domingo, 15 de janeiro de 2012

Cristianismo 38

= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Foi-nos dado um filho (Is 9,5)

Amigos e amigas

Somos convocados para celebrar, no Natal, o mistério incompreensível de um Deus que decide tornar-se homem para salvar os homens que d’Ele se tinham afastado (e melhor ainda, que se haviam de afastar). No entanto, Isaías, o profeta que nos ensinou que o nome do nosso Deus é Emanuel, “o Senhor connosco”, confia-nos um segredo que é, ao mesmo tempo, uma prova de amor e um desafio: Jesus, o filho da Virgem imaculada, é «um filho que nos é dado». O Filho do Pai eterno, o Verbo incarnado, o filho de Maria, é-nos dado como filho.

Somos chamados a amá-lo, cuidar dele, escutá-lo, pegá-lo ao colo, como se ama, cuida, escuta e pega num filho.

Natal é tempo da comemoração deste mistério. Mistério que a liturgia nos propõe que contemplemos, que meditemos ao longo de três semanas, em que as festas se sucedem para que o possamos saborear melhor: a natividade, a celebração da Sagrada Família, a maternidade divina, a manifestação aos pagãos, a apresentação ao povo eleito nas margens do Jordão.

Da alegria dos pastores de Belém à veneração dos magos e à prontidão dos primeiros discípulos, eis tantas outras atitudes que o Natal pode fazer brotar em nós. De qualquer modo, em primeiro lugar, é preciso acolhê-Lo como a um filho …

Neste Natal 2011, com os votos habituais de Boas Festas, vimos trazer-vos duas notícias sobre a expansão deste serviço:

  1. Já não sabemos quantos são os que acedem a Evangelizo no mundo inteiro. Com a multiplicação das formas de acesso (telemóvel, IPad, facebook, inserção em diferentes páginas e sítios da Internet…) cada vez são mais os subscritores do serviço e cada vez nos é mais difícil controlar esse número. Só Deus sabe!
  2. A nossa aposta em novas línguas é claramente mais visível. Neste momento, estão a preparar-se para surgir o hebreu, o grego, o turco, o checo e o gaélico e há hipóteses muito fortes para o romeno, o chinês e o sueco. Com o russo e o japonês, continuamos a sonhar. Entretanto, para além do calendário latino, que recebem os subscritores em língua portuguesa, temos o tridentino, o maronita, o melquita e, em breve, o ambrosiano.

Que o Senhor continue a abençoar este serviço! Para tal, continuamos a contar sempre com as vossas orações. Se, além disso, alguém nos quiser dar alguma ajuda específica, não hesite…

Seja este Natal tempo de esperança e de paz e que a luz de Belém ilumine o coração de cada um de nós.

Com muita amizade

A equipa de Evangelho Quotidiano em língua portuguesa

Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.

Criado em 2001, EVANGELIZO - queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários, bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.

Se deseja fazer um donativo: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=helpus. Obrigado.

Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo, que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.

Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.

Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: http://www.evangelhoquotidiano.org/; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos www.capuchinhos.org

Livro de Juízes 13,2-7.24-25a.

Naqueles dias, houve um homem de Sorá, da tribo de Dan, cujo nome era Manoé; sua esposa era estéril, não tinha ainda concebido filhos.
O anjo do SENHOR apareceu a esta mulher e disse-lhe: «Já viste que és estéril e ainda não deste à luz; mas vais conceber e dar à luz um filho.
Doravante abstém-te, não bebas vinho nem qualquer bebida alcoólica; não comas nada impuro
porque vais conceber e dar à luz um filho. A navalha não há-de tocar a sua cabeça, pois o menino vai ser consagrado a Deus desde o seio materno; ele mesmo vai começar a salvar Israel das mãos dos filisteus.»
A mulher voltou e disse ao marido: «Um homem de Deus veio ter comigo; o seu aspecto era semelhante ao de um anjo do SENHOR e temível. Não lhe perguntei de onde ele era nem ele me revelou o seu nome.
Disse-me ele: ‘Eis que vais conceber e dar à luz um filho; doravante não bebas vinho nem bebida alcoólica; não comas nada de impuro, pois esse jovem será consagrado ao SENHOR desde o seio materno até ao dia da sua morte.’»
A mulher deu à luz um filho e pôs-lhe o nome de Sansão; o menino cresceu e o SENHOR abençoou-o.
Foi em Maané-Dan, entre Sorá e Estaol, que o espírito do SENHOR começou a agitar Sansão.
Livro de Salmos 71(70),3-4a.5-6ab.16-17.

