sexta-feira, 30 de março de 2012

Cristianismo 51


=CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Mais uma vez, no caminho de preparação para a mais importante festa do calendário cristão, a Igreja nos propõe um tempo de preparação – de penitência e de escuta da palavra, de acolhimento do plano de Deus e de atenção aos irmãos.

Neste ano de 2012, os textos que nos serão apresentados ao longo destas cinco semanas, mostram-nos um percurso claro e definido: Deus quer oferecer-nos um mundo onde a felicidade é possível (1º domingo) e a sua Palavra ensina-nos o caminho (2º domingo), Palavra que nos chama à conversão e à renovação (3º domingo). Aceitar esta Palavra implica, pois mudar de vida. Fiquemos, contudo certos do amor de Deus, gratuito e incondicional (4º domingo). Quanto a nós, temos de estar atentos ao seu plano de salvação e ir ao encontro dos outros, no amor e no serviço (5º domingo).

A “nova evangelização” a que a Igreja nos convida a todos nesta Quaresma impele-nos a não guardarmos este segredo do amor misericordioso de Deus e a partilhá-lo à nossa volta.

Com os votos de uma Santa Quaresma, saúda-vos com amizade

a equipa do Evangelho Quotidiano para a língua portuguesa

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Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Sexta-feira, dia 16 de Março de 2012


Sexta-feira da 3ª semana da Quaresma



Assim fala o Senhor: «Volta, Israel, ao Senhor teu Deus porque caíste por causa dos teus pecados.
Tomai convosco palavras de arrependimento e voltai ao SENHOR, dizendo-lhe: «Perdoa todos os nossos pecados e acolhe favoravelmente o sacrifício que oferecemos, a homenagem dos nossos lábios.
A Assíria não nos salvará; não montaremos a cavalo e nunca mais chamaremos nosso Deus a uma obra das nossas mãos, pois só junto de ti o órfão encontra compaixão.»
Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração porque a minha cólera se afastou deles.
Serei para Israel como o orvalho: florescerá como um lírio e deitará raízes como um cedro do Líbano.
Os seus ramos estender-se-ão ao longe, a sua opulência será como a da oliveira, o seu perfume como o odor do Líbano.
Regressarão os que habitavam à sua sombra; renascerão como o trigo, darão rebentos como a videira e a sua fama será como a do vinho do Líbano. Efraim, que tenho Eu ainda a ver com os ídolos? Sou Eu quem responde e olha por ele. Eu sou como um cipreste sempre verdejante; é de mim que procede o teu fruto.
Quem é sábio para compreender estas coisas, inteligente para as conhecer? Porque os caminhos do SENHOR são rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores tropeçarão neles.
Livro de Salmos 81(80),6c-8a.8bc-9.10-11ab.14.17.

Ouço uma língua desconhecida que diz:
"Aliviei os seus ombros do fardo,
as suas mãos livraram-se de carregar o cesto.
Na angústia chamaste por mim e Eu salvei-te.-
Respondi-te escondido no trovão,
pus-te à prova junto das águas de Meriba.-
Ouve, meu povo, a minha advertência;
oxalá, Israel, me prestes ouvidos:
'Não terás contigo um deus estrangeiro,
nem te prostrarás diante de um deus estranho.
Eu sou o Senhor, teu Deus,
que te tirou da terra do Egipto.-
Se o meu povo me tivesse escutado!
Se Israel tivesse seguido os meus caminhos!
Alimentaria o meu povo com a flor do trigo
e saciá-lo-ia com o mel silvestre."
Evangelho segundo S. Marcos 12,28b-34.

Naquele tempo, aproximou-se de Jesus Cristo um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus Cristo lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
Jesus Cristo respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor;
amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.
O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.»
O escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e não existe outro além dele
e amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios
Vendo que ele respondera com sabedoria, Jesus Cristo disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E ninguém mais ousava interrogá-lo.

Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), bispo e doutor da Igreja 6º Discurso para a novena de Natal

«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»

Os grandes da Terra ufanam-se de possuir reinos e riquezas. Jesus Cristo tem a Sua felicidade em reinar nos nossos corações; é este o império que Ele almeja e que decidiu conquistar pela Sua morte na cruz: «Ele recebeu o poder sobre os seus ombros» (Is 9,5). Por estas palavras, vários intérpretes [...] entendem a cruz que o nosso divino Redentor carregou aos ombros. «Este Rei do Céu, observa Cornélio a Lapídio, é um senhor bem diferente do demónio: este carrega os ombros dos seus escravos com pesados fardos. Jesus Cristo, pelo contrário, toma sobre Si mesmo todo o peso do Seu império; abraça a cruz e quer morrer nela para reinar no nosso coração.» E Tertuliano diz que enquanto os monarcas da Terra «trazem o ceptro na mão e a coroa na cabeça como emblemas do seu poder, Jesus Cristo levou a cruz aos ombros e a cruz foi o trono aonde Ele subiu para fundar o Seu reino de amor». […]

Apressemo-nos, pois a consagrar todo o amor do nosso coração a esse Deus que, para o obter, sacrificou o Seu sangue, a Sua vida, a Si próprio. «Se conhecesses o dom de Deus, diz Jesus Cristo à samaritana, e Quem é Aquele que te diz 'Dá-me de beber'» (Jo 4,10). Isto é: se conhecesses a grandeza da graça que recebes de Deus. [...] Oh, se a alma compreendesse que graça extraordinária Deus lhe faz quando lhe pede o seu amor nestes termos: «Amarás o Senhor teu Deus». Não ficaria um súbdito que ouvisse o seu príncipe dizer-lhe: «Ama-me» cativado por este convite? E não conseguirá Deus conquistar o nosso coração quando nos pede com tanta bondade: «Meu filho, dá-me o teu coração»? (Pr 23,26) Mas Deus não quer apenas metade deste coração; quere-o todo, sem reservas; este é o Seu preceito: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração».

Sábado, dia 17 de Março de 2012

Sábado da 3ª semana da Quaresma



«Vinde, voltemos para o Senhor; Ele feriu-nos, Ele nos curará; Ele fez a ferida, Ele fará o penso.
Dar-nos-á de novo a vida em dois dias, ao terceiro dia nos levantará e viveremos na sua presença.
Conheçamos, esforcemo-nos por conhecer o SENHOR; iminente como a aurora, está a sua vinda; Ele virá para nós como a chuva, como a chuva da Primavera que irriga a terra.»
Que posso fazer por ti, ó Efraim? Que posso fazer por ti, ó Judá? O vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho matutino que logo se dissipa.
Por isso os castiguei duramente pelos profetas e os matei pelas palavras da minha boca e o meu julgamento resplandece como a luz.
Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.
Livro de Salmos 51(50),3-4.18-19.20-21ab.

Tem compaixão de mim,
ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia,
apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.-
Não te comprazes nos sacrifícios
nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus
é o espírito contrito;
ó Deus, não desprezes
um coração contrito e arrependido.-
Pela tua bondade,
trata bem a Sião;
reconstrói os muros de Jerusalém.
Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos, os holocaustos e as ofertas;
então serão oferecidos vítimas
sobre o vosso altar...
Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.

Naquele tempo, Jesus Cristo disse também a seguinte parábola a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais:
«Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus, agradeço-te por não ser como o resto dos homens que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.'
O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim que sou pecador.'
Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.»

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo Sermão 48 para o 11º domingo depois da Trindade

«Dois homens subiram ao templo para orar»

Estes dois homens subiram ao Templo. O Templo é o amoroso fundo interior da nossa alma, no qual a Santíssima Trindade vive tão cheia de amor, trabalha tão nobremente, no qual depositou tão generosamente todo o Seu tesouro, onde Se compraz e Se alegra no gozo da Sua nobre imagem e semelhança (cf. Gn 1,26). Ninguém pode exprimir de maneira perfeita a nobreza e a alta dignidade desse Templo; é nele que temos de entrar para orar. E para que a oração seja bem feita, tem de haver dois homens a subir [...], o homem exterior e o homem interior. A oração que faz o homem exterior de pouco ou nada serve sem o homem interior. Para avançar realmente no caminho da oração verdadeira e bem feita, nada é de maior ajuda e maior utilidade que o precioso corpo eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo. [...] Meus queridos filhos, deveis sentir-vos extraordinariamente reconhecidos por essa grande graça vos ser agora dada mais frequentemente que antes e deveis preferi-la a qualquer outro auxílio. […]

Portanto um dos dois homens era um fariseu e o Evangelho diz-nos o que lhe aconteceu. O outro era um publicano que se mantinha afastado e sem ousar levantar os olhos para o céu, dizia: «Ó Deus tem piedade de mim que sou pecador»; para este, a oração terminou de modo feliz. Na verdade, gostaria de agir como ele e ter sempre em consideração a minha pequenez. Seria absolutamente a via mais nobre e útil que poderíamos seguir. Esse caminho traz Deus ao homem (e à mulher) sem cessar e sem intermediários, pois onde Deus chega com a Sua misericórdia, chega com todo o Seu ser, chega Ele mesmo.

