sábado, 16 de março de 2013

Cristianismo 103


=CRISTIANISMO=

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68
Queridos Amigos
Aproveitamos para vos anunciar a abertura de duas novas versões de Evangelizo, a acrescentar à versão grega recentemente iniciada:
- a versão malgaxe: www.evanjelyanio.org;
- a versão italiana no calendário ambrosiano: www.vangelodelgiorno.org.
A liturgia ambrosiana é bastante próxima da romana tradicional com algumas especificidades particulares tais como um calendário e leituras próprias. Abrimos esta versão a pedido de numerosos leitores de língua italiana e de um bispo. O rito ambrosiano está em vigor na diocese de Milão e em três vales do Tessino (na Suíça), o que representa 51 paróquias.
Fiéis ao espírito do serviço Evangelizo, estamos felizes por vos fazer descobrir, através deste rito ambrosiano, a extraordinária riqueza litúrgica da nossa Igreja.
- a versão grega: evaggeliokathemera.org. Que ela possa ser um apoio diário aos membros deste povo que sofre. Não deixem se informar os vossos conhecidos deste novo serviço.
Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.
Queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.
Se deseja fazer um donativo: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=helpus. Obrigado.
Criado em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da Igreja.
Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.
Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.
O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.
Com os votos renovados de uma boa caminhada ao longo deste ano, saúda-vos
A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano
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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Domingo, dia 10 de Março de 2013

4º Domingo da Quaresma - Ano C

Santo do dia : Quarenta Mártires de Sebaste, +320, S. Macário de Jerusalém, patriarca, +335, S. João Ogilvie, presbítero, mártir, +1615, Santo Emiliano, pastor eremita, séc. VI
Livro de Josué 5,9a.10-12.
Disse então o SENHOR a Josué: «Hoje tirei de sobre vós o opróbrio do Egipto.» E deu-se àquele lugar o nome de Guilgal até ao dia de hoje.
Os israelitas acamparam em Guilgal, celebraram lá a Páscoa no décimo quarto dia do mês, à tarde, na planície de Jericó.
Nesse mesmo dia, comeram dos frutos da região: pães ázimos e trigo tostado.
O maná deixou de cair no dia seguinte àquele em que comeram dos frutos da terra e nunca mais os israelitas tiveram o maná. Naquele ano, alimentaram-se dos produtos da terra de Canaã.

Livro de Salmos 34(33),2-3.4-5.6-7.
A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor,
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

2ª Carta aos Coríntios 5,17-21.
Por isso, se alguém está em Jesus Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas.
Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Jesus Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação, pois foi Deus quem reconciliou o mundo consigo, em Jesus Cristo, não imputando aos homens os seus pecados e pondo em nós a palavra da reconciliação.
É em nome de Jesus Cristo, portanto que exercemos as funções de embaixadores e é Deus quem, por nosso intermédio, vos exorta. Em nome de Jesus Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus.
Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus.

Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se de Jesus Cristo para O ouvirem,
mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.»
Jesus Cristo propôs-lhes então esta parábola:
Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.' e o pai repartiu os bens entre os dois.
Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía numa vida desregrada (= pródigo).
Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações.
Então foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
E caindo em si, disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância e eu aqui a morrer de fome!
Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.'
E levantando-se, foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.
O filho disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.'
Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos
porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' e a festa principiou.
Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
Disse-lhe ele: 'O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo porque chegou são e salvo.'
Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse.
Respondendo ao pai, disse-lhe: 'Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos
e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.'
O pai respondeu-lhe: 'Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu, é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.'»

