhor;
a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade. Proclamarei que o teu amor é para sempre e que a tua fidelidade é eterna como o céu. Os céus celebram as tuas maravilhas, Senhor, e a assembleia dos santos, a tua fidelidade. Quem, nos céus, poderá comparar-se ao Senhor? Quem, entre as divindades, se lhe poderá igualar?
"Fiz uma aliança com o meu
eleito,
jurei a David, meu servo: Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor e a minha aliança com ele há-de manter-se firme. Estabelecerei para sempre a sua descendência e o seu trono terá a duração dos céus. Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai, és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!' Se os seus filhos abandonarem a minha lei e não seguirem os meus preceitos; se violarem as minhas ordens e não guardarem os meus mandamentos Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.
Irmãos:
Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a
Abraão e à sua descendência foi feita a promessa de que havia
de receber o mundo em herança.
Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós, conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. Foi com uma esperança para além do que se podia esperar que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência. Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça. Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.
Jacob
gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado
Cristo. Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua
mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se
que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.
José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa. Liturgia grega - Menaion
Administradores dos mistérios
de Deus (1Co 4,1)
José, o esposo de Maria, viu
com os seus próprios olhos, a realização das profecias.
Escolhido para o casamento mais glorioso, recebeu a revelação
pela boca dos anjos que cantavam: «Glória a Deus nas alturas e
paz na Terra aos homens do Seu agrado» (Lc 2,14).
Anuncia, José, a David,
antepassado do Homem Divino, as maravilhas que os teus olhos
contemplaram: viste o Infante repousar no seio da Virgem,
adoraste-O com os magos, deste glória a Deus com os pastores,
segundo a palavra do anjo. Reza a Jesus Cristo, nosso Senhor, para
que sejamos salvos.
Tu, José, recebeste nos teus
braços o Senhor imenso diante de Quem tremem as potências
celestes quando Ele nasceu da Virgem e tu foste consagrado. É por
isso que nós te prestamos honras.
A tua alma foi obediente às
ordens de Deus. Cheio de uma pureza sem igual, mereceste receber
por esposa a que é pura e imaculada entre as mulheres; foste o
guardião da Virgem quando ela mereceu tornar-se o tabernáculo do
Criador. […]
Aquele que com uma palavra
formou o céu, a terra e o mar foi chamado «filho do carpinteiro»
(Mt 13,55), isto é, teu filho, admirável José! Foste nomeado
pai d'Aquele que não tem começo e que te glorificou como
administrador dum mistério que ultrapassa a nossa compreensão.
[...] Guardião sagrado da Virgem bendita, cantaste com ela este
cântico: «Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor: a Ele a
glória e o louvor eternamente!» (Dn 3,57).
Quarta-feira,
dia 20 de Março de 2013
Quarta-feira da 5ª semana da Quaresma
Santo do dia
: S.
Martinho de Braga, bispo, +580, Santa
Eufémia, virgem e mártir, +300, Santa
Cláudia, mártir, +304
Livro de Daniel 3,14-20.91-92.95.
Naqueles
dias, Nabucodonossor, rei da Babilónia, disse aos três jovens
israelitas: «Chadrac, Mechac e Abed-Nego, é verdade que
rejeitais o culto aos meus deuses e a adoração à estátua de
ouro erigida por mim?
Pois bem! Estais dispostos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, do saltério e de qualquer outro instrumento musical, a prostrar-vos em adoração diante da estátua que eu fiz? Se não o fizerdes, sereis logo lançados dentro da fornalha ardente. E qual o deus que poderá libertar-vos da minha mão?» Chadrac, Mechac e Abed-Nego responderam ao rei Nabucodonossor: «Não vale a pena responder-te a propósito disto. Se isso assim é, o Deus que nós servimos pode livrar-nos da fornalha incandescente e até mesmo, ó rei, da tua mão. E ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses e que não adoramos a estátua de ouro que tu levantaste.» Então explodiu a fúria de Nabucodonossor contra Chadrac, Mechac e Abed-Nego; a expressão do seu rosto mudou e levantou a voz para mandar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais do que era costume. Em seguida, ordenou aos soldados mais vigorosos do seu exército que amarrassem Chadrac, Mechac e Abed-Nego a fim de os lançar na fornalha incandescente. Então o rei Nabucodonossor, estupefacto, levantou-se repentinamente, dizendo para os seus conselheiros: «Não foram três homens, atados de pés e mãos, que lançámos ao fogo?» Responderam eles ao rei: «Com certeza». «Pois bem –replicou o rei – vejo quatro homens soltos que passeiam no meio do fogo sem este lhes causar mal; o quarto tem o aspecto de um filho de Deus.» Nabucodonossor, tomando a palavra, disse: «Bendito seja o Deus de Chadrac, de Mechac e de Abed-Nego! Ele enviou o seu anjo para libertar os seus servos que, confiando nele, expuseram a vida, transgredindo as ordens do rei, antes que prostrarem-se em adoração diante de um outro deus que não fosse o Deus deles. Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56.