Sê a minha protecção e o refúgio,
A fortaleza da minha salvação.
Tu és a minha defesa e o meu refúgio:
Meu Deus, livra-me das mãos do ímpio.-
Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus,
e a minha confiança desde a juventude.
Em ti me apoio desde o seio materno,
desde o ventre materno és o meu protector.-
Narrarei esses prodígios, Senhor, Deus,
recordarei a tua justiça sem igual.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.-

Evangelho segundo S. Lucas 1,5-25.

No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da descendência de Aarão e se chamava Isabel.
Ambos eram justos diante de Deus, cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
Não tinham filhos, pois Isabel era estéril e os dois eram de idade avançada.
Ora estando Zacarias no exercício das funções sacerdotais diante de Deus, na ordem da sua classe,
coube-lhe, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso.
Todo o povo estava da parte de fora em oração, à hora do incenso.
Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso.
Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.
Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João.
Será para ti motivo de regozijo e de júbilo e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
Pois ele será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe
e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.
Irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos a fim de proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições.»
Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso se estou velho e a minha esposa é de idade avançada?»
O anjo respondeu: «Eu sou Gabriel, aquele que está diante de Deus, e fui enviado para te falar e anunciar esta Boa-Nova.
Vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto acontecer por não teres acreditado nas minhas palavras que se cumprirão na altura própria.»
O povo entretanto aguardava Zacarias e admirava-se por ele se demorar no santuário.
Quando saiu, não lhes podia falar e eles compreenderam que tinha tido uma visão no santuário. Fazia-lhes sinais e continuava mudo.
Terminados os dias do seu serviço, regressou a casa.
Passados esses dias, sua esposa Isabel concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta.
Dizia ela: «O Senhor procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a eliminou perante os homens.»
São Máximo de Turim
(?-c. 420), bispo
CC
Sermão 5; PL 57, 863

«Não temas, Zacarias: a tua súplica foi atendida»

Foi a oração e não o desejo sexual que levou à concepção de João Baptista. O seio de Isabel tinha passado a idade de dar vida, o seu corpo tinha perdido a esperança de conceber; apesar destas condições de desesperança, a oração de Zacarias permitiu a esse corpo envelhecido germinar ainda: foi a graça e não a natureza que concebeu João. Este filho, cujo nascimento vem menos do abraço do que da oração, só poderia ser santo.

Apesar de tudo, não devemos espantar-nos por João ter merecido nascimento tão glorioso. O nascimento do precursor de Jesus Cristo, daquele que Lhe abriu o caminho, devia apresentar uma semelhança com o do Senhor, nosso Salvador. Se, portanto, o Senhor nasceu de uma virgem, João foi concebido por uma mulher velha e estéril. [...] Não admiramos menos Isabel que concebeu na sua velhice do que Maria, que teve um Filho na sua virgindade.

Aqui parece-me já haver um símbolo: João representava o Antigo Testamento e nasceu do sangue já arrefecido de uma mulher idosa, enquanto o Senhor que anuncia a Boa Nova do Reino dos céus, é fruto duma juventude plena de seiva. Maria, consciente da sua virgindade, admira a criança gerada nas suas entranhas. Isabel, consciente da sua idade avançada, cora ao ver o seu ventre pesado pela gravidez; o evangelista diz, com efeito: «durante cinco meses permaneceu oculta». Temos de admirar também o facto de ser o mesmo arcanjo Gabriel a anunciar os dois nascimentos: traz uma consolação a Zacarias que permanece incrédulo e encoraja Maria que se encontra confiante (Lc 1,26s). O primeiro, por ter duvidado, perdeu a voz; a segunda, por ter acreditado imediatamente, concebeu o Verbo Salvador.

Livro de Isaías 7,10-14.

Naqueles dias, o Senhor mandou dizer ao rei Acaz a seguinte mensagem:
«Pede ao SENHOR teu Deus um sinal quer no fundo dos abismos quer lá no alto dos céus.»
Acaz respondeu: «Não pedirei tal coisa, não tentarei o SENHOR.»
Isaías respondeu: «Escuta, pois casa de David: Não vos basta já ser molestos para os homens, senão que também ousais sê-lo para o meu Deus?
Por isso, o Senhor, por sua conta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel.
Livro de Salmos 24(23),1-2.3-4ab.5-6.