São João-Maria Vianney (1786-1859), presbítero, Cura de Ars
1º sermão
sobre a misericórdia de Deus para o 3º domingo de Pentecostes
«Ele estava perdido e foi encontrado»
«Fiz muito mal em abandonar o meu pai que me amava tanto; dissipei todos os meus bens levando uma vida má; estou todo roto e todo sujo, como é que meu pai me poderá reconhecer como seu filho? Mas lançar-me-ei a seus pés, regá-los-ei com as minhas lágrimas; pedir-lhe-ei apenas para me contar entre os seus servos» [...] Seu pai que há muito chorava a sua perda, vendo-o vir ao longe, esqueceu a avançada idade que tinha e a má vida do filho e atirou-se-lhe ao pescoço para o beijar. O pobre filho, completamente espantado com o amor que o pai tinha por ele, exclamou: «Já não mereço ser chamado teu filho, coloca-me apenas entre os teus servos». «Não, não, meu filho», exclama o pai, «está tudo esquecido, pensemos apenas em nos alegrar. Tragam a melhor túnica para lhe vestir; tragam o vitelo gordo e matem-no e alegremo-nos porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado».
Boa imagem, meus irmãos, da grandeza da misericórdia de Deus pelos pecadores e pelos mais miseráveis! [...] Ó meu Deus, como é terrível o pecado! Como é possível que o cometamos? Mas, por muito miseráveis que sejamos, desde que tomemos a resolução de nos convertermos, [...] as Suas entranhas de misericórdia são tocadas pela compaixão. Esse terno Salvador corre com a Sua graça ao encontro dos pecadores, abraça-os, favorecendo-os com as consolações mais deliciosas. [...] Que momento delicioso! Como seríamos felizes se tivéssemos a felicidade de o compreender! Mas infelizmente não correspondemos à graça e por isso esses momentos felizes desaparecem. Jesus Cristo diz ao pecador, pela boca dos Seus ministros: «Que se vista este cristão que se converteu com a sua primeira túnica que é a graça do baptismo que perdeu; revistam-no de Jesus Cristo, da Sua justiça, das Suas virtudes e de todos os Seus méritos» (cf. Ga 3,27). Eis, portanto, meus irmãos, a forma como nos trata Jesus Cristo quando temos a felicidade de abandonar o pecado para a Ele nos entregarmos. Que base de confiança para um pecador saber que, embora culpado, a misericórdia de Deus é infinita!

Segunda-feira, dia 11 de Março de 2013

Segunda-feira da 4ª semana da Quaresma

Assim fala o Senhor: «Eu vou criar um novo céu e uma nova Terra; o passado não será mais lembrado e não voltará mais à memória.
Alegrem-se e rejubilem para sempre por aquilo que vou criar. Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de alegria e um povo cheio de entusiasmo.
Eu mesmo me alegrarei com esta Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo. Doravante não se ouvirão nela choros nem lamentos.
Não haverá ali criança que morra de tenra idade nem adulto que não chegue à velhice, pois será ainda novo aquele que morrer aos cem anos e quem não chegar aos cem anos será como um amaldiçoado.
Construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão o seu fruto.

Livro de Salmos 30(29),2.4.5-6.11-12a.13b.
Senhor, eu te enalteço porque me salvaste
e não permitiste que os inimigos se rissem de mim.

Senhor, livraste a minha alma da mansão dos mortos,
poupaste-me a vida para eu não descer ao túmulo.
Cantai salmos ao Senhor, vós que o amais
e agradecei-lhe, lembrando a sua santidade.

A sua indignação dura apenas um instante,
mas a sua benevolência é para toda a vida.
Ao cair da noite, vem o pranto;
e, ao amanhecer, volta a alegria.

Ouve-me, Senhor, tem compaixão de mim;
Senhor, vem em meu auxílio.
Tu converteste o meu pranto em festa,
tiraste-me o luto e vestiste-me de júbilo.