Ora acontece que os sentimentos desse publicano entram na alma de algumas pessoas que então, conscientes dos seus pecados, querem fugir de Deus e do Santíssimo Sacramento, dizendo que não ousam aproximar-se dele. Não, meus queridos filhos, deveis, pelo contrário, ir com muito mais vontade à comunhão para serdes perdoados das vossas faltas e dizerdes: «Vem, Senhor, vem depressa antes que a minha alma morra em pecado; é necessário que venhas rapidamente antes que ela morra de todo» (cf Jo 4,49).

Domingo, dia 18 de Março de 2012

4º Domingo da Quaresma - Ano B



Naqueles dias, todos os príncipes dos sacerdotes e o povo multiplicaram as suas infidelidades, imitando os costumes abomináveis das nações pagãs e profanaram o templo que o Senhor tinha consagrado para Si em Jerusalém.
O Senhor, Deus de seus pais, desde o princípio e sem cessar, enviou-lhes mensageiros, pois queria poupar o povo e a sua própria morada.
Mas eles escarneciam dos mensageiros de Deus, desprezavam as suas palavras e riam-se dos profetas a tal ponto que deixou de haver remédio perante a indignação do Senhor contra o seu povo.
Os caldeus incendiaram o templo de Deus, demoliram as muralhas de Jerusalém. Lançaram fogo aos seus palácios e destruíram todos os objectos preciosos.
O rei dos caldeus deportou para Babilónia todos os que tinham escapado ao fio da espada e foram escravos deles e de seus filhos até que se estabeleceu o reino dos persas.

Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pela boca de Jeremias: «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação até que se completaram setenta anos».

No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para se cumprir a palavra do Senhor, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação:
«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da Terra e Ele próprio me confiou o encargo de Lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de entre vós fizer parte do seu povo, ponha-se a caminho e que Deus esteja com ele».

Livro de Salmos 137(136),1-2.3.4-5.6.

Junto aos rios da Babilónia
nos sentámos a chorar,
recordando-nos de Sião.
Nos salgueiros das suas margens,
pendurámos as nossas harpas.
Os que nos levaram para ali cativos
pediam-nos um cântico
e os nossos opressores, uma canção de alegria:
«Cantai-nos um cântico de Sião.»-
Como poderíamos nós
cantar um cântico do Senhor,
estando numa terra estranha?
Se me esquecer de ti, Jerusalém,
fique ressequida a minha mão direita!
Pegue-se-me a língua ao palato
se eu não me lembrar de ti,
se não fizer de Jerusalém
a minha suprema alegria!
Carta aos Efésios 2,4-10.

Irmãos: Deus que é rico em misericórdia pelo amor imenso com que nos amou,
precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Jesus Cristo – é pela graça que vós estais salvos –
com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Jesus Cristo.
Pela bondade que tem para connosco em Cristo Jesus, quis assim mostrar nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça.
Porque é pela graça que estais salvos, por meio da e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não vem das obras para que ninguém se glorie.
Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus para vivermos na prática das boas obras que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos.
Evangelho segundo S. João 3,14-21.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo a Nicodemos: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto
a fim de que todo o que nele crê, tenha a vida eterna.
Tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna.
De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado por não crer no Filho Unigénito de Deus.
E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo e os homens preferiram as trevas à Luz porque as suas obras eram más.
De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.»

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI] Sermões para a Quaresma de 1981

«Assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que n'Ele crê, tenha a vida eterna»

«Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-Se, identificado como homem, rebaixou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus O elevou acima de tudo e Lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome» (Fl 2,5-9). [...] Este texto, de uma riqueza extraordinária, faz claramente alusão à primeira queda [...]. Jesus Cristo trilha os passos de Adão. Contrariamente a Adão, Ele é verdadeiramente «como Deus» (cf. Gn 3,5). Mas ser como Deus, ser igual a Deus, é «ser Filho» e, portanto, relação total: «o Filho, por Si mesmo, não pode fazer nada» (Jo 5,19). Por isso, Aquele que é verdadeiramente igual a Deus não Se agarra à Sua própria autonomia, ao carácter ilimitado do Seu poder e do Seu querer porque percorre o caminho inverso, torna-Se o dependente-mor, torna-Se o servo. Porque não segue o caminho do poder, mas o do amor, pode humilhar-Se até à mentira de Adão, até à morte e, então aí, erigir a verdade, dar a vida.

