sábado, 23 de março de 2013

Cristianismo 104


=CRISTIANISMO=

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68
Queridos Amigos
Aproveitamos para vos anunciar a abertura de duas novas versões de Evangelizo, a acrescentar à versão grega recentemente iniciada:
- a versão malgaxe: www.evanjelyanio.org;
- a versão italiana no calendário ambrosiano: www.vangelodelgiorno.org.
A liturgia ambrosiana é bastante próxima da romana tradicional com algumas especificidades particulares tais como um calendário e leituras próprias. Abrimos esta versão a pedido de numerosos leitores de língua italiana e de um bispo. O rito ambrosiano está em vigor na diocese de Milão e em três vales do Tessino (na Suíça), o que representa 51 paróquias.
Fiéis ao espírito do serviço Evangelizo, estamos felizes por vos fazer descobrir, através deste rito ambrosiano, a extraordinária riqueza litúrgica da nossa Igreja.
- a versão grega: evaggeliokathemera.org. Que ela possa ser um apoio diário aos membros deste povo que sofre. Não deixem se informar os vossos conhecidos deste novo serviço.
Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.
Queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.
Se deseja fazer um donativo: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=helpus. Obrigado.
Criado em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da Igreja.
Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.
Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.
O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.
Com os votos renovados de uma boa caminhada ao longo deste ano, saúda-vos
A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano
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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Domingo, dia 17 de Março de 2013

5º Domingo da Quaresma - Ano C

Santo do dia : S. Patrício, bispo, +461, Beata Bárbara Maix, religiosa, +1873
Livro de Isaías 43,16-21.
O Senhor, que outrora abriu um caminho através do mar, uma estrada nas torrentes das águas;
que pôs em campanha carros e cavalos, tropa de soldados e chefes; caíram para nunca mais se levantarem, extinguiram-se como um pavio que se apaga:
«Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado,
pois vou realizar algo de novo que já está a aparecer: não o notais? Vou abrir um caminho no deserto e fazer correr rios na estepe.
Glorificar-me-ão os animais selvagens, os chacais e as avestruzes porque hei-de fazer brotar água no deserto e rios na terra árida para dar de beber ao meu povo, o meu eleito,
o povo que Eu formei para mim e assim hão-de proclamar os meus louvores.»

Livro de Salmos 126(125),1-2ab.2cd-3.4-5.6.
Quando o Senhor mudou o destino de Sião
parecia-nos viver um sonho.

Quando o Senhor mudou o destino de Sião
parecia-nos viver um sonho.
A nossa boca encheu-se de sorrisos
e a nossa língua de canções.

Dizia-se então entre os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas!»
Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas;
por isso, exultamos de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Aqueles que semeiam com lágrimas,
vão recolher com alegria.

À ida vão a chorar,
carregando e lançando as sementes;
no regresso, cantam de alegria,
transportando os feixes de espigas.

Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas;
por isso, exultamos de alegria.
Transforma, Senhor, o nosso destino
como as chuvas transformam o deserto do Négueb.

Aqueles que semeiam com lágrimas,
vão recolher com alegria.
À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta vêm a cantar,
trazendo molhos de espigas.

Carta aos Filipenses 3,8-14.
Irmãos: Considero que tudo isso foi mesmo uma perda por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por causa dele, tudo perdi e considero esterco a fim de ganhar a Jesus Cristo
e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Jesus Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé.
Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte
para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos.
Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus.
Irmãos, não me julgo como se já o tivesse alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente,
corro em direcção à meta para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus.

Evangelho segundo S. João 8,1-11.
Naquele tempo, Jesus Cristo foi para o Monte das Oliveiras.
De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus Cristo sentou-se e pôs-se a ensinar.
Então os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio
e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério.
Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?»
Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus Cristo, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra.
Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!»
E inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra.
Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos e ficou só JesusCristo e a mulher que estava no meio deles.
Então Jesus Cristo ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?»
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus Cristo: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