Bendito
sejas, Senhor, Deus de nossos pais:
digno de louvor e glória eternamente! Bendito seja o teu nome santo e glorioso: digno de supremo louvor e exaltação eternamente! Bendito sejas no templo da tua santa glória: digno de supremo louvor e glória eternamente! Bendito sejas por penetrares os abismos, sentado sobre os querubins: digno de supremo louvor e exaltação eternamente! Bendito sejas no teu trono real: digno de supremo louvor e exaltação eternamente! Bendito sejas no firmamento dos céus: digno de supremo louvor e glória eternamente! Evangelho segundo S. João 8,31-42.
Naquele
tempo, dizia Jesus Cristo aos judeus que n'Ele tinham acreditado:
«Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis
verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a
verdade e a verdade vos tornará livres.»
Replicaram-lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém! Como é que Tu dizes: 'Sereis livres'?» Jesus Cristo respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é servo do pecado e o servo não fica na família para sempre; o filho é que fica para sempre. Pois bem, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres. Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me porque não aderis à minha palavra. Eu comunico o que vi junto do Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai.» Eles replicaram-lhe: «O nosso pai é Abraão!» Jesus Cristo disse-lhes: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão! Agora, porém vós pretendeis matar-me, a mim, um homem que vos comunicou a verdade que recebi de Deus. Isso não o fez Abraão! Vós fazeis as obras do vosso pai.» Eles disseram-lhe então: «Nós não nascemos da prostituição. Temos um só Pai que é Deus.» Disse-lhes Jesus Cristo: «Se Deus fosse vosso Pai, ter-me-íeis amor, pois é de Deus que Eu saí e vim. Não vim de mim próprio, mas foi Ele que me enviou. Concílio Vaticano II Constituição dogmática sobre a Igreja no mundo contemporâneo, «Gaudium et Spes», §§ 16-17
«Conhecereis a verdade e a
verdade vos tornará livres»
No fundo da própria
consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si
mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que o chama
constantemente ao amor ao bem e à fuga do mal, soa
no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto,
evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo
próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe e por
ela é que será julgado (Rm 2, 14-16). A consciência
é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se
encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do
seu ser. […]
Só na liberdade é que o homem
se pode converter ao bem. Os homens de hoje apreciam grandemente e
procuram com ardor esta liberdade e com toda a razão. Muitas
vezes, porém fomentam-na de um modo condenável como se ela
consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal,
contanto que lhes agrade. A liberdade verdadeira é um sinal
privilegiado da imagem divina no homem, pois Deus quis «deixar o
homem entregue à sua própria decisão» (Gn 1,26) para que
busque por si mesmo o seu Criador e livremente chegue à total e
beatífica perfeição, aderindo a Ele. A dignidade do homem
exige, portanto que ele proceda segundo a própria
consciência e por livre adesão. [...] O homem atinge
esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões,
tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e
com diligente iniciativa os meios convenientes. Mas a liberdade do
homem, ferida pelo pecado, só com a ajuda da graça divina
pode tornar plenamente efectiva esta orientação para Deus.
Quinta-feira,
dia 21 de Março de 2013
Quinta-feira da 5ª da Quaresma
Santo do dia
: S.
Nicolau de Flue, eremita, confessor, +1487, Trânsito
de S. Bento
Livro de Génesis 17,3-9.
Naqueles
dias, Abrão prostrou-se com o rosto por terra e Deus disse-lhe:
«A aliança que faço contigo é esta: serás pai de inúmeros povos. Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos. Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei que de ti nasçam povos e terás reis por descendentes. Estabeleço a minha aliança contigo e com a tua posteridade, de geração em geração; será uma aliança perpétua, em virtude da qual Eu serei o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei, a ti e à tua descendência depois de ti, o país em que resides como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua e serei Deus para eles.» Deus disse a Abraão: «Da tua parte, cumprirás a minha aliança, tu e a tua descendência, nas futuras gerações. Livro de Salmos 105(104),4-5.6-7.8-9.