Assim Jesus Cristo torna-Se o novo Adão por Quem a vida toma um novo rumo [...] A Cruz, lugar da Sua obediência, torna-se a verdadeira árvore da vida. Jesus Cristo torna-Se a imagem oposta à serpente, tal como diz João no seu evangelho. Dessa árvore não vem a palavra da tentação, mas a palavra do amor salvador, a palavra da obediência, pela qual o próprio Deus Se faz obediente e nos oferece assim a Sua obediência como campo da liberdade. A cruz é a árvore da vida que de novo se torna acessível. Na Paixão, Jesus Cristo afastou, por assim dizer, a espada flamejante (Gn 3, 24), atravessou o fogo e levantou a cruz como verdadeiro eixo do mundo sobre o qual o mundo se reergue. Por isso a eucaristia, enquanto presença da cruz, é a árvore da vida que está sempre no meio de nós e nos convida a receber os frutos da vida verdadeira.

Segunda-feira, dia 19 de Março de 2012

S. JOSÉ, esposo da Virgem Santa Maria, padroeiro da Igreja universal - solenidade


Festa da Igreja : S. José, esposo da Virgem Maria, Solenidade (ofício próprio)
Livro de 2º Samuel 7,4-5a.12-14a.16.

Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar?
Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino.
Ele construirá um templo ao meu nome e Eu firmarei para sempre o seu trono régio.
Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites como fazem os homens,
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre".»
Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.

Hei-de cantar para sempre o amor do Senhor;
a todas as gerações anunciarei a sua fidelidade.
Proclamarei que o teu amor é para sempre
e que a tua fidelidade é eterna como o céu.
"Fiz uma aliança com o meu eleito,
jurei a David, meu servo:
'Estabelecerei a tua descendência para sempre
e o teu trono há-de manter-se eternamente'."
Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai,
és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'
Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor
e a minha aliança com ele há-de manter-se firme.
Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.

Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão e à sua descendência foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.

Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós,
conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Foi com uma esperança para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.
Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.
Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.

Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.
José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.
Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»
Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa.

São Claude la Colombière (1641-1682), jesuíta 1º Panegírico de São José

«Não temas receber Maria, tua esposa»

Sabemos muito pouco da vida de S. José. O Evangelho não relata mais do que dois ou três factos e um autor antigo observou que não se encontra nele nenhuma palavra sua. Talvez que [...] o Espírito Santo quisesse com isso assinalar o silêncio e a humildade de São José, o seu amor pela solidão e a vida escondida. Seja como for, perdemos muito com isso. Se o Senhor tivesse permitido que soubéssemos detalhes da vida deste grande santo, com certeza que se teriam encontrado belos exemplos, belas regras, sobretudo para quem vive no estado de casado. […]

Toda a vida de São José se pode dividir em duas partes: a primeira é a que precedeu o seu casamento; a segunda é a que se lhe segue. Não sabemos absolutamente nada da primeira e da segunda sabemos muito pouco. Afirmo, no entanto, que ambas foram muito santas: a primeira porque foi coroada por casamento tão vantajoso; a segunda foi ainda mais santa porque toda ela se passou neste casamento. […]

Que proveito deve São José ter tirado dos muitos anos de diálogo que manteve quase continuamente com a Santa Virgem! [...] Não tenho qualquer dúvida de que o próprio silêncio de Maria foi extremamente edificante e de que só olhar para ela era suficiente para ele se sentir levado a amar Deus e a desprezar tudo o resto. Mas quais não seriam os discursos de uma alma onde o Santo Espírito habitava, onde Deus tinha derramado uma plenitude de graças, que Lhe tinha mais amor que todos os serafins juntos! Que fogo não sairia desta boca quando ela se abria para exprimir os sentimentos do seu coração! Que frialdades, que gelos este fogo não teria dissipado! E que efeito não teria ele tido em José que já tinha uma tão grande disposição a ser inflamado! [...] Este grande fogo, capaz de abrasar toda a Terra, teve só o coração de José para acalorar e consumir durante muitos anos. [...] Se Ela acreditou que o coração de São José era uma parte do seu, que cuidados não terá tido em o inflamar do amor de Deus!