Beato João Paulo II (1920-2005), papa Encíclica «Dives in misericordia», §2
«Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra»
«Ninguém jamais viu a Deus», escreve São João para dar maior relevo à verdade, segundo a qual «o Filho unigénito que está no seio do Pai é que O deu a conhecer» (Jo 1,18). [...] A verdade revelada por Jesus Cristo a respeito de Deus, «Pai das misericórdias» (2Co 1,3), permite-nos «vê-Lo» particularmente próximo do homem, sobretudo quando este sofre, quando é ameaçado no próprio coração da sua existência e da sua dignidade.
Por este motivo, na actual situação da Igreja e do mundo, muitos homens e muitos ambientes, guiados por vivo sentido de fé, voltam-se quase espontaneamente, por assim dizer, para a misericórdia de Deus. São impelidos a fazê-lo certamente pelo próprio Jesus Cristo, o Qual, mediante o Seu Espírito, continua operante no íntimo dos corações humanos. O mistério de Deus «Pai das misericórdias» revelado por Jesus Cristo torna-se, no contexto das hodiernas ameaças contra o homem, como que um singular apelo dirigido à Igreja.
Pretendo acolher tal apelo; desejo inspirar-me na linguagem da revelação e da fé, linguagem eterna e ao mesmo tempo incomparável pela sua simplicidade e profundidade, para com ela exprimir, uma vez mais, diante de Deus e dos homens, as grandes preocupações do nosso tempo. A revelação e a fé ensinam-nos efectivamente não tanto a meditar de modo abstracto sobre o mistério de Deus, «Pai das misericórdias», quanto a recorrer a esta mesma misericórdia em nome de Jesus Cristo e em união com Ele. Cristo não disse, porventura, que o nosso Pai, Aquele que «vê o que é secreto» (Mt 6,4), está continuamente à espera, por assim dizer, de que nós, apelando para Ele em todas as necessidades, perscrutemos cada vez mais o Seu mistério: o mistério do Pai e do Seu amor? É meu desejo, portanto, que estas considerações sirvam para aproximar mais de todos tal mistério e se tornem, ao mesmo tempo, um vibrante apelo da Igreja à misericórdia (para os misericordiosos), de que o homem e o mundo contemporâneo tanto precisam. E precisam dessa misericórdia, mesmo sem muitas vezes o saberem.