Evangelho segundo S. João 4,43-54.
Naquele tempo, Jesus Cristo saiu da Samaria e foi para a Galileia.
Ele mesmo tinha declarado que um profeta não é estimado na sua própria terra.
No entanto, quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem por terem visto o que fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa.
Veio, pois novamente a Caná da Galileia onde tinha convertido a água em vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente.
Quando ouviu dizer que Jesus Cristo vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho que estava a morrer.
Então Jesus Cristo disse-lhe: «Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais.»
Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá antes que o meu filho morra.»
Disse-lhe Jesus Cristo: «Vai que o teu filho está salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus Cristo lhe disse e pôs-se a caminho.
Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu filho está salvo.»
Perguntou-lhes então a que horas ele se tinha sentido melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-dia.»
O pai viu então que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus Cristo lhe dissera: «O teu filho está salvo» e acreditou ele e todos os da sua casa.
Jesus Cristo realizou este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia.

Santo Anastácio de Antioquia (?-599), monge, depois patriarca de Antioquia
Homilia 5,
sobre a Ressurreição de Jesus Cristo, 6-9
«O teu filho está salvo»
«Pois foi para isto que Jesus Cristo morreu e voltou à vida: para ser Senhor, tanto dos mortos como dos vivos» (Rm 14,9), mas «Deus não é Deus de mortos, mas de vivos» (Lc 20,38). Portanto uma vez que este Senhor dos mortos está vivo, os mortos já não são mortos, mas vivos (mortos estão todos aqueles que não têm aura porque perderam a Vida Divina): a vida reina neles para que eles vivam sem temer a morte. Do mesmo modo que «Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos (os que tiveram a morte do seu ser natural e os outros seres, se permaneceram com vida, subiram aos seus mundos), já não morrerá» (Rm 6,9) assim também eles, elevados e libertados do estado perecível, nunca mais verão a morte. Participarão da ressurreição de Jesus Cristo como Ele próprio participou da nossa morte. Com efeito, Jesus Cristo desceu à Terra para fazer «em pedaços as portas de bronze» e quebrar «as barras de ferro» (Sl 107,16) que estavam fechadas desde sempre, para arrancar a nossa vida do seu estado perecível e nos atrair a Ele, chamando-nos da escravatura à liberdade.
Se esse plano de salvação ainda não se concretizou, se os homens continuam a morrer e os seus corpos se dissolvem nos túmulos que isso não seja obstáculo à fé, pois desde agora, recebemos o penhor de todos os bens que nos foram prometidos na pessoa d'Aquele que é o nosso primogénito: através d'Ele subimos ao mais alto dos céus. De facto, estamos sentados junto d'Aquele que nos elevou com Ele às alturas, como diz São Paulo: «Com Ele [Deus] nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Jesus Cristo» (Ef 2,6).

Terça-feira, dia 12 de Março de 2013

Terça-feira da 4ª semana da Quaresma

Naqueles dias, o anjo reconduziu-me à entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea em direcção ao oriente porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar.
Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito.
O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris.
Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente era uma torrente que não se podia atravessar.
E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" e levou-me até à beira da torrente.
Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores, em cada uma das margens.
Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres.
Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move, viverá. O peixe será muito abundante porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."

Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.
Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema,
mesmo que as montanhas se afundem no mar.

Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
a mais santa entre as moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.

O Senhor do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que Ele realizou na Terra.

Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus Cristo subiu a Jerusalém.
Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos.
Jesus Cristo, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?»
Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.»
E no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora aquele dia era de sábado.
Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga
Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.»
Perguntaram-lhe então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?»
Mas o que tinha sido curado não sabia quem era porque Jesus Cristo se tinha afastado da multidão ali reunida.
Mais tarde, Jesus Cristo encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior
O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus Cristo quem o tinha curado.
E foi por isto, por Jesus Cristo realizar tais coisas em dia de sábado que os judeus começaram a persegui-lo.