Terça-feira, dia 20 de Março de 2012

Terça-feira da 4ª semana da Quaresma



Naqueles dias, o anjo reconduziu-me à entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea em direcção ao oriente porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo a sul do altar.
Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora, até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito.
O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos.
Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris.
Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar.
E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" E levou-me até à beira da torrente. Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores em cada uma das margens.
Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres.
Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move, viverá. O peixe será muito abundante porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."
Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.

Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo mesmo que a terra trema,
mesmo que as montanhas se afundem no mar.-
Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
a mais santa entre as moradas do Altíssimo.-
Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.-
O Senhor do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que Ele realizou na Terra.
Evangelho segundo S. João 5,1-16.

Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus Cristo subiu a Jerusalém.
Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos.
JesusCristo, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?»
Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim».
Disse-lhe Jesus Cristo: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.»
E no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora aquele dia era de sábado.
Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.»
Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.»
Perguntaram-lhe então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?»
Mas o que tinha sido curado não sabia quem era porque Jesus Cristo se tinha afastado da multidão ali reunida.
Mais tarde, Jesus Crsto encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior
O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus Cristo quem o tinha curado.
E foi por isto, por Jesus Cristo realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.

São Máximo de Turim (? - c. 420), bispo Sermão da Quaresma

«Queres ficar são?»: a Quaresma conduz os catecúmenos às águas do baptismo

Caríssimos irmãos, o número quarenta possui um valor simbólico ligado ao mistério da nossa salvação. Com efeito, assim que a maldade dos homens invadiu, nos primeiros tempos, a superfície da Terra, Deus fez cair do céu a chuva durante quarenta dias e inundou a terra inteira com as águas do dilúvio (Gn 7). A partir dessa altura, estava lançada simbolicamente a história da nossa salvação: as águas da chuva caíram durante quarenta dias para purificar o mundo. Agora durante os quarenta dias da Quaresma, é oferecida aos homens a misericórdia para que se purifiquem […]

Assim o dilúvio é figura do baptismo; o que então se verificou ainda hoje se cumpre [...] e, quando o pecado do mundo desapareceu no fundo do abismo, a santidade pôde elevar-se até ao céu. Assim ainda hoje acontece na Igreja de Jesus Cristo: [...] levada pelas águas do baptismo, também ela se ergue até ao céu; são submersas as superstições e as idolatrias e sobre a terra se espalha a fé, resplandecente como a arca do Salvador. [...] É verdade que somos pecadores e que o mundo será um dia destruído; só escaparão à ruína aqueles que a arca albergar no seu interior. Esta arca é a Igreja [...] e nós vo-lo anunciamos: o mundo não escapará ao naufrágio. Por isso vos exortamos, irmãos, a todos vós, a que tomeis refúgio nesse santuário.

Quarta-feira, dia 21 de Março de 2012

Quarta-feira da 4ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Nicolau de Flue, eremita, confessor, +1487, Trânsito de S. Bento Livro de Isaías 49,8-15.

Assim fala o Senhor: «Eu respondi-te no tempo da graça e socorri-te no dia da salvação. Defendi-te e designei-te como aliança do povo para restaurares o país e repartires as heranças devastadas,
para dizeres aos prisioneiros: ‘Saí da prisão!’ E aos que estão nas trevas: ‘Vinde à luz!’ Ao longo dos caminhos encontrarão que comer e em todas as dunas arranjarão alimento.
Não padecerão fome nem sede e não os molestará o vento quente nem o sol porque o que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá em direcção às fontes.
Transformarei os meus montes em caminhos planos e as minhas estradas serão alteadas.
Vede como eles chegam de longe! Uns vêm do Norte e do Poente e outros, da terra de Siene.»
Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó Terra! Prorrompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o SENHOR consola o seu povo e se compadece dos desamparados.
Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.»
Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria.
Livro de Salmos 145(144),8-9.13cd-14.17-18.