Ao Senhor pertence a Terra e o que nela existe,
o mundo inteiro e os que nele habitam,
pois Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre os abismos.-
Quem poderá subir à montanha do Senhor
e apresentar-se no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração limpo,
o que não ergue o espírito para as coisas vãs.-
Este há-de receber a bênção do Senhor
e a recompensa de Deus, seu salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
dos que buscam a face do Deus de Jacob.

Evangelho segundo S. Lucas 1,26-38.

Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David e o nome da virgem era Maria.
Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.»
Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação.
Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David,
reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.
Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril,
porque nada é impossível a Deus.»
Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Prudêncio (348-após 405), poeta em Espanha
«Emerge, dulcis pusio»,
extracto do hino de Natal «Quid est quod artum circulum»

«Vai chamar-Se Filho do Altíssimo [...] e reinará eternamente»

Mostra-Te, doce criança,
Trazida ao mundo por mãe tão casta
Que deu à luz sem ter conhecido homem;
Mostra-Te, Mediador, em ambas as Tuas naturezas.-
Ainda que nascido no tempo, da boca do Pai,
Engendrado pela Sua palavra (Lc 1,38),
Já habitavas no seio do Pai (Jo 1,2)
Ó Sabedoria eterna (1Co 1,24).-
Tu és a Sabedoria que tudo criou (Pr 8,27),
Os céus, a luz e todas as coisas.
Tu és o Verbo poderoso que fez o universo (Heb 1,3)
Porque o Verbo é Deus (Jo 1,2).-
Tendo ordenado o curso dos séculos
E fixado as leis do universo,
Este artesão do mundo, este construtor,
Permaneceu no seio do Pai.-
Mas quando se cumpriu o tempo,
Passados milhões de anos,
Desceste a visitar
Este mundo há muito pecador. [...]-
Jesus Cristo não suportava a queda
Dos povos que se perdiam;
Não podia aceitar que a obra do Pai
Se dissolvesse em nada.-
Revestiu-Se de um corpo mortal
A fim de que a ressurreição da nossa carne
Quebrasse as cadeias da morte
E nos conduzisse ao Pai. [...]-
Não sentes, ó nobre Virgem,
Apesar dos dolorosos pressentimentos,
Que esse glorioso nascimento
Faz aumentar o brilho da tua virgindade?-
Teu seio puríssimo contém o fruto bendito
Que encherá de alegria toda a criatura.
Por ti nascerá um mundo novo,
Aurora de um dia brilhante como o ouro.

Livro de Cântico dos Cânticos 2,8-14.

Eis a voz de meu amado! Ei-lo que chega, correndo pelos montes, saltando sobre as colinas.
O meu amado é semelhante a um gamo ou a um filhote de gazela. Ei-lo que espera por detrás do nosso muro, olhando pelas janelas, espreitando pelas frinchas.
Fala o meu amado e diz-me: Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada!
Eis que o Inverno já passou, a chuva parou e foi-se embora;
despontam as flores na terra, chegou o tempo das canções e a voz da rola já se ouve na nossa terra;
a figueira faz brotar os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume. Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada!
Minha pomba nas fendas do rochedo, no escondido dos penhascos, deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz, pois a tua voz é doce e o teu rosto, encantador.
Livro de Salmos 33(32),2-3.11-12.20-21.

Louvai o SENHOR com a cítara;
cantai-lhe salmos com a harpa de dez cordas.
Cantai-lhe um cântico novo,
tocai com arte por entre aclamações.-
Só o plano do Senhor permanece para sempre
e os desígnios do seu coração, por todas as idades.
Feliz a nação cujo Deus é o Senhor,
o povo que Ele escolheu para sua herança.-
A nossa alma espera no Senhor;
Ele é o nosso amparo e o nosso escudo.
Nele se alegra o nosso coração
e em seu nome santo confiamos.

Evangelho segundo S. Lucas 1,39-45.

Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Então erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?
Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.
Feliz de ti que acreditaste porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»

Liturgia bizantina Hino acatista à Mãe de Deus (séc. VII)

«O menino saltou de alegria no meu seio»