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão n.º 8, para a
primeira sexta-feira da Quaresma
«Queres ficar são?»
Esta piscina [...] representa a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, completamente digno de amor e a sua água agitada o sangue bendito do Filho de Deus bem-amado, Deus e homem, que nos lavou a todos com o Seu sangue precioso e que, por amor, quer igualmente lavar todos aqueles que se aproximem d'Ele (1Pe 1,19; Ap 7,14). [...] E os doentes simbolizam os homens dados ao orgulho, à cólera, ao ódio, à avareza, à luxúria, o que nos leva a entender que todos os doentes deste género, podendo lavar-se no sangue de Jesus Cristo, serão plenamente curados se entretanto descerem a essa água. Neste sentido, os cinco pórticos dessa piscina representam as cinco chagas sagradas de Nosso Senhor, nas quais e pelas quais todos fomos salvos. [...]
Nos pórticos da piscina jazia um grande número de doentes e os que a ela descessem logo após a agitação da água ficavam totalmente curados. O que significa então esta agitação e este contacto com a água senão o Espírito Santo que, descendo do alto para o homem, o toca no seu âmago e provoca no seu íntimo uma agitação tal que o seu interior é verdadeiramente transformado e inteiramente renovado ao ponto de não mais saborear as coisas que dantes lhe agradavam e de encontrar gosto naquilo que dantes lhe fazia horror? O menosprezo, a pobreza interior e exterior, a renúncia, a vida interior, a humildade, o despojamento de todas as coisas criadas, tudo isto lhe traz agora felicidade. Depois de entrar em contacto com essa água, o doente, isto é, o homem exterior, mergulha de cabeça e até ao fundo nessa piscina, lavando-se no preciosíssimo sangue de Jesus Cristo e em virtude desse contacto fica definitivamente curado como de resto está dito na Escritura: «Todos os que O tocaram ficaram curados» (Mt 14,36).

Quarta-feira, dia 13 de Março de 2013

Quarta-feira da 4ª semana da Quaresma

Assim fala o Senhor: «Eu respondi-te no tempo da graça e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como aliança do povo para restaurares o país e repartires as heranças devastadas,
para dizeres aos prisioneiros: ‘Saí da prisão!’ e aos que estão nas trevas: ‘Vinde à luz!’ Ao longo dos caminhos encontrarão que comer e em todas as dunas arranjarão alimento.
Não padecerão fome nem sede e não os molestará o vento quente nem o sol porque o que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá em direcção às fontes.
Transformarei os meus montes em caminhos planos e as minhas estradas serão alteadas.
Vede como eles chegam de longe! Uns vêm do Norte e do Poente e outros da terra de Siene.»
Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó Terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o SENHOR consola o seu povo e se compadece dos desamparados.
Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.»
Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.

Livro de Salmos 145(144),8-9.13cd-14.17-18.
O Senhor é clemente e compassivo,
é paciente e misericordioso.

O Senhor é bom para com todos,
a sua misericórdia se estende a todas as criaturas
e o seu domínio estende-se
por todas as gerações.

O Senhor ergue todos os que caem
e reanima todos os abatidos.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e misericordioso em todas as suas obras.

O Senhor está perto de todos os que o invocam,
dos que o invocam sinceramente.

Evangelho segundo S. João 5,17-30.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Meu Pai trabalha intensamente e Eu também trabalho em todo o tempo.»
Perante isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus.
Jesus Cristo tomou, pois a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho.
De facto, o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz e há-de mostrar-lhe obras maiores do que estas de modo que ficareis assombrados,
pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver também o Filho faz viver aqueles que quer.
O Pai aliás não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento
para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida.
Em verdade, em verdade vos digo: chega a hora e é já em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão,
pois assim como o Pai tem a vida em si mesmo também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo
e deu-lhe o poder de fazer o julgamento porque Ele é Filho do Homem.
Não vos assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz
e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação.
Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço assim é que julgo e o meu julgamento é justo porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou.»