Segunda-feira, dia 18 de Março de 2013

Segunda-feira da 5ª semana da Quaresma

Naqueles dias, havia um homem chamado Joaquim que habitava na Babilónia. Tinha desposado uma mulher de nome Susana, filha de Hilquias, muito bela e piedosa para com o Senhor,
pois tinha sido educada pelos pais, que eram justos, de harmonia com a lei de Moisés.
Joaquim era muito rico. Contíguo à sua casa, tinha um pomar e com frequência se reuniam em casa dele os judeus, pois que entre todos os seus compatriotas gozava de particular consideração.
Tinham sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo. A eles justamente se aplicava a palavra do Senhor: «A iniquidade veio da Babilónia, de anciãos e juízes, que passavam por dirigir o povo.»
Estas duas personagens frequentavam a casa de Joaquim onde vinham procurá-los todos os que tinham qualquer contenda.
À hora do meio-dia, quando toda esta gente se tinha retirado, Susana ia passear para o jardim do marido.
Os dois anciãos viam-na todos os dias, por ocasião do passeio, de maneira que a sua paixão se acendeu por ela.
Perderam a justa noção das coisas, afastaram os olhos para não olharem para o céu e não se lembrarem da verdadeira regra de conduta.
Um dia, como de costume, chegou Susana, acompanhada apenas por duas criadas e preparava-se para tomar banho no jardim, pois fazia calor.
Não havia aí ninguém senão os dois anciãos que, escondidos, a espiavam.
Disse às jovens: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as portas do jardim para eu tomar banho.»
Logo que elas saíram, os dois homens precipitaram-se para junto de Susana
e disseram-lhe: «As portas do jardim estão fechadas, ninguém nos vê. Nós ardemos de desejo por ti. Aceita e entrega-te a nós.
Se não quiseres, vamos denunciar-te. Diremos que um rapaz estava contigo e que foi por isso mesmo que tu mandaste embora as criadas.»
Susana bradou angustiada: «Estou sujeita a aflições de todos os lados! Se faço isso, é para mim a morte. Se não o faço nem mesmo assim vos escaparei,
mas é preferível para mim cair em vossas mãos sem ter feito nada do que pecar aos olhos do Senhor.»
Susana então soltou altos gritos e os dois anciãos gritaram também com ela.
E um deles, correndo para as portas do jardim, abriu-as.
As pessoas da casa, ao ouvirem esta gritaria, precipitaram-se pela porta traseira para ver o que tinha acontecido.
Logo que os anciãos falaram, os criados coraram de vergonha, pois jamais se tinha dito coisa semelhante de Susana.
No dia seguinte, os dois anciãos, dominados pelo desejo criminoso contra a vida de Susana, vieram à reunião que tinha lugar em casa de Joaquim, seu marido.
Disseram diante de toda a gente: «Que se vá procurar Susana, filha de Hilquias, a mulher de Joaquim!» Foram procurá-la.
E veio com os seus pais, os filhos e os membros da sua família.
Choravam todos os seus assim como todos os que a conheciam.
Os dois anciãos levantaram-se diante de todo o povo e puseram a mão sobre a cabeça de Susana,
enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas de coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu.
Disseram então os anciãos: «Quando passeávamos a sós pelo jardim, entrou ela com duas criadas e depois de ter fechado as portas, mandou embora as criadas.
Então um jovem, que estava lá escondido, aproximou-se e pecou com ela.
Encontrávamo-nos a um canto do jardim. Perante semelhante atrevimento, corremos para eles e surpreendemo-los em flagrante delito.
Não pudemos ter mão no rapaz porque era mais forte do que nós, abriu a porta e escapou-se.
A ela apanhámo-la; mas, quando a interrogámos para saber quem era esse rapaz,
recusou responder-nos. Somos testemunhas disto.» Dando crédito a estes homens que eram anciãos e juízes do povo, a assembleia condenou Susana à morte.
Esta então em altos brados disse: «Deus eterno, que sondas os segredos, que conheces os acontecimentos antes que se dêem,
Tu sabes que proferiram um falso testemunho contra mim. Vou morrer sem ter feito nada daquilo que maldosamente inventaram contra mim.»
Deus ouviu a sua oração.
Quando a conduziam para a morte, o Senhor despertou a alma límpida de um rapazinho, chamado Daniel,
que gritou com voz forte: «Estou inocente da morte dessa mulher!»
Toda a gente se voltou para ele e disse: «Que é que isso quer dizer?»
E dirigindo--se para o meio deles, afirmou: «Israelitas! Estais loucos para condenardes uma filha de Israel sem examinardes nem reconhecerdes a verdade?
Recomeçai o julgamento porque é um falso testemunho o que estes dois homens declararam contra ela.»
O povo apressou-se a voltar. Os anciãos disseram a Daniel: «Vem, senta-te no meio de nós e esclarece-nos porque Deus te deu maturidade!»
Bradou Daniel: «Separai-os para longe um do outro e eu os julgarei.»
Separaram-nos. Daniel então chamou o primeiro e disse-lhe: «Velho perverso! Eis que se manifestam agora os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos,
ao condenares os inocentes, absolvendo os culpados, quando o Senhor disse: ‘Não farás com que morra o inocente ou o justo.’
Vamos! Se realmente os viste, diz-nos debaixo de que árvore os viste entreterem-se um com o outro.» «Sob um lentisco.» – respondeu.
Retorquiu Daniel: «Pois bem! Aí está a mentira que pagarás com a tua cabeça. Eis que o anjo do Senhor, conforme a sentença divina, te vai rachar a meio!»
Afastaram o homem e Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: «Tu és um filho de Canaã e não um judeu. Foi a beleza que te seduziu e a paixão que te perverteu.
É assim que sempre tendes procedido com as filhas de Israel que, por medo, entravam em relação convosco. Uma filha de Judá, porém não consentiu na vossa perversidade.
Vamos, diz-me: sob que árvore os surpreendeste em atitude de se unirem?» «Sob um carvalho.»
Respondeu Daniel: «Pois bem! Também tu forjaste uma mentira que te vai custar a vida. Eis que o anjo do Senhor, de espada em punho, se dispõe a cortar-te ao meio para vos aniquilar.»
Logo a multidão deu grandes brados e bendizia a Deus que salva os que põem nele a sua esperança.
Toda a gente então se insurgiu contra os dois anciãos que Daniel tinha convencido de falso testemunho pelas suas próprias declarações e deu-se-lhes o mesmo tratamento que eles tinham infligido ao seu próximo.
De harmonia com a lei de Moisés, mataram-nos. Deste modo, foi poupada naquele dia uma vida inocente.

Livro de Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6.
O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes,
reconforta a minha alma
e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome.

Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.

Preparas a mesa para mim
à vista dos meus inimigos;
ungiste com óleo a minha cabeça;
a minha taça transbordou.

Na verdade, a tua bondade e o teu amor
hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.