Com o Menino em seu seio, Maria dirigiu-se à pressa para casa de sua prima Isabel. Ao ouvir a saudação de Maria, logo o menino se regozijou, saltando de alegria como que para cantar à Mãe de Deus:
Alegra-te, tu que és botão da flor imortal
Alegra-te, tu que és pomar de onde brota o fruto de vida
Alegra-te, jardim do Senhor, amigo dos homens (Sb 1,6)
Alegra-te, gérmen do crescimento da vida
Alegra-te, tu que és campo onde se produz a abundância da redenção
Alegra-te, mesa santa da reconciliação para o pecado
Alegra-te, tu que nos cultivas um jardim de beleza
Alegra-te, tu que preparas, para a nossa alma, um refúgio de paz
Alegra-te, que és incenso de oferenda agradável a Deus (Gn 8,21)
Alegra-te, pois que em ti o universo inteiro encontra reconciliação
Alegra-te, tu que és graça de Deus para todos os homens
Alegra-te, advogada nossa junto do Senhor
Alegra-te, Esposa não desposada
Ficou o prudente José em extrema perturbação, com a alma sacudida por uma tempestade de pensamentos: ele que era conhecedor da tua virgindade, agora duvidava de ti, ó mãe imaculada. Mas, quando soube que O que tivera sido gerado em ti provinha do Espírito Santo (Mt 1,20), exclamou: «Aleluia, aleluia, aleluia».

Quando os pastores ouviram os anjos cantar a incarnação de Cristo, correram para junto do seu Bom Pastor, a contemplar o Cordeiro recém-nascido no colo de Maria. Exultaram, cantando:
Alegra-te, mãe do Cordeiro e do Bom Pastor (Jo 1,29; 10,14)
Alegra-te, redil onde as ovelhas se reúnem (Jo 10,16)
Alegra-te, protecção contra os lobos que as arrebatam (v. 12)
Alegra-te, pois tu abres as portas do paraíso
Alegra-te, pois os céus rejubilam com a Terra (Lc 2,14)
Alegra-te, pois os homens exultam com os anjos
Alegra.te, pois tu dás segurança à palavra dos apóstolos
Alegra-te, pois tu dás força ao testemunho dos mártires
Alegra-te, coluna firme que nos seguras a fé
Alegra-te, pois tu conheces o esplendor da graça
Alegra-te, pois que por ti os infernos se esvaziaram
Alegra-te, pois, por ti, nos cobrimos de glória
Alegra-te, Esposa não desposada. […]

Quando contemplamos este singular nascimento, sentimo-nos estranhos no mundo habitual e o espírito volta-se para as realidades do alto porque foi descendo aqui, humilhando-Se, que o Altíssimo Se revelou aos homens para elevar todos os que Lhe cantam: «Aleluia, aleluia, aleluia».

Livro de 1º Samuel 1,24-28.

Naqueles dias, Ana tomou Samuel consigo e, levando também três novilhos, uma medida de farinha e um odre de vinho, conduziu-o ao templo do Senhor, em Silo. O menino era muito pequeno.
Imolaram um novilho e apresentaram o menino a Eli.
Ana disse-lhe: «Ouve, meu senhor, por tua vida: eu sou aquela mulher que esteve aqui a orar ao Senhor, na tua presença.
Eis o menino por quem orei. O Senhor ouviu a minha súplica.
Por isso, o ofereço ao Senhor a fim de que só a Ele sirva todos os dias da sua vida.» e ele prostrou-se ali diante do Senhor.

Livro de 1º Samuel 2,1.4-5.6-7.8abcd.

«Exulta o meu coração no Senhor.
no meu Deus se eleva a minha fronte.
Abre-se a minha boca contra os inimigos
porque me alegro na vossa salvação.
A arma dos fortes foi destruída
e os fracos foram revestidos de força.
Os que viviam na abundância andam em busca de pão
e os que tinham fome foram saciados.
Até a mulher estéril deu à luz muitos filhos
e a mãe fecunda deixou de conceber.
É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz-nos descer ao túmulo e de novo nos levanta.
É o Senhor que despoja e enriquece,
É o Senhor quem humilha e exalta.
Levanta do chão os que vivem prostrados,
retira da miséria os indigentes;
fá-los sentar entre os príncipes
e destina-lhes um lugar de honra.
Evangelho segundo S. Lucas 1,46-56.

Naquele tempo, Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador
porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas.
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.»
Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.