Recorrei
ao Senhor e ao seu poder
e buscai O sempre. Recordai as maravilhas que Ele fez, os seus prodígios e as sentenças da sua boca, Vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu escolhido. O Senhor, é o nosso Deus, e governa sobre a Terra. Descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu eleito. O Senhor é o nosso Deus e as suas sentenças são lei em toda a Terra. Ele recorda sempre a sua aliança, a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que estabeleceu com Abraão, o juramento que fez a Isaac. Evangelho segundo S. João 8,51-59.
Naquele
tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Em verdade, em verdade vos
digo: se alguém observar a minha palavra nunca morrerá.»
Disseram-lhe então os judeus: «Agora é que estamos certos de que tens demónio! Abraão morreu, os profetas também e Tu dizes: 'Se alguém observar a minha palavra, nunca experimentará a morte'? Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão que morreu? E os profetas morreram também! Afinal quem é que Tu pretendes ser?» Jesus Cristo respondeu: «Se Eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória nada valerá. Quem me glorifica é o meu Pai de quem dizeis: 'É o nosso Deus'; e, no entanto, não o conheceis. Eu é que o conheço; se dissesse que não o conhecia, seria como vós: um mentiroso. Mas Eu conheço-o e observo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz.» Disseram-lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?» Jesus Cristo respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!» Então agarraram em pedras para lhe atirarem, mas Jesus Cristo escondeu-se e saiu do templo. São Gregório Magno (c. 540-604), Papa, doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelhos, nº 18
«Eu Sou»
«Abraão, vosso pai, exultou
pensando em ver o Meu dia; viu-o e ficou feliz.» Abraão viu o
dia do Senhor quando recebeu em sua casa os três anjos que
representam a Santíssima Trindade: três hóspedes a quem se
dirigiu como se fossem um só (cf Gn 18,2-3). [...] Mas o espírito
terra-a-terra dos ouvintes do Senhor não eleva o olhar acima da
carne [...] e eles dizem-Lhe: «Ainda não tens cinquenta anos e
viste Abraão?» Então o nosso Redentor desvia suavemente o seu
olhar do corpo de carne para o elevar à contemplação da Sua
divindade, declarando: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de
Abraão existir, Eu sou!» «Antes» indica o passado e «Eu sou»
o presente. Uma vez que a Sua divindade não tem passado nem
futuro, mas existe desde sempre, o Senhor não diz: «Antes de
Abraão Eu era» mas sim: «Antes de Abraão existir, Eu sou!».
Foi por isso que Deus declarou a Moisés: «Eu sou Aquele que
sou.» [...] «Assim dirás aos filhos de Israel: “Eu sou”
enviou-me a vós!» (Ex 3,14).
Abraão teve um antes e um
depois; veio a este mundo [...] e deixou-o, levado pelo decurso da
sua vida, mas é próprio da Verdade de existir sempre (Jo 14,6),
pois nem começa num primeiro tempo nem termina num tempo
seguinte. Mas esses descrentes, que não conseguiam suportar as
Suas palavras de vida eterna, foram recolher pedras para lapidar
Aquele que não conseguiam compreender. […]
«Jesus escondeu-Se e saiu do
templo». É espantoso que o Senhor tenha escapado aos Seus
perseguidores escondendo-Se, embora pudesse exercer o poder da Sua
divindade. [...] Então porque Se escondeu? Porque, uma vez feito
homem entre os homens, o nosso Redentor diz-nos umas coisas
através da Sua palavra e outras através do Seu exemplo. E, pelo
Seu exemplo, que nos diz Ele senão para fugirmos humildemente da
cólera dos orgulhosos mesmo quando podemos oferecer resistência?
[...] Por isso, que ninguém proteste ao ouvir afrontas, que
ninguém pague o insulto com o insulto, pois é mais glorioso
evitar uma injúria calando-se, como fez o Senhor, que
tentar ganhar a discussão respondendo.
Sexta-feira,
dia 22 de Março de 2013
Sexta-feira da 5ª semana da Quaresma
Santo do dia
: Santa
Catarina de Génova, viúva, +1510, S.
Zacarias, Papa, +752, S.
Saturnino, bispo e mártir, séc. III
Livro de Jeremias 20,10-13.
Disse
Jeremias: «Eu ouvia invectivas da multidão: "Cerco de
terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!" Os que eram meus
amigos espiam agora os meus passos: «Se o enganarmos,
triunfaremos dele e dele nos vingaremos.»