O Senhor é clemente e compassivo,
é paciente e cheio de bondade.
o Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as suas obras.-
O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.-
O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e misericordioso em todas as suas obras.
O Senhor está perto de todos os que O invocam,
dos que O invocam sinceramente.
Evangelho segundo S. João 5,17-30.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Meu Pai trabalha intensamente e Eu também trabalho em todo o tempo.»
Perante isto, mais vontade tinham os judeus de o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

Jesus Cristo tomou, pois a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho.
De facto, o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz e há-de mostrar-lhe obras maiores do que estas de modo que ficareis assombrados.
Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e os faz viver também o Filho faz viver aqueles que quer.
O Pai, aliás não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o julgamento
para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida.
Em verdade, em verdade vos digo: chega a hora e é já em que os mortos hão-de ouvir a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão,
pois assim como o Pai tem a vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo;
e deu-lhe o poder de fazer o julgamento porque Ele é Filho do Homem.
Não vos assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz
e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação.
Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço assim é que julgo e o meu julgamento é justo porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou.»

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 53; PL 52, 375; CCL 241, 498

«Os que estão nos túmulos hão-de ouvir a Sua voz»: «Lázaro, vem cá para fora!» (Jo 11,43)

O Senhor tinha ressuscitado a filha de Jairo mas, numa altura em que o cadáver ainda estava quente, a morte ainda só tinha feito metade da sua obra (cf. Mt 9,18ss). [...] Ressuscitou também o filho único duma mãe, mas detendo a padiola antes de esta chegar à tumba [...], antes que esse morto entrasse completamente na lei da morte (cf. Lc 7,11s). Mas o que se passa com Lázaro é único [...]: Lázaro, em quem todo o poder da morte já se tinha concretizado e em quem resplandeceu igualmente a imagem completa da ressurreição. [...] Com efeito, Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia porque era o Senhor; Lázaro, que era servo, foi chamado à vida ao quarto dia. […]

O Senhor dizia e repetia aos Seus discípulos: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei que O vão condenar à morte. Hão-de entregá-Lo aos pagãos que O vão escarnecer, açoitar e crucificar» (Mt 20,18ss). E dizendo isto, via-os indecisos, tristes, inconsoláveis. Ele sabia que eles tinham de ficar subjugados ao peso da Paixão até que nada das suas vidas subsistisse, nada da sua fé, nada da sua luz pessoal, mas que, pelo contrário, os seus corações ficariam obscurecidos pela noite quase total da falta de fé. Foi por isso que fez com que a morte de Lázaro se prolongasse por quatro dias. [...] Daí que o Senhor tenha dito aos Seus discípulos: «Lázaro morreu e Eu, por amor de vós, estou contente por não ter estado lá» (Jo 11,14-15) [...] «para assim poderdes crer». A morte de Lázaro foi, portanto necessária para que, com Lázaro, a fé dos Seus discípulos também se elevasse da tumba.

«Por não ter estado lá». E haveria algum lugar onde Jesus Cristo não estivesse? [...] Jesus Cristo Filho de Deus estava lá, meus irmãos, mas Jesus Cristo homem não estava. Quando Lázaro morreu, Jesus Cristo Filho de Deus estava lá, mas agora, Jesus Cristo vinha para junto do morto, uma vez que Jesus Cristo Senhor ia entrar na morte: «É na morte, no túmulo, nos infernos, é aí que todo o poder da morte tem de ser abatido por Mim e pela Minha morte».

Quinta-feira, dia 22 de Março de 2012

Quinta-feira da 4ª da Quaresma



Naqueles dias, O Senhor falou a Moisés dizendo: «Vai, desce porque o teu povo, aquele que tiraste do Egipto, está pervertido.
Desviaram-se bem depressa do caminho que lhes prescrevi. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: «Israel, aqui tens o teu deus, aquele que te fez sair do Egipto.»
O Senhor prosseguiu: «Vejo bem que este povo é um povo de cerviz dura.
Agora deixa-me; a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destruí-los-ei. Mas farei de ti uma grande nação.»
Moisés implorou ao Senhor, seu Deus, dizendo-lhe: «Porquê, Senhor, a tua cólera se inflamará contra o teu povo que fizeste sair do Egipto com tão grande poder e com mão tão poderosa?
Não é conveniente que se possa dizer no Egipto: ‘Foi com má intenção que Ele os fez sair, foi para os matar nas montanhas e suprimi-los da face da Terra!’ Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo.
Recorda-te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo: tornarei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e concederei à vossa posteridade esta terra de que falei e eles hão-de recebê-la como herança eterna.»
E o Senhor arrependeu-se das ameaças que proferira contra o seu pov
Livro de Salmos 106(105),19-20.21-22.23.