Homilia grega do século IV
Incorrectamente atribuída a São Gregório de Neocesareia ou São Gregório Taumaturgo, no. 2; PG 10, 1156

«A promessa feita a nossos pais»

Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador. [...] Tomou a Seu cuidado Israel, Seu filho (Lc 1,54, grego), recordando a Sua misericórdia, conforme tinha dito a nossos pais, em favor de Abraão e sua descendência, para sempre». Vede como a Virgem ultrapassa a perfeição do patriarca e confirma a aliança que Deus estabeleceu com Abraão, quando diz: «Eis o pacto estabelecido entre Mim e vós» (Gn 17,11). [...] É o canto desta profecia que a Santa Mãe de Deus dirige a Deus quando Lhe diz: «A minha alma glorifica o Senhor [...], pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim, santo é o Seu nome. Ao tornar-me Mãe de Deus, Ele preservou a minha virgindade. No meu seio recapitula-se, para aí ser santificada, a plenitude de todas as gerações, pois Ele abençoou todas as idades, homens, mulheres, jovens, crianças, idosos». […]

«Ele retirou os poderosos dos seus tronos e elevou os humildes». [...] Os humildes, os povos pagãos, que estavam esfomeados de justiça (Mt 5,6), foram exaltados. Ao tornarem visível a sua humildade e fome de Deus e ao solicitarem a palavra de Deus como a cananeia pediu as migalhas (Mt 15,27), eles ficaram saciados com as riquezas que os mistérios divinos contêm. Pois Jesus Cristo distribuiu todo o lote de favores divinos aos pagãos. «Tomou a Seu cuidado Israel, Seu filho», não um Israel qualquer, mas o Seu filho, cujo elevado nascimento honra. Eis porque a Mãe de Deus chama a este povo Seu filho e Seu herdeiro. Ao ver este povo esgotado pela letra, extenuado pela Lei, Ele chama-o à Sua graça. Ao dar este nome a Israel, Ele ergue-o, «recordando a Sua misericórdia conforme tinha dito a nossos pais, em favor de Abraão e sua descendência, para sempre». Estas palavras são um resumo de todo o mistério da nossa salvação. Querendo salvar a humanidade e selar a aliança estabelecida com os nossos pais, Jesus Cristo «inclinou os céus e desceu» (Sl 17,10) e assim Se manifesta a nós, colocando-Se ao nosso alcance para que O possamos ver, tocar e ouvir falar.

Livro de Malaquias 3,1-4.23-24.

Assim fala o Senhor: «Vou enviar o meu mensageiro a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor que vós procurais e o mensageiro da aliança que vós desejais. Ei-lo que chega! – diz o Senhor do universo.
Quem suportará o dia da sua chegada? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor e como a barrela das lavadeiras.
Ele sentar-se-á como fundidor e purificador. Purificará os filhos de Levi e os refinará como se refinam o ouro e a prata e assim eles serão para o Senhor os que apresentam a oferta legítima.
Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor como nos dias antigos, como nos anos de outrora.
Eis que vou enviar-vos o profeta Elias antes que chegue o Dia do Senhor, dia grande e terrível.
Ele fará com que o coração dos pais se aproxime dos filhos e o coração dos filhos se aproxime dos seus pais para que Eu não tenha de vir castigar a Terra com o anátema.»
Livro de Salmos 25(24),4bc-5ab.8-9.10.14.

Mostra-me, Senhor, os teus caminhos
e ensina-me as tuas veredas.-
Dirige-me na tua verdade e ensina-me
porque Tu és o Deus, meu salvador.-
O Senhor é bom e justo;
ensina o caminho aos pecadores,
guia os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer o seu caminho.-
Todos os caminhos do Senhor
são amor e fidelidade
para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos
.
O Senhor comunica os seus segredos aos que o adoram
e dá-lhes a conhecer a sua aliança.-

Evangelho segundo S. Lucas 1,57-66.

Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz e um filho.
Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.
Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há-de chamar-se João.»
Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»
Então por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse.
Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.» E todos se admiraram.
Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.
O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos.
Quantos os ouviam, retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo Sermão 57, sobre o nascimento de João Baptista, 1; PL 57, 647

«A tua mulher vai dar-te um filho. [...] Será para ti motivo de regozijo e júbilo e muitos se regozijarão com o seu nascimento» (Lc 1,13-14)

Deus destinara João Baptista para proclamar a alegria dos homens e dos céus. Da sua boca, o mundo ouviu palavras admiráveis, que anunciavam a presença do nosso Redentor, o Cordeiro de Deus (Jo 1,29). Embora seus pais tivessem perdido toda a esperança de ter descendência, o anjo, mensageiro de tão grande mistério, enviou-o para servir de testemunha ao Senhor antes mesmo de nascer (Lc 1,41). […]

Ele encheu de alegria eterna o seio de sua mãe quando esta o carregava. [...] Com efeito, lemos no Evangelho estas palavras que Isabel dirige a Maria: «Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» (Lc 1,43-44). [...] Quando, na sua velhice, ela se afligia por não ter dado filhos ao marido, subitamente dá à luz um filho que era também o mensageiro da salvação eterna para todo o mundo. E um mensageiro que, antes de nascer, exerceu o privilégio da sua futura missão, difundindo o seu espírito profético através das palavras de sua mãe.