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja Sermão 98
«Chega a hora – e é já – em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus»
«Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo brilhará sobre ti» (Ef. 5,14). [...] Diz-se frequentemente acerca daqueles que estão visivelmente mortos, que estão a dormir e ,de facto, para Aquele que pode acordá-los, estão todos a dormir. Para ti, um morto é um morto: bem podes tocar-lhe, sacudi-lo [...] que ele não acorda. Mas para Jesus Cristo, aquele a quem ordenou «Levanta-te!» estava apenas adormecido e logo se levantou (Lc 7,14). É fácil acordar alguém adormecido em seu leito; com mais facilidade, ainda, acorda Jesus Cristo um morto no seu túmulo [...].
«Senhor, já cheira mal, pois já é o quarto dia» (Jo 11,39), mas o Senhor, para Quem tudo é fácil, aproxima-Se [...]. À voz do Salvador não há ligaduras que prendam; as forças da morada dos mortos vacilam e Lázaro está de volta à vida [...]. Pela vontade vivificadora de Jesus Cristo, até este morto há já quatro dias estava apenas a dormir.
Reflecte, porém sobre o carácter desta ressurreição. Lázaro, saído vivo do túmulo, estava ainda incapaz de caminhar. Por isso o Senhor ordenou aos seus discípulos: «Desligai-o e deixai-o andar.» Jesus Cristo ressuscitou-o; eles libertaram-no das ligaduras. A verdadeira majestade de Deus que ressuscita os mortos está bem patente neste relato. A Palavra da vida (1Jo 1,1) exorta os que estão acorrentados pelos próprios maus hábitos. [...] Vivamente admoestados, tais pecadores regressam a si mesmos; começam a rever a sua vida e a sentir o peso dos grilhões dos seus maus hábitos. Têm vergonha e decidem mudar de vida e, nesse momento, ressuscitam, regressados à vida, pois condenam aquela sua antiga maneira de viver, mas ainda que de novo vivos, não conseguem ainda caminhar [...]; as ligaduras têm de lhes ser tiradas. Eis o ministério que o Senhor confiou aos Seus discípulos quando lhes disse: «Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu» (Mt 18,18).

Quinta-feira, dia 14 de Março de 2013

Quinta-feira da 4ª da Quaresma

Naqueles dias, O Senhor falou a Moisés dizendo: «Vai, desce porque o teu povo, aquele que tiraste do Egipto, está pervertido.
Desviaram-se bem depressa do caminho que lhes prescrevi. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.»
O Senhor prosseguiu: «Vejo bem que este povo é um povo de cerviz dura.
Agora, deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-los-ei. Mas farei de ti uma grande nação.»
Moisés implorou ao Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: «Porquê, Senhor, a tua cólera se inflamará contra o teu povo que fizeste sair do Egipto com tão grande poder e com mão tão poderosa?
Não é conveniente que se possa dizer no Egipto: ‘Foi com má intenção que Ele os fez sair, foi para os matar nas montanhas e suprimi-los da face da Terra!’ Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo.
Recorda-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo: tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e concederei à vossa posteridade esta terra de que falei e eles hão-de recebê-la como herança eterna.»
E o Senhor arrependeu-se das ameaças que proferira contra o seu povo.

Livro de Salmos 106(105),19-20.21-22.23.
Fizeram um bezerro de ouro no Horeb
e adoraram um ídolo de metal fundido.

Trocaram assim o seu Deus glorioso
pela figura de um animal que come feno.
Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto,
maravilhas na terra de Cam,
feitos gloriosos no Mar dos Juncos.

Deus decidiu aniquilá-los.
Moisés, porém, seu escolhido,
intercedeu junto dele
para acalmar a sua ira destruidora.