Evangelho segundo S. João 8,12-20.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida (aura).»
Disseram-lhe então os fariseus: «Tu dás testemunho a favor de ti mesmo: o teu testemunho não é válido.»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Ainda que Eu dê testemunho a favor de mim próprio, o meu testemunho é válido porque sei donde vim e para onde vou. Vós é que não sabeis donde venho nem para onde vou.
Vós julgais segundo critérios humanos; Eu não julgo ninguém.
Mas, mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é verdadeiro porque não estou só, mas Eu e o Pai que me enviou.
Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido;
sou Eu a dar testemunho a favor de mim e também dá testemunho a meu favor o Pai que me enviou.»
Perguntaram-lhe então: «Onde está o teu Pai?» Jesus Cristo respondeu: «Não me conheceis a mim nem ao meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.»
Jesus Cristo pronunciou estas palavras junto das caixas das ofertas quando estava a ensinar no templo e ninguém o prendeu porque ainda não tinha chegado a sua hora.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermões sobre o Evangelho de João, n º 35, 4-5.9
«Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida»
Os fariseus disseram-Lhe: «Tu dás testemunho a favor de Ti mesmo: o Teu testemunho não é válido.» [...] Jesus Cristo respondeu: «Ainda que Eu dê testemunho a favor de Mim mesmo, o Meu testemunho é válido porque sei donde vim e para onde vou.» A luz mostra os objectos que ilumina e ao mesmo tempo mostra-se a si própria. [...] «Sei de onde vim e para onde vou.» Aquele que está à vossa frente e que fala possui o que não deixou [...] ao vir a este mundo, Ele não deixou o céu e ao voltar para o céu, não nos abandonou. [...] Isto é impossível ao homem, é impossível ao próprio sol; assim, quando vai para ocidente, abandona o oriente e até voltar ao oriente, não está lá; mas Nosso Senhor Jesus Cristo vem à Terra e está no céu e volta para o céu e está na Terra. […]
São Pedro escreveu: «Temos bem confirmada a palavra dos profetas à qual fazeis bem em prestar atenção como a uma lâmpada que brilha no escuro até que o dia amanheça» (2P 1,19). Então, quando o Senhor vier, nas palavras do apóstolo Paulo, «iluminará o que está oculto nas trevas» (1 Cor 4,5). [...] Perante essa luz, as tochas deixarão de ser necessárias: deixaremos de ler os profetas, não mais abriremos as epístolas dos apóstolos, não mais pediremos o testemunho de João Batista, não teremos sequer necessidade do Evangelho. Todas as Escrituras, que estavam acesas para nós como tochas no meio da noite no nosso mundo, desaparecerão. [...] O que vamos ver? [...] «No princípio era o Verbo, a Palavra de Deus, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). Chegarás à fonte de onde o orvalho se derramou sobre ti, de onde saíram esses raios quebrados que chegaram por mil desvios até ao teu coração envolto em trevas. Verás a própria luz a descoberto. [...] «Ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando se manifestar, seremos semelhantes a Ele porque O veremos como Ele é» (1Jo 3,2). [...] Vou deixar este livro [...]; foi bom desfrutarmos juntos da sua luz […], mas, separando-nos agora, não abandonemos essa luz.

Terça-feira, dia 19 de Março de 2013

S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - Solenidade

Santo do dia : S. José, esposo da Virgem Maria
Livro de 2º Samuel 7,4-5a.12-14a.16.
Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar?
Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino.
Ele construirá um templo ao meu nome e Eu firmarei para sempre o seu trono régio.
Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites como fazem os homens.
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre".»

Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.
Hei-de cantar para sempre o amor do Senhor;
a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade.

Proclamarei que o teu amor é para sempre
e que a tua fidelidade é eterna como o céu.
Os céus celebram as tuas maravilhas, Senhor,
e a assembleia dos santos, a tua fidelidade.

Quem, nos céus, poderá comparar-se ao Senhor?
Quem, entre as divindades, se lhe poderá igualar?

"Fiz uma aliança com o meu eleito,
jurei a David, meu servo:
Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor
e a minha aliança com ele há-de manter-se firme.

Estabelecerei para sempre a sua descendência
e o seu trono terá a duração dos céus.
Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai,
és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'

Se os seus filhos abandonarem a minha lei
e não seguirem os meus preceitos;
se violarem as minhas ordens
e não guardarem os meus mandamentos

Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.
Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão e à sua descendência foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.
Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós,
conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Foi com uma esperança para além do que se podia esperar que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.
Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.

Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.
Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.
José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.
Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»
Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa.

Liturgia grega - Menaion
Administradores dos mistérios de Deus (1Co 4,1)
José, o esposo de Maria, viu com os seus próprios olhos, a realização das profecias. Escolhido para o casamento mais glorioso, recebeu a revelação pela boca dos anjos que cantavam: «Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens do Seu agrado» (Lc 2,14).
Anuncia, José, a David, antepassado do Homem Divino, as maravilhas que os teus olhos contemplaram: viste o Infante repousar no seio da Virgem, adoraste-O com os magos, deste glória a Deus com os pastores, segundo a palavra do anjo. Reza a Jesus Cristo, nosso Senhor, para que sejamos salvos.
Tu, José, recebeste nos teus braços o Senhor imenso diante de Quem tremem as potências celestes quando Ele nasceu da Virgem e tu foste consagrado. É por isso que nós te prestamos honras.
A tua alma foi obediente às ordens de Deus. Cheio de uma pureza sem igual, mereceste receber por esposa a que é pura e imaculada entre as mulheres; foste o guardião da Virgem quando ela mereceu tornar-se o tabernáculo do Criador. […]
Aquele que com uma palavra formou o céu, a terra e o mar foi chamado «filho do carpinteiro» (Mt 13,55), isto é, teu filho, admirável José! Foste nomeado pai d'Aquele que não tem começo e que te glorificou como administrador dum mistério que ultrapassa a nossa compreensão. [...] Guardião sagrado da Virgem bendita, cantaste com ela este cântico: «Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor: a Ele a glória e o louvor eternamente!» (Dn 3,57).
Quarta-feira, dia 20 de Março de 2013