Depois, pelo poder do nome que o anjo lhe dera antecipadamente, abriu a boca de seu pai, fechada pela incredulidade (Lc 1,13.20). Com efeito, quando Zacarias ficou mudo, não foi para assim permanecer, mas para recuperar divinamente o uso da palavra e confirmar por um sinal vindo do céu que seu filho era um profeta. Ora o Evangelho diz de João: «Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz a fim de todos crerem por seu intermédio» (Jo 1,7-8). Ele não era de facto a luz, mas todo ele estava na luz, ele que mereceu dar testemunho da verdadeira luz.

Livro de Isaías 9,1-6.

O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles.
Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo; alegram-se diante de ti como os que se alegram no tempo da colheita, como se regozijam os que repartem os despojos.
Pois Tu quebraste o seu jugo pesado, a vara que lhe feria o ombro e o bastão do seu capataz, como na jornada de Madian.
Porque a bota que pisa o solo com arrogância e a capa empapada em sangue serão queimadas e serão pasto das chamas.
Porquanto um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros e o seu nome é: Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai-Eterno, Príncipe da paz.
Dilatará o seu domínio com uma paz sem limites, sobre o trono de David e sobre o seu reino. Ele o estabelecerá e o consolidará com o direito e com a justiça desde agora e para sempre. Assim fará o amor ardente do SENHOR do universo.
Livro de Salmos 96(95),1-2a.2b-3.11-12.13.

Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, Terra inteira!
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.


Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória
em todos os povos, as suas maravilhas.
Alegrem-se os céus, exulte a Terra!
Ressoe o mar e tudo o que nele existe!-
Alegrem-se os campos e todos os seus frutos,
exultem de alegria todas as árvores dos bosques
Na presença do Senhor que se aproxima
e vem para governar a Terra!
Ele governará o mundo com justiça
e os povos, com a sua fidelidade.

Carta a Tito 2,11-14.

Caríssimo: Com efeito, manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens (e mulheres)
para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos a fim de vivermos no século presente com sobriedade, justiça e piedade,
aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.
Ele entregou-se por nós a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse e zeloso na prática do bem.
Evangelho segundo S. Lucas 2,1-14.

Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a Terra.
Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino, governador da Síria.
Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade.
Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David
a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.
E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz
e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura por não haver lugar para eles na hospedaria.
Na mesma região, encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite.
Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles e tiveram muito medo.
O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo:
Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador que é o Messias Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.»
De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
«Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens do seu agrado (aqueles que procuram e praticam o bem).»

São Bernardo (1091-1153), monge cistercense e doutor da Igreja
Primeiro sermão para a Vigília de Natal

«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do Seu agrado»

Céus, escutai! Terra, ouve com atenção! Que todas as criaturas e, sobretudo o homem, sejam arrebatadas de admiração e irrompam em louvores: «Jesus Cristo, Filho de Deus, nasce em Belém da Judeia». [...] Haverá notícia mais bela a anunciar à Terra? [...] Alguma vez se ouviu coisa parecida, alguma vez o mundo soube de alguma coisa semelhante? «Em Belém da Judeia nasce Jesus Cristo, o Filho de Deus.» Tão poucas palavras para exprimir a vinda do Verbo, a Palavra de Deus feita criança, mas que doçura nestas palavras! [...] «Jesus Cristo, o Filho de Deus, nasce em Belém.» Nascimento de uma santidade incomparável: honra do mundo inteiro, exaltação de todos os homens devido ao bem imenso que Ele lhes traz, admiração dos anjos por causa da profundidade deste mistério de uma novidade sem paralelo (cf Ef 3,10). […]

«Jesus Cristo, Filho de Deus, nasce em Belém da Judeia». Vós que estais deitados na poeira, erguei-vos e louvai Deus! Eis o Senhor que chega com a salvação, eis a vinda do Ungido do Senhor, do Seu Messias, ei-Lo que vem na Sua glória. [...] Feliz daquele que se sente atraído por Ele e que «acorre à fragrância dos Seus perfumes» (Ct 1,4 LXX): ele verá «a glória que lhe vem do Pai como Filho único» (Jo 1,14).