O Senhor, porém está comigo como poderoso guerreiro. Por isso, os meus perseguidores serão esmagados e cobertos de confusão porque não hão-de prevalecer. A sua ignomínia nunca se apagará da memória. Mas Tu, Senhor do universo, examinas o justo, sondas os rins e os corações. Que eu possa contemplar a tua vingança contra eles, pois a ti confiei a minha causa! Cantai ao Senhor, glorificai o Senhor porque salvou a vida do pobre da mão dos malvados. Livro de Salmos 18(17),2-3a.3bc-4.5-6.7.
Eu
te amo, ó Senhor, minha força.
O Senhor é a minha rocha, fortaleza e protecção; o meu Deus é o abrigo em que me refugio, o meu escudo, o meu baluarte de defesa. Invoquei o Senhor que é digno de louvor e fui salvo dos meus inimigos. Cercaram-me as ondas da morte e as vagas destruidoras encheram-me de terror; envolveram-me os laços do Abismo e lançaram-me as suas redes fatais. Na minha angústia invoquei o Senhor e gritei pelo meu Deus. Do seu santuário, Ele ouviu a minha voz; o meu clamor chegou aos seus ouvidos. Evangelho segundo S. João 10,31-42.
Naquele
tempo, os judeus voltaram a pegar em pedras para apedrejarem Jesus
Cristo.
Jesus Cristo replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.» Jesus Cristo respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses'? Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus e a Escritura não se pode pôr em dúvida a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: 'Tu blasfemas' por Eu ter dito: 'Sou Filho de Deus'? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.» Por isso procuravam de novo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos. Depois, Jesus Cristo voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde ao princípio João tinha estado a baptizar e ali se demorou. Muitos vieram ter com Ele e comentavam: «Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste homem era verdade.» E muitos ali creram nele. Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermões sobre o Evangelho de João, n°48, 9-11; CCSL 36, 417
Acreditar em Jesus Cristo
«Se a Lei chamou deuses àqueles
a quem se dirigiu a palavra de Deus porque dizeis Àquele a quem o
Pai consagrou e enviou ao mundo: 'Tu blasfemas', por Eu ter dito:
'Sou Filho de Deus'?» De facto, se Deus falou aos homens para que
eles fossem chamados deuses, como poderia a Palavra de Deus, o
Verbo que está em Deus, não ser o Filho de Deus? Se os homens,
porque Deus lhes fala, se tornam participantes da Sua natureza,
como poderia esta Palavra, por onde lhes chega esta dádiva, não
ser de Deus? [...] Quando te aproximas da Luz e a recebes,
tornas-te filho de Deus; se te afastares, tornas-te obscuro e
filho das trevas (cf 1Th 5,5). […]
«Acreditai nas obras. Assim
vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em Mim e
Eu no Pai.» O Filho de Deus não diz «o Pai está em Mim e eu no
Pai» no sentido em que os homens o podem dizer. De facto, se os
nossos pensamentos forem bons, estamos em Deus; se a nossa vida
for santa, Deus está em nós. Quando participamos na Sua graça e
somos iluminados pela Sua luz, estamos Nele e Ele em nós. Mas
[...] reconhece o que é próprio do Senhor e o que é uma dádiva
feita ao Seu servo: o que é próprio do Senhor é a igualdade com
o Pai; a dádiva atribuída ao servo é participar no Salvador.
«Eles procuravam prendê-Lo.»
Se ao menos O tivessem prendido – mas pela fé e pela
inteligência, não para O atormentar e O matar! Neste momento em
que vos falo [...] todos, vós e eu, queremos prender Jesus
Cristo. Que significa prender? Vós prendeis quando compreendeis,
mas os inimigos de Jesus Cristo procuravam outra coisa. Vós
prendestes para possuir, eles queriam prendê-Lo para se
desembaraçarem d'Ele e, porque queriam prendê-Lo desta forma,
que faz Jesus Cristo? «Escapou-Se-lhes das mãos.» Não
conseguiram prendê-Lo porque não tinham as mãos da fé. [...]
Nós prendemos verdadeiramente a Jesus Cristo se o nosso espírito
captar o Verbo.
Sábado,
dia 23 de Março de 2013
Sábado da 5ª semana da Quaresma
Santo do dia
: S.
Turíbio de Mogrovejo, bispo, +1606, Beato
Marcos de Montegalo, presbítero, +1496
Livro de Ezequiel 37,21-28.
Assim fala o Senhor Deus: Eis
que Eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações por onde
se dispersaram; vou reuni-los de toda a parte e reconduzi-los ao
seu país.