Quarta-feira da 5ª semana da Quaresma

Naqueles dias, Nabucodonossor, rei da Babilónia, disse aos três jovens israelitas: «Chadrac, Mechac e Abed-Nego, é verdade que rejeitais o culto aos meus deuses e a adoração à estátua de ouro erigida por mim?
Pois bem! Estais dispostos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, do saltério e de qualquer outro instrumento musical, a prostrar-vos em adoração diante da estátua que eu fiz? Se não o fizerdes, sereis logo lançados dentro da fornalha ardente. E qual o deus que poderá libertar-vos da minha mão?»
Chadrac, Mechac e Abed-Nego responderam ao rei Nabucodonossor: «Não vale a pena responder-te a propósito disto.
Se isso assim é, o Deus que nós servimos pode livrar-nos da fornalha incandescente e até mesmo, ó rei, da tua mão.
E ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses e que não adoramos a estátua de ouro que tu levantaste.»
Então explodiu a fúria de Nabucodonossor contra Chadrac, Mechac e Abed-Nego; a expressão do seu rosto mudou e levantou a voz para mandar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais do que era costume.
Em seguida, ordenou aos soldados mais vigorosos do seu exército que amarrassem Chadrac, Mechac e Abed-Nego a fim de os lançar na fornalha incandescente.
Então o rei Nabucodonossor, estupefacto, levantou-se repentinamente, dizendo para os seus conselheiros: «Não foram três homens, atados de pés e mãos, que lançámos ao fogo?» Responderam eles ao rei: «Com certeza».
«Pois bem –replicou o rei – vejo quatro homens soltos que passeiam no meio do fogo sem este lhes causar mal; o quarto tem o aspecto de um filho de Deus
Nabucodonossor, tomando a palavra, disse: «Bendito seja o Deus de Chadrac, de Mechac e de Abed-Nego! Ele enviou o seu anjo para libertar os seus servos que, confiando nele, expuseram a vida, transgredindo as ordens do rei, antes que prostrarem-se em adoração diante de um outro deus que não fosse o Deus deles.

Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56.
Bendito sejas, Senhor, Deus de nossos pais:
digno de louvor e glória eternamente!

Bendito seja o teu nome santo e glorioso:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no templo da tua santa glória:
digno de supremo louvor e glória eternamente!

Bendito sejas por penetrares os abismos,
sentado sobre os querubins:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!

Bendito sejas no teu trono real:
digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no firmamento dos céus:
digno de supremo louvor e glória eternamente!

Evangelho segundo S. João 8,31-42.
Naquele tempo, dizia Jesus Cristo aos judeus que n'Ele tinham acreditado: «Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres
Replicaram-lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém! Como é que Tu dizes: 'Sereis livres'?»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é servo do pecado
e o servo não fica na família para sempre; o filho é que fica para sempre.
Pois bem, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres.
Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me porque não aderis à minha palavra.
Eu comunico o que vi junto do Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai.»
Eles replicaram-lhe: «O nosso pai é Abraão!» Jesus Cristo disse-lhes: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão!
Agora, porém vós pretendeis matar-me, a mim, um homem que vos comunicou a verdade que recebi de Deus. Isso não o fez Abraão!
Vós fazeis as obras do vosso pai.» Eles disseram-lhe então: «Nós não nascemos da prostituição. Temos um só Pai que é Deus.»
Disse-lhes Jesus Cristo: «Se Deus fosse vosso Pai, ter-me-íeis amor, pois é de Deus que Eu saí e vim. Não vim de mim próprio, mas foi Ele que me enviou.

Concílio Vaticano II Constituição dogmática sobre a Igreja no mundo contemporâneo, «Gaudium et Spes», §§ 16-17
«Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres»
No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que o chama constantemente ao amor ao bem e à fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe e por ela é que será julgado (Rm 2, 14-16). A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser. […]
Só na liberdade é que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade e com toda a razão. Muitas vezes, porém fomentam-na de um modo condenável como se ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto que lhes agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem, pois Deus quis «deixar o homem entregue à sua própria decisão» (Gn 1,26) para que busque por si mesmo o seu Criador e livremente chegue à total e beatífica perfeição, aderindo a Ele. A dignidade do homem exige, portanto que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão. [...] O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. Mas a liberdade do homem, ferida pelo pecado, só com a ajuda da graça divina pode tornar plenamente efectiva esta orientação para Deus.