Vós que estais perdidos, respirai! Jesus Cristo vem salvar o que perecera. Vós, os doentes, voltai a ser saudáveis: Jesus Cristo vem estender o bálsamo da Sua misericórdia sobre a chaga dos vossos corações. Estremecei de alegria, todos vós que sentis grandes desejos: o Filho de Deus vem a vós para fazer de vós co-herdeiros do Seu Reino (Rm 8,17). Sim, Senhor, peço-Te, cura-me e ficarei curado; salva-me e serei salvo (Jr 7,14); glorifica-me e ficarei verdadeiramente na glória. Sim, «que a minha alma bendiga o Senhor e que tudo em mim bendiga o Seu santo nome» (Sl 102,1). [...] O Filho de Deus faz-Se homem para fazer dos homens, filhos de Deus (porque Deus passa a morar neles, os que têm aura).

Livro de Isaías 52,7-10.

Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que apregoa a boa-nova e que proclama a salvação! Que diz a Sião: «O rei é o teu Deus!»
Ouve: as tuas sentinelas gritam, cantam em coro porque vêem olhos nos olhos o regresso do SENHOR a Sião.
Ruínas de Jerusalém, irrompei em cânticos de alegria porque o SENHOR consola o seu povo, com a libertação de Jerusalém.
O SENHOR mostra a força do seu braço poderoso aos olhos das nações e todos os confins da Terra verão o triunfo do nosso Deus.
Livro de Salmos 98(97),1.2-3ab.3cd-4.5-6.

Cantai ao Senhor um cântico novo
porque Ele fez maravilhas!
A sua mão direita e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.-
O Senhor anunciou a sua vitória,
revelou aos povos a sua justiça.
Lembrou-Se do seu amor e da sua fidelidade
em favor da casa de Israel.-
Todos os confins da Terra presenciaram
o triunfo libertador do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, Terra inteira,
exultai de alegria e cantai.-
Cantai hinos ao Senhor ao som da harpa,
ao som da harpa e da lira;
ao som de cornetins e trombetas,
aclamai o nosso rei e Senhor.

Carta aos Hebreus 1,1-6.

Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas.
Nestes dias que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o mundo.
Este Filho, que é resplendor da sua glória e imagem fiel da sua substância e que tudo sustenta com a sua palavra poderosa, depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade nas alturas,
tão superior aos anjos quanto superior ao deles é o nome que recebeu em herança.
Com efeito, a qual dos anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei? E ainda: Eu serei para Ele um Pai e Ele será para mim um Filho?
E de novo, quando introduz o Primogénito no mundo, diz: Adorem-no todos os anjos de Deus.

Evangelho segundo S. João 1,1-18.

No princípio era o Verbo; o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus.
No princípio Ele estava em Deus.
Por Ele é que tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência.
Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir e a Vida era a Luz dos homens.
A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.
Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Este vinha como testemunha para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele.
Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.
O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu e os seus não o receberam.
Mas a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (ganharem uma aura forte, terem um ser humano celeste).
Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: 'O que vem depois de mim passou-me à frente porque existia antes de mim.'»
Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças.
É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo.
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer.

Papa Bento XVI
Homilia de 25/12/05 (© Libreria Editrice Vaticana)

«Eu hoje Te gerei»

Em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o próprio Deus Se fez homem. É a Ele que o Pai diz: «Tu és Meu Filho». O hoje eterno de Deus desceu ao hoje efémero do mundo e arrasta o nosso hoje passageiro para o hoje eterno de Deus.

Deus é tão grande que Se pode fazer pequeno. Deus é tão poderoso que Se pode tornar fraco e vir ao nosso encontro como Menino indefeso, para que O possamos amar. Deus é bom ao ponto de renunciar ao Seu esplendor divino e descer ao estábulo para que O possamos encontrar e para que assim a Sua bondade chegue também a nós, se nos comunique e continue a agir por nosso intermédio.

O Natal é isto: «Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei». Deus tornou-Se um de nós para que nós pudéssemos estar com Ele, tornar-nos semelhantes a Ele. Como próprio sinal, escolheu o Menino no presépio: Deus é assim. Deste modo, aprendemos a conhecê-Lo. E em todo o menino brilha algo da luz daquele hoje, da proximidade de Deus que devemos amar e à qual nos devemos submeter – em todo o menino, mesmo naquele que ainda não nasceu.

Segunda-feira, dia 26 de Dezembro de 2011


Sto. ESTÊVÃO, primeiro mártir (Festa)
Santo do dia :
Santo Estêvão, diácono, primeiro mártir, séc. I


Livro dos Actos dos Apóstolos 6,8-10.7,54-59.