Farei deles uma só nação na minha terra, nas montanhas de Israel, e apenas um rei reinará sobre todos eles; nunca mais serão duas nações, nem serão divididos em dois reinos. Não se mancharão mais com os seus ídolos e nunca mais cometerão infames abominações. Eu os salvarei das suas rebeldias, pelas quais pecaram e os purificarei; eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus. O meu servo David será o seu rei e eles terão um só pastor; caminharão segundo os meus preceitos, observarão os meus mandamentos e os porão em prática. Habitarão o país que Eu dei ao meu servo Jacob e no qual habitaram seus pais; aí ficarão eles, os seus filhos e os filhos de seus filhos para sempre. David, meu servo, será para sempre o seu chefe. Farei com eles uma aliança de paz; será uma aliança eterna; Eu os estabelecerei e os multiplicarei e colocarei o meu santuário no meio deles para sempre. A minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Então reconhecerão as nações que Eu sou o SENHOR que santifica Israel quando tiver colocado o meu santuário no meio deles para sempre." Livro de Jeremias 31,10.11-12ab.13.
Como
o pastor guarda o seu rebanho assim nos guarda o Senhor.
Povos, escutai a palavra do Senhor! Levai a notícia às ilhas longínquas e dizei: 'Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo e guardá-lo como o pastor ao seu rebanho.' Porque o Senhor resgatou Jacob e libertou-o das mãos de um mais forte. Regressarão jubilosos às alturas de Sião e afluirão aos bens do Senhor. Então a jovem alegrar-se-á, bailando; jovens e velhos partilharão do seu júbilo. Converterei o seu pranto em exultação, hei-de consolá-los e aliviá-los das suas penas. Evangelho segundo S. João 11,45-56.
Naquele
tempo, muitos dos judeus que tinham vindo a casa de Maria, ao
verem o que Jesus Cristo fez, creram nele.
Alguns deles, porém foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus Cristo tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus convocaram então o Conselho e diziam: «Que havemos nós de fazer, dado que este homem realiza muitos sinais miraculosos? Se o deixarmos assim, todos irão crer nele e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar santo e a nossa nação.» Mas um deles, Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não entendeis nada nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo e não pereça a nação inteira.» Ora ele não disse isto por si mesmo; mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus Cristo devia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos. Assim, a partir desse dia, resolveram dar-lhe a morte. Por isso, Jesus Cristo já não andava em público, mas retirou-se dali para uma região vizinha do deserto, para uma cidade chamada Efraim e lá ficou com os discípulos. Estava próxima a Páscoa dos judeus e muita gente do país subiu a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar. Procuravam então Jesus Cristo e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele virá à Festa?» São Leão Magno (?-c. 461), Papa, doutor da Igreja Oitava homilia sobre a Paixão, 7; SC 74 bis
«Para congregar na unidade
os filhos de Deus que estavam dispersos»
«Uma vez levantado da terra,
atrairei todos a Mim» (Jo 12,32). Admirável poder da cruz!
Indescritível glória da Paixão! Aí se encontra o tribunal do
Senhor, o julgamento do mundo e a vitória do Crucificado. Sim, Tu
atraíste todos a Ti, Senhor, e quando «estendias continuamente
as mãos para um povo incrédulo e rebelde» (Is 65,2; Rom 10,21),
o mundo inteiro percebeu que devia glorificar a Tua majestade.
[...] Tu atraíste todos a Ti, Senhor, porque, quando o véu do
templo se rasgou (Mt 27,51), a imagem do Santo dos Santos
manifestou-se na verdade, a profecia foi completamente cumprida e
a Lei antiga foi substituída pelo Evangelho. Tu atraíste todos a
Ti, Senhor, para que o culto de todas as nações seja celebrado
em plenitude pelo mistério que, até então envolto em símbolos
num só templo na Judeia, seja finalmente expresso abertamente.
[…]
Porque a Tua cruz é a fonte de
todas as bênçãos, a causa de toda a graça. Da fraqueza da cruz
os crentes recebem a força; da sua vergonha, a glória; da Tua
morte, a vida. Agora, de facto, acabaram os múltiplos
sacrifícios: a oferenda única do Teu corpo e do Teu sangue leva
ao seu cumprimento todos os sacrifícios oferecidos nas diferentes
partes do mundo porque Tu és o verdadeiro Cordeiro de Deus que
tira o pecado o mundo (Jo 1,29). Tu realizas em Ti todas as
religiões de todos os homens para que todos os povos formem um só
Reino.
O meu clube de leituraOs meus filmes
1.º
– As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv
2.º
– O Cemitério de Lagos
3.º
– Lagos e a sua Costa Dourada
4.º
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sábado, 23 de março de 2013
Cristianismo 104
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