Quinta-feira, dia 21 de Março de 2013

Quinta-feira da 5ª da Quaresma

Santo do dia : S. Nicolau de Flue, eremita, confessor, +1487, Trânsito de S. Bento
Livro de Génesis 17,3-9.
Naqueles dias, Abrão prostrou-se com o rosto por terra e Deus disse-lhe:
«A aliança que faço contigo é esta: serás pai de inúmeros povos.
Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos.
Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei que de ti nasçam povos e terás reis por descendentes.
Estabeleço a minha aliança contigo e com a tua posteridade, de geração em geração; será uma aliança perpétua, em virtude da qual Eu serei o teu Deus e da tua descendência.
Dar-te-ei, a ti e à tua descendência depois de ti, o país em que resides como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua e serei Deus para eles
Deus disse a Abraão: «Da tua parte, cumprirás a minha aliança, tu e a tua descendência, nas futuras gerações.

Livro de Salmos 105(104),4-5.6-7.8-9.
Recorrei ao Senhor e ao seu poder
e buscai O sempre.

Recordai as maravilhas que Ele fez,
os seus prodígios e as sentenças da sua boca,
Vós, descendentes de Abraão, seu servo,
filhos de Jacob, seu escolhido.

O Senhor, é o nosso Deus,
e governa sobre a Terra.

Descendentes de Abraão, seu servo,
filhos de Jacob, seu eleito.
O Senhor é o nosso Deus
e as suas sentenças são lei em toda a Terra.

Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações,
o pacto que estabeleceu com Abraão,
o juramento que fez a Isaac.

Evangelho segundo S. João 8,51-59.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra nunca morrerá.»
Disseram-lhe então os judeus: «Agora é que estamos certos de que tens demónio! Abraão morreu, os profetas também e Tu dizes: 'Se alguém observar a minha palavra, nunca experimentará a morte'?
Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão que morreu? E os profetas morreram também! Afinal quem é que Tu pretendes ser?»
Jesus Cristo respondeu: «Se Eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória nada valerá. Quem me glorifica é o meu Pai de quem dizeis: 'É o nosso Deus';
e, no entanto, não o conheceis. Eu é que o conheço; se dissesse que não o conhecia, seria como vós: um mentiroso. Mas Eu conheço-o e observo a sua palavra.
Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o meu dia; viu-o e ficou feliz.»
Disseram-lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou
Então agarraram em pedras para lhe atirarem, mas Jesus Cristo escondeu-se e saiu do templo.

São Gregório Magno (c. 540-604), Papa, doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelhos, nº 18
«Eu Sou»
«Abraão, vosso pai, exultou pensando em ver o Meu dia; viu-o e ficou feliz.» Abraão viu o dia do Senhor quando recebeu em sua casa os três anjos que representam a Santíssima Trindade: três hóspedes a quem se dirigiu como se fossem um só (cf Gn 18,2-3). [...] Mas o espírito terra-a-terra dos ouvintes do Senhor não eleva o olhar acima da carne [...] e eles dizem-Lhe: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?» Então o nosso Redentor desvia suavemente o seu olhar do corpo de carne para o elevar à contemplação da Sua divindade, declarando: «Em verdade, em verdade vos digo: antes de Abraão existir, Eu sou!» «Antes» indica o passado e «Eu sou» o presente. Uma vez que a Sua divindade não tem passado nem futuro, mas existe desde sempre, o Senhor não diz: «Antes de Abraão Eu era» mas sim: «Antes de Abraão existir, Eu sou!». Foi por isso que Deus declarou a Moisés: «Eu sou Aquele que sou.» [...] «Assim dirás aos filhos de Israel: “Eu sou” enviou-me a vós!» (Ex 3,14).
Abraão teve um antes e um depois; veio a este mundo [...] e deixou-o, levado pelo decurso da sua vida, mas é próprio da Verdade de existir sempre (Jo 14,6), pois nem começa num primeiro tempo nem termina num tempo seguinte. Mas esses descrentes, que não conseguiam suportar as Suas palavras de vida eterna, foram recolher pedras para lapidar Aquele que não conseguiam compreender. […]
«Jesus escondeu-Se e saiu do templo». É espantoso que o Senhor tenha escapado aos Seus perseguidores escondendo-Se, embora pudesse exercer o poder da Sua divindade. [...] Então porque Se escondeu? Porque, uma vez feito homem entre os homens, o nosso Redentor diz-nos umas coisas através da Sua palavra e outras através do Seu exemplo. E, pelo Seu exemplo, que nos diz Ele senão para fugirmos humildemente da cólera dos orgulhosos mesmo quando podemos oferecer resistência? [...] Por isso, que ninguém proteste ao ouvir afrontas, que ninguém pague o insulto com o insulto, pois é mais glorioso evitar uma injúria calando-se, como fez o Senhor, que tentar ganhar a discussão respondendo.