Naqueles dias, cheio de graça e força, Estêvão fazia extraordinários milagres e prodígios entre o povo.
Ora alguns membros da sinagoga, chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia vieram para discutir com Estêvão;
mas era-lhes impossível resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava.

Ao ouvirem tais palavras, encheram-se intimamente de raiva e rangeram os dentes contra Estêvão, mas este, cheio do Espírito Santo e de olhos fixos no Céu, viu a glória de Deus e Jesus Cristo de pé, à direita de Deus.
«Olhai, disse ele, eu vejo o Céu aberto e o Filho do Homem de pé, à direita de Deus.»
Eles então soltaram um grande grito e taparam os ouvidos; depois, à uma, atiraram-se a ele
e, arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram as capas aos pés de um jovem chamado Saulo.
E enquanto o apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito.»
Livro de Salmos 31(30),3cd-4.6.8ab.16bc.17.

Sê para mim uma rocha de refúgio,
uma fortaleza que me salve.
Tu és o meu rochedo e a minha fortaleza;
por amor do teu nome, guia-me e conduz-me.-
Nas tuas mãos entrego o meu espírito;
Senhor, Deus fiel, salva-me.
Hei-de alegrar-me e regozijar-me com a tua misericórdia
porque conheceste a angústia da minha alma.-
Livrai-me das mãos dos meus inimigos
e de quantos me perseguem.
Brilhe sobre o teu servo a luz da tua face;
salva-me pela tua misericórdia."

Evangelho segundo S. Mateus 10,17-22.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus apóstolos: «Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas suas sinagogas;
sereis levados perante governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e dos pagãos.
Mas, quando vos entregarem, não vos preocupeis nem como haveis de falar nem com o que haveis de dizer; nessa altura, vos será inspirado o que tiverdes de dizer.
Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós.
O irmão entregará o seu irmão à morte e o pai, o seu filho; os filhos hão-de erguer-se contra os pais e hão-de causar-lhes a morte.
E vós sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo.

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia e depois bispo em Constantinopla, doutor da Igreja Homilia para a Sexta-feira Santa «A Cruz e o ladrão»

«Senhor, não lhes atribuas este pecado»

Imitemos Nosso Senhor e rezemos pelos nossos inimigos. [...] Ele estava crucificado e, ao mesmo tempo, rezava a Seu Pai em favor daqueles que O crucificavam. Mas como poderei eu imitar o Senhor, podemos perguntar-nos. Se quiseres, podes. Se não fosses capaz de o fazer como poderia Ele ter dito: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração»? (Mt 11,29) […]

Se tens dificuldade em imitar o Senhor, imita pelo menos aquele que é também Seu servo, Seu diácono. Falo de Estêvão. Ele, com efeito, imitou o Senhor. Do mesmo modo que Jesus Cristo, no meio daqueles que O crucificavam, sem ter em conta a cruz, sem ter em conta a Sua própria situação, intercedia ao Pai em favor dos Seus carrascos (Lc 23,34) assim o Seu servo, rodeado por aqueles que o lapidavam, assediado por todos, submetido a uma chuva de pedras, sem ter em conta os sofrimentos que lhe causavam, dizia: «Senhor, não lhes atribuas este pecado» (Ac 7,60). Estás a ver como falava o Filho e como rezava o Seu servo? O primeiro diz: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem»; o segundo diz: «Senhor, não lhes atribuas este pecado». De resto, para compreendermos melhor o ardor com que rezava, ele não rezava simplesmente de pé, sob os golpes das pedras: era de joelhos que falava, com convicção e compaixão. […]

Jesus Cristo diz: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem». Estêvão grita: «Senhor, não lhes atribuas este pecado». Paulo, por sua vez, diz: ofereço este sacrifício «pelo bem dos meus irmãos, os da minha raça, segundo a carne» (cf Rm 9,3). Moisés diz: «Perdoa-lhes este pecado ou então apaga-me do livro que escreveste» (Ex 32,32). David disse: «Peço que descarregues a Tua mão sobre mim e sobre a minha família!» (2Sm 24,17). [...] Que perdão pensamos nós poder obter se fizermos o contrário daquilo que nos é pedido e rezarmos contra os nossos inimigos quando o próprio Senhor e os Seus servos do Antigo e do Novo Testamento nos exortam a rezar em seu favor?
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