Evangelho segundo S. João 5,31-47.
Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Se Eu testemunhasse a favor de mim próprio, o meu testemunho não teria valor;
há outro que testemunha em favor de mim e Eu sei que o seu testemunho, favorável a mim, é verdadeiro.
Vós enviastes mensageiros a João e ele deu testemunho da verdade.
Não é, porém de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para vos salvardes.
João era uma lâmpada ardente e luminosa e vós, por um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz,
mas tenho a meu favor um testemunho maior do que o de João, pois as obras que o Pai me confiou para levar a cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou
e o Pai que me enviou mantém o seu testemunho a meu favor. Nunca ouvistes a sua voz nem vistes o seu rosto
nem a sua palavra permanece em vós, visto não crerdes neste que Ele enviou.
Investigai as Escrituras, dado que julgais ter nelas a vida eterna: são elas que dão testemunho a meu favor.
Vós, porém não quereis vir a mim para terdes a vida!
Eu não ando à procura de receber glória dos homens;
a vós já vos conheço e sei que não há em vós o amor de Deus.
Eu vim em nome de meu Pai e vós não me recebeis; se outro viesse em seu próprio nome, a esse já o receberíeis.
Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros e não procurais a glória que vem do Deus único?
Não penseis que Eu vos vou acusar diante do Pai; há quem vos acuse: é Moisés, em quem continuais a pôr a vossa esperança.
De facto, se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em mim porque ele escreveu a meu respeito,
mas, se vós não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?»

Concílio Vaticano II
Constituição dogmática sobre a Revelação divina, «
Dei Verbum», §§ 14-16
«Investigai as Escrituras [...]: são elas que dão testemunho a Meu favor»
Deus amantíssimo, desejando e preparando com solicitude a salvação de todo o género humano, escolheu por especial providência um povo a quem confiar as Suas promessas. [...] A história da salvação de antemão anunciada, narrada e explicada pelos autores sagrados, encontra-se nos livros do Antigo Testamento como verdadeira palavra de Deus. Por isso, estes livros divinamente inspirados conservam um valor perene: «Tudo quanto está escrito, para nossa instrução está escrito para que, por meio da paciência e consolação que nos vem da Escritura, tenhamos esperança» (Rom 15,4).
O plano de salvação do Antigo Testamento destinava-se sobretudo a preparar, a anunciar profeticamente e a simbolizar com várias figuras o advento de Jesus Cristo, redentor universal, e o do reino messiânico. Mas os livros do Antigo Testamento manifestam a todos, segundo a condição do género humano antes do tempo da salvação estabelecida por Jesus Cristo, o conhecimento de Deus e do homem e o modo com que Deus justo e misericordioso trata os homens. Tais livros, apesar de conterem também coisas imperfeitas e transitórias, revelam, contudo a verdadeira pedagogia divina. Por isso, os fiéis devem receber com devoção estes livros que exprimem o vivo sentido de Deus, nos quais se encontram sublimes doutrinas a respeito de Deus, uma sabedoria salutar a respeito da vida humana, bem como admiráveis tesouros de preces e nos quais finalmente está latente o mistério da nossa salvação.
Foi por isso que Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs tão sabiamente as coisas que o Novo Testamento está latente no Antigo e o Antigo está patente no Novo, pois, apesar de Jesus Cristo ter alicerçado a nova Aliança no Seu sangue, os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na pregação evangélica, adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento que, por sua vez, iluminam e explicam.

Sexta-feira, dia 15 de Março de 2013

Sexta-feira da 4ª semana da Quaresma

Dizem os ímpios, pensando erradamente: «Armemos laços ao justo porque nos incomoda e se opõe à nossa forma de actuar. Censura-nos as transgressões da Lei, acusa-nos de sermos infiéis à nossa educação.
Ele afirma ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do Senhor!
Ele tornou-se uma viva censura para os nossos pensamentos; só o acto de o vermos nos incomoda,
pois a sua vida não é semelhante à dos outros e os seus caminhos são muito diferentes.
Ele considera-nos como escória e afasta-se dos nossos caminhos como de imundícies. Declara feliz a sorte final do justo e gloria-se de ter a Deus por pai. Vejamos, pois se as suas palavras são verdadeiras e que lhe acontecerá no fim da vida
porque, se o justo é filho de Deus, Deus há-de ampará-lo e tirá-lo das mãos dos seus adversários.
Provemo-lo com ultrajes e torturas para avaliar da sua paciência e comprovar a sua resistência.
Condenemo-lo a uma morte infame, pois, segundo ele diz, Deus o protegerá.»
Estes são os seus pensamentos, mas enganam-se porque os cega a sua malícia.
Ignoram os desígnios secretos de Deus, não esperam a recompensa da piedade e não acreditam no prémio reservado às almas simples.