Sexta-feira, dia 22 de Março de 2013

Sexta-feira da 5ª semana da Quaresma

Disse Jeremias: «Eu ouvia invectivas da multidão: "Cerco de terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!" Os que eram meus amigos espiam agora os meus passos: «Se o enganarmos, triunfaremos dele e dele nos vingaremos
O Senhor, porém está comigo como poderoso guerreiro. Por isso, os meus perseguidores serão esmagados e cobertos de confusão porque não hão-de prevalecer. A sua ignomínia nunca se apagará da memória.
Mas Tu, Senhor do universo, examinas o justo, sondas os rins e os corações. Que eu possa contemplar a tua vingança contra eles, pois a ti confiei a minha causa!
Cantai ao Senhor, glorificai o Senhor porque salvou a vida do pobre da mão dos malvados.

Livro de Salmos 18(17),2-3a.3bc-4.5-6.7.
Eu te amo, ó Senhor, minha força.

O Senhor é a minha rocha, fortaleza e protecção;
o meu Deus é o abrigo em que me refugio,
o meu escudo, o meu baluarte de defesa.
Invoquei o Senhor que é digno de louvor
e fui salvo dos meus inimigos.

Cercaram-me as ondas da morte
e as vagas destruidoras encheram-me de terror;
envolveram-me os laços do Abismo
e lançaram-me as suas redes fatais.

Na minha angústia invoquei o Senhor
e gritei pelo meu Deus.
Do seu santuário, Ele ouviu a minha voz;
o meu clamor chegou aos seus ouvidos.

Evangelho segundo S. João 10,31-42.
Naquele tempo, os judeus voltaram a pegar em pedras para apedrejarem Jesus Cristo.
Jesus Cristo replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?»
Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.»
Jesus Cristo respondeu-lhes: «Não está escrito na vossa Lei: 'Eu disse: vós sois deuses'?
Se ela chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus e a Escritura não se pode pôr em dúvida
a mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: 'Tu blasfemas' por Eu ter dito: 'Sou Filho de Deus'?
Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim;
mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai.»
Por isso procuravam de novo prendê-lo, mas Ele escapou-se-lhes das mãos.
Depois, Jesus Cristo voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde ao princípio João tinha estado a baptizar e ali se demorou.
Muitos vieram ter com Ele e comentavam: «Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste homem era verdade.»
E muitos ali creram nele.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermões sobre o Evangelho de João, n°48, 9-11; CCSL 36, 417
Acreditar em Jesus Cristo
«Se a Lei chamou deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus porque dizeis Àquele a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo: 'Tu blasfemas', por Eu ter dito: 'Sou Filho de Deus'?» De facto, se Deus falou aos homens para que eles fossem chamados deuses, como poderia a Palavra de Deus, o Verbo que está em Deus, não ser o Filho de Deus? Se os homens, porque Deus lhes fala, se tornam participantes da Sua natureza, como poderia esta Palavra, por onde lhes chega esta dádiva, não ser de Deus? [...] Quando te aproximas da Luz e a recebes, tornas-te filho de Deus; se te afastares, tornas-te obscuro e filho das trevas (cf 1Th 5,5). […]
«Acreditai nas obras. Assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em Mim e Eu no Pai.» O Filho de Deus não diz «o Pai está em Mim e eu no Pai» no sentido em que os homens o podem dizer. De facto, se os nossos pensamentos forem bons, estamos em Deus; se a nossa vida for santa, Deus está em nós. Quando participamos na Sua graça e somos iluminados pela Sua luz, estamos Nele e Ele em nós. Mas [...] reconhece o que é próprio do Senhor e o que é uma dádiva feita ao Seu servo: o que é próprio do Senhor é a igualdade com o Pai; a dádiva atribuída ao servo é participar no Salvador.
«Eles procuravam prendê-Lo.» Se ao menos O tivessem prendido – mas pela fé e pela inteligência, não para O atormentar e O matar! Neste momento em que vos falo [...] todos, vós e eu, queremos prender Jesus Cristo. Que significa prender? Vós prendeis quando compreendeis, mas os inimigos de Jesus Cristo procuravam outra coisa. Vós prendestes para possuir, eles queriam prendê-Lo para se desembaraçarem d'Ele e, porque queriam prendê-Lo desta forma, que faz Jesus Cristo? «Escapou-Se-lhes das mãos.» Não conseguiram prendê-Lo porque não tinham as mãos da fé. [...] Nós prendemos verdadeiramente a Jesus Cristo se o nosso espírito captar o Verbo.