Fizeram um bezerro de ouro no Horeb
e adoraram um ídolo de metal fundido.
Trocaram assim o seu Deus glorioso
pela figura de um animal que come feno.
Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto,
maravilhas na terra de Cam,
feitos gloriosos no Mar dos Juncos.
Deus decidiu aniquilá-los.
Moisés, porém, seu escolhido,
intercedeu junto dele,
para acalmar a sua ira destruidora.
Evangelho segundo S. João 5,31-47.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos judeus: «Se Eu testemunhasse a favor de mim próprio, o meu testemunho não teria valor;
há outro que testemunha em favor de mim e Eu sei que o seu testemunho, favorável a mim, é verdadeiro.
Vós enviastes mensageiros a João e ele deu testemunho da verdade.
Não é, porém de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para vos salvardes.
João era uma lâmpada ardente e luminosa e vós, por um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz.
Mas tenho a meu favor um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai me confiou para levar a cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou.
E o Pai que me enviou mantém o seu testemunho a meu favor. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu rosto,
nem a sua palavra permanece em vós, visto não crerdes neste que Ele enviou.
Investigai as Escrituras, dado que julgais ter nelas a vida eterna: são elas que dão testemunho a meu favor.
Vós, porém não quereis vir a mim para terdes a vida!
Eu não ando à procura de receber glória dos homens;
a vós já vos conheço e sei que não há em vós o amor de Deus.
Eu vim em nome de meu Pai e vós não me recebeis; se outro viesse em seu próprio nome, a esse já o receberíeis.
Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros e não procurais a glória que vem do Deus único?
Não penseis que Eu vos vou acusar diante do Pai; há quem vos acuse: é Moisés, em quem continuais a pôr a vossa esperança.
De facto, se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em mim porque ele escreveu a meu respeito.
Mas, se vós não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?»

São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo e doutor da Igreja Comentário sobre o Evangelho de João, III, 3

«Se acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em Mim, porque ele escreveu a Meu respeito»

Moisés disse: «O Senhor, teu Deus, suscitará em teu favor um profeta saído das tuas fileiras, um dos teus irmãos, como eu: é a ele que escutarás» (Dt 18,15). O próprio Moisés explica [...] o que acabou de anunciar: «Foi o que pediste ao Senhor teu Deus no monte Horeb, no dia da Assembleia, quando Lhe disseste: 'Não quero mais ouvir a voz do Senhor, meu Deus, nem tornar a ver mais este fogo intenso, pois tenho medo de morrer'» (v. 16).

Moisés afirma veementemente que lhe foi então atribuído um papel de mediador, uma vez que a assembleia dos judeus ainda estava incapaz de contemplar as realidades que a excediam: uma visão de Deus extraordinária e aterradora para os olhos, sons de trompeta estranhos e intoleráveis para os ouvidos (Ex 19,16). O povo tinha, portanto a prudência de renunciar ao que excedia as suas forças e a mediação de Moisés auxiliava a fraqueza dos homens da sua geração: ele estava encarregado de transmitir os mandamentos divinos ao povo reunido.

Mas se procurares descobrir sob este símbolo a realidade prefigurada, compreenderás que ela visa Jesus Cristo, «Mediador entre Deus e os homens» (1Tim 2,5): é Ele que, com a Sua voz humana, voz recebida quando nasceu para nós de uma mulher, transmite aos corações dóceis a vontade sublime de Deus Pai, que é Ele o único a conhecer enquanto Filho de Deus e Sabedoria de Deus, «perscrutando tudo, mesmo as profundezas de Deus» (1Cor 2,10). Não podíamos atingir com os nossos olhos de carne a glória inexprimível, pura e nua, d'Aquele que está para lá de tudo – «o homem não pode ver o Meu rosto, disse Deus, e ficar vivo» (Ex 33,20). Por isso, o Verbo, o Filho único de Deus, devia amoldar-Se à nossa fraqueza revestindo um corpo humano [...] segundo o desígnio redentor para nos revelar a vontade de Deus Pai, como Ele próprio disse: «tudo o que ouvi de Meu Pai vo-lo dei a conhecer» (Jo 15,15) e ainda: «não falei por Mim mesmo; o Pai, que Me enviou, foi Quem determinou o que devo dizer e anunciar» (Jo 12,49).

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