Livro de Salmos 34(33),17-18.19-20.21.23.
A ira do Senhor volta-se contra os malfeitores
para apagar da Terra a sua memória.

Os justos clamaram e o Senhor atendeu-os
e livrou-os das suas angústias.
O Senhor está perto dos corações contritos
e salva os espíritos abatidos.

Muitas são as tribulações do justo,
mas o Senhor o livra de todas elas.
Ele guarda todos os seus ossos,
nem um só será quebrado.

O Senhor resgata a vida dos seus servos;
os que nele confiam não serão condenados.

Evangelho segundo S. João 7,1-2.10.25-30.
Naquele tempo, Jesus Cristo percorria a Galileia, evitando andar pela Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo.
Estava próxima a festa judaica das Tendas.
Contudo, depois de os seus irmãos partirem para a festa, Ele partiu também, não publicamente, mas quase em segredo.
Então alguns de Jerusalém comentavam: «Não é este a quem procuravam para o matar?
Vede como Ele fala livremente e ninguém lhe diz nada! Será que realmente as autoridades se convenceram de que Ele é o Messias?
Mas nós sabemos donde Ele é ao passo que, quando chegar o Messias, ninguém saberá donde vem.»
Entretanto Jesus Cristo, ensinando no templo, bradava: «Então sabeis quem Eu sou e sabeis donde venho?! Pois Eu não venho de mim mesmo; há um outro, verdadeiro, que me enviou e que vós não conheceis.
Eu é que o conheço porque procedo dele e foi Ele que me enviou.»
Procuravam então prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão, pois a sua hora ainda não tinha chegado.

São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja Cântico espiritual, estrofe 1 (Obras Completas, Ed. Carmelo, 2005)
«Procuravam então prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão»
Aonde Te escondeste,
Amado, e me deixaste num gemido?
Qual veado fugiste
Havendo-me ferido.
Atrás de Ti clamei, tinhas partido!

É como se dissesse: «Ó Verbo, meu Esposo, mostra-me o lugar onde estás escondido!» Deste modo, está a pedir que lhe mostre a sua essência divina porque o lugar onde o Filho de Deus está escondido é, como diz São João, o seio do Pai (Jo 1,18) que é a essência divina, a qual permanece longe dos olhos mortais e escondida a todo o entendimento humano. Por isso, Isaías, falando de Deus, disse. «Na verdade, Vós sois um Deus escondido» (Is 45,15).
Advirta-se, portanto, que, por maiores comunicações, presenças, notícias sublimes e elevadas de Deus que uma alma possa ter nesta vida, isso não é essencialmente Deus nem tem a ver com Ele; na verdade, está ainda escondido à alma. É por isso que, além de todas essas grandezas, convém sempre à alma tê-lO por escondido e buscá-lO como escondido dizendo: «Aonde Te escondeste?» De facto, nem a comunicação elevada nem a presença sensível são uma demonstração clara da presença graciosa de Deus nem tampouco a secura e carência de tudo isso na alma demonstra a Sua ausência. Daí que o profeta Job tenha dito: «Passa diante de mim e eu não O vejo, afasta-Se de mim e não me apercebo (Jb 9,11).
Desta maneira dá-se a entender que se a alma sentir uma grande comunicação ou sentimento ou notícia espiritual, nem por isso se há-de convencer de que aquilo que sente consiste em possuir ou ver nítida e essencialmente a Deus ou que seja possuir mais a Deus ou estar mais em Deus, por muito forte que seja. De igual modo, não deve pensar que, se todas essas comunicações sensíveis e espirituais lhe vierem a faltar, ficando às escuras, em aridez e abandono, Deus lhe falta. [...] Portanto, neste verso, a intenção principal da alma não consiste em pedir apenas a devoção afectiva e sensível, onde não é certo nem claro possuir-se o Esposo, mas sobretudo pedir a presença e a visão clara da Sua essência, da qual quer ter a certeza e a consolação na outra vida.