Sábado, dia 23 de Março de 2013

Sábado da 5ª semana da Quaresma

Assim fala o Senhor Deus: Eis que Eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações por onde se dispersaram; vou reuni-los de toda a parte e reconduzi-los ao seu país.
Farei deles uma só nação na minha terra, nas montanhas de Israel, e apenas um rei reinará sobre todos eles; nunca mais serão duas nações, nem serão divididos em dois reinos.
Não se mancharão mais com os seus ídolos e nunca mais cometerão infames abominações. Eu os salvarei das suas rebeldias, pelas quais pecaram e os purificarei; eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus.
O meu servo David será o seu rei e eles terão um só pastor; caminharão segundo os meus preceitos, observarão os meus mandamentos e os porão em prática.
Habitarão o país que Eu dei ao meu servo Jacob e no qual habitaram seus pais; aí ficarão eles, os seus filhos e os filhos de seus filhos para sempre. David, meu servo, será para sempre o seu chefe.
Farei com eles uma aliança de paz; será uma aliança eterna; Eu os estabelecerei e os multiplicarei e colocarei o meu santuário no meio deles para sempre.
A minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Então reconhecerão as nações que Eu sou o SENHOR que santifica Israel quando tiver colocado o meu santuário no meio deles para sempre."

Livro de Jeremias 31,10.11-12ab.13.
Como o pastor guarda o seu rebanho assim nos guarda o Senhor.

Povos, escutai a palavra do Senhor!
Levai a notícia às ilhas longínquas e dizei:
'Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo
e guardá-lo como o pastor ao seu rebanho.'

Porque o Senhor resgatou Jacob
e libertou-o das mãos de um mais forte.
Regressarão jubilosos às alturas de Sião
e afluirão aos bens do Senhor.

Então a jovem alegrar-se-á, bailando;
jovens e velhos partilharão do seu júbilo.
Converterei o seu pranto em exultação,
hei-de consolá-los e aliviá-los das suas penas.

Evangelho segundo S. João 11,45-56.
Naquele tempo, muitos dos judeus que tinham vindo a casa de Maria, ao verem o que Jesus Cristo fez, creram nele.
Alguns deles, porém foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus Cristo tinha feito.
Os sumos sacerdotes e os fariseus convocaram então o Conselho e diziam: «Que havemos nós de fazer, dado que este homem realiza muitos sinais miraculosos?
Se o deixarmos assim, todos irão crer nele e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar santo e a nossa nação.»
Mas um deles, Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não entendeis nada
nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo e não pereça a nação inteira.»
Ora ele não disse isto por si mesmo; mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus Cristo devia morrer pela nação.
E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos.
Assim, a partir desse dia, resolveram dar-lhe a morte.
Por isso, Jesus Cristo já não andava em público, mas retirou-se dali para uma região vizinha do deserto, para uma cidade chamada Efraim e lá ficou com os discípulos.
Estava próxima a Páscoa dos judeus e muita gente do país subiu a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar.
Procuravam então Jesus Cristo e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele virá à Festa?»

São Leão Magno (?-c. 461), Papa, doutor da Igreja Oitava homilia sobre a Paixão, 7; SC 74 bis
«Para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos»
«Uma vez levantado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12,32). Admirável poder da cruz! Indescritível glória da Paixão! Aí se encontra o tribunal do Senhor, o julgamento do mundo e a vitória do Crucificado. Sim, Tu atraíste todos a Ti, Senhor, e quando «estendias continuamente as mãos para um povo incrédulo e rebelde» (Is 65,2; Rom 10,21), o mundo inteiro percebeu que devia glorificar a Tua majestade. [...] Tu atraíste todos a Ti, Senhor, porque, quando o véu do templo se rasgou (Mt 27,51), a imagem do Santo dos Santos manifestou-se na verdade, a profecia foi completamente cumprida e a Lei antiga foi substituída pelo Evangelho. Tu atraíste todos a Ti, Senhor, para que o culto de todas as nações seja celebrado em plenitude pelo mistério que, até então envolto em símbolos num só templo na Judeia, seja finalmente expresso abertamente. […]
Porque a Tua cruz é a fonte de todas as bênçãos, a causa de toda a graça. Da fraqueza da cruz os crentes recebem a força; da sua vergonha, a glória; da Tua morte, a vida. Agora, de facto, acabaram os múltiplos sacrifícios: a oferenda única do Teu corpo e do Teu sangue leva ao seu cumprimento todos os sacrifícios oferecidos nas diferentes partes do mundo porque Tu és o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado o mundo (Jo 1,29). Tu realizas em Ti todas as religiões de todos os homens para que todos os povos formem um só Reino.

O meu clube de leitura

Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012

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