Sábado, dia 16 de Março de 2013

Sábado da 4ª semana da Quaresma

Quando o Senhor me instruiu, eu entendi e então vi com clareza o seu proceder para comigo.
E eu, como manso cordeiro conduzido ao matadouro, ignorava as maquinações tramadas contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor; arranquemo-la da terra dos vivos que o seu nome caia no esquecimento.»
Mas o Senhor do universo, justo juiz, sonda os rins e o coração. Que eu seja testemunha da tua vingança sobre eles, pois a ti confio a minha causa.

Livro de Salmos 7,2-3.9bc-10.11-12.
Senhor, meu Deus, a ti me confio;
livra-me de todos os que me perseguem e salva-me.

Que não me arrebatem como o leão
e me dilacerem sem que ninguém me valha.
Julga-me Senhor, segundo o meu direito
e segundo a minha inocência
.
Acaba com a malícia dos ímpios;
fortalece os que são justos,
Tu, que perscrutas o íntimo
dos corações, ó Deus de justiça!

A minha protecção está em Deus
que salva os de coração sincero.
Deus é um justo juiz
que, a todo o momento, pode castigar.

Evangelho segundo S. João 7,40-53.
Naquele tempo, alguns que tinham ouvido as palavras de Jesus Cristo diziam no meio da multidão: «Ele é realmente o Profeta.»
Diziam outros: «É o Messias.» Outros, porém replicavam: «Mas pode lá ser que o Messias venha da Galileia?!
Não diz a Escritura que o Messias vem da descendência de David e da cidade de Belém, donde era David?»
Deste modo, estabeleceu-se um desacordo entre a multidão, por sua causa.
Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão.
Depois os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus que lhes perguntaram: «Porque é que não o trouxestes?»
Os guardas responderam: «Nunca nenhum homem falou assim!»
Replicaram-lhes os fariseus: «Será que também vós ficastes seduzidos?
Porventura acreditou nele algum dos chefes ou dos fariseus?
Mas essa multidão que não conhece a Lei, é gente maldita!»
Nicodemos, aquele que antes fora ter com Jesus Cristo e que era um deles, disse-lhes:
«Porventura permite a nossa Lei julgar um homem sem antes o ouvir e sem averiguar o que ele anda a fazer?»
Responderam-lhe eles: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia não sairá nenhum profeta.»
E cada um foi para sua casa.

Concílio Vaticano II
Constituição dogmática sobre a Igreja «
Lumen Gentium», § 9
Pela Sua Cruz, Jesus Cristo reúne os homens divididos e dispersos
Esta nova aliança instituiu-a Jesus Cristo no novo testamento no Seu sangue (cf 1Cor 11,25), chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios para formar um todo, não segundo a carne mas no Espírito a fim de o tornar o Povo de Deus [...], «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo conquistado [...] que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus» (1Ped 2,9-10). […]
Por isso é que este povo messiânico, ainda que não abranja de facto todos os homens e não poucas vezes apareça como um pequeno rebanho é, contudo, para todo o género humano, o mais firme germe de unidade, de esperança e de salvação. Estabelecido por Jesus Cristo como comunhão de vida, de caridade e de verdade, é também por Ele assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra (Mt. 5,13-16). [...] Aos que se voltam com fé para Jesus Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salutar.
Destinada a estender-se a todas as regiões, a Igreja entra na história dos homens, ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos. Caminhando por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu Senhor e, sob a acção do Espírito Santo, não cesse de se renovar até, pela cruz, chegar à luz que não conhece ocaso.

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